Atualizado em 10 Maio, 2022

“O tempo ri de todas as coisas, mas as pirâmides riem do tempo”, diz um provérbio árabe. Das 7 Maravilhas do Mundo Antigo, a Grande Pirâmide é a única que pode fazê-lo… todas as outras desapareceram

Planalto de Gizé (ou Giza). As três pirâmides erguem-se contra o céu, desafiando a eternidade. Têm cerca de 4.500 anos e continuam magníficas. Pai (Quéops), filho (Quéfren) e neto (Miquerinos) mandaram construí-las em vida para as habitarem depois de mortos.

A popularidade das pirâmides de Gizé explica-se pela sua idade, claro. Pela sua majestade, com certeza. Por serem testemunhos gritantes de uma civilização extinta. Mas também pela exactidão matemática, que resultou em muitas teorias acerca dos seus construtores, sendo a mais mirabolante aquela que diz que as pirâmides foram construídas por extraterrestres.

É impossível ficar-lhes indiferente, as suas medidas são quase perfeitas e a posição orientada pelas estrelas… Só nos podemos quedar boquiabertos, perante estas maravilhas de engenharia.

Chegámos de manhã cedo (as pirâmides ficam a cerca de 20 km do centro do Cairo), mas os enxames de turistas já rodeiam as pirâmides como pequenas abelhinhas sedentas. Na azáfama desta gigantesca colmeia há espaço também para muitos polícias, vendedores ambulantes e condutores de camelos.

Abu e Said pousam, orgulhosamente, para a foto.

A pirâmide de Quéops, ou Grande Pirâmide (por ser a maior das 80 pirâmides do Egipto), é alvo de particular atenção, talvez por ser a última das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, apontadas pelo poeta grego Antípatro de Sídon (que não viajou até à China, ou não teria esquecido a Grande Muralha).

Uma vertigem assalta-nos perante a sua imensidão. O primeiro degrau é mais alto do que eu! Reparo que lhe falta a ponta lá em cima. Segundo o guia, o pináculo seria feito de ouro maciço. Não admira que tenha desaparecido…

A morte ali tão perto

As visitas diárias à Grande Pirâmide são limitadas e o preço do bilhete muito mais caro. Portanto, optámos por comprar entrada para a pirâmide de Quéfren, esse faraó ilusionista.

Ilusionista porque fez crescer a sua pirâmide, escolhendo uma elevação no terreno e usando uma inclinação mais íngreme na construção. Resultado: quem vê ao longe, parece que a sua pirâmide é maior do que a do pai. Os homens antigos eram tão competitivos como os de hoje!

Antes de entrarmos na segunda pirâmide, o guia alerta que devemos seguir de uma forma ordeira porque a mesma entrada serve para entrar e sair. Lamentavelmente, acrescentou, uma turista de trinta e poucos anos sentiu-se mal e, devido à dificuldade de acesso, a ajuda demorou um pouco. Resultado, a senhora acabou por morrer!

Talvez tenha sido o poder de sugestão, porque não sou uma pessoa medrosa. Mas, quando olhei para aquela passagem estreita e abafada, em direcção ao interior da terra, apinhada de gente, como formiguinhas em dois carreiros… não fui capaz de entrar.

Sentei-me ali perto, um pouco frustrada, e acabei por meter conversa com um pequeno vendedor de água enquanto aguardava pelo meu marido. Em frente ao túmulo de Quéfren, repousa a mítica esfinge. Com corpo de leão e cabeça humana, é tão bela como eu antecipei.

Antes de abandonarmos o planalto de Gizé, demos umas festinhas num camelo tão simpático quanto malcheiroso.

Eu entrei numa pirâmide – foi a lenga-lenga do Miguel durante o passeio, com o blaterar dos camelos como música de fundo.

– Mas não estava vazia? – pergunto, tentando refrear a sua euforia.

– Sim mas… Eu entrei numa pirâmide!

P.S. Visitámos as pirâmides de Gizé através de agência, pelo que não temos informação útil para quem as quer visitar de forma independente. Sugerimos a reserva de um tour de 1 dia às Pirâmides, Museu do Egipto e ao vibrante Bazar Khan El Khalili. Ou, em alternativa, uma excursão de meio dia às pirâmides e à esfinge.

Outro passeio interessante, com saída do Cairo, é a visita à Pirâmide de Djoser, que serviu de modelo para as últimas pirâmides de Gizé.