Atualizado em 13 Junho, 2022

Em 1762, um menino saltou para o colo da imperatriz Maria Theresa, abraçando-a, depois de a deslumbrar com um concerto. Começava a história de amor entre os vianenses e Wolfgang Amadeus Mozart

O prodígio musical nasceu noutra cidade austríaca, mas foi em Viena que viveu os seus anos mais criativos. Foi aqui que Mozart compôs As Bodas de Fígaro, Don Giovanni e A Flauta Mágica, entre outras obras. Foi aqui que casou contra a vontade do pai e teve filhos, foi ainda em Viena que faleceu, com apenas 35 anos.

A sua vida e o seu talento moldaram de forma indelével a cidade, que merece sobejamente o título de capital da música. Viveram aqui mais compositores famosos do que em qualquer outra cidade do mundo…

Sugiro que leiam este post ao som da Mozart Lounge, uma leitura moderna feita pelo vienense Stefan Obermaier, enquanto seguem os passos do compositor pela linda capital austríaca.

A primeira paragem neste roteiro inspirado em Mozart faz-se no Palácio de Schönbrunn, a residência de Verão da família imperial. Aos seis anos, Mozart fez a sua primeira apresentação musical aqui, na Sala dos Espelhos (spiegelsaal), perante um público nada modesto: a família imperial e a elite austríaca. Dizem que a imperatriz Maria Theresa ficou encantada com o pequeno compositor, daí o momento ternurento relatado no início do post.

Para além da visita ao complexo de Schonbrunn com os seus lindos jardins (post aqui), vale a pena assistir a uma das obras-primas de Mozart, A Flauta Mágica, no seu Teatro das Marionetas.

Em 1781, o jovem de 25 anos mudou-se para Viena, ficando na Casa da Ordem Teutónica com o seu patrono, o arcebispo de Salzburgo (uma placa comemorativa recorda essa passagem), mas rapidamente declarou a sua independência.

Quando Mozart se mudou para o luxuoso apartamento da Domgasse, já estava em Viena há três anos, tinha casado e passado de artista desempregado a um próspero pianista, compositor e professor de música. Ele terá passado aqui o seu período vienense mais feliz, até porque nunca morou tanto tempo no mesmo sítio.

De entre os vários lugares que acolheram o génio em Viena, a Mozarthaus é praticamente a única que está de pé. Todo o prédio se transformou num museu. Ao longo de três andares, o áudio-guia vai contando o percurso do músico, relacionando-o com a situação sociopolítica da época. Para mim, foi uma visita um pouco decepcionante, confesso, pois não existem ali objectos pessoais. Digamos que falta alma à Casa de Mozart!

© Mozarthaus. É proibido fotografar no interior do museu. Na imagem, um relógio de música encomendada a Mozart.

Dali à Catedral St. Stephen é um pulinho. E porque incluímos a linda Catedral de telhado colorido? Porque Mozart casou com a sua Contanze, baptizou os seus filhos, e teve o seu corpo velado, por apenas seis pessoas, nesta que é um dos símbolos maiores de Viena. Ainda hoje as obras de Mozart ecoam nesta incrível construção do século XII, nos concertos da Páscoa e do Natal.

Impossível esquecer a esplêndida Ópera de Viena (Wiener Staatsoper), inaugurada em 1869 com Don Giovanni, essa ópera brilhante de Mozart que tem como “herói” um nobre depravado. Visitámos o espaço no Verão, pelo que não conseguimos assistir a uma ópera ou ballet (a época estende-se de Setembro a Junho), mas conhecemos os bastidores deste palco histórico através de uma visita guiada.

Homenagens póstumas

A inesperada e misteriosa morte de Mozart suscitou grandes especulações e teorias, de envenenamento a gripe, embora provavelmente tenha sido causada por uma infecção intestinal (isso matava, na altura)… o certo é que o músico estava na penúria e foi enterrado numa vala comum do histórico cemitério de S. Marcos, depois de uma cerimónia triste. Há uma estátua de homenagem ao compositor no cemitério, que não visitei.

No centro da cidade, perto do Palácio de Hofburg e num dos muitos parques de Viena (Burggarten), ergue-se outra estátua comemorativa. Uma clave de sol botânica abre caminho para o monumento construído em 1896, à volta do qual os vienenses fazem piqueniques, lêem um livro, apreciam o sol e os amigos.

Outra forma fantástica de conhecer melhor a vida e obra de Amadeus Mozart é visitar a Casa da Música (Haus der Musik), o museu do som com todo um mundo de experiências sensoriais. O terceiro piso é dedicado aos grandes compositores e, como é óbvio, existe ali uma sala dedicada ao Mozart e até um holograma da sua cabeça.

Terminamos este roteiro de homenagem com um concerto de música clássica. Como visitar Viena e não assistir a um? A Orquestra Mozart (Wiener Mozart Orchester) é especializada na obra do génio e oferece concertos bem animados, com os músicos vestidos à época. Nós fomos convidados para um dos seus concertos de Verão, no histórico salão dourado do Musiverein, uma das mais belas salas de concerto do mundo, inaugurada no século XIX pelo imperador Franz Joseph (post aqui).

Palácio de Schonbrunn: site | Horário: 8h00-18h30 (Julho e Agosto) |Bilhete para o grand tour: 17,50€ (adulto), 11,50€ (6-18 anos), 16,20€ (estudantes até aos 25 anos e portadores de deficiência)*

Mozarhaus: site | Horário: 10h-19h |Bilhete: 11€ (adulto), 9€ (com Vienna City Card), grátis com o Vienna Pass, 4,50€ (até aos 19 anos)*

Catedral de S. Estevão site | Horário: 6h-22h (seg.-sáb), 7h-22h (dom. e feriados) |Entrada livre, excepto durante a missa, 6€ (visita às catacumbas), 5€ (subida à torre, das 9h00-17h30)*

Ópera de Viena site | Horário: 10h-16h | Visitas guiadas: 9€ (adulto), 7€ (seniores), 4€ (alunos até 27 anos)*

Casa da Música site | Horário: 10h-22h | Bilhete: 13€ (adulto), 9€ (alunos até 27 anos, seniores, com Vienna City Card), 6€ (crianças até 12 anos), grátis (crianças até aos 3 anos)*

*Preços em vigor no Verão de 2018