Atualizado em 11 Fevereiro, 2021
A capital da Áustria respira elegância com todos os seus edifícios barrocos, palácios majestosos, salões de baile onde a valsa (ainda) é rainha, cafés históricos e a sombra de uma poderosa família imperial
Subimos para o Ring Tram, o eléctrico que faz o circuito da Ringstrasse, artéria que rodeia a cidade velha inscrita na lista de Património da Humanidade da Unesco (veja o roteiro que propomos, para 3 ou 4 dias).
No interior deste anel, onde outrora havia uma muralha para proteger a urbe dos invasores, ficam os imponentes edifícios públicos como a Câmara Municipal (Rathaus) e o belo Parlamento neoclássico, os hotéis, os palácios, a ópera e o Burgtheater. Ultrapassada essa fronteira, somos invadidos pelo classicismo vianense, como se continuássemos em pleno império austro-húngaro.
Comecemos precisamente na residência oficial de todos os governantes austríacos desde 1275: o significativo Palácio dos Hofburg. O conjunto monumental ocupa mais de 20 hectares, com edifícios de vários períodos.
Ali ficam os antigos apartamentos imperiais, o Museu Sissi, a Biblioteca Nacional, a cripta imperial e até o escritório do Presidente da República. Onde mais poderia estar o líder da nação?
Munidos do bilhete Sissi que também dá acesso ao palácio de Verão, entramos nos apartamentos imperiais (Kaiserappartements), guiados pelo áudio guia: espanhol para o Pedro, inglês para mim (português não disponível).
No piso térreo fica a luxuosa exposição da corte: pratas, porcelanas, cristais e jogos de mesa que, com o fim da monarquia, passaram para a posse da República. Ainda é permitido fotografar, mas isso muda logo que entramos no Museu Sissi, o nome carinhoso dado à imperatriz Elizabeth (Isabel, em português).
Ali estão vários objectos pessoais, nomeadamente o vestido que escolheu para a cerimónia de noivado, enquanto ouvimos relatos sobre a vida desta melancólica princesa viajante e a sua obsessão com a magreza extrema. Parece que a linda senhora de cabelos Rapunzel não foi muito feliz…
Mas o mais interessante são mesmo os aposentos reais, os públicos e os privados. Sabiam que ali nasceu a famosa Maria Antonieta? Foi também ali que conheci mais da personalidade do imperador Franz Joseph (Francisco José, em português, retira-lhe toda a pompa imperial, não acham?) e da sua incansável dedicação ao povo, de quem se considerava o primeiro e principal servidor. Caramba, ele começava a trabalhar à cinco da manhã!
Outro lugar imprescindível, sobretudo numa primeira visita a Viena, é o Palácio de Schonbrunn (Schloss Schönbrunn), a residência de Verão dos Habsburgos.
Mas antes disso, vale a pena espreitar a Escola de Equitação Espanhola – os cavalos Lipizzaner vieram de Espanha e tornaram-se parte da tradição equestre local, à época do imperador Maximiliano II – e a Catedral de Santo Estevão (Stephansdom), onde existe um Cristo com cabelo e barba humanos que, diz a lenda, continuam a crescer…
A presença da família imperial faz-se sentir um pouco por todo o lado, do nome das praças e das igrejas, às estátuas e souvenirs. Em breve faço um roteiro para dar a conhecer o essencial de Viena, porque hoje rumamos para:
A Versailles austríaca
Se o Inverno encontrava os Habsburgos em Hofburg, no Verão a família real rumava, de armas e bagagens, para o Palácio de Schonbrunn, um magnífico lugar barroco reconstruído no século XVIII, o período de oiro do império.
São mais de 1440 salas e apartamentos, onde se vislumbra a sumptuosidade da corte, nomeadamente o grande salão de baile rococó, de doirados abundantes e um lindo tecto com afrescos, ou a Sala Chinesa onde Carlos I abdicou do trono em 1918.
A presença da matriarca Maria Teresa é forte no palácio, chega a ser enternecedor ver a florida sala de pequeno-almoço, onde começava o dia rodeada pelas filhas. E depois há os aposentos espartanos do seu filho Franz Joseph e a pequena cama militar onde morreu.
Ainda que bonitos, os apartamentos reais já não nos arrebatam, sobretudo depois de conhecermos o Palácio de Hofburg. Vá, a horda de turistas que invade o palácio não ajuda! Mas há algo que destaca o Schloss Schönbrunn do seu rival de Inverno: os jardins.
Os jardins com as suas fontes artísticas, com o Museu de Carruagens Imperiais e o Tiergarten (jardim-zoológico mais antigo do mundo), os labirintos, as grandes avenidas geométricas, os pomares privados… tudo se soma para nos deixar uma impressão de majestade. Não admira que também seja património da Humanidade.
Terminamos esta visita no cimo do monte coroado com a Gloriette, planeada como “Memorial à Guerra Justa” (filosofia que surgiu como justificação para as Cruzadas, dizia-se justa a guerra que conduzia à paz) mas que serve hoje, tão-somente, como miradouro para toda esta gloriosa herança dos Habsburgos.
Palácio de Hofburg: site | Horário: 9h00-18h00 (Julho e Agosto) |Bilhete: 13,90€ (adulto), 8,20€ (6-18 anos), 12,90€ (estudantes até aos 25 anos e portadores de deficiência)
Palácio de Schonbrunn: site | Horário: 8h00-18h30 (Julho e Agosto) |Bilhete para o grand tour: 17,50€ (adulto), 11,50€ (6-18 anos), 16,20€ (estudantes até aos 25 anos e portadores de deficiência). Alguns jardins privados, o labirinto, a subida na Gloriette e o jardim zoológico são pagos à parte.
Dica: o Bilhete Sissi inclui entrada nos dois palácios e no Museu de mobiliário imperial. Com o Vienna City Card, em vez de 29,90€ fica por 27€ (adulto). Existe outro cartão, o Vienna Pass, que pode ser um bom investimento, já que inclui 60 atracções gratuitas. A Juliana, do blog Turistando.in, tem um post detalhado sobre o assunto: “O Viena Pass vale (muito) a pena!“
35 Comentários
Que delícia de lugar Ruthia!!!
Sempre tive vontade de conhecer a Áustria, e minha vontade só cresceu agora. Tenho uma amiga que mora em Linz e trabalha em Viena, preciso ir visitá-la urgente!!!
Grande beijinho e continue nos trazendo essas maravilhas!
Bia
http://www.biaviagemambiental.blogspot.com
É preciso estimar esses amigos que moram em lugares interessantes 🙂
Em outubro vou aproveitar a hospitalidade de uma amiga para conhecer mais um país europeu.
Abraço
Eu adorei visitar Vienna, especialmente o Palácio de Schonbrunn. Mas toda a cidade é muito linda, achei super limpinha quando fui, tudo super arrumado… Ótima viagem!
Também fiquei com essa impressão, ruas limpas, habitantes civilizados, tudo a funcionar como um relógio… em resumo, primeiro mundo
Mais uma bela e interessante foto/reportagem.
Gostei de ver.
Bj
Olhar d'Ouro – bLoG
Olhar d'Ouro – fAcEbOOk
Viena foi uma das melhores surpresas/viagens que já fiz na vida. Curtimos cada momento, regados a muita torta Sacher!
este sim é um lugar que sonhamos em conhecer…. não sei se minha mãe conseguirá, pois meu pai anda com dificuldade de mobilidade… e não sabemos quanto tempo ficará conosco… o que limita e muito a possibilidade da minha mãe viajar, mas espero que ela consiga realizar este sonho ainda nesta vida.. assim como eu, bjs amiga querida!
Espero que consiga realizar esse sonho com ela e que seja uma viagem inesquecível para mãe e filha partilharem
Que lugar lindoooooooo. Com certeza depois desse post quando for à Austria irei visitar esse lugar. Adorei tudo
Confesso que com tantas opções na Europa, uma viagem para Áustria sempre ficou para depois. Mas estou absolutamente encantada com seu post! Já estou favoritando porque é o tipo de lugar que amo conhecer. Quanta beleza! Quanta história!
A Europa realmente tem muitos lugares imponentes, históricos. É difícil conhecê-los todos. No nosso caso, a música teve um papel importante na escolha.
Aquele salão é impressionante.
Um abraço e bom Feriado.
Quanta informação! Já guardei o post porque morro de vontade de conhecer Viena e mergulhar em toda essa história!
Ah, não acredito que tem um museu Sissi! Minha mãe adorava os filmes que contavam a história da imperatriz, cresci assistindo junto com ela. Adoraria conhecer!
Eu também, aqueles filmes da Romy Schneider contribuíram muito para criar toda uma aura em redor da imperatriz, que estava longe de corresponder à realidade
Que maravilha Ruthia, amei viajar pelas imagens e ler suas informações tão claras.
Amo o Barroco e aqui a suntuosidade se faz presente para encantar os olhos e ao vivo imagino uma emoção sem tamanho.
Belíssima partilha amiga.
Beijo de paz e bom fim de semana com belos olhares.
O barroco é um estilo que se adequa de forma soberba à época imperial, das cortes e dos bailes.
"…somos invadidos pelo classicismo vianense, como se continuássemos em pleno império austro-húngaro"… Nem mais, o sentimento é mesmo esse. Um conjunto de edifícios e histórias que nos transportam para outros tempos. E, como bem dizes, Francisco José tira todo o charme à história :)) Mais um lugar excelentemente relatado…
Francisco José dá-lhe ar de dono da taberna da esquina, hahaha
Encantada. Só consigo dizer isso… Que lindo salões! Me imaginei valsando por eles, usando aqueles belos vestidos da Sissi. Que vontade de visitar Viena depois de ler o seu post!
Lulu querida, eu não sou nada "princess" e também senti esse ímpeto de sair numa valsa, dentro de um vestido de outros tempos!
O Palácio de Schonbrunn eu não conhecia e possui belos jardins franceses. Viena com certeza é um lugar para adicionar no roteiro de viagem. Seu relato foi bem preciso!
Que lugar mais fantástico! Sempre acho incrível ler sobre lugares tão cheios de história mesmo nos tempos mais contemporâneos 🙂
Se eu tivesse que usar apenas uma palavra para definir Viena seria "pompa", mas aí a gente vê os locais usando os jardins em frente aos palácios-museus, transporte público eficiente, povo educado e gentil.
Quanto a Sissi, pra mim foi uma surpresa, porque quando criança, minha mãe, influenciada pela série de filmes sobre a imperatriz, me passou uma imagem totalmente diferente da que é reportada nos museus de Viena, como você aponta no comentário da Gisele. Mas de uma coisa gostei: ela adorava viajar! Beijinhos
Adorava viajar mesmo e imagino que isso não fosse algo bem aceite na altura, embora ela tivesse a "desculpa" da saúde. Pelo menos foi à Madeira com esse argumento, que o clima da ilha era bom para a sua saúde delicada.
Eu também fiquei fã da eficiência dos serviços austríacos.
Espero um dia poder estar em Viena, deleitar meus olhos e presentear meus sentidos com tamanha beleza e poder voltar ao passado através destes elegantes edifícios. Comecei meu encontro com Sissi por Genebra. Desejo que o próximo seja na Áustria. bj P.S. Não sabia sobre Antonieta.
Sissi era uma viajante com V grande. Só por isso já merece ser lembrada.
P.S. A Maria Antonieta era irmã do Franz Joseph
Eu ia este ano a Viena para ver uma série de exposições, mas acabei não conseguindo conciliar minha agenda… espero ir em breve!
gostei dos detalhes das fotos e do seu olhar! realmente a viena imperial é muito bonita, os palacios são demais e olha que só visitei os jardins…mas a cidade em si achei bem bagunçada e fedida
Por acaso não fiquei com essa impressão da cidade, excepto talvez uma área perto dos canais. Achei Viena organizada, com um sistema de transportes exemplar e habitantes cordiais
Ai me senti novamente em Viena. Que cidade maravilhosa! Está entre as minhas preferidas já visitadas. O Palácio de Schonbrunn também é lindo demais e passei horas no jardim distraída com os esquilos! Ownn…
Estava tanto calor quando visitamos que os esquilos deviam estar todos escondidos. Não vimos nenhum, snif, snif
Tô aqui babando com essa sequencia de posts sobre Viena! Espero em breve poder tirar essa viagem do papel.. quanto lugar espetacular <3
Encantada com o texto e as imagens! Tenho lido e visto alguns vídeos sobre Viena, é muito civilizada, sendo uma das melhores cidades do mundo para ser viver.
Dizem que Carlos II de Espanha, foi o último da casa de Habsburgos, agora fica a pergunta, quem era o pai de João IV de Portugal?
Se Sebastião e António Crato não deixaram descendentes, então de onde veio o rei português João IV que adorava a arte, da música, das valsas, de onde vem esse conhecimento e esse gosto.?
Quem era o avô, bisavô, tetraavo paterno de João IV?
Rodulfus de Habsburgos que iniciou a casa da Austria com pompa e circunstância, chamou se a si imperator.
Será que o sangue dos Habsburgos terminou mesmo?
Um bem haja
João