Atualizado em 6 Outubro, 2022

A Madeira é uma ilha vulcânica, de dramáticas montanhas, costas rochosas e pronúncia engraçada em pleno oceano Atlântico. É também um achado para os amantes da Natureza

A pérola do Atlântico, como tantas vezes chamam à ilha, é um destino popular na passagem de ano, durante a Festa das Flores (em Maio) ou a Festa do Vinho da Madeira (Setembro). Mas o seu clima ameno torna-a o destino perfeito durante praticamente todo o ano. A sua latitude – a mesma de Marrocos – a influência do oceano e da vegetação explicam os 25º C de temperatura média no Verão e 17º C no Inverno.

As suas riquezas naturais são um dos muitos motivos para visitar a ilha da Madeira (a maior do arquipélago) onde encontramos uma floresta protegida pela UNESCO, picos montanhosos e centenas de quilómetros de levadas, canais de irrigação que transformaram a paisagem de forma peculiar.

Ali encontrará vinhas ao lado de plantações de bananas, vilarejos tradicionais que se abrem para praias vulcânicas, sem esquecer a imensidão do Atlântico, com as suas baleias e golfinhos. Inspirada no tema de Janeiro do 8on8 – Maravilhas da Natureza – eis alguns locais que deve incluir no seu roteiro, neste que foi eleito o “melhor destino insular do mundo” em 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019 pelos World Travel Awards.

JARDINS BOTÂNICOS

Na capital, Funchal, há muitos jardins perfumados que inspiram ao passeio. A própria ilha é um jardim gigante, cheio de flores e frutas deliciosas, que encontrará em abundância no animado Mercado dos Lavradores. Subindo à freguesia do Monte, de teleférico por exemplo, pode visitar dois jardins especiais: o Jardim Botânico da Madeira Engº Rui Vieira e o Jardim Tropical Monte Palace.

O primeiro é público, tem cerca de 5 hectares de área ajardinada, mas o bilhete dá igualmente acesso ao Museu de História Natural e às exposições temporárias. O espaço tem vários miradouros com vista sobre o Jardim e a cidade do Funchal. Para informação sobre bilhetes cliquem no site oficial, mas fica a dica de que não é possível o pagamento com cartão, nem existem máquinas ATM próximas.

Jardim Monte Palace na Madeira

O Jardim Tropical Monte Palace é privado e oferece um recanto de tranquilidade e inspiração oriental que se prolongam por 7 hectares. Ali encontra plantas exóticas que vão das cicas e próteas da África do Sul às azáleas da Bélgica, das urzes da Escócia às orquídeas dos Himalaias, das sequóias americanas às espécies endémicas da Madeira.

Escrevi um post sobre o Jardim Tropical Monte Palace, que pode querer ler, antes de confirmar preços no site oficial. O bilhete dá acesso a três galerias de exposições e um cálice de vinho da Madeira. Pode conjugar a visita a um dos Jardins com uma descida nos típicos carros do Monte.

Jardim Botânico: diariamente (excepto dia de Natal) | Outubro a Abril 9h00-18h00, Maio a Setembro 9h00-19h00 | Jardim Tropical Monte Palace: diariamente (excepto dia de Natal) 9h30-18h00. Museu:10h00-16h30.

CABO GIRÃO

Outra das Maravilhas da Natureza da Madeira é o Cabo Girão, o maior promontório natural do país, a mais de 580 metros de altura desde o nível do mar. O miradouro oferece vistas que se estendem da pequena Câmara de Lobos, vila piscatória onde Winston Churchill se entretinha a pintar, até ao Funchal.

Mas o mais impressionante, e que não é adequada a todas as pessoas, é a plataforma de vidro que permite uma vista vertiginosa sobre as fajãs do Rancho e do Cabo Girão – pequenos lotes cultivados na base do promontório – e do próprio oceano. Eu visitei o local ainda antes da ampliação da skywalk e ainda assim fiquei impressionada com o local.

Nas redondezas, é possível fazer parapente e base-jumping, para além de visitar a pequena Capela de Nossa Senhora de Fátima, um dos principais lugares de peregrinação da ilha.

Paisagem do Cabo Girão

PAUL DA SERRA

Depois de subir a Serra de Água, chegará a um planalto de montanha que se estende por vários quilómetros: o Paul da Serra. O que impressiona ali é a imensidão do caminho, o oceano omnipresente e as vaquinhas a pastar. É o lugar ideal para parar e simplesmente ouvir o vento. O silêncio é fortemente subvalorizado. Na minha opinião, vale mais do que o ouro e devia ser prescrito pelos médicos.

Um pouco adiante, encontra a Serra do Rabaçal com lugares magníficos para fazer caminhadas, nomeadamente percursos pedestres pelas levadas, os antigos canais que levavam a água do Norte (onde chove mais) para o Sul da ilha.

Planalto natural da Madeira

LEVADAS

O turismo local afirma, categoricamente, que nenhuma visita à Madeira fica completa sem percorrer algumas das suas levadas, os canais que existem também na ilha de la Palma, nas Canárias. Os canais de irrigação serviam para levar água até aos poios, nome dado na Madeira aos socalcos cultivados, durante séculos, nas vertentes da montanha. Hoje os poios já não existem, restaram as levadas, transformadas em percursos pedestres sinalizados. O Turismo da Madeira lista mais de 30 percursos, com vários níveis de exigência.

A Levada dos Balcões e a Levada do Alecrim são das mais fáceis, adequadas para fazer com crianças. Mas as mais bonitas são a Levada das 25 Fontes ou a Levada do Caldeirão Verde. Esta última é um clássico, um conto de fadas verdejante que culmina junto de uma majestosa cascata, mas os 11,8 km podem levar entre 3 a 5 horas a percorrer.

Suponho que a Levada da Ribeira da Janela seja também uma experiência inesquecível, embora não seja adequada à minha preparação física. São quase 23 km que incluem 9 túneis de piso escorregadio (um deles com quase 2 km), que exigem impermeáveis e lanternas. Tudo termina com uma paisagem pétrea, onde grandes rochas concentram pequenas lagoas.

As levadas são, sem dúvida, uma das mais belas maravilhas da Madeira, que unem natureza e mão humana. Se não se quiser aventurar sozinho, pode fazer em grupo, aproveitando para visitar o Cabo Girão, ou as casinhas típicas de Santana.

Levadas, uma das maravilhas da natureza da ilha
© Turismo da Madeira

PISCINAS DE PORTO MONIZ

Não muito longe da Ribeira da Janela, destino final da levada de que falámos ainda agora, fica Porto Moniz. A povoação só foi ligada ao resto da ilha depois da II Guerra Mundial, com a construção da estrada até São Vicente, literalmente escavada na encosta e atravessada por algumas quedas de água.

Ali, na ponta da ilha, existem lindas piscinas naturais, encurraladas nas rochas vulcânicas e com uma vista fantástica sobre o ilhéu Mole. Com o tempo e a procura dos turistas, foram sendo acrescentadas estruturas, como escadas e passadiços. Há quem prefira as naturais, há quem prefira as mais modernas, mas a essência é a mesma: nadar no meio da lava solidificada das erupções vulcânicas que formaram a ilha. Se não quiser alugar carro, pode optar por uma excursão a Porto Moniz como esta.

Piscinas naturais de Porto Moniz

VÉU DA NOIVA

A antiga estrada ER101 – a tal escavada na montanha que terminou com o isolamento de Porto Moniz – é uma das mais bonitas da ilha. Ainda há pequenos troços que podem ser percorridos, de carro ou a pé.

É num desses trechos, na freguesia do Seixal, que fica a queda de água conhecida como Véu da Noiva (foto de entrada). Um pouco antes existe um miradouro que permite não só apreciar a queda de água, como fotografá-la com um enquadramento belíssimo. Mas li, há algum tempo, uma notícia sobre um desabamento de terras que barrou o acesso de carro ao local. Não sei como estará agora, o melhor é informar-se se a estrada está transitável, antes da visita.

PICO RUIVO, DAS TORRES E DO AREEIRO

Os três pontos mais altos da ilha proporcionam, todos eles, paisagens de tirar o fôlego ao comum dos mortais, já que ultrapassam o nível das nuvens. Nós visitámos o Pico do Areeiro (já lá vão uns anos) e o pequeno explorador pulou de alegria ao ver a “piscina de nuvens”. A minha imaginação voou com ele e quase nos vi a mergulhar entre nuvens fofas.

Para além de ser acessível de carro, o Pico do Areeiro possui algumas estruturas de apoio, casas de banho, loja e cafetaria. A vista alcança a pequena aldeia de Curral das Freiras, a ponta de S. Lourenço e, se o tempo ajudar, a ilha de Porto Santo tão famosa pelas suas praias de areia doirada, que contrastam com as praias rochosas da Madeira.

Existe um trilho entre o Pico do Areeiro (1818 metros de altitude) e o Pico Ruivo (1861 metros), mas que exige algum esforço físico e não é apropriado a pessoas com vertigens. Não aconselho a fazer o percurso com crianças. Também é possível caminhar até ao Pico das Torres (1853 metros), lugar bastante procurado pelos amantes de escalada, que também “is not my thing”. Para chegar aos picos, pode optar por um tour como este aos picos da Madeira, num 4×4, com paragem para conhecer a floresta de Laurissilva.

Pico do Areeiro, outra maravilha da natureza da Madeira

FLORESTA DE LAURISSILVA

A lista de Maravilhas da Natureza da Madeira não fica completa sem a floresta indígena, a floresta de laurissilva, reconhecida pela UNESCO como Património Mundial Natural da Humanidade (1999).

Trata-se de um tipo de floresta húmida subtropical que, nas últimas glaciações, ficou reduzida à área geográfica da Macaronésia, ou seja, nos arquipélagos da Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde. A maior (e mais bem conservada) mancha deste tipo de floresta fica na ilha da Madeira e, sendo considerada uma relíquia viva, praticamente toda a área de ocorrência está incluída no Parque Natural da Madeira, com o estatuto máximo de Reserva Integral.

Uma das melhores formas de conhecer esta herança ambiental é fazendo uma caminhada nas veredas e levadas que cruzam esta mancha verde, com várias espécies endémicas como o loureiro, usado na culinária local, a rara orquídea.

Quando visitámos a pequena localidade de Ribeiro Frio – famosa pela produção de trutas – tivemos um pequeno vislumbre desta floresta maravilhosa, para além de ter provado a minha primeira poncha (a famosa bebida local, alcoólica).

a laurissilva é a maior maravilha da natureza da Madeira

Evidentemente, as riquezas naturais da ilha não se esgotam nesta lista, que ainda devia incluir as grutas de S. Vicente ou a ponta do Garajau, para citar apenas dois exemplos. Mas o projecto 8on8, um projecto colectivo que une lindas viajantes em volta de um tema comum, no dia 8 de cada mês, limita-nos a 8 fotos. Espreitem os restantes textos sob o tema “Maravilhas da Natureza”, inspirem-se e partilhem:

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