Atualizado em 7 Abril, 2021
Antes de deixarmos a cidade dourada, visitemos as catedrais de Salamanca. No plural. Porque a cidade tem duas. A Nova, gótica, renascentista e barroca, altíssima, que nasce e cresce a partir da outra, mais antiga e modesta.
Modesta mas forte. Devido à grossura dos muros, foi usada como abrigo anti-aéreo durante a Guerra Civil de Espanha. Até o general Franco ali se refugiou. O segundo templo surgiu mais tarde – a construção prolongou-se entre 1513 e 1733 -, motivado pela fama da Universidade e pelo crescimento exponencial da população.
A nova e sumptuosa Catedral Nova encerra alguns segredos. Numa das portas de entrada, foi esculpido um astronauta e um diabo a comer um gelado, como provam as imagens da web. O arquitecto responsável pelo restauro de 1992 introduziu as caricatas figuras, para assinalar a área que foi trabalhada.
Logo alguém aproveitou para dizer que as esculturas eram originais, que provavam a visita de extraterrestres. Outros discordaram da intromissão artística e pumba! partiram um braço ao pobre astronauta. Como nós humanos gostamos de polémicas. Googlem “astronauta de Salamanca” e recebem 275 mil resultados (cada um mais mirabolante que o outro).
Outra pequena estória está relacionada com os sinos danificados no terremoto de 1755. Sim, o terremoto foi em Lisboa, que fica a quase 500 km de distância, mas afectou gravemente a torre dos sinos e o sineiro teve de escalar até lá para os fazer cantar. Uma tradição que hoje se mantém, pelo menos uma vez no ano.
Sob os auspícios de Galego
A silhueta das Catedrais preside ao céu de Salamanca. As torres podem ser avistadas de muito longe, talvez porque cheguem aos 110 metros de altura. Mas é na Praça Anaya que se revelam em todo o seu esplendor!
Entro na Catedral nova e a temperatura cai muitos graus. Várias placas pedem o silêncio dos visitantes, porque este é um lugar sagrado. Mas os avisos são desnecessários, a imponência do templo reduz-nos ao silêncio. Ouve-se apenas um sereno murmúrio de orações e o piar dos passarinhos que habitam as alturas da Catedral.
Sinto-me minúscula nestas galerias de pedra, imponentes, seculares, místicas. Percorro a nave como num sonho, bebendo tantos detalhes belíssimos, o órgão gigante, as cores do interior da cúpula.
Saímos por outra porta e seguimos em direcção à Torre e à exposição Ieronimus (em honra do bispo D. Jerónimo de Perigeaux), com acesso na Plaza Juan XXIII. A subida às torres medievais vale cada cêntimo, apesar de não ser aconselhável a quem tem fobias relacionadas com alturas ou espaços fechados.
Em cada patamar da subida, abre-se uma câmara com documentos e outros objectos alusivos à construção das catedrais de Salamanca e à riqueza artística da região. Estamos muito mais perto do tecto, onde algumas fracturas são muitos visíveis (e preocupantes).
Mas é no exterior, entre pináculos, ameias e gárgulas, que nos espera o melhor: a paisagem. O céu abre-se perante nós, imenso. Um céu que inspirou outro, famoso, pintado por Fernando Galego, no século XIV. O “cielo de Salamanca” está na cúpula da antiga Biblioteca da Universidade mas, estando fechada ao domingo à tarde, não o pude visitar.
Site da Catedral aqui | Horário: segunda a quarta 10h30-17h00, quinta a sábado 10h30-19h00, domingo 10h30-18h00 (consulte o site para mais detalhes, como dias de encerramento) | Bilhete: 6€ (adulto), 4€ crianças dos 7 aos 16 anos, preços especiais para estudantes, séniores e famílias numerosas**.
Dica: É necessário marcar a hora da visita, recomendo que o faça online.
** preços de Abril de 2021
15 Comentários
Estimada Ruthia,
O que me impressiona na arquitetura de tantas catedrais na Europa é a riqueza de detalhes, a imponencia, algo possível de perceber quando está perto ou dentro. Quando existem fatos historicos, o passeio se torna mais encantador.
Beijos
e que continue a ser uma boa viagem…
😉
Amo ver fotos dessas construções antigas e imponentes.
Que bom você compartilhar aqui com a gente tudo isso que você está vendo de pertinho 🙂
beijinhos ;*
http://noostillo.blogspot.com.br/
O que eu aprendo contigo, bela e culta Ruthia!!! O astronauta e o diabo a comer o gelado: genial!!! Já estive em Salamanca e entrei na Catedral, julgo que na antiga. Muito bonita e esmagadora, espero poder voltar lá em breve!
Beijinhos
nossa Ruthia, que lindo!!! A única Catedral que conheci na Europa foi a de Colônia, na Alemanha, que me seduziu de tal forma, que quase fui arrastada de lá para fora, pois não queria sair… na época, era possível chegar relativamente perto de onde, dizem, estarem os restos mortais dos três Reis Magos…. a energia que emana do lugar é inexplicável… e as catacumbas, então, queria ter passado dias e mais dias a visitar cada centímetro, para guardar na memória tão maravilhoso templo. A Europa está cheia de locais preciosos, que respiram história.
Obrigada, mais uma vez, por essa lição de cultura e história, que só vei enriquecer nosso conhecimento.
bjs
tititi da dri, desejando ótimo final de semana
Essas lendas em torno da catedral e extraterrestres me deixaram curiosa!Gostei de saber!E que belíssimas as imagens,parabéns!bjs,
Anne, parece que é tradição inserir um elemento novo, cada vez que se faz uma intervenção de restauro significativa. Pena que alguns não respeitem nada, nem mesmo belas obras de arte!
Beijinho, querida
As Catedrais são sempre belas. Esta, de Salamanca, é grandiosamente bela.
A catedral antiga, da minha cidade, era modesta e foi totalmente demolida. A que foi construída em seu lugar é muito bonita. Eu costumo dizer: demoliram uma catedral portuguesa e erigiram uma francesa. Sou contra demolições. Porque não foi conservada, a antiga, para se construir a nova ao lado. Vi agora, que seria bem sensato!
Parabéns, Ruthia, pela postagem.
Um abraço, hei de voltar!
Alguns monumentos nunca deveriam ser demolidos. Mas, também no campo do património, existem modas e manias que marcam cada época 🙁
Bem vinda aO Berço, espero que se sinta em casa 🙂
Que Deus abençoe seu final de semana
cobrindo de paz e luz sua caminhada nesse Mundo.
Tenho orado por todos sem sessar ,
pois sei e entendo quando precisamos nos afastar .
O tempo fora da nossa telinha envolve pessoas do cotidiano assim como na vida virtual.
Hoje estou tentando voltar com meu anjo de infinita luz divina.
Ofereço qualquer imagem desse lindo anjo da minha postagem.
Um abraço com infinito carinho e ternura.
Feliz e abençoado Domingo.
Beijos..Evanir.
Cada catedral, cada monumento lindo né querida?! Ai, adorei conhecer um pouco mais sobre Salamanca, essa cidade linda 😀
Vou ser obrigada a voltar a Espanha para conhecer rs!!!
Beijos Té
olá Ruthia! Mais uma vez gostei muito do teu post e já antes pensei que a história do extra-terrestre fosse mencionada por ti no blog. Existem monumentos e coisas maravilhosas para se ver em Salamanca. Confesso que o que mais gostei quando estive aí foi ver o entusiasmo do professor Fernando Larcher, a falar sobre cada rua, cada pedra…incrível e fantástico! Infelizmente não me consigo lembrar totalmente da história dos indíos, e depois de ler o teu post fiz pesquisa e vi que talvez eu e os outros colegas tenhamos visto essas imagens no Convento de San Esteban e não na Catedral. De qualquer das formas e por acidente vi que existe também uma outra cidade no México, chamada de Salamanca por causa de ter sido colonizada por um nobre espanhol de Salamanca, quem sabe um dia vais ao México e escreves também sobre a outra Salamanca?!
Foste a Salamanca com o prof. Larcher? Deve ter sido uma experiência para nunca mais esquecer 🙂 México não está nas minhas previsões para breve, mas quem sabe as voltas que a vida dá?
Querida, achei a ideia ótima! Sem dúvidas as fotos ficariam lindas 🙂
Como moro em São Paulo não tenho praia pertinho para isso, mas prometo que quando for para o litoral, faço uns cliques, tá?!
Beijos Té
Vou ficar à espera. De qualquer forma, você fica sempre linda 🙂