Atualizado em 8 Dezembro, 2024

No topo de uma montanha de Bandarawela, um tranquilo templo budista está a tornar-se o novo ponto turístico da região de Ella (Sri Lanka), bem como chamariz para ocidentais em busca de significado para as suas vidas

O tom de pele e a pronúncia de John denunciam a sua nacionalidade. O americano chegou ao templo budista para uma visita há cerca de seis meses e nunca partiu. O cabelo rapado contrasta com os jeans que ainda usa; os seus olhos revelam o brilho dos convertidos.

John juntou-se à comunidade de mais de 30 monges budistas Theravada que observam o mundo movimentado lá em baixo, protegidos no topo de uma montanha perto de uma vilazinha chamada Bandarawela.

Cerca de 15 quilómetros separam a famosa cidade de Ella – um destino há muito procurado para retiros de meditação e yoga – do mosteiro budista de Bandarawela. Construído graças a uma doação do terreno, com a ajuda de voluntários locais e até o exército, o templo é bastante recente (terminado em agosto de 2024).

Apesar de ser visível de vários pontos da região, é preciso transpor um sinuoso caminho até ao templo, onde outdoors em inglês recebem os visitantes, convidando-os a meditar ou aprender sobre o Budismo. Em ambas as entradas para a stupa (ou pagoda) de 33 metros, elefantes ajoelhados dão as boas-vindas aos visitantes; existe uma longa relação entre estes animais e a cultura budista.

O silêncio que envolve o templo caiado de branco, as paisagens espetaculares a 360°, o murmúrio das preces, a chuva fina que cai… tudo concorre para uma atmosfera muito pacífica e zen.

Créditos da foto de entrada: © Tripadvisor

#Curiosidade: Theravada significa doutrina (vada) dos anciãos/sábios (thera) e é considerada a escola budista mais antiga que ainda existe e uma das mais conservadoras. O Theravada constitui uma das três linhas de pensamento do budismo, juntamente com as escolas Mahayana e Vajrayana.

Um templo da escola Mahamevnawa

A rede de mosteiros Mahamevnawa nasceu no Sri Lanka para divulgar os ensinamentos de Gautama Buda, sendo hoje uma das maiores organizações budistas Theravada do mundo. Mahamevnawa, que significa “mosteiro da grande nuvem”, foi o nome do primeiro mosteiro e o local onde o fundador introduziu os ensinamentos de Buda no Sri Lanka.

Fundada em 1999, a rede começou com um mosteiro nos arredores da cidade de Polgahawela (centro oeste da ilha), cumprindo o hábito de criar complexos monásticos geograficamente separados das áreas mais povoadas, para garantir um ambiente tranquilo para a meditação. Ainda hoje é neste mosteiro principal que começam os treinos dos monges.

Atualmente, existem mais de 75 filiais no país e no estrangeiro, incluindo Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia, Alemanha, Países Baixos, Itália, Chipre, França, Irlanda, Emirados Árabes Unidos (Dubai) Coreia do Sul e Índia, o que se traduz numa rede com mais de 850 monges, 150 freiras Anagarika e milhares de discípulos leigos em todo o mundo.

A ordem orgulha-se de apresentar os ensinamentos do Buda numa linguagem moderna e fácil de compreender, para que todos possam alcançar as “Quatro Nobres Verdades reveladas pelo Supremo Buda”.

#modernidade: a rede de mosteiros Mahamevnawa mantém um canal de televisão em cingalês (Shraddha TV) para divulgar os ensinamentos do Buda, ou Dhamma, na ilha, um site e um canal do Youtube em inglês.

O grande pagode dos 7 Budas

Tivemos a sorte visitar o templo em Bandarawela guiados por um dos monges locais, que falava um inglês muito razoável e que nos explicou o significado da posição de cada uma das sete estátuas de Buda, de cada pintura (todas elas de artistas cingaleses), de cada detalhe deste templo tão novo que ainda reluz.

Ele destacou, por exemplo, as 20 grandes janelas de madeira com intrincados arabescos esculpidos, que demoraram cerca de dois anos e meio a concluir. Ficámos também a saber que todas as estátuas do Buda estão cobertas em folha de ouro.

No final, ofereceu-nos chá, estendendo-se acerca dos planos que tem para, em breve, acolher estrangeiros em retiros de meditação “to provide spiritual guidance to the western audience in a more meaningful na authentic way”. O mosteiro tem acomodações para acolher 8 pessoas do sexo masculino e 6 do sexo feminino.

No final da sua calorosa receção, o monge despediu-se com uma bênção, apelando à divulgação do templo e dos seus retiros.

O que fazer no mosteiro

Para além de uma visita guiada, saiba que pode conversar com os monges sobre o Budismo, meditar sob a sua orientação (em três momentos do dia), participar no canto noturno (18h00), oferecer comida aos monges (10h45), fazer oferendas nos santuários e explorar a livraria, com vários títulos sobre o tema em inglês.

Compreenda, no entanto, que a rotina dos monges envolve estudo e meditação, e que a maioria não fala inglês. Se pretende participar em alguma das atividades que acabei de citar, deve contactar previamente o templo, para garantir que alguém estará disponível: meditate.ella@gmail.com ou +94 766 117 718 (WhatsApp).

Li relatos de turistas que chegaram sem aviso prévio e começaram a perseguir os monges à procura de interação… eles não são guias turísticos, nem têm obrigação de sair da sua rotina para atender a curiosidade impetuosa de jovens privilegiados. Os monges também evitarão quaisquer visitantes que não estejam vestidos de forma modesta.

Dicas úteis para visitar o templo

Chegar ao templo Mahamevnawa

Bandarawela é uma pequena cidade situada nas terras altas do Sri Lanka, a uma estação ferroviária de Ella e a duas estações de Haputale. Pode contratar um tuk tuk na estação de comboios de Ella até Kumbalwela-Bandarawela Mahamevnawa Bhavana Asapuwa. Em alternativa, pode apanhar um autocarro em Bandarawela em direção a Badulla, saindo no cruzamento de Kumbalwela e daí apanhar um tuk tuk.

O templo está aberto diariamente entre as 8:00 da manhã e as 21:00. A entrada é gratuita.

Alojamento perto do templo       

Apesar da maioria dos visitantes optar por pernoitar em Ella, onde existe mais oferta, também é possível ficar alojado em Bandarawela, a pequena vila onde fica o mosteiro. Eis três opções diferentes, com boas classificações no Booking. O Luxor Kirindi Ella (****) é um hotel mais ao estilo ocidental, possui parque de estacionamento privativo e piscina.

Perto das estações rodoviária e ferroviária, o Bandarawela Hotel (***) oferece quartos familiares, parque infantil, estacionamento e aluguer de bicicletas. Tenha atenção que a rede de wi-fi não merece a melhor pontuação dos hóspedes, fator a considerar se estar online é importante para si. A terceira opção, especialmente para quem procura tranquilidade, é o Sagala Boutique Hotel, um simpático alojamento mais pequeno e com decoração cingalesa, rodeado por um belo jardim.

Outras dicas necessárias

  • Use roupas modestas que cubram os joelhos e os ombros.
  • Como em todos os templos budistas, os sapatos ficarão “à porta”.
  • Há água potável disponível, mas não há quaisquer lojas ou restaurantes por perto. Leve comida, se planear ficar bastante tempo
  • Leve comida, se necessário. O mosteiro não está fechado às lojas.
  • Encontra flores e azeite à venda na estrada perto do mosteiro, caso pretenda fazer uma oferenda.
  • Pode fotografar o templo, desde que de forma respeitosa, evitando tirar selfies com estátua de Buda atrás de si (é considerado desrespeitoso). Se publicar no Instagram ou no Facebook, certifique-se de que as fotos são dignas; pode identificar o mosteiro com #mahamevnawa
  • Se quiser fotografar os monges, certifique-se que pede primeiro. Se responderem afirmativamente, evite qualquer contacto físico.

Nota: esta viagem foi realizada a convite do Sri Lanka Tourism Board, no âmbito da sua campanha de bloggers e influencers globais. Como sempre, as opiniões são pessoais e completamente honestas.

Este artigo integra o projeto 8on8, que une diversos blogs sob um único tema, no dia 8 de cada mês.  Outros participantes no tema de dezembro “o que fazer em…” são: