Atualizado em 16 Abril, 2021
A vila de Belmonte é conhecida e visitada por dois grandes motivos. Por ser berço de um grande navegador, de seu nome Pedro Álvares Cabral, e pela sua vibrante comunidade judaica.
Aconchegada entre o vale do Zêzere e a Serra da Estrela, duas muralhas naturais que em muito facilitavam a defesa militar da recém-criada nação, a pequena localidade viu por isso edificado um castelo, em meados do século XIII. Mais tarde, a sua história fundiu-se com a da família Cabral, alcaides-mor destes lugares, linhagem que pariu um dos maiores navegadores portugueses.
O descobridor do Brasil (ou achador) terá nascido em Belmonte em 1467, brincado neste castelo com a sua elegante janela manuelina, onde as duas cabras, símbolo dos Cabrais, dividem o espaço com uma esfera armilar. Dali se aventurou no mar em busca de uma quimera, novos mundos, ou simplesmente glória perante o seu rei.
A poucos metros do castelo, na despojada Igreja de Santiago, repousam os restos mortais de vários membros desta ilustre família. Bem no centro do Panteão dos Cabrais está uma urna de granito muito simples, com parte das cinzas do aventureiro Pedro. Sim leram bem. Foram retiradas do túmulo original na Igreja da Graça, em Santarém. A fama não garante o sossego além-túmulo, antes pelo contrário!
Museu dos Descobrimentos
Tropeçamos no nome do navegador por toda a vila. Em sua honra baptizaram-se ruas, escolas, menus dos restaurantes. Isso explica também a criação oportuna do Museu dos Descobrimentos, que é um espaço fantástico.
– Podes mexer e tocar em tudo – disse a menina da bilheteira ao meu pequeno explorador, que respondeu com um grande sorriso. Então o museu é interactivo? Excelente notícia para as suas mãozinhas curiosas, apesar de estar muito bem treinado para não tocar em nada noutros espaços museológicos.
Portanto lá fomos refazer as pisadas do outro Pedro de há meio milhar de anos. Fomos recebidos pelo som das ondas e das gaivotas. Só faltou cheirar o mar!
Vimos os monstros outrora imaginados pelos marinheiros. Estivemos nas entranhas de um navio, entre barris, grossas cordas e ratos (de pano, felizmente). Presenciámos um dia inteiro no mar e passámos por uma grande tempestade, por entre os balanços das vagas. Até que chegámos ao Brasil.
De volta a terra firme, tivemos o primeiro contacto com um nativo virtual, que se assustou com o espelho que lhe oferecemos, desembaraçámo-nos das lianas da floresta amazónica (na verdade eram fios de néon), constatámos a riqueza da fauna e da flora, dançámos aos ritmos quentes brasileiros e experimentámos vários instrumentos musicais. A cultura do país irmão está belamente representada.
Só por este museu já vale a pena ir a Belmonte. A boa notícia é que só paguei 7,50€ por um bilhete familiar que garantiu entrada no Panteão dos Cabrais, no Museu Judaico, no Museu dos Descobrimentos e no Ecomuseu do Zêzere. Tínhamos ainda acesso ao Museu do Azeite com o mesmo bilhete, mas as energias já não deram para tanto e trocámos essa visita pelo primeiro gelado do ano.
Uma troca perfeita para concluir uma tarde já primaveril.
Museu dos Descobrimentos: aqui | Ter-dom: 9h30-13h00, 14h30-18h00 (horário Verão). Encerra à segunda-feira | Bilhete: 5€ (adulto), grátis para menores de 6 anos (preços Verão 2017)
22 Comentários
Acho bem interessante, portugueses usarem o termo "achamento" no lugar de "descobrimento" relacionada à chegada de Pedro Álvares Cabral a então Terra de Santa Cruz , mais precisamente na Bahia, Port Seguro, há 513 anos…Na verdade a terra existia e estava bem descoberta, Cabral apenas a achou. Excelente matéria, Ruthia. Gostei de ver o xará do "achador do Brasil" em fotos que mostraram bem do seu interesse. Na Bahia existe uma Belmonte e é litorânea. Sei que o nome foi dado em homenagem a Cabral, por ser nome de sua terra natal. Permita-me compartilhar o post (maravilhoso!) na minha página do "face" e google. Obrigada!
Beijos,
da Lúcia
Querida Lúcia, esteja à vontade para partilhar. E avise-me quando fizer um post sobre a cidadezinha de Belmonte brasileira.
Muito obrigada pelo amável comentário.
Um doce domingo
Que linda visita!
Desconheço a cidade e quase tenho vergonha de o admitir, pois não fica longe do meu domicílio.
Adoro museus interativos! Permitem descobrir pela experiência.
É para já que vou tomar nota e juntar esta linda cidade à lista das próximas visitas a fazer 🙂
Beijinhos, Ruthia!
Pois é Dulce, eu também andei a adiar, pensei que ficava longe da A23. Afinal é logo ali. Incrível como uma pequena vila tem 4 museus e com esta qualidade. O Ecomuseu do Zêzere e o Museu Judaico são pequeninos e não visitei o Museu do Azeite, porque já conheço um do género (no concelho de Idanha)…. mas vale mesmo a pena.
Beijinho
Puxa,Ruthia, que beleza de post e um encanto tudo.Acredito que Pedro não esquecerá essa experiência linda. o museu interativo, quando sempre avisamos que não podem tocar em nada. Deve ter aproveitado muito! Adorei saber de cada lugar! beijos,lida semana,!chica
Nativo virtual??? Hmmm, nas minhas andanças de ultimamente tenho visto muitos, e bem reais.
Sorte a sua, Marta. Mas olha que o Brasil tem que se preocupar, para não perder essa riqueza antropológica. Aqui só pelo computador mesmo 🙂
Beijinho
Ruthia,
E este céu de intenso azul?! belíssimo.
Nós, brasileiros, por exemplo, desconhecemos sobre muitas riquezas historicas em nosso solo e tambem as que tem origens portuguesas.
Assim como a Dulce, tambem gosto de Museus Interativos.
Fiquei imaginando o quanto seu filho aproveitou. Muito bom para ele.
Bjs
Olá, Ruthia
Já tinha ouvido falar de Belmonte como um bom destino de passeio e por este post, parece que é mesmo assim! A registar! 🙂
Beijinhos
Querida Ruthia
Quem a lê, fica com vontade de visitar os locais. Bela crónica de um dia em Belmonte!
Muitos parabéns e obrigada por todas as informações.
Beijinho
Beatriz
Ruthia,vc sempre trazendo histórias legais! Linda Belmonte de Cabral e pelo jeito o Pedrinho se divertiu bastante nesse museu interativo! bjs e boa semana,
Olha que belo passeio!!! Fiquei com vontade de ir lá, ainda para mais agora que o bom tempo permite e incentiva!
Beijinhos e uma excelente semana!
oi amiga querida, estava com saudades de ler estes teus passeios culturais, que tanta história nos contam!!! E essa, que me diz respeito diretamente, despertou minha curiosidade!! adorei ler!!
Vejo que Pedro ainda usa óculos!!! Sabe, o meu Ali está de lente de contato já há 3 anos (usa desde os 9) e se adaptou muito bem, sem contar que as lentes, por estarem constantemente nos olhos, ajudam a reduzir ou ao menos a estagnar o problema visual.. creio que lá pelos seus 15 anos, fará a cirurgia corretiva (muita miopia, tem 3º em um olho e cerca de 2,75 no outro)
bjs desejando uma linda semana que prenuncia a tua primavera – aqui o nosso outono, que tanto amo, parece que vai chegar com muita chuva… espero que ao menos venha companhado de um clima mais ameno, pois o calor já nos deu um grande cansaço!!
bjs
tititi da dri
A sempre uma esperança de dias melhores em nossas vidas
no entanto se não tiver fé nada seremos.
A sempre uma esperança mesmo quando semeamos paz por onde
passamos .
A sempre um futuro melhor e mais feliz
quando a humanidade entender que só o amor é capaz de
transformar o mundo.
Com carinho venho desejar uma abençoada semana
beijos no coração carinho na sua alma.
Evanir.
Obrigada por fazer parte da morada
que existe no meu coração.
Curioso fiquei em ler sobre mais um pouco sobre este navegador. Interessante museu com interatividade.
Parabens e grato amiga pela partilha.
Uma linda semana a voce.
Abraços.
Bjo de paz.
Curioso fiquei em ler sobre mais um pouco sobre este navegador. Interessante museu com interatividade.
Parabens e grato amiga pela partilha.
Uma linda semana a voce.
Abraços.
Bjo de paz.
Que lugar lindo amiga!! Olha esse jardim com muitas flores da última foto que perfeito. Amei <3
Me empolguei, mas amo flores e a natureza rs!!!
Então me caso dia 11 de abril do ano que vem Ruthinha ^^
Beijinhos, Té
Conheço bastante bem Belmonte porque quando era solteira todos os anos passávamos duas semanas na Covilhã e, logicamente, corríamos todos os arredores. Covilhã já conhecíamos "de cor e salteado" -:))). Depois desses tempos voltei lá a seguir ao 25 de Abril, e essa foi a última vez.
É claro que agora está muito diferente; na altura não havia metade das coisas que aqui nos mostras, o que faz nascer a vontade de lá voltar. Talvez lá mais para o verão, quem sabe???
As imagens são muito boas; a reportagem, toda ela, bem ilustrativa das nossas riquezas culturais.
Boa semana.
Beijinhos
Nunca lá fui, mas depois de ler a tua boa reportagem, Belmonte vai ficar na minha mente para, pelo menos, fazer um desvio para conhecer tão encantador local.
Ruthia, tem um bom resto de semana.
Beijo.
Um belo texto que nos leva a conhecer os lugares maravilhosos…
Já conhecemos parte de um lugar distante só com suas fotos!
Parabéns, querida!
Beijos
OI RUTHIA!
MUITO LEGAL ESTE POST E SABER QUE O "ACHAMENTO" DE NOSSA TERRA POR CABRAL ESTÁ MUITO BEM REPRESENTADO NESTE MUSEU, COMO O DIZES ME DEU MUITA VONTADE DE CONHECÊ-LO E PASSAR PELA EXPERIÊNCIA QUE TU E O PEDRO PASSARAM.
ABRÇS E BJS PARA TI E O PEDRO.
Ainda bem que gostaram, Ruthia. Belmonte, aqui mesmo ao lado, vale bem a pena.
Beijo 🙂