Atualizado em 6 Janeiro, 2021

Há rituais de amor maravilhosos por todo o mundo. Das serenatas aos chocolates, dos passeios de gôndola às cartas perfumadas: o amor demonstra-se de muitas formas.

Em Paris prende-se um cadeado num monumento com os nomes dos apaixonados, e deita-se a chave fora numa promessa de amor eterno. Esta moda que deixou a Pont des Arts à beira do colapso já foi exportada para várias cidades europeias, nomeadamente Praga, Roma ou mesmo Guimarães, a minha cidade berço.

Na Áustria do século XIX, as meninas dançavam com uma maçã nas axilas. No final da noite, uma fatia da maçã suada era oferecida ao eleito, que a devia comer com prazer ou recusar delicadamente, dependendo de corresponder ou não às palpitações do coração da moça. Felizmente inventaram o strudel, entretanto.

Na Irlanda, diz-se que basta comer um trevo de quatro folhas com o príncipe encantado no pensamento, para viverem uma história de amor. Provavelmente será mais fácil encontrar o príncipe do que o trevo.

Mas neste Dia dos Namorados, quero falar-vos de uma árvore muito especial, no Templo de A-má, ali no centro histórico de Macau classificado pela Unesco (recordem a visita a 澳门 aqui e ao templo aqui). Neste antiquíssimo templo, dedicado à deusa taoísta protectora dos pescadores e marinheiros, existe uma pequena árvore, não sei precisar de que espécie, dedicada ao amor conjugal.

Os poucos sites de viagens que falam nela, aludem apenas a “preces penduradas” pelos fiéis, que balançam ao sabor do vento.

“Small prayer charms are suspended from the red frame and they flutter and jingle in the breeze” (http://thetempletrail.com).

De resto, atar desejos nos ramos de uma árvore é uma tradição muito comum na China. Por exemplo, em Hong Kong a árvore dos desejos de Lam Tsuen tornou-se um fenómeno turístico.

No entanto, esta árvore tem um fim muito específico, como se percebe pelos caracteres que enfeitam a estrutura que rodeia o tronco:  树妻夫年百(lê-se, shù qī fu nián bãi). Optei pelos caracteres simplificados do mandarim, embora no sul da China se use o cantonês e, portanto, os complexos caracteres tradicionais.

Por ordem, significam árvore – esposa – marido – anos – cem. Ou seja, nesta árvore deseja-se que o casal permaneça junto por um século! Um voto tão simples quanto maravilhoso.

Entre as mensagens, lêem-se votos de felicidade em várias línguas e também singelos lembretes de aniversário. Infelizmente, um incêndio atingiu o pavilhão principal do belo templo de A-má há cerca de um ano e o restauro parece tardar (notícia aqui). Espero que o fogo não tenha atingido a bela árvore dos casamentos felizes e que os casais continuem ali a expressar os seus sentimentos mais profundos. Porque o amor se faz de pequenos gestos, um dia após o outro.

Querem contar-me as vossas tradições de amor? Feliz Dia de S. Valentim!