Atualizado em 2 Janeiro, 2025

Visitar o Parque Nacional de Yala é como entrar num documentário de vida selvagem. Mas há outros motivos para conhecer esta região no sudeste do Sri Lanka

Yala, no Sri Lanka, é um destino que combina natureza exuberante e herança espiritual. O Parque Nacional de Yala é um dos maiores e mais antigos parques cingaleses, famoso pela sua biodiversidade que inclui majestosos leopardos, elefantes asiáticos, preguiças e, pelo menos, duas centenas de espécies de aves.

No entanto, apesar do parque ser a principal razão que leva turistas a Yala, a região não é apenas um refúgio para amantes da vida selvagem. Encravado entre a selva e o oceano no sudeste do país, Yala é também um local de profundo significado cultural e histórico, com templos antigos e sítios arqueológicos que narram histórias de devoção ancestral.

Exploremos a fascinante dualidade de Yala: as aventuras inesquecíveis no coração da selva e a tranquilidade espiritual dos seus templos sagrados.

cerimónia budista no templo de Kataragama, em Yala Sri Lanka
Cerimónia budista que se realiza no final da época seca.

Parque Nacional de Yala

O sol nasce no horizonte, pintando o céu com gradientes tons de laranja, enquanto o jipe avança pelas trilhas poeirentas do Parque Nacional de Yala. O ar da manhã está carregado de expectativa, cada som da selva parece anunciar a possibilidade de um avistamento especial. O objetivo é ver os famosos leopardos – o parque tem a maior concentração destes felinos do mundo -, mas a selva tem outros planos.

Conseguimos avistar apenas umas pintas entre arbustos, depois de uma longa espera na fila de jipes, que me parece exagerada. O condutor explica que cerca de 1500 veículos podem entrar em Yala cada manhã… parece que os animais se estão a habituar à sua presença, infelizmente. Contudo, apenas uma parcela dos cerca de mil km2 é visitável, o que deixa uma ampla área para os animais viverem descansados.

Embora o leopardo tenha permanecido esquivo, o safari ofereceu uma experiência inesquecível, revelando a sua riqueza ao longo do percurso, de animais e paisagens incríveis. Manadas de veados sambares a pastarem tranquilamente, pavões a exibirem as suas plumas iridescentes ao sol, uma águia a planar no céu, macacos langures que observam o jipe com indiferença.

safari no parque nacional de Yala Sri Lanka
© The Portuguese Traveler tirou algumas fotos maravilhosas com o apoio da Sony

A dado momento, dois majestosos elefantes asiáticos emergem da vegetação densa, caminhando com a serenidade de quem domina o seu território. Tão perto que nos causa um sobressalto. Pouco depois, o espetáculo torna-se ainda mais grandioso, com um grupo inteiro, incluindo uma cria travessa, a deslocar-se calmamente para um charco.

A magia do Parque Nacional vai além de qualquer avistamento específico; trata-se da humilde experiência de estar imerso na natureza.

Notar bem:

  • Não se recomenda crianças com menos de três anos e mulheres grávidas em safaris, a menos que estejam num jipe ​​exclusivo, por questões de saúde e segurança, a não ser que um responsável assine um termo de responsabilidade.
  • Recomenda-se que as famílias com crianças com menos de 12 anos utilizem um jipe ​​exclusivo para evitar perturbar outros visitantes [regra parva que multiplica o número de veículos no parque].
  • Não são permitidos naturalistas/guias externos e desaconselha-se a presença de tradutores, pois podem interferir com a narrativa dos guardas florestais.
  • Habitualmente, o bloco 1 encerra durante os meses de setembro e outubro, altura em que os safaris se realizam no bloco 5 ou no Parque Nacional de Bundala.
pássaro no parque nacional de Yala Sri Lanka
© The Portuguese Traveler

Outras dicas

  • Reserve o safari com antecedência, especialmente durante a época alta (dezembro a abril).
  • Agende o safari de manhã bem cedo ou ao final da tarde, para maior probabilidade de avistamentos de animais.
  • Leve roupa confortável (adequada para o calor e poeira), chapéu e repelente de insetos.
  • Respeite sempre as regras do parque para garantir a segurança quer dos animais, quer dos visitantes.

Complexo de templos de Kataragama

Um dos locais mais sagrados do Sri Lanka fica nas proximidades do Parque Nacional de Yala: o Templo de Kataragama. Cortado pelo rio Menik Ganga, onde os devotos realizam rituais de purificação prévios, o complexo religioso é venerado por budistas, hindus e muçulmanos.

Só para ver diferentes tradições conviverem em harmonia vale a pena visitar o templo dedicado à divindade Kataragama deviyo, visto como um protetor do dharma (a verdade ou lei budista), enquanto na tradição hindu o identificam com um deus da guerra e na tradição islâmica é associado a um santo ou a uma figura espiritual poderosa.

Além do templo principal, o complexo abriga pequenos santuários e uma mesquita, sublinhando o seu caráter inclusivo. O lugar é marcante, com o seu ecumenismo, as suas cores vibrantes e uma aura de devoção intensa: fiéis realizam oferendas de frutas, flores e leite, enquanto cânticos e tambores ecoam no ar.

templo hindu em Kataragama, na região de Yala Sri Lanka

Ao lado de Kataragama encontra Kiri Vehera, uma das estupas budistas mais importantes do país, carregada de significado espiritual e histórico. Acredita-se que foi construída no século III a.C. para marcar o local que o Buda Gautama visitou durante a sua terceira viagem ao Sri Lanka.

A sua forma, perfeitamente simétrica e de uma simplicidade cativante, simboliza a pureza e a iluminação espiritual. Nas proximidades, as tradicionais árvores bodhi, tão significativas para o Budismo, emanam tranquilidade, convidando à meditação.

#Dica: durante o festival anual Esala Perahera (meses de junho e julho), o templo ganha vida com procissões coloridas, danças tradicionais e rituais sagrados. Apesar do ambiente significativo, esteja preparado para multidões se visitar o templo nessa altura, já que o festival atrai milhares de pessoas.

Sithulpawwa Rock Temple

O nome Sithulpawwa deriva de um termo em páli que significa the hill of quiet minds ou a montanha das mentes tranquilas, refletindo o seu propósito como local de meditação e retiro espiritual. O templo foi fundado durante o reinado de Kavantissa, no século II a.C., e acredita-se que tenha sido um refúgio para milhares de monges.

Ainda hoje o antigo e venerado templo budista é habitado por monges arhats, aqueles que alcançaram a luz.

vista desde o Sithulpawwa Rock Temple

Situado no coração do Parque Nacional de Yala, no topo de uma formação rochosa, este templo com mais de 2.200 anos oferece vistas deslumbrantes. O local inclui várias cavernas naturais, que foram adaptadas como celas para monges, bem como estupas e relevos esculpidos na rocha, que testemunham a rica herança artística e religiosa da região.

O templo contém pinturas murais antigas e inscrições em pedra que fornecem um vislumbre da história cingalesa… infelizmente o inglês do nosso guia era sofrível e não consegui percebi metade.  Ainda assim, a tranquilidade do templo da rocha Sithulpawwa é uma atração por si só.

Sithulpawwa Rock Temple em Yala, Sri Lanka

Show cooking em Yala, Sri Lanka

Uma equipa de chefs do Ekho Safari Tissa teve a amabilidade de nos preparar uma demonstração de cozinha de fusão, misturando os ingredientes locais com alguns ingredientes bastante utilizados na gastronomia portuguesa. De resto, vários hotéis em Yala organizam atividades culinárias.

A cozinha foi montada ao ar livre, sob uma árvore frondosa, com uma ampla parafernália de especiarias frescas. O prato do dia? Um autêntico caril de gambas, um clássico da cozinha cingalesa. O primeiro passo foi mostrar como se abre um coco, que será usado na receita.

O chef pôs a refogar cebola picada, alho e gengibre, para juntar, de seguida, folhas de caril frescas, sementes de mostarda e uma mistura de especiarias que perfumou o ambiente. As gambas fresquíssimas, pescadas na costa próxima, foram adicionadas à panela, juntamente com leite de coco.

Alguns portugueses ajudaram a ajustar os temperos e a Lígia do blog A crush on foi promovida, por momentos, a ajudante do chef, ao reparar uma salada aparentada com uma salada russa, que serviu de entrada ao caril, servido com arroz branco aromático. Para mim, faltou os acompanhamentos tradicionais: o sambol de coco e o crocante pappadam.

show cooking em Yala

Dicas úteis para visitar Yala, Sri Lanka

Onde fica Yala e como chegar

Yala fica no litoral sudeste do país, abrangendo as províncias do Sul e de Uva, com parte da região a ser banhada pelo Oceano Índico (dei um passeio na praia de Kirinda, que apesar de não ser badalada como outras praias do Sri Lanka, proporcionou uma experiência simpática).

Colombo, a capital do Sri Lanka, fica a cerca de 300 km a noroeste, o que se traduz numa viagem de cerca de 6 ou 7 horas de carro. Também é possível optar por um autocarro até Tissamaharama, a cidade mais próxima do parque (a cerca de 20 km). Saiba ainda que muitos operadores turísticos oferecem transfers diretamente para Yala como parte de pacotes de safari, a partir da capital e de outras cidades.

praia da região de Yala

Alojamento em Yala

Sugerimos que passe, no mínimo, dois dias em Yala (Sri Lanka), se quiser fazer um safari e visitar os vários templos. Eis algumas opções de alojamento que poderá considerar.

  • Alojamentos de luxo: existem opções como lodges ecológicos e resorts de luxo perto do parque, como o Uga Chena Huts ou o Jetwing Jungle Lodge, que combinam conforto com uma experiência imersiva na natureza.
  • Alojamentos de custo médio: hotéis boutique e casas de hóspedes como o Kele Yala (****) com chalets. O Leopard Nest é uma opção de glamping que parece bem interessante.
  • Para quem tem um orçamento reduzido, há várias pousadas e hostels económicos em Tissamaharama e Kataragama, como Safari Lodge Yala, com boa relação custo-benefício.
  • Eu pernoitei no Ekho Safari Tissa, um alojamento bastante simpático junto ao lago homónimo, na localidade de Tissamaharama.
hotel em Yala, Sri Lanka

Onde comer

A maioria dos hotéis e lodges oferece refeições completas, com pratos locais e internacionais, incluindo jantares românticos na selva. Em Tissamaharama, pode encontrar pequenos restaurantes locais que servem autêntica comida do Sri Lanka, como o Calorian ou o Refresh, ambos com boas avaliações.

Uma das melhores refeições desta viagem ao Sri Lanka aconteceu no restaurante do hotel Chaarya Resort & Spa, que aconselho muito a quem viaja com crianças e procura pouco ou nenhum picante nos pratos.

Nota: esta viagem foi realizada a convite do Sri Lanka Tourism Board, no âmbito da sua campanha internacional de bloggers e influencers. Como sempre, as opiniões que constam neste artigo são pessoais e completamente honestas.