Atualizado em 24 Maio, 2022

A capital da Eslováquia não é a estrela mais brilhante na constelação de cidades europeias. Ainda assim, foi uma linda surpresa na nossa visita à Europa Central

Havia a Checoslováquia, um país formado apenas depois da I Guerra Mundial, que passou horrores às mãos dos nazis, depois do regime comunista, até se tornar uma democracia e decidir a sua independência, num processo pacífico chamado Revolução de Veludo.

Ou seja, a República Checa e a Eslováquia são dois dos países mais jovens da História. Conhecemos a capital da primeira há uns anos (recorde a viagem a Praga aqui), e desta vez visitámos Bratislava, a capital eslovaca de nome vampiresco.

A compacta cidade já fez parte de vários reinos, impérios e principados. Foi até capital da monarquia dos Habsburgos durante três longos séculos. Na catedral gótica de São Martinho, foram coroados 11 reis e rainhas entre 1563 e 1830. E uma das torres do seu simbólico castelo abrigou as jóias da coroa húngara durante dois séculos.

Nós passámos um dia em Blava, como é carinhosamente chamada a cidade banhada pelo Danúbio, e damos-lhe 7 razões para a visitar. Acrescente as suas nos comentários! Ao longo do texto encontrará links para os sites oficiais das atracções, onde encontrarão informação actualizada sobre horários e preços.

À chegada a Bratislava, somos recebidos por este “ovni”.

1. Localização

Bratislava é uma das capitais da Europa mais pequeninas, com pouco mais de 400 mil habitantes, e mantém um ambiente de “pequena vila”. Como muitos outros turistas, nós visitámos a cidade eslovaca desde Viena, já que os 65 km são facilmente vencidos de carro, comboio ou autocarro. Ali perto fica também Praga (320 km) e Budapeste (200 km).

Os comboios em direcção a Bratislava partem da estação Wien Hbf, demoram 1h00-1h30, mas não param perto do centro da cidade, pelo que se exige o percurso de outro autocarro ou uma caminhada de 20 minutos. Outra opção charmosa, mas mais cara, será chegar via Danúbio de barco, já que o rio banha as duas capitais. A viagem dura cerca de 1h30 e pode custar cerca de 35€ por pessoa. Nós fomos de Flixbus e pagámos 11,40€ por pessoa, ida e volta, e o autocarro demorou cerca de uma hora até chegar a Bratislava.

Seja qual for a opção de transporte, ou o país de origem, Blava é facilmente alcançada. Para quem pretende pernoitar na cidade, pode ler a experiência de uma amiga viajante, que ficou no Downtown Backpacker’s em Bratislava.

2. Preços – comer bem e barato

Todos os viajantes de orçamento limitado adoram uma cidade barata. Nós também. Uma das vantagens de Bratislava é o simpático custo de vida, sobretudo quando comparado com os países vizinhos. Nós, que estávamos há 5 dias em Viena, na Áustria, sentimos bem a diferença.

A moeda oficial é o euro, portanto a comparação é bem fácil. Há vários restaurantes com comida tradicional eslovaca, como o Bryndzové halušky (nhoque de batata com molho de queijo de ovelha e pedaços de bacon) e a sopa de alho servida em pão, por cerca de 5 euros. Eu e o pequeno explorador almoçámos por 13,80€. Recordem o nosso post gastronómico sobre a cidade aqui.

Eu não provei mas, para muitos, uma das vantagens da Eslováquia é o preço da cerveja, haha.

3. As divertidas estátuas

A capital da Eslováquia tem uma série de estátuas pitorescas muito procuradas pelos visitantes. Há um soldado de Napoleão na principal praça da cidade, que terá desertado por causa de uma bela eslovaca e começado a produzir vinho. Na mesma praça existe um sentinela, não tão popular como o soldado que trocou as armas por vinho e uma história de amor.

Há um Hans Christian Andersen na praça Hviezdoslavovo, porque supostamente o autor dinamarquês descreveu Bratislava como um conto de fadas, aquando da sua visita à cidade.

Há o alegre Schöne Náci, um doente mental elegante que cumprimentava as pessoas com o seu chapéu, e que foi perpetuado na rua Rybárska Brána. Havia um paparazzi a espreitar numa esquina, que continua a ser procurado pelos turistas, apesar de ter desaparecido com o restaurante que o financiou.

Mas o mais popular é o Čumil, o Observador, entre as ruas Laurinská e Panská. A estátua que emerge de uma tampa de esgoto e observa as pernas das senhoras (dizem as más línguas) ou simplesmente o movimento da rua. Há quem diga que se trata de uma crítica ao regime comunista, e que o Cumil representa o típico trabalhador comunista que negligencia as suas funções porque sabe que o governo lhe garante o emprego…

4. Explorar o centro histórico a pé

Bratislava é uma cidade pequena, facilmente percorrida a pé. Alguns dos pontos obrigatórios são a Praça Central (Hlavné Namestie), onde se destaca a fonte de Rolando, construída no século XVI com o objectivo de fornecer água para os incêndios, e o lindo Palácio dos Primados.

Não muito longe fica o Portão de São Miguel, o único sobrevivente dos quatro portões medievais, coroado pelo arcanjo a matar um dragão. Por baixo da torre fica o ponto zero da cidade, com a distância em relação a outras 29 cidades do mundo.

É igualmente paragem obrigatória a Catedral de São  Martinho (século XV), nada extravagante, mas com uma carga histórica imensa, já que ali foram coroados vários reis e rainhas, e o Castelo de Bratislava (Bratislavský hrad), símbolo da cidade e do país, que acolhe o Museu Nacional da Eslováquia. A visão sobre a cidade é linda e permite ver um gigante (e deveras feio) complexo residencial soviético, na outra margem do rio.

Outro lugar que rende uma bela fotografia é o rococó Palácio Grasslkovich, residência presidencial, mas para além de ficar longe do centro, não é possível conhecer o interior do palácio, apenas os jardins.

5. A bela igreja azul

Eu vi uma fotografia da St. Elisabeth Church (Santa Isabel, na língua de Camões) antes de visitar Bratislava e apaixonei-me pelo delicado edifício. Localizada na parte oriental da cidade velha, esta igreja católica consagrada a Isabel da Hungria data do início do século XX e é um lindo exemplo de Art Nouveau Sagrado da Europa.

Como já perceberam, a cor dominante da fachada e interiores é um azul pastel, que lhe dá um ar etéreo, enquanto o telhado tem um azul mais profundo e contrastante: estas telhas chamam-se majólicas e são produzidas na cidade eslovaca de Modra.

Infelizmente, encontrámos a igreja fechada, porque tem um horário reduzido durante a semana, mas passámos longo tempo a apreciar, e a fotografar, a fachada incrustada de brilhantes.

6. A Passagem

Bratislava tem vários museus interessantes, como seja o Museu dos Relógios ou o Museu municipal, o mais antigo da Eslováquia (1868), instalado no antigo edifício da Câmara Municipal (Old Town Hall).

Nós visitámos apenas o museu de arte contemporânea do Palácio Pálffy (GMB) por causa de um motivo particular: o projecto PASSAGE de Matej Kren. A obra foi instalada para evocar uma ilusão de um espaço infinito feito de livros, numa linda metáfora de sabedoria.

Trata-se de um corredor estreito e duas paredes com livros do chão ao tecto, que são perpetuados graças aos espelhos colocados de forma estratégica. A sua genialidade reside precisamente na sua simplicidade. A ilusão é tão forte que tememos colocar um pé fora do estreito corredor…

A instalação foi distinguida com o prémio principal no concurso “Promoção das Artes”, organizado pela UNESCO em Paris (1995).

7. As margens do Danúbio

Tivemos oportunidade de explorar as margens do rio com um tour de segway (post aqui) e percebemos como há recantos encantadores longe do centro histórico. Na margem oposta ao centro da cidade fica um grande parque – Sad Janka Kráfa – frequentado sobretudo pelos habitantes, que até tem uma praia artificial com areia.

Num dos extremos do parque fica a Nový most, a ponte nova que atravessa o rio desde o final dos anos sessenta. No alto existe um mirante suspenso em forma de disco voador e ainda um restaurante elegante e caro, café e observatório. Não existe um motivo para o UFO ter aquele aspecto, simplesmente o arquitecto concebeu-o com aquele ar futurista e surpreendente. A verdade é que o ovni rende lindos cliques, de vários pontos da cidade.

Conhecem Blava? Têm motivos a acrescentar? Deixem abaixo, nos comentários.