Atualizado em 12 Junho, 2022

“Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes como, afinal, as paisagens são.”

Esta máxima pessoana parece guiar a vida de Jorge Fortunato, mais um vagabundo saudável, apaixonado pelo mundo em geral, pelo Rio de Janeiro e a França em particular, apreciador das artes e das pessoas que têm algo a dizer (sobretudo se for em francês).

Há cerca de dois anos, o Jorge transformou a sua paixão em profissão e hoje é guia turístico no Rio. “Pela primeira vez na vida, estou fazendo um trabalho prazeroso“, diz com o seu sotaque bonito. Quando não está a acompanhar viajantes, ele próprio está a viajar, a planear uma viagem ou a escrever sobre a última, no seu blog Viajando com Jorge Fortunato.

Dos 13 países que conhece, a maior parte fica na Europa: o velho continente atrai sempre os  amantes da arte. Por isso, é repetente em França, em Itália, em Portugal, onde passou o Carnaval de 2015.

O Jorge Fortunato trocou o calor e o sambódromo pelas ruas históricas do Porto, de Guimarães e de Lisboa, trocou as cervejas geladas pelos generosos pratos e calóricos doces portugueses.Ruthia, vou ter que voltar nadando“, desabafou ele, entre o bacalhau com natas e o cabrito no forno com que nos banqueteamos na Nora do Zé da Curva. E dali, como se fosse pouco, ainda conseguimos rematar com uma torta de Guimarães (oh my God, eu também preciso atravessar o Atlântico a nado!)

Este meu amigo carioca é um detalhista, gosta de se demorar nos lugares, emociona-se com a sua história, como aconteceu no Palácio dos Doges, essa obra-prima do gótico veneziano que o levou, literalmente, às lágrimas. “Agradeci a Deus por estar ali e poder ver tanta arte numa cidade tão mágica e especial como Veneza“.

junto à estátua D. Afonso Henriques
O Jorge Fortunato de visita ao berço da nação (Fevereiro 2015).

Et voilá le passaport du Jorge…

Nome: Jorge Fortunato
Idade: 47 anos
Profissão: Guia de Turismo
Destino de sonho: Grécia
Na mala não pode faltar: Roupas confortáveis, protector solar e óculos escuros
 

Sabe explicar quando e porquê nasceu esse “bichinho” de viajar?

Sinceramente, não. Só fiz a minha primeira viagem de férias  aos 22 anos de idade. E realizei o sonho de conhecer Salvador, capital da Bahia. Foi uma viagem muito modesta, viajei de ônibus – 27 (vinte e sete) horas – e fiquei hospedado numa Igreja evangélica no bairro da Liberdade. Guardo boas recordações dessa época.

Qual foi o destino que mais o marcou? Porquê?

Das cidades que ja visitei, duas me marcaram muito: Budapeste e Veneza. Uma estranha sensação de já ter estado ali em algum momento. Costumo brincar com os amigos dizendo que nasci em  Budapeste. Em Veneza tive uma crise de choro no Palácio dos Doges. Nunca mais vou esquecer.

Viaja muitas vezes sozinho e já festejou o aniversário em muitos lugares estrangeiros. O que diz àqueles que não saem de casa por falta de companhia para viajar?

Particularmente, gosto de viajar sozinho. Já fiz várias viagens assim pelo Brasil e também, Argentina, França, Portugal e Itália. Já festejei meu aniversário em Amesterdão (2009) e em Florença (2012), este último estava sozinho, mas muito feliz. Acho que viajar sozinho é uma das melhores experiências que temos na vida. Todos deveriam experimentar um dia. E o facto de viajar sozinho não quer dizer que você vai ficar solitário. Há muita gente viajando sozinha também e aí nada impede de começar uma nova amizade. Fica até mais fácil. Acho que não podemos deixar de realizar nossos sonhos por falta de companhia. E viajar é realizar sonhos.

O Jorge é um bom garfo. Qual foi o prato típico mais memorável que alguma vez provou?

De facto, adoro comer… rsrssrsr  tenho uma lembrança bem recente de uma viagem de 2012. Fui jantar com uma amiga que conheci pela internet – ela tem um blog de viagens -, e fomos a um restaurante em Montmartre chamado “Le relais Gascon”. Lá provei um Cassoulet delicioso e virei fã. Só de falar lembro do sabor.

Pelos seus posts, percebe-se que tem um carinho especial pela França. Porquê?

Meu carinho pela França deve-se ao facto de ter estudado francês na Alliance Française. Além do francês, aprendemos a gostar do país, mesmo sem conhecê-lo. A minha primeira vez na  França foi em 2002 e é o país que mais visito na Europa – já  fui mais de dez vezes.  A última vez foi agora em Fevereiro/2015 (apenas três dias em Paris).  O facto de falar francês ajuda muito e, por isso, fiz boas amizades e sempre volto para visitar esses amigos. Além disso, gosto da cultura, da gastronomia e dos vinhos.

Outros amigos nómadas

O primeiro convidado da rubrica foi Gabriel Soeiro Mendes, fotógrafo premiado e o retratista oficial da autora d’O Berço do Mundo.

O segundo amigo picado pelo vírus da vagabundagem, Bruno Antunes, fala da sua paixão pelo Oriente e da sua experiência mágica na China.