Atualizado em 16 Abril, 2021
As esbeltas chaminés algarvias, rendilhadas, com a sua graça etérea, foram em tempos os principais motivos dos postais ilustrados do Algarve. Constam de todos os tratados sobre arquitectura da região e são o orgulho dos pedreiros.
Espreitam entre o verde intenso dos pinheiros mansos, atalaias vigilantes recortadas contra o céu. Assomam nas esquinas dos telhados, sobre a brancura dos edifícios, como torres de vigia, quais pequenas Giraldas sevilhanas.
Há-as para todos os gostos, numa exuberância de formas e cores. As mais tradicionais, alvejantes de cal, recebem cuidados especiais, um desvelo e um carinho que por vezes o resto do edifício não conhece.
Muitas parecem torres em miniatura e transportam a nossa imaginação para as linhas graciosas dos minaretes árabes, reminiscências de um passado longínquo. Como um dia alguém escreveu, são “a saudade do minarete a palpitar timidamente, no rebuço cristão da chaminé”.
De facto, há muito de ancestral nesta forma extravagante de construir chaminés, no amor que lhes é consagrado. Mas a arquitectura algarvia não se limita a estes pequenos remates destinados ao escoamento do fumo. Há que apontar ainda outras heranças árabes, a saber, as platibandas coloridas e as frescas açoteias. Tratam-se de terraços que servem de telhado às casas, onde se seca os figos e as amêndoas, mas também onde se desfruta de alguma frescura e do brilho das estrelas, nas longas noites de Verão.
Regressando às chaminés, esse pitoresco remate que se tornou um poderoso símbolo do Algarve, diga-se que esta moda floresceu em finais do século XIX, acompanhando o movimento modernista europeu.
O mestre pedreiro perguntava “quantos dias quer de chaminé?”, pois o preço dependia do tempo que ela demorava a construir. Quando mais rendilhada e minuciosa, mais cara seria. Eram as chaminés da ostentação do dono da casa. Eram também as chaminés da vaidade do pedreiro, que nelas depositava toda a sua arte e imaginação.
Hoje, as chaminés algarvias tradicionais concorrem com outras mais coloridas, pré-fabricadas mas não menos belas, e continuam a maravilhar quem se digna a tirar o nariz do chão!
P.S. As fotos de chaminés foram tiradas em Tavira, Faro, Vilamoura, Quarteira, Loulé e Salir.
25 Comentários
Que maravilhosas e imagino a competição que devia existir. Um querendo " mais deias de chaminé" que o outro para mais aparecer! Lindas chaminés, fia vaidade e exibicionismo que não suporto!rs beijos,chica
Boa tarde
O que acabo de ver e ler é um verdadeiro documentário sobre o Algarve e a beleza das suas chaminés.Simplesmente maravilhoso! Muitos parabéns.
Bom fim de semana.
Beijinhos da
Beatriz
Blog – VIDA E PENSAMENTOS
http://pegadasdeanjo.blogspot.com
Falta acrescentar que, como se sabe o Algarve foi conquistado aos Mouros pelos Portugueses, e nesse período já território Português, os Mouros tinham de rezar virados a Meça e às escondidas dos invasores, e nos dias cinzentos tornava-se difícil. Então criaram as chaminés, como se fosse um altar. E os desenhos primeiros, tinham significados religiosos. Os desenhos arquitectónicos e as histórias dos pedreiro vêm depois.
Que imagens lindas aqui onde moro não vemos mais esse tipo de chamines devido ao calor e a arquitetura que se fez presente, mas qdo vou para o estado do Paraná ainda temos algumas.
ps:por incrível que pareça o açúcar no tempero deu um toque delicioso mas se for fazer e tiver receio use meio copo, se gostar na próxima use a medida correta melhor prevenir rsrsrs.
Eu acho lindo e com um requinte indiscutível.
Bju
Ruthia, lindas imagens das chaminés.
Os contrastes com o céu azul intenso são fantasticos.
Bom final de semana!
Beijos
Quanta beleza nessas chaminés!Bem pitoresco e marca de cada povo!Linda sua postagem!bjs e bom fim de semana,
Quero deixar aqui o meu agradecimento por sempre espalhar AMOR.
Uma vaidade forjada numa herança cultural digna de se preservar.
Excelente, Ruthia!
Beijo 🙂
que lindas Ruthia, pena que não seja um algo que se veja em muitos lugares… aqui,são simples, retas, sem graça… adoraria passar por lá e admirar de perto!!
bjs desejando ótimo final de semana…nós estamos num calor desértico, apesar de ainda ser inverno.. que nos venha a chuva e o frio que promete a moça do clima na televisão!! bjs
tititi da dri
Olá bom dia de domingo, vim conhecer vc
te vi no blog da minha filha Patricia la do Café entre Amigos
adorei ver as fotos e lugares maravilhosos, a arquitetura é
mesmo deslumbrante, enfim td por aqui é divino vc está de
parabéns recebe um abraço com carinho, e te convido para
me visitar, será bem vinda!
Bjuss de um dia feliz
└──●► ¸.·*´¨) ¸.·*Rita!!
http://cantinhovirtualdarita.blogspot.com.br/
Que interessante, Ruthia!
Ignorava a existência destas belas chaminés e, sobretudo, da sua história.
Obrigada, mais uma vez, por nos fazer viajar.
Beijinho!
Que lindo! Esses detalhes passam tão despercebidos… aqui no Brasil não se encontra tantas chaminés, já que o clima é tropical e não existem lareiras e fogões à lenha com tanta frequência.
As fotos são perfeitas.
Uma ótima semana!
Beijos
O mais engraçado, Clara, é que o Algarve é precisamente a região mais quente de Portugal. Nunca neva, ao contrário do que acontece no interior Norte. Esta tradição é, por isso, ainda mais surpreendente!
Beijinho
Como são lindas! Não conhecia essa "competição", a mostrar tradição e ostentação. Bjs.
Olá Marilene. Seja muito bem vinda. Sinta-se em casa aqui n'O Berço…
Nossa, que lindas Ruthinhas!!
Aquele lindo exemplar de 1927 me lembrou muito a estampa de porcelana portuguesa, talvez pelas cores azul e branca 🙂
Beijinhos, Té
Que lindas chaminés !Excelente arquitetura !
OI RUTHIA!
SÃO LINDAS MESMO E A HISTÓRIA QUE AS CERCA, MAIS INTERESSANTE AINDA.
BOM TERES TRAZIDO AO NOSSO CONHECIMENTO.
ABRÇS
Sempre postando coisas interessante…Adoro te visitar…
Bjusssssss
Ruthia queridaaaaaaaaa…. rsss….Eu tenho 2 braços. Estes são visíveis. E infelizmente tenho 24 horas que estou negociando com o Poderoso mais 6. Tá complicado administrar tanta coisa! hahahah
Beijos
Olá, Ruthia!
Maravilhosas chaminés e achei muito
interessante a história.
beijos!
Que lindas! Achei muito interessante saber que além de simbolizarem o poder do dona da casa, refletiam também a vaidade do pedreiro que nelas depositava sua arte. Amei!
Querida, o link que vc me deixou para o divertido artigo sobre como identificar os grandes metres da pintura ficou incompleto. Fiquei curiosa!
Ruthia, obrigada pelo link, diverti-me muito. As melhores dicas de reconhecimento são a meu ver a que relaciona Putin e Van Eyck (não é que se parecem de fato?… kkk) e a que diz que os retratados de Rembrandt parecem vagabundos iluminados pela luz fraca de um poste… kkk… muito bom! Obrigada!
Eu também achei o máximo. Quem disse que arte é chata?