Atualizado em 12 Junho, 2022

Uma jornada é melhor medida em amigos do que através de milhas. Que o diga o Bruno Antunes, um nómada “to be”, em fase de enamoramento pelo mundo ou, mais concretamente, pela região asiática.

A banda desenhada poderá ter despoletado esta obsessão pelo Oriente, uma vez que o nosso convidado se expressa melhor pelo desenho do que pelas palavras. Depois, a tia matriculou-o num curso livre de chinês. E o Bruno foi mordido pelo bichinho da vagabundagem e o Japão foi suplantado pela China, no seu imaginário.

Pouco depois estava a participar no “Chinese Bridge”, um concurso que avalia não só o nível de proficiência em chinês, mas também os conhecimentos acerca daquela cultura milenar. O segundo lugar que conquistou, a nível nacional, levou-o até ao Império do Meio em Outubro passado. Uma viagem de duas semanas que o marcou para a vida.

Passear na muralha da China, visitar Pequim durante três dias apesar da poluição e experimentar mil e uma misturas de chá deve ter sido fantástico (e olhem que consome litros de chá diariamente), mas nada se compara à experiência de contactar com estudantes de 64 países diferentes, para além de dezenas de jovens voluntários locais.

Espectáculo final do Chinese Bridge
O concurso foi uma valiosa experiência multicultural

China, um encontro cultural

A hospitalidade da família que o acolheu foi igualmente enternecedora. Pertencente à minoria étnica tai – as viagens são fatais para os preconceitos, afinal os chineses não são todos iguais? – o casal desdobrou-se em atenções quando o viu resfriado.

Para além dos amigos que fez, das comidas estranhas que comeu e dos desafios que superou, o meu sobrinho (não vos contei? Pois, em tempos mudei-lhe a fralda…) ainda teve tempo para superar a timidez. Fez um discurso em chinês e uma performance artística, perante centenas de pessoas.

Respondeu às perguntas de cultura com a maior das facilidades. Entrou em inúmeros jogos de equipa e até cantou no espectáculo de encerramento, com direito a transmissão televisiva.

Pelo meio, ainda teve que engendrar com o colega de equipa um arranjo de flores, porque a cidade onde decorreu o “Chinese Bridge” mundial tem uma longa tradição nesta arte. Aliás Kunming, na província Yunan (a duas horas de voo de Pequim) é conhecida como a cidade da Primavera, devido ao seu clima ameno.

O Bruno Antunes voltou de lá mais sábio – não foi o Francis Bacon que afirmou que as viagens são uma forma de educar a juventude? – imensamente feliz e irremediavelmente apaixonado pela China. Eis o seu passaporte:

Nome: Bruno Alexandre Portelinha de Carvalho Antunes
Idade: 20 anos
Destino de sonho: China e Coreia do Sul
Na mala não pode faltar: Dicionário (ainda tenho muito para aprender), GPS e uns snacks de emergência, porque nem todos os petiscos que encontramos são comestíveis.

O que mais te surpreendeu na China?

Na China, surpreendeu-me negativamente a pouca importância que dão à higiene das ruas. Por exemplo, vi um menino que teria os seus 5 anos sair do hotel para fazer as suas necessidades na rua. Mas existe muito de positivo, nomeadamente a arquitectura. As estruturas modernas são muito arrojadas e misturam-se com templos e outros edifícios tradicionais. Para além disso, os chineses estão muito conscientes da sua cultura, que defendem.

Bruno na China
Performance artística do Bruno: pintura em papel de arroz.

Uma das provas do concurso deste ano era fazer um arranjo floral. Como correu?

Nunca tinha feito nada do género. Foi bastante engraçado porque nos deram dinheiro a fingir e tínhamos que negociar as flores com os vendedores, ao melhor preço. Como as negociações se faziam em chinês – o que implicou cantar serenatas, elogiar os vendedores… – e o meu colega Miguel tinha mais facilidade em termos de vocabulário, ficou incumbido de arranjar as flores e eu fiz o arranjo. Não ficou perfeito mas… bem… acho que ficou bonito… pelo menos eles gostaram.

Um balanço da viagem?

A China é um país espectacular que toda a gente devia visitar, pelo menos uma vez na vida. Para além disso, os chineses são muito hospitaleiros e acham piada aos estrangeiros. Muita gente pede para tirar fotografias connosco, outros simplesmente plantam-se em frente a nós e fotografam-nos com o telemóvel. Ouvi muitos comentários do género “és tão giro”, “és tão alto, tens umas pestanas tão longas”. Foi uma experiência realmente diferente.

Recordem outros amigos nómadas aqui e aqui