Atualizado em 17 Março, 2022

São Jorge  protege o castelo dos dragões que surgem no horizonte, rasgando as águas do Tejo. Já adivinharam onde estamos? Bem-vindos ao Castelo de S. Jorge, um dos monumentos mais visitados da capital portuguesa

No castelo, ponho um cotovelo / Em Alfama, descanso o olhar / E assim desfaço o novelo / De azul e mar

Para alcançar a fortaleza dos mouros conquistada por D. Afonso Henriques graças ao sacrifício do Martim Moniz**, subimos a colina no eléctrico 28. Esse amarelo ícone lisboeta circula desde 1914 e faz as delícias dos fotógrafos. Com certeza, Lisboa perderia um pouco da sua alma sem o constante tilintar das suas campainhas.

Apeados, ali pelo miradouro de Santa Luzia, vencemos as ruelas sinuosas de Alfama a uma hora matutina, antes das hordas de turistas tomarem de assalto o castelo. O primeiro rei de Portugal dá-nos as boas vindas e, logo ali, nos sentimos em casa. A estátua é igualzinha à que temos quase à porta, em Guimarães.

À ribeira encosto a cabeça / Almofada da cama do Tejo / Com lençóis bordados à pressa /Na cambraia de um beijo

Lisboa menina e moça, menina / Da luz que meus olhos vêem tão pura / Teus seios são as colinas, varina / Pregão que me traz à porta, ternura

A cidade espraia-se perante os nossos olhos, uma paisagem de azul e mar cortada pela nossa versão da Golden Gate, a ponte vermelha que une as duas margens sob a bênção do Cristo Redentor. Mas a fortaleza espera-nos…

Ocupada desde a época dos visigodos, com vestígios de fenícios, gregos, cartagineses e romanos, foram os árabes (por volta do ano 711 d.C.) que deram o aspecto moçárabe à colina. Junto ao jardim romântico fica a exposição permanente, onde muitos vestígios arqueológicos testemunham este rico passado.

Quando o rei D. Afonso conduziu o cerco à cidadela (1147), durante as sangrentas cruzadas, o espaço acabou convertido em paço real e, desde então, já passou por várias alterações. É que o Castelo de S. Jorge fica numa posição estratégica, numa das sete colinas de Lisboa, não a mais alta mas a que oferece uma visão perfeita sobre o rio.

Cidade a ponto-luz bordada / Toalha à beira-mar estendida / Lisboa menina e moça, amada /Cidade mulher da minha vida

No Terreiro eu passo por ti / Mas da Graça eu vejo-te nua / Quando um pombo te olha, sorri / És mulher da rua

Fechados na câmara obscura de uma das torres, a cidade alfacinha desvenda-se numa panorâmica de quase 360º. Trata-se da Torre do Tombo ou de Ulisses, onde se guardou, durante alguns séculos, o tesouro real e os documentos mais importantes do reino. Daí ser chamada de Torre do Tombo, nome do maior e mais importante arquivo de Portugal.

Através de uma engenhoca óptica com lentes e espelhos, que reflecte a imagem num “prato” gigante, é possível ver quase toda a cidade e ouvir um pouco da história das zonas mais emblemáticas, em inglês ou espanhol.

Existe apenas mais uma câmara obscura em Portugal, na pequena vila algarvia de Tavira. Lembram-se desse post? Recordem-no aqui.

Descer até o Terreiro do Paço

Do castelo ao Terreiro do Paço é um saltinho, porque a descer todos os santos ajudam. É ao som do marulhar do Tejo que explico ao Pedro quem foi o Marquês de Pombal e porque foi tão importante para Lisboa.

E no bairro mais alto do sonho / Ponho o fado que soube inventar / Aguardente de vida e medronho /Que me faz cantar

Lisboa menina e moça, menina / Da luz que meus olhos vêem tão pura / Teus seios são as colinas, varina / Pregão que me traz à porta, ternura

Destruída quase na totalidade pelo terramoto de 1755, a cidade foi alvo de uma grande reconstrução conduzida pelo primeiro-Ministro que também era marquês. A arquitectura pombalina, tão bem representada nesta praça,  é caracterizada por avenidas largas em traçado octogonal, e por prédios baixos e extensos.

Depois de um salto ao Museu da Cerveja para conhecer, finalmente, os pastéis de bacalhau com recheio de queijo da Serra, escolhemos uma das vias que partem do Terreiro do Paço. Sim, atravessámos o belo Arco e seguimos pela comercial Rua Augusta, onde se filmou parte de “As Viagens de Gulliver” (1996).

Bem pertinho dali, ficam sítios fantásticos como o Teatro Nacional D. Maria II ou o Elevador de Santa Justa que arranca um “uau” ao Pedro mas, para sua grande decepção, tem uma fila enorme em frente à bilheteira. Mas ainda há tempo para partilhar um café e trocar uma prosa com o Fernando Pessoa na esplanada da Brasileira.

Não muito longe do nosso poeta (no Largo de São Carlos), encontra um dos restaurantes do José Avillez, várias vezes distinguido como um dos melhores cozinheiros da Europa. A minha amiga Juli esteve lá e contou a experiência: Conhecendo o restaurante Café Lisboa, do José Avillez.

E ainda temos muito para contar sobre Lisboa. Fiquem por aí!

Cidade a ponto-luz bordada / Toalha à beira-mar estendida / Lisboa menina e moça, amada / Cidade mulher da minha vida

Lisboa no meu amor, deitada / Cidade por minhas mãos despida / Lisboa menina e moça, amada / Cidade mulher da minha vida

** Uma das portas do castelo é conhecida como Porta do Moniz porque, diz a lenda, este nobre cavaleiro do rei D. Afonso Henriques perdeu ali a vida para que a porta não se fechasse, permitindo que os cristãos entrassem e conquistassem Lisboa, em 1147.

Site do Castelo de S. Jorge: aqui | Entrada: € 7,50 / Crianças até 10 anos não pagam e os lisboetas também não