Atualizado em 26 Março, 2023

O Atomium, a atracção vintage de Bruxelas, devia ser temporária, mas foi salva pela sua popularidade. Apresentou-se ao mundo na primeira grande Exposição pós-guerra, em defesa da inovação científica

A norte da capital belga, o Atomium foi planeado como pavilhão principal da Expo 58, feira mundial onde estiveram presentes mais de 40 países. Num clima pós-guerra, as nações apresentaram-se no seu melhor, com pavilhões modernos que se espalharam numa área de 200 hectares.

A Europa ainda se recompunha do conflito, dava os primeiros passos na senda do progresso científico e ousava sonhar com um futuro melhor, graças à criação de uma comunidade europeia no ano anterior (1957). A estrutura, um misto de escultura e arquitetura, procurou simbolizar essa nova era de modernidade.

O engenheiro André Waterkeyn, seu autor, inspirou-se em particular no uso pacífico da energia atómica para fins científicos. O Atomium representa um cristal elementar de ferro (composto por nove átomos), ampliado 165 mil milhões de vezes. Curiosamente, usou-se alumínio para revestir a estrutura, em vez de ferro.

Como muitos outros edifícios “fora da caixa”, o Atomium não foi consensual. Mas o carinho dos belgas por ele ditou que a sua vida fosse prolongada além dos seis meses inicialmente previstos. Já no século XXI, após um longo processo de restauro, abriu portas ao público em 2006, tornando-se uma das atrações mais populares da capital belga.

Hoje é descrito como “uma espécie de OVNI na história cultural da Humanidade, um espelho voltado simultaneamente para o passado e para o futuro, comparando as nossas Utopias de ontem com os nossos sonhos de amanhã”. Cinco das nove esferas são visitáveis. No interior há várias exposições, com destaque para a que se dedica à própria Expo 58. Nós fomos conhecer a molécula por dentro e gostámos muito.

O Atomium em números

  • Formação: 9 esferas, 20 tubos e 3 pilares
  • Altura: 102 metros
  • Peso: 2500 toneladas
  • Diâmetro das Esferas: 18 metros
  • Diâmetro dos Tubos: 3,30 metros
  • Velocidade do elevador: 5 metros por segundo (à data da sua construção, era o mais rápido da Europa)

Bilhete comprado e foto da praxe tirada, subimos até ao Panorama, a 92 metros de altura, para uma vista de 360º sobre a cidade. Diz-se que num dia limpo se consegue antever a catedral de Antuérpia dali, mas suspeito que tal seja missão impossível para uma míope como eu.

Não tão difícil foi vislumbrar a vizinha mini-Europa, um parque com miniaturas das principais cidades europeias e os seus monumentos mais simbólicos. Portugal está lá representado com a Torre de Belém e o castelo de Guimarães.

Nos níveis 1 e 2 fica a exposição permanente, com documentos históricos, posters, vídeos e até uniformes das hospedeiras da Expo 58. Nos níveis 3 e 4 encontramos A Circular Journey**, uma proposta de música-luzes-som, que nos prometeu (e cumpriu) uma jornada que liga o infinito, grande e pequeno.

“Desde a antiguidade, os homens levantaram a cabeça para a imensidão das estrelas, para tentar entender o que ela disse sobre o mundo. Na viragem do século XX, foi o infinitamente pequeno que gradualmente revelou os mistérios e segredos do átomo. No alvorecer do terceiro milénio, a humanidade descobre que tudo, absolutamente tudo o que constitui o universo como o conhecemos, vem do coração ardente das estrelas; que somos, em primeiro lugar, seus filhos, no longo tempo das galáxias e das rodas que nos animam”.

A mensagem “you’re a dot” reverberou fundo no peito. Permanecemos ali muito tempo, dentro de uma molécula gigante, num ponto minúsculo da Europa, meros grão de pó na imensidão do cosmos.

Site do Atomium: aqui  | Horário: Todos os dias das 10h às 18h

Morada:  Avenue de l’Atomium, 1020 Bruxelles, Bélgica

Como chegar: estação “Heysel” na linha 6 do metro

Bilhete: 16€ (18-64 anos), 14€ com o Brussels Card e seniores, 8,5€ (mais de 1,15m, portadores de deficiência e estudantes), grátis para crianças com menos de 1,15 metros. Existem ainda bilhetes combinados Atomium, Mini-Europa e Museu do Design. Valores em vigor em março de 2023.

O cartão da cidade garante entrada gratuita em 49 museus e muitos descontos, o blog Vamos Por Aí analisa se Brussels Card em Bruxelas vale mesmo a pena.

**A Circular Journey esteve no Atomium em 2019