Atualizado em 7 Novembro, 2021

A arte dos quadradinhos é levada muito a sério em Bruxelas, onde nasceram vários heróis da BD belga. Numa visita recente, percebemos por que esta é a inquestionável “capital da banda desenhada”

Explorávamos nos arredores da Grand Place, quando nos deparámos com uma larga avenida em obras. Os painéis de protecção não eram enfadonhos e cinzentos. Pelo contrário, estavam alegremente coloridos com tiradas do Spirou e do Spip, o seu amigo esquilo.

Esta foi a primeira pista de um percurso recheado de grandes murais inspirados nas histórias aos quadradinhos. A nona arte é tão importante que o turismo local criou uma interessante Comic Route. As descobertas multiplicam-se ao ritmo da nossa caminhada, do temerário Tintin ao preguiçoso Gaston Lagaffe.

Afinal de contas a capital belga foi o ponto de partida das suas aventuras, talvez por ser a terra natal de autores como Hergé, André Franquin (o criador de Gaston Lagaffe e Marsupilami) e Morris (o inventor do Lucky Luke).

Na verdade, há mais de 700 autores de banda desenha na Bélgica, o que ajuda a explicar por que esta se elevou de uma criação popular para uma forma de arte, fortemente enraizada na vida e imaginação dos belgas.

É possível conhecer a casa onde nasceu Hergé, nos arredores de Bruxelas (Rue Philippe Baucq, nº 33, Etterbeek). Em Lovain-la-Neuve, cidadezinha a cerca de 32 km da capital, encontrará mesmo um museu exclusivamente dedicado ao pai de Tintin e Milou.

Mas voltando à residência de Hergé, acrescente-se que perto dali existe ainda uma série de livrarias especializadas como La Bande des Six Nez, BDMania e Atomic Comics, capaz de fazerem os fãs darem saltos de contentamento. Esta viagem inspirada na banda desenhada tem paragens engraçadas perto da Basílica de Koekelberg (Sainctelette square), onde ficou eternizado o agente 15 das histórias do Tintin, e na Rue de Sables, onde mora um gigante Gaston com o seu gato (não chegámos a visitar, mas fica a dica para os verdadeiros aficionados).

A catedral da banda desenhada

Nesta mesma rua com nome de areia fica a “catedral da BD”, num lindo edifício datado do início do século XX. Projectado pelo arquitecto e precursor da art noveau belga Victor Horta, o edifício começou por ser um armazém de têxteis, antes de se transformar no Centro Belga de Banda Desenhada.

Ali, começamos por reflectir sobre como o desenho foi usado para exprimir as emoções humanas e contar histórias. Destaca-se, por exemplo, o papel dos monges copistas que embelezavam as páginas com belas iluminuras, criando assim a “gramática da BD”, ou dos caricaturistas que usavam o desenho como arma satírica. Há ainda a secção dedicada ao próprio edifício e ao seu autor, antes de nos lançarmos nos recantos mais específicos, com pranchas e edições originais de artistas belgas.

Vários estilos encontram ali expressão, mas os leigos (como eu) procuram heróis das histórias aos quadradinhos como Tintin, Spirou, Bob e Bobette, Lucky Luke, Blake e Mortimer, Marsupilami… Os Smurfs têm um destaque especial, graças ao grande painel com uma centena de homenzinhos azuis, todos eles diferentes, que posam connosco para a foto.

Depois há ainda espaço para exposições temporárias. Aquando da nossa visita, chamou-me particularmente a atenção, “Héröines au bout du crayon”, uma mostra acerca das mulheres cartoonistas.

Vocês são fãs de banda desenhada? Qual é a vossa personagem favorita?

Se planeia uma visita rápida a Bruxelas, não deixe de ler O que fazer em Bruxelas?, com um roteiro de 1 dia experimentado pela minha amiga Mariana, do Travel Tips Brasil.

Centro Belga de Banda Desenhada aqui | Aberto todos os dias das 10h às 18h | Bilhetes: 10€ (adulto), 8€ (seniores), 7€ (12-25 anos), grátis (menores de 12 anos)