Atualizado em 6 Outubro, 2022

No tempo em que era capital do Al-Andaluz e casa dos califas almóadas, Sevilha era uma grande metrópole, com lindos palácios e uma vida artística notável. No Real Alcázar de Sevilha ainda ecoam memórias desses tempos

Que o sul de Espanha foi o bastião muçulmano até à sua expulsão definitiva da Península Ibérica, toda a gente sabe. O que alguns poderão não saber é que a Catedral de Sevilha ainda guarda vestígios arquitectónicos dessa época, nomeadamente a linda Giralda e a Porta do Perdão.

Várias outras igrejas repousam sobre ruínas árabes e desvendam pequenos detalhes desse passado. É o caso da Igreja do Salvador, erguida sobre a mesquita de Ibn Adabbas, da época do reinado de Abd al-Rahman II.

Uma placa na actual ponte Isabel II, que liga o centro histórico ao bairro de Triana, recorda que ali estava, originalmente, a “puente de barcas”. Durante quase sete séculos, foi a única grande ligação entre as duas margens do Guadalviquir. E, adivinhem, foi mandada construir pelo califa Abu Yakub Yussuf (o mesmo que iniciou a Giralda).

Evitem filas, reservem a visita online!

Mas a alma árabe de Sevilha revela-se com toda a força nos alcáceres, esse conjunto de palácios universalmente conhecido como Real Alcázar. O espaço começou a desenhar-se com a captura da cidade pelos árabes, no ano de 713, até se tornar o centro oficial e literário dos almóadas.

Depois passou para as mãos dos cristãos, que foram acrescentando secções ou reformando as anteriores. Por exemplo, Alfonso X criou três grandes salões góticos e Pedro I construiu um magnífico palácio em estilo mudéjar.

Pela porta de Leão

É óbvio que houve várias alterações posteriores, mas vários reis respeitaram o espírito inicial. Ou seja, há construções do período árabe, gótico, renascentista e barroco. Mas o dominante é o mudéjar – estilo de arte cristão que integra elementos estéticos islâmicos – muito comum por toda a Andaluzia.

Uma área do Real Alcázar está reservada para a família real espanhola, é mesmo possível visitar o quarto real por um acréscimo no preço do bilhete. Outros espaços se destacam, como seja o Pátio das Donzelas, um jardim de inverno cercado por colunas de mármore. A partir dali, os salões sucedem-se, em ritmo labiríntico, quase vazios de mobília e objectos, mas cheios de detalhes delicados e azulejos deslumbrantes.

Mas nada nos prepara para a exuberância do Salão dos Embaixadores, onde se realizavam as cerimónias oficiais do palácio. Os belos mosaicos são coroados com uma cúpula dourada, difícil de descrever. Não é difícil imaginar o rei D. Carlos I a casar-se ali com uma princesa portuguesa. Tampouco nos surpreende que a rainha Isabel I recebesse Colombo, no seu regresso do Novo Mundo, naquele cenário.

Resta-nos assimilar esta sobrecarga sensorial nos belos jardins, repletos de laranjeiras, onde tropeçamos na singela homenagem à primeira viagem à volta do mundo. Feita por um português, de seu nome Fernão de Magalhães.

Real Alcázar site | Horário: Outubro-Março 9h30-17h00, Abril-Setembro 9h30-19h00 | Bilhete: 11,50€ (adulto), 3€ (17-25 anos), grátis (até 16 anos), acesso ao quarto real +4,5€.

Dica: recomendo vivamente agendar a visita antecipadamente online, já que as filas são longas. Acresce 1€ por pessoa ao preço do bilhete.

Projecto 8on8

Este post faz parte do 8on8, um projecto colectivo que une lindas viajantes em volta de um tema comum, no dia 8 de cada mês. Espreitem os restantes textos sob o tema “monumentos”, inspirem-se e partilhem (por ordem alfabética):

Destinos por onde andei: Monumentos no Mundo – Arcos maravilhosos
Mulher Casada Viaja: Pantheon, o senhor de Roma
Turistando.in: As antigas portas de entradas das cidades italianas
Viajando em 3, 2, 1: Top 8 monumentos na Europa