Atualizado em 13 Março, 2023

Único Grão-ducado do mundo, o Luxemburgo tem uma profunda herança histórica e, contudo, está em constante reinvenção. Apesar de relativamente negligenciado pelos viajantes, o pequeno país (não mais de 85 km de extensão) tem muito para oferecer. Vamos conhecê-lo

O Luxemburgo pode agradar a diferentes tipos de viajantes. Tem uma capital multicultural, milenar, e ainda assim ultra moderna, cinco regiões turísticas com encantos próprios e quatro locais na Lista do Património Mundial da UNESCO.

Aos amantes da natureza, oferece boas rotas de caminhada e emocionantes trilhos de BTT. Numa pequena área, o Grão-Ducado apresenta paisagens muito diferentes, das ravinas densamente arborizadas nas Ardenas, às bizarras formações rochosas de Mullerthal (conhecida como “pequena Suíça” luxemburguesa), dos idílicos vinhedos de Moselle à Terra das Rochas Vermelhas.

Para além disso, vários palácios e castelos encantadores pontilham o território: o conceituado Castelo de Vianden, no norte, os castelos da região de Mullerthal, destacando-se ainda o Castelo de Clervaux com a exposição The Family of Man, listada como “memória do mundo” pela UNESCO.

No imaginário português, o Luxemburgo é um cantinho especial, na medida em que acolhe uma das maiores comunidades lusitanas do mundo. Apesar da diferença – religiosa, política, linguística e (assombrosa diferença) económica – é um destino que sentimos como acolhedor. O que, somado às inúmeras ligações aéreas disponíveis, torna o Grão-ducado um destino próximo.

Se tem voo marcado para o Luxemburgo, o nosso guia de viagem vai facilitar imenso a sua vida, pois reunimos muitas informações úteis num lugar só.

  • Capital: cidade do Luxemburgo
  • População: 625 mil
  • Chefe de Estado: Grão-duque Henri (desde 2000)
  • Língua oficial: luxemburguês, francês e alemão. Vários habitantes falam um inglês decente
  • Fuso horário: GMT +1
  • Código telefónico internacional: +352
  • Fronteiras terrestres: Alemanha, Bélgica, França
  • Moeda: euro
  • Site oficial do turismo: Luxembourg tourist board

O segundo país mais pequeno da UE

Encaixado entre quatro países – faz fronteira com a Alemanha, a França, a Bélgica e os Países Baixos – o Luxemburgo foi dominado por diversos reinos estrangeiros ao longo dos séculos. Fundado no século X pela mão do conde das Ardenas, Siegfried, o segundo país mais pequeno da União Europeia esteve nas mãos da dinastia dos Condes do Luxemburgo até à sua extinção, passando então para o domínio dos Habsburgos no século XV.

Parte de uma confederação denominada Países Baixos até 1839, a região da Lorena e o do Luxemburgo foram transformadas num grande centro mineiro pela Alemanha, que anexou o território no final do século XIX. Após o tratado de Londres (1867) garantir a sua independência definitiva,  manteve e expandiu os acordos comerciais com os estados vizinhos, com destaque para a união do Benelux (1944) entre os governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo.

A partir dos anos sessenta do século XX, o Luxemburgo tornou-se sede de algumas instituições europeias e uma praça financeira importante. Destino clássico de imigração – cerca de 1/3 da população é estrangeira -, o Luxemburgo é considerado um microcosmo da Europa e um modelo de abertura e tolerância.

parlamento europeu no Luxemburgo
© Turismo do Luxemburgo

Como chegar ao Grão-ducado do Luxemburgo

Situado na Europa Ocidental e com uma área de 2.586 km2, o Luxemburgo é um dos países mais pequenos da Europa, servido por um único aeroporto internacional, a 6 km da capital. É possível voar ainda para alguns países vizinhos, chegando a partir do aeroporto de Hahn, Charleroi, Colónia ou Estrasburgo.

Considerando a quantidade de portugueses e lusodescendentes no Luxemburgo, é possível voar para o Grão-ducado a partir de vários pontos de Portugal: de Lisboa (Easyjet, Luxair, Ryanair e TAP), Porto (Easyjet, Luxair, Ryanair e TAP), Faro (Luxair e Ryanair) e Funchal (Luxair).

Para chegar ao centro da cidade do Luxemburgo, basta apanhar o autocarro nº 16 ou 29, disponível à saída do terminal das chegadas, com horários entre as 04h45 e as 23h50. O Luxemburgo possui também uma rede ferroviária eficiente, que permite chegar a partir de França, Bélgica ou Alemanha, através da CFL. A rede de transportes públicos é muito boa e gratuita, exceto se quiser viajar em primeira classe.

guia de viagem no Luxemburgo

Melhor altura para visitar o Luxemburgo

Os meses mais solarengos no Luxemburgo vão de maio a setembro e, caso pretenda conciliar a viagem com festivais como o Schueberfouer Funfair ou o Blues’n Jazz Rallye e jantares ao ar livre, o verão é uma boa aposta. Sendo uma estação amena (em média, até 20 ou 23° C ), o verão é a altura perfeita para caminhadas, trekking e ficar alojado em parques de campismo. Por outro lado, é também época alta num destino que tradicionalmente pesa na carteira.

Os apaixonados por flores vão gostar de visitar este destino durante a primavera, e o outono é particularmente animado na região vinícola de Moselle. No inverno, as temperaturas caem frequentemente abaixo de zero, mas é uma excelente oportunidade para visitar os mercados de Natal na capital.  

Saiba também que há eventos tradicionais ao longo de todo o ano, como o festival das nozes em Vianden no início do outono, a Museum Night em outubro ou a maratona ING em maio.

© Ville de Luxembourg. O Schueberfouer Funfair realiza-se habitualmente em agosto.

Documentos necessários para visitar o Luxemburgo

Sendo membro da União Europeia (um dos fundadores) e do espaço Schengen, os cidadãos portugueses precisam apenas apresentar o cartão de cidadão ou bilhete de identidade válido para entrar no Luxemburgo.

Neste momento, os cidadãos brasileiros não têm exigência de visto de negócios ou turismo, para uma estadia de até 90 dias em cada seis meses, devendo fazer-se acompanhar de passaporte com validade mínima de seis meses a contar a partir da data de saída e uma página em branco; comprovativo dos voos de ida e volta, documentos que comprovem o propósito da viagem e rendimentos para a duração de sua estadia.

No entanto, espera-se que, a partir de novembro de 2023, todos os cidadãos brasileiros obtenham um documento online, conhecido como ETIAS (sigla em inglês de Sistema de Informação e Autorização de Viagens Europeias), antes de entrarem num dos países membros da UE/Schengen. O ETIAS manterá registro de quem entra e sai da zona de Schengen e deverá funcionar da mesma maneira que o ESTA americano.

paisagem do Luxemburgo
© Turismo do Luxemburgo

Transportes públicos ou carro alugado?

Em março de 2020, o Luxemburgo foi notícia ao tornar-se o primeiro país no mundo com um serviço de transportes públicos gratuito em todo o território nacional, tanto para habitantes como visitantes. Isso inclui autocarros, elétricos ou comboios e por um número de viagens ilimitado.

A exceção acontece apenas se pretender viajar em primeira classe na linha ferroviária ou se pretender visitar os países vizinhos. No final de 2022, paguei pouco mais de 5 euros pelo bilhete de comboio, ida e volta, para visitar Trier, na Alemanha.

A app da Mobiliteit.lu, entidade responsável pela gestão dos transportes terrestres do país, é bastante útil para planear as viagens no interior do Grão-ducado, com informação sobre horários, estações, duração da viagem e transbordos.

Sendo o transporte público grátis, acredito que não vai precisar de carro, mas se, ainda assim, não quiser abdicar da sua liberdade de horários e de uma road trip neste pequeno país, que tal alugar com a Rental Cars? De igual forma, considero desnecessário usar táxi, cujo serviço é caro. Mas se tiver mesmo que ser, utilize táxis oficiais e saiba que os motoristas podem cobrar 25% mais do que o valor normal aos domingos.

Elevador Panorâmico de Pfaffenthal
© Turismo do Luxemburgo

Dinheiro e pagamentos

O Luxemburgo faz parte da Zona Euro, conjunto de países que utiliza a moeda única, pelo que poderá utilizar o cartão bancário português para fazer levantamentos e pagamentos com tranquilidade. As máquinas multibanco estão por todo o lado e os cartões de crédito são amplamente aceites nas lojas e restaurantes.

Para os levantamentos, deverá ter em atenção potenciais taxas cobradas pelo banco emissor da própria caixa automática. Essa informação deve estar disponível antes de confirmar o levantamento, o que significa que pode sempre procurar outro ponto ATM, evitando as caixas da Euronet, que cobram uma comissão fixa por levantamento com cartão estrangeiro.

Eu utilizei o cartão Revolut na viagem ao Luxemburgo e funcionou muito bem. Os cidadãos estrangeiros podem confirmar a taxa de conversão no site do Banco de Portugal.

palácio ducal do Luxemburgo

Saúde e segurança no Luxemburgo

Saiba que o Luxemburgo tem excelentes serviços de saúde e que o “Cartão de saúde europeu de seguro de doença” cobre a maioria das suas despesas médicas, caso seja cidadão europeu. Sendo um país de primeiro mundo, não existem grandes preocupações de doenças endémicas, à exceção do risco, diminuto, de contrair encefalite transmitida por carrapatos e a doença de Lyme na região das Ardenas: considere utilizar repelente de insetos.

A água da torneira é adequada ao consumo humano. O número de emergência da polícia é o 113, enquanto para ambulâncias e bombeiros é o 112, tal como em Portugal. Confirme ainda a informação oficial sobre Covid-19 no Grão-ducado, sabendo contudo que o país recebe, desde outubro de 2022, todos os visitantes, mesmo para viagens não essenciais, sem exigir certificado internacional de vacinação.

O Luxemburgo é um dos países mais seguros e ricos do mundo, proporcionando à sua população uma qualidade de vida difícil de igualar e com uma das menores taxa de criminalidade do mundo. Mesmo na capital, sede de todas as grandes multinacionais, o ambiente é descontraído. 

Ainda assim, mantenha-se atento a esquemas ou burlas que visam os turistas, em especial os carteiristas que povoam todas as áreas turísticas do mundo e estações de transportes, como a Estação Central do Luxemburgo (gare Lëtzebuerg).

Caso se locomova de bicicleta, use cadeados seguros e não deixe valores no carro ou tenda, caso tenha escolhido esse regime de alojamento. Não aceite ajuda ao utilizar o multibanco e peça ao motorista do táxi para ligar o taxímetro, antes de qualquer trajeto.

bairro europeu no Luxemburgo

Roaming

Estando o país vinculado às regras de roaming da União Europeia, não te será cobrada qualquer taxa de roaming ao utilizar o seu telemóvel português no Luxemburgo. As chamadas (para telemóveis e telefones fixos), mensagens de texto  e serviços de dados são cobrados às taxas nacionais, ou seja, ao mesmo preço que as chamadas, SMS e os serviços dados no país onde habitualmente vive.

As mesmas regras aplicam-se quando recebe chamadas ou SMS enquanto está no país: não tem de pagar mais para receber chamadas ou mensagens de texto em roaming, mesmo que o prestador de serviços do seu interlocutor não seja o mesmo. Sou super fã da UE e este é um dos muitos motivos.

Mas atenção: se pagar por unidade e o preço unitário doméstico dos dados for inferior a 2€ por GB, o seu operador pode estabelecer um limite para o volume de dados que pode utilizar em roaming.

Os cidadãos brasileiros poderão considerar comprar um chip internacional com internet (por exemplo American chip ou Best Buy Chip) ou um cartão pré-pago de alguma operadora local, como a Eltrona, Orange ou Tango, sabendo que nem todas têm loja no aeroporto.

Onde dormir no Luxemburgo

O alojamento e os restaurantes no Grão-ducado do Luxemburgo são um pouco mais caros do que os países vizinhos (é um dos países com maior PIB per capita do mundo). Se tem um orçamento apertado, gosta de Natureza e viaja na primavera/verão, os mais de 90 parques de campismo oficiais do Luxemburgo podem ser uma escolha simpática.

O preço do alojamento no Luxemburgo tende a ser elevado, em particular na capital (use o nosso link de afiliados do Booking para fazer a sua pesquisa e reserva). Infelizmente, este não é um destino com imensa oferta de Bed & Breakfasts, mas existem vários alugueres disponíveis nas aldeias e vilas, de quintas a estábulos convertidos, para umas férias diferentes.

castelo de Vianden

Comer no Luxemburgo

O Grão-Ducado do Luxemburgo é um destino gastronómico, que mistura habilmente a cozinha dos vizinhos Bélgica, França e Alemanha. A carne de porco é bastante apreciada e está presente no prato nacional Judd Mat Gaardebounen, porco defumado servido com feijão e batatas, e muitos restaurantes servem peixe frito do rio (Friture de la Moselle).

Sem esquecer que a gastronomia portuguesa está bem representada um pouco por todo o país. Já os vegetarianos não têm vida fácil, pelo menos fora da capital, a não ser que se sustentem a salada com queijo de cabra.

Apesar de se beber muita cerveja, local e belga, os vinhos brancos do Moselle são muito apreciados. Encontra nesta região vinícola com tradição milenar e origens romanas várias caves que oferecem visitas guiadas.

Uma vez mais, o elevado custo de vida na capital do Luxemburgo reflete-se na alimentação: um restaurante que cobre menos de 20€ por pessoa é considerado “económico”; já um restaurante intermédio cobrará facilmente o dobro por pessoa, em média e sem vinho.

Fora da capital, os menus do dia podem ser um pouco mais em conta. Para além disso, existem opções de fast food mais baratas e restaurantes étnicos com preços simpáticos. Se o orçamento não for problema, talvez ache interessante ter uma experiência de alta cozinha no Luxemburgo.

© luxtimes.lu. O prato nacional do Luxemburgo, com carne de porco.

O que visitar no Luxemburgo

O Grão-ducado pode facilmente ocupar-lhe uma semana inteira, e intensa, se não resumir o seu roteiro à capital. Dedique dois ou três dias a caminhadas, outro dia (ou dois) para um périplo pelos castelos, reserve um dia (de preferência, dois) para a cidade do Luxemburgo e um dia adicional para um tour na região de Moselle.

Apesar do seu território tão “concentrado”, o Luxemburgo possui cinco regiões turísticas independentes e muito distintas entre si, para além da capital: Éislik (norte, também conhecida como Ardenas), Guttland (centro oeste do país), Mullerthal (este), Moselle e Minett (sudoeste).

Natureza e hiking

Se a natureza “é a sua cena”, vai gostar de saber que o Luxemburgo tem mais de 600 km de ciclovias e 700 km de trilhas de mountain bike, para além de uma das mais densas redes de trilhos certificados da Europa. Entre as opções de caminhadas disponíveis, destaca-se o Mullerthal trail, de 112 km, distinguido com o rótulo “Leading Quality Trails – Best of Europe” e que permite explorar o Parque Natural do Mullerthal, candidato à rede de Geoparques da UNESCO.

Na região das Ardenas, existem percursos pedestres que passam pelos Parques Naturais Our e Upper Sûre (com um lindo lago homónimo), e mesmo alguns que começam no Luxemburgo e terminam em território belga. É o caso do Escapardenne Lee Trail de 53 km, certificada como trilha de qualidade líder.

© mullerthal-trail

No vale do Moselle, os três percursos pedestres Dream Loops guiam os visitantes através de vinhedos e podem incluir paragem num produtor de vinho ou um passeio de barco no rio. No sul do Grão-ducado, as antigas minas, com a sua terra literalmente vermelha, formam um espetacular corredor de caminhada: considere, por exemplo, algum trilho na reserva natural Prënzbierg – Giele Botter, onde pode avistar fósseis.

Castelos do Luxemburgo

O Luxemburgo é rico em castelos medievais: Beaufort, Bourglinster, Vianden, Larochette e a cidade medieval de Echternach com a sua abadia e lindo centro histórico, próximo da região de Moselle.

Se alugar carro, poderá conhecer pelo menos quatro destes locais históricos, numa extensão de cerca de 150 km, começando bem cedo na adorável vilazinha de Larochette, onde pode visitar as ruínas do imponente Château de Larochette.

Seguem-se as impressionantes ruínas do Castelo de Beaufort, nas imediações da vila com o mesmo nome, a cidadezinha de contos-de-fada Echternach, junto à fronteira com a Alemanha, com o incrível complexo religioso da Abadia de Echternach, e, por fim, a encantadora Vianden com o mais famoso castelo do país. Também é possível fazer um tour parecido, através da plataforma Get Your Guide, assim com o passeio de 1 dia pela região vinícola de Moselle.

Capital do Luxemburgo e programas com crianças

Provavelmente chegará ao Grão-ducado através da sua capital, que concentra o maior número de atrações históricas do país. Para ajudar a planear a visita à cidade, publicámos um Roteiro de 2 dias no Luxemburgo, cuja leitura recomendo vivamente.

Para quem visita o Luxemburgo com crianças, saiba que existem vários espaços verdes na capital, que permitem boas corridas e brincadeiras. É o caso do parque Monterey, na cidade alta, com o enorme barco pirata e jogos aquáticos no verão; o parque Merl, o parque Kaltreis, na região de Bonnevoie, com decoração espacial e o Jardim inglês (em Gasperich).

Um pouco adiante, a cerca de 9km a norte da capital, durante a época da colheita (habitualmente em finais de setembro, início de outubro), a cooperativa Steinsel Orchards convida os visitantes a colherem as suas próprias maçãs ou ameixas mirabelle nos pomares: uma atividade divertida para toda a família.

© Steinsel Orchards

Mais ou menos à mesma distância da cidade de Luxemburgo, mas no sentido oposto, encontra o Parc Merveilleux, na cidade de Bettembourg. Tenho reticências sobre este passeio, pelo facto de ter animais, mas acedam ao site e formem a vossa opinião. Li que tem fliperamas, parque infantil e um mini-comboio, minigolfe e animais (alguns podem ser alimentados pelas crianças), bem como restaurantes e espetáculos ao ar livre.

Na cidade de Grevenmacher existe um jardim de borboletas (Jardin des Papillons), que também pode constituir um programa interessante com os miúdos, e que pode conjugar com um dia na região do Moselle.