Atualizado em 1 Junho, 2021

Quatro grandes homens – um navegador, um santo, um descobridor e um inventor – guiarão os nossos passos nos próximos posts. A Rota dos Gigantes do Vale do Lima percorre quatro municípios no norte país, de onde procedem quatro ilustres da História universal.

Conta a lenda que, certo dia, as legiões da Roma imperial chegaram às margens do rio Lima e estacaram, maravilhadas com a paisagem. Pensaram tratar-se do Lethes, o rio do Esquecimento, do qual se dizia que quem ousasse atravessar, enfeitiçado pela sua beleza, esqueceria a sua pátria, família, até o próprio nome.

Tomadas de pavor, as tropas recusaram-se a avançar. Foi preciso que o comandante supremo, Décio Júnio Bruto, atravessasse  as águas encantadas e, da margem direita, chamasse cada soldado pelo seu nome para os convencer.

Entendo perfeitamente o feitiço que prendeu os centuriões romanos. O céu azul cobre a terra fértil, de onde brotam fontes e lagoas, serras e vales verdejantes, até tudo se finar em frias praias atlânticas. É uma aliança mística entre natureza e construção humana que encanta os visitantes.

Alguns concelhos que recebem estas cálidas águas – Ponte da Barca, Ponte de LimaViana do CasteloArcos de Valdevez– uniram-se para criar um roteiro turístico inusitado, inspirado na história. A Rota dos Gigantes passa por quatro localidades atravessadas por aquele rio, para dar a conhecer quatro figuras universais que, em algum momento da história, carregaram o nome de Portugal para os quatro cantos do mundo.

Quem chega é convidado a ficar por alguns dias, dormindo num dos muitos Solares de Portugal ou numa Casa de Campo onde as velhinhas tradições convivem com o século XXI de forma pacífica. Até porque a região oferece experiências marcantes, que vão do palmilhar o Caminho Português de Santiago, ao aventurar-se num desporto radical ou simplesmente contemplar o Parque Nacional Peneda-Gerês.

Ponte da Barca, terra fidalga

Conhecida como a Terra da Nóbrega, em tempos medievos, a pequena vila de Ponte da Barca continua pitoresca e rural. A ponte medieval e o pelourinho falam-nos desses tempos quando a aristocracia erguia grandes casas, maciças, de pedra, rodeando-as de árvores e recantos verdes.

A vila minhota deve o seu nome à “barca” que fazia a ligação entre as duas margens do rio, muitas vezes carregada de peregrinos rumo a Santiago de Compostela…

Esta instalaçãorecorda que o Sol é a mais importante fonte de energia para os seres vivos, emitindo anualmente uma energia de valor 3,9 x 10(24) joule.

Para além do centro histórico, pequenino e castiço, vale a pena perder-se até ao Castelo de Lindoso e à aldeia do Soajo, ou seguir até ao Gerês e respirar o mais puro dos ares. Aliás, a paisagem inspirou muitos poetas que, como Diogo Bernardes, o “príncipe do género bucólico”, quiseram cantar a paisagem, os rios e a saudade.

Daqui descende também Fernão de Magalhães, pajem da rainha D. Leonor e um dos mais ilustres navegadores portugueses, que comandou a expedição de cinco navios que concluiu a primeira viagem de circum-navegação ao globo.

Depois de participar em expedições marítimas na Ásia e em África, em nome da coroa portuguesa, é ao serviço dos vizinhos espanhóis que Fernão de Magalhães fica eternizado na história, ao encontrar a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico. O estreito que ficou baptizado com o seu nome é, ainda hoje, considerado uma das passagens mais perigosas da navegação marítima.

O caril de gambas do restaurante “Vai à Fava”

Graças a esta aventura, os mapas puderam ser corrigidos, pois só então se ficou a conhecer a vastidão do Pacífico. À custa de muitas mortes, sublinhe-se. O navegador acabaria por morrer nas Filipinas, em 1521. Três anos depois da partida, uma única nau (Vitória de seu nome) entra no porto de Sevilha, com apenas 18 pessoas a bordo.

Graças ao aventureiro português, provou-se que a terra é redonda. Infelizmente, parece que alguns lunáticos estão empenhados em provar o contrário, em pleno século XXI (aqui, se estiverem a precisar dar umas valentes gargalhadas).

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