Atualizado em 19 Junho, 2023
A capital da Áustria respira elegância com todos os seus edifícios barrocos, palácios majestosos, salões de baile onde a valsa (ainda) é rainha, cafés históricos e a sombra de uma poderosa família imperial. Vamos conhecer os seus palácios de Viena?
Subimos para o Ring Tram, o elétrico que faz o circuito da Ringstrasse, que rodeia a cidade velha inscrita na lista de Património da Humanidade da Unesco.
No interior deste anel, onde outrora havia uma muralha para proteger a urbe dos invasores, ficam os imponentes edifícios públicos como a Câmara Municipal (Rathaus) e o belo Parlamento neoclássico, os hotéis, os palácios, a ópera e o Burgtheater. Ultrapassada essa fronteira, somos invadidos pelo classicismo vianense, como se continuássemos em pleno império austro-húngaro.
Uma família poderosa, os Habsburgos, moldou esta cidade. A sua influência espalhou-se pelo mundo de uma forma (produtiva) e subtil: através do casamento. Maria Luísa (esposa de Napoleão I), imperatriz Leopoldina (de Dom Pedro I), ou a famosa e que acabou decapitada Maria Antonieta – todas austríacas e desta linhagem distinta.
Leia também Viena: roteiro para 3 ou 4 dias
História da família Habsburgo
A família Habsburgo foi uma das mais influentes e duradouras dinastias da Europa, com origem na região da Suíça no século XI. Eles expandiram o seu poder e território através de casamentos estratégicos, guerras e alianças ao longo dos séculos.
No século XV, os Habsburgos ganharam destaque com a ascensão de Frederico III ao trono do Sacro Império Romano-Germânico (1452), passando, a partir de então, a usar o título imperial por quase três séculos. Por altura do Renascimento, o domínio dos Habsburgos expandiu-se. Carlos V governou um vasto império com territórios na Europa, América e Ásia e foi um dos governantes mais poderosos do seu tempo.
No século XIX, o Império Habsburgo passou por várias mudanças, políticas e territoriais, acabando transformado numa monarquia dual com a criação da Áustria-Hungria (1867), que durou até o fim da Primeira Guerra Mundial, quando o império se desintegrou.
Visitar os dois palácios imperiais de Viena é aprender mais sobre a história dessa família. E, apesar de tantos imperadores terem existido, o foco da visita aos palácios centra-se em duas imperatrizes.
O Palácio de Hofburg é dedicado à história da imperatriz Elisabeth (Sissi para os amigos e para o cinema), esposa de Franz Joseph I, e no Palácio de Schönbrunn quase se sente a presença da poderosa imperatriz Maria Teresa, a única mulher que governou o império austríaco, entre 1740 e 1780.
A presença da família imperial faz-se sentir um pouco por todo o lado, do nome das praças e das igrejas, às estátuas e souvenirs.
Visita ao Palácio de Hofburg
Comecemos a visita na residência oficial de todos os governantes austríacos desde 1275: o significativo Palácio dos Hofburg. O conjunto monumental ocupa mais de 20 hectares, com edifícios de vários períodos.
Durante 600 anos, o Palácio de Hofburg foi residência oficial da família imperial austríaca. Originalmente, a construção era um castelo medieval (fundado no século XIII), mas o palácio foi crescendo a cada novo reinado. Ao ponto de considerado uma cidade dentro da cidade, um complexo com 18 alas, 19 pátios e 2600 quartos, onde cerca de 5 mil pessoas trabalham até hoje.
Ali ficam os antigos apartamentos imperiais, o Museu Sissi, a Biblioteca Nacional, que contém uma vasta coleção de livros e manuscritos históricos, a cripta imperial e até o escritório do Presidente da República. Onde mais poderia estar o líder da nação?
É que mesmo com o fim da monarquia, em 1918, a república democrática da Áustria continua a usar parte das instalações como escritórios e salas de audiência para a Presidência da República, ministros e secretários de estado (alas não abertas ao público).
Munidos do bilhete Sissi, que também dá acesso ao palácio de Verão, entramos nos apartamentos imperiais (Kaiserappartements), guiados pelo áudio guia em inglês. Os turistas têm acesso a uma pequena parte do palácio, que conta a história dos últimos monarcas residentes.
#dicas: o áudio-guia é gratuito, mas não existe uma opção de áudio-guia em português. O Palácio de Hofburg é acessível a pessoas com mobilidade reduzida.
No piso térreo fica a luxuosa exposição da corte: pratas, porcelanas, cristais e jogos de mesa que, com o fim da monarquia, passaram para a posse da República. Ainda é permitido fotografar, mas isso muda logo que entramos no Museu Sissi, o nome carinhoso dado à imperatriz Elizabeth (Isabel, em português).
A coleção foi inspirada na poesia da imperatriz, incluindo objetos pessoais, nomeadamente réplicas dos vestidos que usou na cerimónia de noivado e coroação. A sua aura paira no ar, enquanto ouvimos relatos sobre a vida desta melancólica princesa viajante e a sua obsessão com a magreza extrema. Parece que a linda senhora de cabelos Rapunzel não foi muito feliz…
Mas o mais interessante são mesmo os aposentos reais, os públicos e os privados. Sabiam que ali nasceu a famosa Maria Antonieta? Foi também ali que conhecemos melhor o imperador Franz Joseph (Francisco José, em português, retira-lhe toda a pompa imperial, não acham?) e da sua incansável dedicação ao povo, de quem se considerava o primeiro e principal servidor. Caramba, ele começava a trabalhar à cinco da manhã!
Na saída, vale a pena espreitar a Escola de Equitação Espanhola – os cavalos Lipizzaner vieram de Espanha e tornaram-se parte da tradição equestre local, à época do imperador Maximiliano II – e a Catedral de Santo Estevão (Stephansdom), onde existe um Cristo com cabelo e barba humanos que, diz a lenda, continuam a crescer.
Palácio de Schönbrunn, a Versailles austríaca
Se o inverno juntava os Habsburgos em Hofburg, no verão a família real rumava, de armas e bagagens, para o Palácio de Schonbrunn (Schloss Schönbrunn), um magnífico lugar barroco reconstruído no século XVIII, o período de oiro do império.
No final do século XVII, o então imperador Leopoldo I comissionou a construção de um palácio que serviria como residência de apoio à caça real. O local da construção, fora do centro de Viena, era um antigo palácio.
Porém, foi só 50 anos depois, durante o reinado de Maria Teresa, que o Palácio de Schönbrunn se tornou o centro da corte – alguns historiadores dizem que Schönbrunn é o trabalho da vida de Maria Teresa. Todo o complexo tem claramente sua assinatura, até porque ela esteve envolvida nos projetos de reforma e construção.
A presença da matriarca é forte; chega a ser enternecedor ver a florida sala de pequeno-almoço, onde começava o dia rodeada pelas filhas. E depois há os aposentos espartanos do seu filho Franz Joseph e a pequena cama militar onde morreu.
São mais de 1440 salas e apartamentos, onde se vislumbra a sumptuosidade da corte, nomeadamente o grande salão de baile rococó, de doirados abundantes e um lindo teto com afrescos, ou a Sala Chinesa onde Carlos I abdicou do trono em 1918.
Ainda que bonitos, os apartamentos reais já não nos arrebatam, sobretudo depois de conhecermos o Palácio de Hofburg. Vá, a horda de turistas que invade o palácio não ajuda! Mas há algo que destaca o Schloss Schönbrunn do seu rival de Inverno: os jardins.
Os jardins com as suas fontes artísticas, com o Museu de Carruagens Imperiais e o Tiergarten (jardim-zoológico mais antigo do mundo), os labirintos, as grandes avenidas geométricas, os pomares privados… tudo se soma para nos deixar uma impressão de majestade. Não admira que também seja património da Humanidade.
Terminamos esta visita no cimo do monte coroado com a Gloriette, planeada como “Memorial à Guerra Justa” (filosofia que surgiu como justificação para as Cruzadas, dizia-se justa a guerra que conduzia à paz) mas que serve hoje, tão-somente, como miradouro para toda esta gloriosa herança dos Habsburgos.
#dica: recentemente, o Schönbrunn criou uma experiência de realidade virtual de 24 minutos, que permite participar no planeamento do atual Palácio de Schönbrunn, ouvir as primeiras composições escritas por Wolfgang Amadeus Mozart e jantar com a imperatriz Sissi e o marido Franz Joseph.
Dicas úteis para conhecer os palácios imperiais de Viena
Palácio imperial de Hofburg
Site | Horário: 9h00-17h30 |Bilhete: 17,50€ (adulto), 11€ (6-18 anos), 16,50€ (reduzido, acho que se destina a portadores de deficiência e do Vienna City Card).
Como chegar ao Palácio Hofburg
Se estiver na cidade velha, pode alcançar facilmente o palácio/Museu Sissi a pé. De transportes públicos, pode chegar de metro – estação Herrengasse das linhas U3 (laranja) e U1 (vermelha) – de elétrico (tram) nº 1, 2, D e 71, descendo em Burgring, ou ainda nos autocarros 1A e 2A.
#dica: sabia que é possível fazer uma visita virtual acompanhada por um historiador (Michael Wohlfart, que é investigador da vida da imperatriz)? São oito pequenos vídeos que nos guiam pelo Museu Sissi de forma muito leve.
Palácio imperial de Schonbrunn
Site | Horário: 8h00-17h30 ou 9h00-17h00 (inverno) |Bilhete para o grand tour: 29€ (adulto), 21€ (6-18 anos), 24€ (reduzido). Alguns jardins privados, o labirinto, a subida na Gloriette e o jardim zoológico são pagos à parte.
O Gran Tour inclui cerca de 40 divisões do palácio, passando pelos apartamentos de Franz Joseph e Elisabeth, pelos gabinetes de Estado, os apartamentos de Maria Teresa e de outros imperadores.
Como chegar ao Palácio de Schönbrunn
Pode chegar através da linha de metro U4 (saída em Schönbrunn, foi o que usamos), com os elétricos 10 ou 60, saindo na paragem com o nome do palácio, ou ainda através do autocarro 10 A.
#dica: o Bilhete Sissi inclui entrada nos dois palácios e no Museu de mobiliário imperial (44€ para adulto ou 30€ para crianças a partir dos 6 anos). Com o Vienna City Card, poupa 3,5€ no bilhete. Existe outro cartão, o Vienna Pass, que pode ser um bom investimento, já que inclui 60 atrações gratuitas. A Juliana, do blog Turistando.in, tem um post detalhado sobre o assunto: O Viena Passa vale (muito) a pena
Este artigo faz parte parte do projeto coletivo 8on8, que que une lindas viajantes em volta de um tema comum, no dia 8 de cada mês. Espreitem os restantes textos sobre o tema “museus”, desfrutem, partilhem e inspirem-se:
Entre Mochilas e Malinhas – museus para conhecer em Curitiba | Travel Tips Brasil – Rock and Roll Hall Of Fame – Como é a visita? | Chicas Lokas na Estrada – Museu Britânico em Londres | Destinos Por Onde Andei… – Museu Pietà Rondanini, Castelo Sforzesco, Milão | Viajante Econômica – Dicas para visitar o Museu Pelé em Santos | Mulher Casada Viaja – Principais museus de Boston | Let’s Fly Away – Melhores museus em Nova York: 16 para colocar no roteiro
19 Comentários
[…] primeira paragem neste roteiro inspirado em Mozart faz-se no Palácio de Schönbrunn, a residência de Verão da família imperial. Aos seis anos, Mozart fez a sua primeira […]
Viena é uma cidade sensacional né? Quero um dia voltar e visitar esses palácios imperiais incríveis.
Eu gostei muito da cidade, mas conheço quem ache que não é nada demais. Gostos não se discutem
Acredita que estivemos em Viena e não visitamos os palácios imperiais? Era outono, dias frios e chuvosos, passamos apenas 2 dias na cidade, não conseguimos ver tudo o que pretendíamos, mas temos bons motivos pra voltar.
O palácio de Verão é um lugar maravilhoso, mas a visita em dias chuvosos é uma pena, porque impede de explorar os jardins. Quem sabe um dia volta à cidade?
Viena mora no meu coração desde que passei um fim de semana por lá há muitos anos. Fiz o passeio de carruagem pela parte histórica em meio a um frio de gelar, mas ainda assim foi maravilhoso! Uma pena que não tive tempo de conhecer os palácios imperiais por dentro. Uma ótima desculpa para voltar lá com mais tempo.
Realmente, um fim de semana é muito pouco para o que a capital austríaca tem para oferecer. Mas temos que aproveitar o melhor possível, no tempo de férias que não estica
Viena está na minha lista de lugares para visitar nos próximos anos. Com esta dica dos palácios imperiais de Viena já vou providenciar alguns dias a mais para poder ver a resistência das imperatrizes. Amei este post. Obrigada por compartilhar, Ruthia. Bjs
Aproveite também para fazer um passeio de barco no Danúbio e conhecer as lindas vilazinhas do vale Wachau. Vale muito a pena
[…] O Berço do Mundo – Palácios imperiais de Viena: Hofburg e Schönbrunn […]
Parabéns pelo post, não é fácil falar sobre estes palácios-museus, com tanto que há pra ver. Viena tem um ar chique na superfície, e os palácios imperiais são mesmo lindos (gosto mais do que Versalhes) No Schonbrunn, passei mais tempo pelos jardins, e visitei o Museu das Carruagens, num anexo. No da Sissi, foi interessante conhecer um outro lado da imperatriz, porque eu só conhecia a Sissi da série de filmes que assisti na infância. Vou assistir aos vídeos que você sugeriu para rever o interior do museu, mas me lembro bem da sala de ginástica e do vagão de trem, e da neura dela com o peso e sua beleza. Aliás, assisti à primeira temporada da série A Imperatriz (Netflix), uma outra abordagem.
Que lindos os palácios imperiais de Viena, amei! Quero colocar em meu roteiro e conhecer todos.
Sonho em conhecer Viena!!! Fico encantada com cada post seu sobre Viena e esse dos palácios imperiais também está lindo. Quero conhecer os vestidos e história da Sissi ao vivo e caminhar pelos belos jardins. 🙂
Tenho muita vontade de conhecer os Palácios Imperiais de Viena. Impressionada com a foto das runas romanas nos jardins do palácio de verão. Lindo post!! Beijos!
Que impressionantes os Palácios Imperiais de Viena: Hofburg e Schönbrunn, adoraria visitá-los e me encantar com as histórias contadas por lá.
Quanto luxo e glamour, especialmente na figura lendária de Sissi, essa imperatriz tão famosa e intrigante. Está aí uma figura da história que me encanta e magnetiza, seu mistério me fascina.
Seria maravilhoso uma visita aos palácios para ver de perto tanta história e beleza.
Adorei! Grande beijo!
Oi Ruthia, adoro passear pelos posts culturais da Europa! E esse seu artigo sobre os palácios imperiais de Viena está lindo! Eu não conheço a cidade, mas sempre tive vontade de ir. A riqueza histórica e culltural me parece impressionante! Achei interessante a opção da realidade virtual para enriquecer o passeio. É paga à parte?
Bom dia, Ruthia
Viena é uma linda cidade, fotos maravilhosas, viajar faz um bem enorme, ótima postagem, um forte abraço.
Adorei o post, muito detalhado! Tenho apenas 2 dias em Viena. Se fosse pra recomendar apenas um dos palácios citados, qual deles você recomendaria? (mais impactante, bonito)
O de Schönbrun, claramente. Mas se não der tempo, até porque não fica no centro da cidade, o de Hofburg também é bonito.