Atualizado em 16 Abril, 2021
Estas belas ruínas podiam ser em Itália ou na Turquia. Mas ficam no interior de Portugal, numa vila ligada a grandes momentos históricos da nação. Estamos em Figueira de Castelo Rodrigo
Um feriado a meio da semana é fantástico. Um feriado a meio da semana, com um tempo primaveril, é ainda melhor. O que fazer então quando o nosso pequeno explorador não quer sair de casa? Suborná-lo.
Foi isso mesmo que fiz. Um gelado em troca de um passeio sem dramas. Ainda vou pagar caro este suborno que, diga-se, é um pecado de educação. Qualquer dia pergunto ao Pedro “vamos visitar aquele novo museu?” e ele responde-me “se me deres um Hot Wheels”. Mas vá, um dia não são dias, nem sempre se consegue ser um modelo pedagógico.
O destino foi a aldeia histórica de Castelo Rodrigo que, como tantas outras pequenas localidades beirãs, tem as suas muralhas medievais, as suas amorosas casinhas de pedra, a sua nostalgia de glórias passadas. Mas cada uma das aldeias históricas tem um pormenor que a torna especial. Castelo Rodrigo tem misteriosas ruínas que apelam à nossa imaginação. Em tempos foi o palácio de um marquês, de seu nome Cristovão de Moura.
Um pouco de história de Figueira de Castelo Rodrigo
Para os seus humildes vizinhos e conterrâneos, o nobre era um traidor, graças à lealdade demonstrada a Espanha, durante a dinastia dos Filipes. Assim, quando a notícia da restauração da independência (de 1640) chegou a estes confins, a população vai de deitar fogo à residência.
Nesta aldeia – que foi vila e sede de concelho durante mais de 600 anos – pode-se visitar também a pequena Igreja de N. Senhora do Rocamador. O templo foi erguido em honra de Notre-Dame de Rocamadour, muito venerada em França. Criado por frades de Salamanca no século XII, serviu de apoio aos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela. Diz a lenda que o próprio Francisco de Assis terá aqui pernoitado, quando fazia o seu caminho de fé.
Tudo isso visitámos com alegria. Mostrei ao Pedrinho as amendoeiras que rodeiam a aldeia, perseguimos gatinhos velozes, respirámos ar puro, colhemos flores silvestres. Houve ainda tempo para um saltinho ao centro de Figueira de Castelo Rodrigo, a cerca de três quilómetros, para ver o gigante ninho da cegonha e comprar o tal gelado que fomos comer à Serra da Marofa.
Lendas da serra da Marofa
A dita Marofa, de onde se aprecia uma linda paisagem e uma tranquilidade sem igual, é também lendária. Diz o povo que um rico judeu, chamado Zacuto, comprou e estabeleceu-se no alto da serra com a sua linda filha, de seu nome Ofa.
Ora um fidalgo local apaixonou-se pela menina e, quando a família se converteu ao cristianismo (D. Manuel provocou muitos cristãos-novos), pôde cortejá-la livremente. Sempre que ia visitar a sua amada ao alto da encosta, o fidalgo dizia à mãe e amigos: “vou amar Ofa”. E foi assim que a serra de Castelo Rodrigo passou a ser conhecida como Serra da Marofa.
Um Cristo foi colocado ali no alto, com a mão direita a abençoar a aldeia histórica que abandonámos há pouco e a esquerda a sede de concelho. Foi sob o seu olhar que cometi o segundo pecado do dia. Um pecado doce, um “Beijo Apaixonado”. Na verdade, é uma edição limitada com molho de frutos vermelhos, mirtilos e pedaços de merengue, envoltos num gelado cremoso, coberto pelo tradicional chocolate Magnum.
13 Comentários
Ruthiamiga
Ora cá estou eu, depois de um pesadelo (julgo que sabes) a visitar estas bandas; ou melhor a viajar, para condizer com o título do teu blogue.
Dito isto, espero que agora já possas voltar à nossa Travessa. Passei por aqui e continuo a gostar – de viajar… no teu blogue.
Qjs
H
Pois é, estas voltas pelas aldeias históricas só me trazem boas memórias. Até a Serra da Marofa, visitada ao fim de tarde, onde vislumbrei, para além da envolvente paisagem, uma magnífica e esquiva raposa…
Beijo 🙂
É um percurso muito interessante. Das aldeias históricas "oficiais" falta-me conhecer Piódão e Castelo Novo.
Aquele bosque de pinheiros na subida da Marofa tem um quê de misterioso…
Beijinho
Olá Ruthia, que lugar incrível! Viajei no tempo com o seu belo texto e as fotos. E vejo que voce vai pecar muito…rs afinal, motivos bons para isso você tem.
Beijos do amigo carioca
Ruthia
Que lugar incrível você visitou!Gostei muito, há um clima misterioso no ar.'muito interessante mesmo.
E se o'pecado foi esse, você vai pecar muito mesmo, pois não há como resistir a essa tentação.
Beijos
Um suborno altamente perdoado e recompensado. Ele há de agradecer e muito ao lembrar, mais tarde. Lindo e histórico lugar. E o pecado gelado? Tudo de bom! beijos,chica
Espero que sim, que recorde com carinho todos estes momentos de descoberta que partilhamos. O pai está sempre ou muito ocupado ou sem vontade de ir seja onde for… então restamos os dois 🙂
Beijinho
oi Ruthia, que lugar maravilhoso e cheio de histórias, que tu não exitas em nos contar… adoro, bem sabes, essas aulas de cultura e história… para ser solidária, tb cometi um pecado ontem e saboreei um delicioso sorvete, entre waffles, produção de sorveteria daqui da região!… claro que não fiz fotos…. bjs desejando um lindo e ensolarado final de semana, com muitas flores primaveris!
tititi da dri
Haha, waffles com gelado, que amiga solidária! Muito bom! Um fim-de-semana doce e perfumado para ti também, querida.
Ruthia,que beleza de lugar!Um encanto e amei a história da Ofa!bjs,
Ai que rico subornadinho!!! Belo passeio! Também estou a tentar subornar alguém para dar um passeio hoje!
Beijinhos, bom domingo!
Que passeio gostoso!!! Mas nossa o Magnum me prendeu rs, amo amo 😀
Aqui não tem desse, snif rs!!!
Ótima semana querida ^^
Beijos Té
Que lindo passeio e que "pecado" mais gostoso kkkkk
Bjussssss