Atualizado em 8 Março, 2024

Aveiro e os seus charmosos canais é hoje um destino turístico muito popular. Vamos explorar a cidade dos marnotos e salinas, Arte Nova, ovos moles e bom peixe?

Começamos esta aventura em Aveiro a bordo de um moliceiro garrido de seu nome Valente. “Valente porque come muito e vai para onde o mandam“, responde o nosso guia ao pequeno explorador. 

João Fradinho faz as honras da embarcação que um dia transportou moliço para adubar a terra, intercalando as suas explicações com apitos de vuvuzela (brinquedo barulhento popularizado durante o Mundial da África do Sul) para avisar outros navegantes da nossa presença. Foi pescador toda a vida até se reformar, altura em que trocou um barco de pesca por este, para estar perto da água.

“Ali veem algumas belas fachadas de Arte Nova“ – diz apontando os edifícios do início do século XX, pelos quais já me tinha apaixonado em terra e que emprestam uma identidade arquitetónica própria a Aveiro, juntamente com os azulejos coloridos e as linhas modernas que despontam aqui e ali.

Aveiro é uma cidade moderna e animada, que soube promover os edifícios históricos: antigos depósitos de sal acolhem companhias de teatro ou bailado, assim como o histórico convento de Jesus, onde a Princesa Santa Joana se refugiu no século XV, foi convertido em museu e homenageia a sua mais ilustre hóspede.

É também João Fradinho que nos chama a atenção para as marotas proas dos moliceiros que aqui circulam.

– “Lembras-te da minha gaita?”

– “Abençoada ventania” – exclama o padre, olhando uma saia levantada. Há por ali muitas outras pérolas do género.

Desembarcados, é igualmente um prazer descobrir esta cidade universitária a pé, do centro histórico ao típico bairro de Beira Mar, povoado por cagaréus (nome dos seus habitantes) e por fachadas de azulejos que intervalam com boa street art, entre ruelas estreitas que desembocam no Canal de São Roque.

Ali encontra a Praça do Peixe, ponto de encontro para um copo com os amigos, e próximo de vários restaurantes simpáticos. De resto, a encantadora cidade mantém uma ligação especial à Ria de Aveiro, que entra e desliza suavemente pelos diferentes bairros.

Também é possível circular de bicicleta, usando e abusando da BUGA, as bicicletas de utilização pública de Aveiro, que pode retirar em 20 estações diferentes ou no quiosque junto ao Mercado Manuel  Firmino. Esta opção faz ainda mais sentido se quiser ir até às salinas, ainda que a distância possa ser vencida a pé.

Eis alguns dos programas mais giros para se fazer em Aveiro e região. A lista inclui passeios para amantes de arte, para os bons garfos, para quem adora história ou arquitetura, para quem procura programas despretensiosos em família ou quem prefere passar tempo no meio da natureza. Cliquem nos links para os sites oficiais, quando aplicável, para informação atualizada sobre preços e horários.

Moliceiro e canais de Aveiro

O tradicional passeio de barco pelos canais é uma das atividades mais procuradas em Aveiro. Noutros tempos, este tipo de embarcação de velas brancas dominava a ria, ocupado na apanha do moliço, preciosas plantas aquáticas utilizadas na fertilização dos campos.

As velas foram substituídas por motores e os tradicionais moliceiros, de linhas elegantes e motivos coloridos, renderam-se ao turismo. Várias empresas oferecem o passeio que, não sendo imperdível (um pouco cliché), é um programa simpático que dura cerca de 45 minutos.

Os visitantes são conduzidos pelos quatros grandes canais de Aveiro, passando por vários pontos de interesse turístico:

  • Canal central: entre o Jardim do Rossio e a Praça General Humberto Delgado.
  • Canal do Cojo: muito utilizado a partir do século XVIII, pelas indústrias de cerâmica, sal e pesca, para transportar os produtos até o Cais do Cojo, de onde seguiam depois até a estação ferroviária, para serem distribuídos a nível nacional. Este canal é hoje atravessado pela Ponte dos Laços de Amizade, enfeitada com fitas coloridas, uma tradição que começou já no século XXI e se estendeu a outra ponte próxima.
  • Canal dos Botirões: termina na Praça do Peixe, principal local de venda de peixe no início do século XX, onde pode fotografar um chafariz de 1876. No encontro deste com o Canal de São Roque encontra a moderna Ponte do Laço (ou Ponte dos Botirões) que une as quatro margens, num design arrojado.
  • Canal de São Roque: a norte da cidade. Ao longo de sua margem sul, existiam vários armazéns de sal, entretanto convertidos para outros fins. Ali encontra a amarelada Ponte dos Carcavelos (1953), pedonal.

#Curiosidade: no final do Canal do Cojo, junto ao cais da Fonte Nova, encontra o Centro de Congressos de Aveiro, instalado numa antiga fábrica de cerâmica, e o Hotel Melia Ria. A escadaria “I ♥ Aveiro”, criada em 2013, fica bem próxima. Inicialmente decorada por um grupo de jovens voluntários de uma ONG, está hoje ao cuidado de um estúdio de tatuagens, pelo que entendi.

Roteiro de arte nova

Distinguida como a cidade-museu da Arte Nova em Portugal, Aveiro é membro da Réseau Art Nouveau Network, da qual fazem parte também Barcelona, Bruxelas, Budapeste, Glasgow, Helsínquia ou Havana.

O encanto deste delicado período artístico inspirou uma Rota da Arte Nova na cidade, com 28 pontos de interesse relacionados com a belle époque, que se expressava através de materiais modernos como o ferro, o vidro e o betão. E que em Aveiro lhe acrescentou o azulejo.

Um percurso que parte do Museu Arte Nova (instalado na Casa do Major Pessoa), concebido para levar o visitante a pé, ao encontro de pérolas art nouveau como o coreto do Parque Infante D. Pedro, a Casa Amarela, o edifício da Casa dos Ovos Moles, a Casa do Rossio, a Farmácia Ala, a antiga Cooperativa Agrícola, a Residência Pompeu Figueiredo ou a Casa dos Lírios.

Para além de fachadas curvilíneas, assinadas por nomes como Ernesto Korrodi, Francisco Augusto da Silva Rocha, Jaime Inácio dos Santos ou Carlos Mendes, este roteiro inclui o Obelisco da Liberdade (1909), uma peça de granito, calcário e mármore instalada na Praça Joaquim de Melo Freitas, para comemorar o centenário do nascimento de um reconhecido defensor do Liberalismo, e outros que participaram nas lutas liberais do século XIX.

arte nova para conhecer em Aveiro

#Dica: se é mesmo fã da Arte Nova, encontra uma fachada extra, belíssima, já no concelho de Ílhavo, conhecida como Vila Africana (fica na Estrada Nacional 109, nº 135).

Museus de Aveiro

A santa trindade museológica de Aveiro inclui o Museu da cidade de Aveiro, Museu de Arte Nova e Museu de Aveiro/Santa Joana. É verdade que o bilhete único diz incluir também entrada no Ecomuseu Marinha da Troncalhada e na Igreja das Carmelitas, mas o primeiro é de acesso livre e a igreja barroca, ainda que um belo exemplar do barroco português com “igrejas forradas de ouro sobre azul”, não é caso único no país.

Recorde-se a Sé, o Santuário do Bom Jesus e o mosteiro de Tibães em Braga, a Igreja da Ordem Terceira ou Torre dos Clérigos, no Porto, a esplêndida Biblioteca Joanina de Coimbra, o mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, ou o próprio convento de Jesus de Aveiro.

Começando pelo início, o Museu da Cidade de Aveiro (Rua João Mendonça, nº 9) ilustra “os momentos, os factos e os protagonistas que, ao longo do tempo, têm dado alma à história de Aveiro”. Por outras palavras, o espaço promove o património e a identidade cultural aveirense, da ria ao sal, dos bairros às festas tradicionais, das personalidades mais marcantes à fauna e flora da região.

Museu da Cidade de Aveiro

A escassos metros encontra o Museu de Arte Nova (Rua Barbosa Magalhães, nº 9-11), com ferro forjado, flores e arabescos na entrada. Para além de representar o ambiente de uma habitação Arte Nova, o museu aborda aquele estilo artístico sob várias perspetivas, refletindo sobre os pressupostos da revolução estética que o movimento proporcionou.

Por fim,  já do outro lado da ria, encontramos o Museu de Aveiro – Santa Joana (Avenida de Santa Joana), instalado desde 1911 no antigo Mosteiro de Jesus da Ordem Dominicana feminina, que mereceu um artigo específico já há vários anos aqui n’O Berço do Mundo.

Leia Museu de Aveiro: Joana, princesa e santa

Igrejas de Aveiro

Os amantes de arquitetura religiosa encontram ampla oferta na cidade, começando na Sé de Aveiro (séc. XV), parte integrante do antigo Convento de São Domingos, de influências barroca, gótica e maneirista, que já teve muitos nomes e chegou a funcionar como quartel militar.

Acrescente-se a Igreja da Misericórdia de Aveiro (1653), que funcionou temporariamente como Sé da diocese de Aveiro e mantém uma fachada coberta de azulejos pintados à mão.

A Igreja das Carmelitas, na Praça do Marquês de Pombal, é um dos templos mais bonitos da cidade que, segundo o turismo local, “preserva a combinação do dourado da talha com o azul e branco dos azulejos e a forte policromia das pinturas do teto e das paredes, numa alusão à vida celestial que o espaço sagrado procura encenar”.

Seria imperdoável não mencionar também a singela Capela de São Gonçalinho (1714), dedicada ao santo casamenteiro, patrono da cidade de Aveiro e alvo de particular devoção em Amarante [Recorde O doce fálico de Amarante].

Construída em pedra calcária de cor clara, a capela é o centro de uma das festas mais tradicionais e acarinhadas da cidade, no domingo mais próximo do dia 10 de janeiro. Nessa noite, chovem cavacas desde a cúpula da capela, em jeito de pagamento de promessas, para alegria da população.

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capela de São Gonçalinho
O licor em honra de S. Gonçalo parece quase radioativo.

Os azulejos de Aveiro

Outra riqueza de Aveiro, patrimonial e turística, reside nos seus azulejos. Aliás, o Turismo do Centro de Portugal propõe uma Rota Cerâmica da Ria de Aveiro que passa por Aveiro, Ílhavo e Ovar, região muito ligada à tradição cerâmica.

A cidade, que organiza, desde 1989, a Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro, possui vários edifícios revestidos a azulejos, começando pela antiga estação de comboios (vizinha da atual), com uma bela fachada de azulejos azul-cobalto e pormenores amarelos, que contam a história da cidade, ilustram as paisagens e atividades locais.  

Entre vários painéis de azulejos que a cidade de Aveiro se orgulha, – liste-se também as escadas do Jardim Infante D. Pedro, o viaduto de Esgueira, o adro da Capela da Senhora da Alegria ou a Praça da República – destaca-se o da Rua Clube dos Galitos, em relevo, com motivos tradicionais como a apanha do moliço, a pesca na ria, os marnotos e as salineiras. 

os lindos azulejos da estação de comboios de Aveiro

#Curiosidade: uma das culpadas deste património é a histórica Aleluia Cerâmicas, herdeira da Fábrica dos Santos Mártires. Foi ali que se fabricaram os azulejos que cobrem a alegre Igreja de Válega, no vizinho concelho de Ovar.

Jardins e parques de Aveiro

O parque público mais conhecido de Aveiro será, porventura, o centenário Jardim do Rossio, junto ao Canal Central, frequentemente palco de feiras e celebrações. Uma área verde que, historicamente, incluía um pequeno anfiteatro, parque infantil e o calçadão ao longo do canal. No outono de 2023, o parque estava a ser renovado, intervenção que vai mudar bastante a sua aparência.

O meu preferido é o Parque Infante D. Pedro, instalado numa antiga propriedade do Convento de Santo António, no exterior das muralhas de Aveiro. O espaço verde possui singelas escadarias com azulejos, já mencionadas, um coreto art nouveau, um lago central com patos e largas alamedas de tílias, perfeitas para caminhadas.

Passear nos recantos encantadores do Parque Infante D. Pedro é especialmente agradável sob as cores quentes do final da tarde, quando os raios do sol brincam por entre as coloridas buganvílias que se estendem sobre uma longa pérgula amarela.

Este que é considerado o parque da cidade tem ligação ao Parque dos Amores e ao Jardim de Santiago, formando uma grande e inestimável mancha verde.

Salinas de Aveiro

Dizem que todas as rotas em Aveiro passam ou terminam nas salinas e, de facto, Aveiro é famosa por estes locais de extração de sal artesanais, cheios de história e tradição. O ouro branco inspirou o Ecomuseu Marinha da Troncalhada (Canal das Pirâmides) que, apesar do nome pomposo, mais não é que um conjunto de painéis explicativos acerca dos métodos de produção de sal.  

O bronzeado marnoto – adoro este nome – é o protagonista desta produção, que consiste num conjunto de trabalhos de cristalização, por evaporações sucessivas. A colheita do sal faz-se em finais do mês de junho até o final do outono, sempre que a meteorologia o permita.

Especialmente bonitas ao pôr-do-sol, as salinas podem ser exploradas de bicicleta ou a pé, com o consentimento do marnoto responsável. Uma forma simpática de agradecer o acesso é comprando o excelente sal ou flor de sal que aqui se produz e que, em tempos, serviu de moeda de troca.

salinas de Aveiro

Existem algumas salinas que permitem banhos salgados, mas nem todas dispõem de condições para essa experiência de spa. Estes banhos contribuem para o tratamento de diversas doenças (por exemplo, aliviam os sintomas de artrite) e fazem maravilhas à pele. É ainda possível fazer uma visita guiada pelas salinas de Aveiro.

#Curiosidade: o mais antigo documento que menciona o sal português data de 959 e descreve uma doação de terras e salinas de Aveiro, feita pela condessa Mumadona ao Mosteiro de Guimarães.

Arte urbana em Aveiro

Aveiro tem tanta arte urbana, original e irreverente, a animar fachadas, que pode fazer-se um roteiro de street art. Começando com o rosto esculpido pelo aclamado Alexandre Farto, vulgo Vhils, em frente à estação dos comboios.

Um dos murais que me prendeu a atenção fica debaixo da ponte que atravessa o Canal do Cojo, na Rua Carlos Aleluia. Fábio Carneiro assina esta homenagem a Atita, o Tubarão dos Mares,  nome pelo qual ficou conhecido o professor de natação Eduardo Raposo Rodrigues de Sousa, figura muito acarinhada pelos aveirenses, que salvou mais de 30 vidas nas águas do oceano e da ria e morreu em 2017, três dias depois de condecorado com a medalha da Ordem de Mérito pelo Presidente da República.

Na Rua Gustavo Ferreira Pinto Basto, uma das paredes da Escola Básica da Glória ostenta uma ecografia gigante, da autoria do artista lisboeta que assina The Empty Belly e procura explorar a fragilidade inerente ao ser humano nas suas obras.

Numa parede do canal de São Roque, de forma “completamente ilegal”, Zooter e Ratu (assinatura artística de Artur Lobo) deram cor e forma a uma salineira e a um marnoto, símbolos da cidade. A Rua de Marnotos também está enfeitada com várias pinturas.

Também pode incluir neste roteiro: o mural da dupla de espanhóis Jorge Peligro e Icha Bolita (Parque Infante D. Pedro), o desenho do “Menino da Lágrima” de Lucky Hell (Rua Carlos Aleluia) e o painel encomendado a Zooter e Ratu pela Associação Académica da Universidade de Aveiro (rua ao lado da Sé), aquando dos seus 40 anos. Este é um dos maiores trabalhos de arte urbana na cidade e espelha as vivências dos estudantes na cidade.

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Turismo ativo

Se procura um turismo ativo, em particular relacionado com a Ria de Aveiro, o Rio Vouga e o mar, saiba que é possível praticar vela, canoagem ou remo (na Ria), remo, canoagem e do stand up paddle (Rio Vouga), pesca desportiva em vários locais, assim como observação de aves. Mais informações na Estação Náutica de Aveiro.

Existem mais de 200 percursos pedestres assinalados no distrito, para os amantes de caminhada, incluindo a Grande Rota da Ria de Aveiro com cerca de 600 km, que se divide em três grandes percursos (rota azul, rota dourada e rota verde), sempre em comunhão com a ria. Acredito que todos os trechos possam ser feitos de bicicleta também.

Entre o Cais da Ribeira da Esgueira e Rio Novo do Príncipe há um trecho agradável, em grande parte sobre os passadiços de madeira construídos sobre a ria. Fácil e sempre plano, é ideal para uma caminhada em família. E se esticar a caminhada até ao apeadeiro de Cacia, pode regressar a Aveiro de comboio.

O site do Turismo do Centro de Portugal sugere várias outras opções de caminhada na região, sendo os Passadiços do Paiva uma das mais famosas (atenção, ficam a 1h30 da cidade de Aveiro).  

O que visitar na região

Já extravasamos as fronteiras do concelho e, de facto, há muita coisa para fazer e visitar na região de Aveiro. Até porque as fronteiras administrativas pouco ou nada significam para os turistas.

Começando no vizinho concelho de Ílhavo, onde encontra a Fábrica da Vista Alegre, o Museu Marítimo e o Navio de Santo André (Jardim Oudinot, Gafanha da Nazaré), a Praia da Barra com o maior farol de Portugal, visitável às quartas-feiras, a Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto ou a Costa Nova, com os seus adoráveis palheiros.

A visita à Vista Alegre, a histórica e famosa empresa de porcelana, tida como a mais antiga fábrica de porcelana da Península Ibérica mereceu um artigo específico: Museu Vista Alegre, porcelana com história.

O Museu Marítimo de Ílhavo tem por missão “preservar a memória do trabalho no mar, promover a cultura e a identidade marítima dos portugueses”, em particular relacionada com a pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e Gronelândia.

Espremida entre o mar e a ria, apenas a 10 km de Aveiro, com castiças casinhas às riscas que emprestam um colorido bonito à paisagem, e barraquinhas que vendem de bolachas americanas e “tripas” recheadas, encontra a Praia da Costa Nova. É um destino simpático, ainda que muito apinhado durante a época alta.

Originalmente, os palheiros da Costa Nova eram usados como armazéns pelos pescadores e pintados em tons de vermelho, ocre e preto. A partir da segunda metade do século XIX, foram sendo convertidos em habitação balnear, e decorados com as atuais riscas coloridas – bem à “moda burguesa de ir a banhos” da época.

De bela areia dourada, a Praia da Costa Nova está certificada com a bandeira azul desde 1989 é também como praia acessível desde 2002. Muito procurada por famílias, é favorável à prática de surf e bodyboard, sendo anualmente palco de um dos eventos femininos mais emblemáticos destas modalidades, a Costa Nova Cup.

Outras praias maravilhosas para um passeio, desportos aquáticos, banhos de sol (já sabem que o oceano Atlântico não tem as águas mais quentes do mundo) e uma visita com boa gastronomia e vinhos, são a praia de S. Jacinto, a praia da Barra e a praia da Vagueira.

praia de S. Jacinto, a norte do molhe norte da Barra de Aveiro, destaca-se pelo seu extenso areal em estado quase selvagem e dunas primárias em desenvolvimento. A praia fica na vila piscatória homónima, que ainda mantém características ancestrais.

Muito popular durante o verão, esta praia de águas cristalinas é muito procurada por praticantes de surf e bodyboard. Já no outono, transforma-se num ponto de observação de aves marinhas, como os gansos-patolas, os moleiros, as cagarras, as tordas-mergulheiras e várias espécies de gaivotas.

#Dica: a ligação mais direta a São Jacinto é de ferry-boat que atravessa a Ria em ligações regulares. Por via terrestre, é necessário fazer um desvio pela Torreira ou Ovar.

A Praia da Barra ostenta bandeira azul desde 1989 e é praia acessível desde 2002 e, para além da qualidade da sua água e animação estival, a sua paisagem é marcada pelo Farol mais alto em Portugal, e um dos mais altos no mundo, com 62 metros de altura.

Já a Praia da Vagueira, igualmente bandeira azul desde 1989, possui um extenso areal e um paredão que convida a longos passeios. Aqui pode testemunhar a tradicional pesca com arte xávega, a mais antiga forma de pesca no mundo, na qual pequenos barcos enfrentam as ondas da rebentação para largar as redes. Pode mesmo ajudar os pescadores a puxar as redes de volta a terra, com a ajuda de bois ou tratores.

Conheça as melhores praias da região de Aveiro neste artigo do Turismo do Centro.

Dicas úteis para visitar Aveiro

Como chegar a Aveiro

Aveiro fica a pouco mais de 70 km do Porto, facilmente alcançável por autoestrada (A1 e depois A25), e a 250 km de Lisboa, alcançável usando a A8 e A17 ou, em alternativa, a A1 (saída 15).

De transportes públicos, é possível chegar de autocarro a partir de Lisboa e Porto, por exemplo, com várias ligações diárias mantidas pela Flixbus e pela Rede de Expressos. O comboio é outra opção, com ligações frequentes desde o Porto, Coimbra e Lisboa. Confira preços e horários no site da CP – Comboios de Portugal.

Se chegar de comboio, basta seguir pela Avenida Dr. Lourenço Peixinho (a Avenida) até ao centro da cidade, depois de apreciar a linda estação antiga e os seus azulejos.

Buga em Aveiro

Quando visitar Aveiro

A cidade é agradável todo o ano, não sendo muito fria no inverno ou estando entre as mais tórridas no verão. Por cá preferimos sempre as estações de transição, outono e primavera, mas é possível visitar a região em qualquer altura, exceto se quiser fazer praia.

Existem também alguns eventos especiais que podem inspirar uma visita. Por exemplo, em maio e junho acontece a Feira do Livro, em julho é mês do Festival dos Canais, evento com grande diversidade de espetáculos e animação. Em agosto há o Festival Dunas de São Jacinto, um evento que alia cultura, natureza e desporto.

E lá para outubro/novembro, acontece o grande e inspirador festival de fotografia Exodus Aveiro Fest. Aliás, vale a pena espreitar o espaço Exodus, próximo da Câmara Municipal, e as suas exposições em qualquer ocasião.

Comer em Aveiro, para além dos ovos moles

Aveiro é terra de quê? Ovos moles, pois claro. Com indicação geográfica protegida (IGP), são um dos doces tradicionais portugueses mais conhecidos, com uma história secular e origem conventual. Os ovos moles são, ainda hoje, de fabrico artesanal e um dos orgulhos da cidade, com um monumento erguido no parque junto ao Cais da Fonte Nova e uma Confraria dos Ovos Moles de Aveiro instituída.

Como acontece com todas as outras delícias portuguesas (a polémica que a Francesinha provoca entre os portuenses!), cada um tem o seu fornecedor preferido.

A mãe de uma amiga, aveirense de alma e coração, gosta de comprar na Pastelaria do Rossio, quase ao lado do Museu da Cidade. Outros preferem a M1882 – Maria da Apresentação da Cruz, uma casa que produz ovos moles desde o século XIX. Para quem quer degustar e também testar os seus dotes de doceiro, num workshop de ovos moles, a Oficina do Doce também é uma boa opção.

Porque nem só de bombas calóricas se faz a gastronomia aveirense, importa destacar o bom peixe e marisco que se come por aqueles lados. Para mim, que sou adepta de uma dieta pescetariana, Aveiro é um paraíso, com muitos pratos de peixe, desde a raia à lampreia, passando pelo ensopado ou caldeirada de enguias, pelo sável frito com açorda de ovas, pelas douradas, robalos e linguados.

Uma das refeições mais memoráveis que fiz com amigos na região foi no rústico restaurante O Gafanhoto (Gafanha da Encarnação), com ostras, tomate temperado com salicórnia e uma viagem de quatro etapas pelo mundo do bacalhau.

Começou com ovas de bacalhau servidas em broa, seguiram-se as pataniscas irrepreensíveis, antes de chegar a feijoada de samos de bacalhau (foi uma estreia e adorei) e o bacalhau assado. Tudo regado com um regional vinho da Bairrada e partilhando, em jeito de conclusão, cheesecakes de cenoura e de figo.

Recorde Doces portugueses tradicionais, região a região

Hospedagem em Aveiro

A cidade possui ampla oferta hoteleira, com opções para vários bolsos e tipos de viajantes. Para uma estadia muito confortável, e se o orçamento não é entrave, recomendo o MS Collection Aveiro – Palacete Valdemouro (*****).

Outra opção, um pouco mais económica, sem prescindir da qualidade e conforto e com piscina interior, muito próxima do centro de congressos da cidade é o Melia Ria Hotel & Spa (****).

O hotel Afonso V (***) apresenta uma boa relação qualidade-preço e, apesar de não estar mesmo no centro da cidade, facilmente se alcançam os principais pontos turísticos a pé. Nesta mesma linha e mais próximo do canal central, o Veneza Hotel (***) é bem simpático. Para quem tem um orçamento apertado, existem vários hostels em Aveiro, como seja o Aveiro Rossio Hostel.