Atualizado em 16 Abril, 2021

Protegida por arribas negras gigantes, a praia da Arrifana, no concelho algarvio de Aljezur, é uma das mais belas da Costa Vicentina. Vamos conhecer, e comer bem, nesta praia de Bandeira Azul.

A paisagem é deslumbrante, mas o acesso à praia da Arrifana terrível, com uma descida vertiginosa nada amiga de chinelos. “A subida será pior”, cogito com os meus botões. Pensando bem, não tenho botões hoje, terei que me contentar com os bolsos. A conversa foi de mim para comigo, se é que me entendem. Travo longas conversas com a minha pessoa.

Na verdade, o regresso foi surpreendentemente fácil, com o transporte do Restaurante da Praia (Arrifana). Mas adianto-me.

Dois adolescentes passam por mim, de pele muito tostada, prancha debaixo do braço, com pressa de responderem ao apelo das ondas. Esta praia do concelho de Aljezur – bandeira azul e uma das finalistas do concurso 7 Maravilhas Praias de Portugal – é bastante frequentada por atléticos surfistas, para quem o acesso é um pequeno contratempo ou, quem sabe, até uma vantagem que afasta os turistas mais preguiçosos.

Finalmente chego à linha de água e faço a minha caminhada. Ainda não será hoje o meu primeiro banho de mar. O almoço espera-nos e as expectativas são altas, graças ao site e ao vídeo promocional.

 Almoço sublime na praia da Arrifana

Começo com casquinha de batata e uma magnífica salada de Verão. Queijo de cabra, couve roxa, passas, maçã, gergelim… escapam-me alguns ingredientes, mas que importa, está maravilhosa!

Dispenso as outras entradas e lá vem o meu prato vegetariano de arroz integral com legumes salteados. Muito bom, dispensava apenas o queijo ralado com que o enfeitaram. Outros amigos optaram pelas pataniscas de bacalhau com arroz de tomate ou feijoada de chocos, tudo regado com sangria, branca e tinta, e água com uma folhinha de menta.

Somem o ar da praia, o azul do mar até onde a vista alcança e comida saborosa… todos parecem placidamente satisfeitos, em estado zen (a sangria poderá ter alguma coisa a ver com isso)!!

Alguns, como eu, nem se atrevem a pedir sobremesa. Não me coíbo, porém, de roubar um pouco da torta de batata-doce da minha vizinha e penso, novamente com os meus bolsos, “que pena estar tão cheia”. Neste ponto só um café para rematar.

As funcionárias, todas exóticas e sorridentes – achei particularmente bonita uma menina de braços tatuados e penteado oriental – explicam que o restaurante vende as t-shirts  “Arrifana Beach | Use it, preserve it”, para financiar o serviço de shuttle.

É que, dentro de poucos dias, será proibido estacionar no acesso à praia, e os automóveis terão que ficar no topo da falésia, a fazer companhia aos autocarros que nunca conseguem descer. É este serviço que felizmente me transporta de volta.

Antes de partir, uma pausa para gravar na retina esta vista esmagadora. O mar azul, a rocha conhecida como Pedra da Agulha e um areal imenso. Encho os pulmões de maresia e a alma esquece a vida apressada, ainda que por breves instantes.

Adorei tudo. Recomendo vivamente o restaurante do João Pedro, que abriu portas há quase 15 anos e que em breve se vai aventurar em Moçambique. Eu voltarei com toda a certeza.

Como chegar

A Praia da Arrifana fica a pouco mais de 250 km de Lisboa. Pode tomar a A2 até à IP8 em Sines. Tome a saída em direcção a Sul Algarve/St.André na IP8. Depois, a escassos metros após a saída sul da vila de Aljezur (EN 120), siga a sinalização que encontra à direita. No final da subida, volte à esquerda para a Praia da Arrifana. Em alternativa, pode tomar a A2 e depois a A26.

O que fazer

Para além de mergulho (no extremo norte da praia, junto ao portinho de pesca), esta é também uma das praias de eleição para a prática do surf e bodyboard. A vista panorâmica desde as ruínas da Fortaleza da Arrifana, no topo da arriba a norte, é deslumbrante. Na Ponta da Atalaia, famosa pelos seus percebes, existem vestígios de um Ribat muçulmano, um convento-fortaleza de grande valor arqueológico.

Toda a Costa Vicentina é belíssima. A cerca de 50 km, pode visitar também a linda Fortaleza de Sagres.  A vila foi fundada pelo Infante D. Henrique, o pai e mentor da aventura marítima portuguesa no século XV. Diz a lenda que o príncipe criou aqui a maior escola náutica do mundo; fazendo com que Portugal parisse tantos navegadores excepcionais.

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