Atualizado em 13 Abril, 2021

Roma pariu um dos maiores impérios da História, governado por déspotas, incendiários e loucos. Mas alguns desses tiranos foram também visionários, projectaram edifícios e monumentos que ainda hoje nos assombram numa cidade eterna

Sim. Roma foi berço de grandes e ambiciosos césares! Todos eles quiseram deixar uma marca pessoal na cidade, para testemunhar a sua glória.  Flávio Vespesiano gizou um enorme anfiteatro, terminado pelo seu filho Tito: o famoso Coliseu. Augusto transformou Roma numa alva cidade de mármore. Trajano construiu o Fórum, um novo coração para a capital do mundo, maior do que todos os fóruns juntos construídos até então.

A jóia do reinado de Adriano foi o Panteão, esse templo majestoso dedicado a todos os deuses, a maioria importada da Grécia e outras regiões conquistadas.

Visitei cada uma destas preciosidades e senti um arrepio perante o génio daqueles imperadores. É impossível fotografá-las de forma a fazer-lhes justiça. Porquê? Porque estão sempre pejadas de turistas e muitas estão semi-encobertas por andaimes. É o caso do Coliseu e do seu vizinho, o Arco de Constantino. Apanhem a nossa boleia neste roteiro em Roma.

Coliseu de Roma
Postal comprado em Roma capta a grandiosidade do anfiteatro
interior do Coliseu de Roma

Na verdade, o Anfiteatro Flaviano – nome oficial do coliseu do século I d.C. – impressiona sobretudo pela sua história e tamanho, uma vez que o mármore que o ornamentava foi pilhado, ou usado noutras construções, como a Basílica de S. Pedro. É o princípio da reciclagem!

Falemos pois do tamanho. O Coliseu tem a altura de um prédio com 12 a 15 andares e acomodava mais de 50 mil pessoas, capacidade que aumentou para 90 mil, quando foi construído o quarto anel. Os turistas parecem pequenas abelhinhas em volta desta colmeia.

Nos festejos inaugurais, que duraram 100 dias, a arena ficou impregnada de sangue: estima-se que morreram centenas de gladiadores e cerca de cinco mil animais. O Pedrinho ficou deveras impressionado ao saber que homens lutavam contra leões, tigres e ursos. “A sério, mamã?”, perguntou, de olhos arregalados.

Recordem também a arena romana de Verona

Entrada e pormenores do Coliseu

A visão de um imperador espanhol 

O Fórum de Trajano (séc. II d.C.) é outra preciosidade do mundo antigo, obra do primeiro imperador estrangeiro, ansioso por provar que era um verdadeiro romano. Numa metrópole atulhada com um milhão de pessoas, faltavam terrenos capazes de abrigar a sua grande visão, pelo que o arquitecto (um tal Apolodoro de Damasco) mandou cortar um enorme bloco rochoso, com 38 metros, à colina Quirinal.

Ali criaram uma nova cidade, com bibliotecas, uma praça com estátuas colossais e a maior basílica da época, de onde saíam as leis. De tudo isto, pouco mais resta do que a Coluna de Trajano, um monumento propagandístico em alto-relevo que recorda a conquista da Dácia com, precisamente, 38 metros, para recordar o monte desfeito ao poder da pá e da picareta, por milhares de escravos.

No topo da Coluna de Trajano repousa, desde o séc. XVI, um S. Pedro.
No topo da Coluna de Trajano repousa um S. Pedro.

A megalomania é contagiosa

O grande legado de Adriano é o Panteão, uma casa para todos os deuses, construído sobre as ruínas de um templo antigo, que (especula-se) terá sido projectado pelo próprio imperador. Esta foi uma construção revolucionária para a tecnologia de então, com a sua cúpula gigante – 45 metros de altura e outro tanto de largura, sem qualquer apoio de colunas para suportar o peso – rematada por um óculo aberto, por onde entra a chuva e o sol.

Quando o império romano ruiu, muitos monumentos foram destruídos, mas o Panteão foi protegido pela própria Igreja, que converteu o edifício ao catolicismo. Agradeçamos! Assim podemos visitar o único edifício da época greco-romana em perfeito estado de conservação, o túmulo de Rafael e de reis, sem pagar bilhete.

A dois passos do Panteão fica Lo Scimmiotto (o macaco), uma gelataria divina.  A fama dos gelatos italianos é totalmente merecida (espreitem o nosso post sobre comida italiana)!

Voltemos à grandiosidade de Roma. A imponência do monumento a Vittorio Emanuele, o primeiro rei da Itália unificada, um imenso altar à pátria amada instalado na Piazza Venezia apanhou-me completamente desprevenida (e eu já o conhecia “em teoria”). Foi inaugurado já no século XX, mas encerra toda a ambição daqueles outros, os césares, de outrora. Acho que a ambição do grande faz parte do ego romano.

monumento a Vittorio Emanuele

Coliseu site | Bilhete: 12€ (inclui entrada no sítio arqueológico Fórum Romano/Palatino), grátis até aos 18 anos.

A partir de 2019, é necessário agendar a hora da visita. A entrada é gratuita para os portadores do Roma Tourist Card (que precisam ainda assim agendar). Os portadores do Roma Pass têm acesso fast track. Existe ainda um passe (75€) que dá acesso ao Coliseu e ao Fórum, aos Museus do Vaticano e à Basílica de S. Pedro.

Entrada no Panteão e no Monumento a Vittorio Emanuele – gratuita.