Atualizado em 6 Janeiro, 2021

Mundialmente famosa por ter sido cenário da mais trágica história de amor, Verona é o quarto destino italiano mais visitado. Mas engana-se quem pensa que tudo se resume à história de Shakespeare.

“In fair Verona where we lay our scene…” Tomo de empréstimo o prólogo de Romeu e Julieta para apresentar esta cidade de grandes monumentos romanos, cujo centro histórico foi reconhecido pela Unesco como património da humanidade.

Aninhada numa curva do rio Ádige, Verona fica na próspera região de Veneto, no norte de Itália. A proximidade em relação a Veneza, Pádua, Mântua ou Milão fazem deste um destino apetecível. Mas antes vale a pena conhecer esta cidade descontraída. Verona é muito “boa onda”!

Sugerimos pelo menos um dia, mas se reservar dois dias não ficará desapontado. Assista ao pôr-do-sol desde o teatro romano, quando a luz empresta tons sonhadores aos palácios de calcário rosa, e saberá que foi uma excelente ideia incluir Verona no roteiro.

Prontos para explorar? Cliquem nos links das atracções, para obterem mais informações sobre horários e preços.

Teatro Romano
arena romana em Verona

Transposta a Porta Nuova, começo este dia na ampla Piazza Bra, junto a um impactante cartão postal: a Arena. Este é o terceiro maior anfiteatro romano do mundo, atrás do Coliseu de Roma e da arena de Cápua, perto de Nápoles (onde filmaram a série Spartacus).

Construída há quase dois milénios, a arena sobreviveu graças ao imperador Gallieno que, ao incluí-la nas muralhas da cidade, a poupou às invasões bárbaras. Se outrora acolheu lutas de gladiadores, hoje a arena apresenta concertos e óperas. Um upgrade de funções, diria eu.

Sigo depois até ao Castelvecchio, uma construção militar que enfeita as margens do rio desde o século XIV. Actualmente acolhe um museu e galeria de arte, onde se destacam algumas obras de Andrea Mantegna. O espaço é ainda mais bonito do que o espólio, com as torres de vigia e a vizinha ponte Scaligero. A linda estrutura, que carrega o nome da dinastia que governou Verona na Idade Média, servia de rota de fuga em caso de ataque.

muralhas do castelo

Piazza dei Signori, a casa dos senhores de Verona

Seguindo o Corso Cavour, é um instantinho até ao centro histórico, passando pela porta Borsari. Que é o mesmo que dizer que cheguei à Piazza Erbe, com o seu animado mercado de rua a. Ao lado fica a Piazza dei Signori, a mais bonita de Verona, na minha opinião.

Por causa de inúmeros palácios e da elegante Torre dei Lamberti. Não interessa muito se é preciso vencer mais de 300 degraus, se vamos ser recompensados com uma linda vista sobre o centro histórico e os Alpes ao longe. Os sinos continuam a ser os originais e têm nome: Rengo e Marangona. Um servia como alerta de incêndio e o outro convocava o povo para uma batalha. Só não me perguntem como é que os veronenses distinguiam o som dos dois!

Dante Alighieri preside a esta sala de visitas. O maior poeta em língua italiana viveu em Verona alguns anos, como convidado dos senhores Scaligeri, durante o seu exílio de Florença. Uma hospitalidade que Dante agradeceu, dedicando-lhes o final da Divina Comédia.

Se a história o interessa, vale a pena dar um saltinho à singela igreja Santa Maria Antica, quase ali ao lado. À entrada deste pequeno templo românico encontrará os túmulos daqueles antigos governantes.

Dante Alighieri na Piazza dei Signori
Torre de Lamberti

O seio mais apreciado do mundo

Este roteiro não fica completo sem espreitar a Casa da Julieta na via Cappello. Os veronenses ainda se surpreendem com a quantidade de visitantes atraídos pela aura trágica daqueles amores. Cerca de 1600 grupos de japoneses fazem anualmente um desvio de poucas horas, entre Milão e Veneza, apenas para visitar o pátio.

Ao longo do dia, uma fila interminável de pessoas espera para “polir” o seio de bronze da donzela, esperando que o gesto traga sorte ao amor. Outros tantos esperam vez para entrarem na varanda, recriando vezes sem conta a cena em que Romeu desfia palavras de amor.

(…) But soft, what light through yonder window breaks?
It is the east and Juliet is the sun!
Arise, fair sun, and kill the envious moon,
Who is already sick and pale with grief

Para alcançar o famoso balcão é preciso entrar no museu, que contém mobiliário e trajes usados em várias versões do cinema e do teatro. No interior pode escrever-se uma carta a Julieta, num dos computadores para o efeito, mas a maioria das pessoas deixa bilhetes no longo túnel que conduz ao pátio. “Ti amo como il primo giorno – leio.

Interior da Casa da Julieta
Entrada da Casa di Giullieta

Não se sabe ao certo se a Julieta existiu realmente, apenas que existiam duas famílias rivais com nomes parecidos aos da trama. A primeira versão da história foi escrita por Luigi Da Porto em 1520. Depois inspirou poemas e peças de teatro, mas nenhuma ficou tão famosa como a de William Shakespeare.

Mas quem chega não procura veracidade. Talvez o mundo precise de uma Julieta, corajosa, inocente e apaixonada. É como se ela simbolizasse um mundo onde não se tolera viver sem amor. Obviamente o turismo local apropriou-se deste marketing, criando chocolates, souvenirs, um museu. Existe até um túmulo da Julieta, num convento da cidade.

Reserve uma produção Romeu e Julieta nas ruas de Verona

Interior da Casa da Julieta
Sala do correio da Julieta

Dicas úteis

Visitas adicionais: Para quem gosta de arquitectura religiosa, sugiro o percurso Chiese Verona, que inclui a visita a quatro templos católicos. São eles o Duomo (catedral), a Igreja de San Fermo, a Igreja de Santa Anastasia e a Basílica San Zeno. Se, como eu, não tiver tempo para visitar todas, escolha as duas últimas. A de Santa Anastasia por causa da beleza do interior. A de São Zeno porque ali repousa o padroeiro de Verona e uma das obras-primas do renascentista Andrea Mantegna.

Verona fica perto do lindo Lago di Garda. Um tour de algumas horas permite conhecer as paisagens do lago e ainda a pequena localidade de Sirmionne. Reserve aqui o seu tour até ao Lago di Garda e Sirmionne.

Como chegar a Verona:  nós alugámos um carro com a Rental Cars e pagámos 7,50€ de portagens entre Pádua e Verona. A alternativa será o comboio, rápido ou regional. O rápido demora 1h15 desde Milão (cerca de 28€/por trajecto). O regional demora cerca de 2 horas (13€/por trajecto). Pesquise horários e preços no site da Trenitalia.

Lago di Garda

Deslocar-se em Pádua: o percurso da estação de comboios até ao centro da cidade rende uma caminhada de 20 minutos. Quem vem de carro, saiba que é difícil e caro estacionar na cidade. Existem três grandes parques de estacionamento pagos, que podem não ser totalmente seguros, de acordo com vários relatos que li. Nós deixámos o carro no Parque da Piazza da Cittadella, a 2 minutos da Arena, sem percalços.

Onde ficar: Nós ficámos no Hotel Firenze, que está muito bem localizado, a apenas cinco minutos da Arena. O hotel possui alguns pequenos apartamentos com kitchenette, o que permite preparar refeições ligeiras (foi o que fizemos). Os hotéis cobram a taxa turística da cidade, que varia conforme a categoria do alojamento. Em Março de 2019, pagámos 2,50€ por adulto num hotel de 4 estrelas.

Onde comer: o único almoço em Verona aconteceu na Le Cantine de l’Arena, um espaço alegre e luminoso que faz pizza a metro. A refeição para 2 adultos e 1 criança ficou por 37€ (couvert que quase todos os restaurantes cobram, 2 pizzas, água, cafés e uma sobremesa)

Valores de Março de 2019