Atualizado em 16 Abril, 2021
Hoje conhecemos outra faceta da terra natal do “achador” do Brasil. Deixem que vos conduza por um Belmonte judaico, caso singular na Península Ibérica de permanência hebraica desde o início do século XVI até aos dias de hoje.
No post anterior – Belmonte dos Cabrais – afirmei que há dois grandes motivos para visitar esta pequena vila histórica. Primeiro: Belmonte é a terra natal do achador do Brasil. Segundo: tem uma vibrante comunidade judaica, que atrai visitantes de Israel e vários pontos do globo.
Esta pequena comunidade (talvez a primeira do país) já existiria no início da nacionalidade, levava aqui uma vida tranquila. Tornou-se próspera a partir do século XV, quando abrigou os judeus de Espanha, expulsos pelos Reis Católicos.
Pouco depois, D. Manuel I decretava igualmente a conversão obrigatória ao catolicismo em Portugal (1496), dando origem aos “cristãos novos”, pessoas que aparentemente seguiam os preceitos católicos mas que mantinham os seus rituais e tradições ancestrais em segredo. Um fenómeno de mera sobrevivência.
Da primitiva sinagoga resta apenas uma inscrição (1296). Outro templo surgiu entretanto, orgulhoso da antiguidade e resistência de uma comunidade que impregnou a história de Belmonte.
Na praça do Pelourinho, um candelabro de nove braços gigante (hanukkah) homenageia este grupo de crentes. Que continua bem presente em Belmonte, com um rabino a tempo inteiro e o seu belo Museu Judaico inaugurado em 2005.
O espaço testemunha a presença histórica dos judeus, as suas celebrações e costumes, honra a memória das vítimas das fogueiras inquisidoras e também do grande historiador Samuel Schwarz, que investigou todo o percurso da comunidade judaica na região. Apesar de pequeno, o Museu está muito bem organizado e é realmente bonito, com as suas vitrines azuis em forma de estrelas de David.
Na lojinha pode comprar-se várias lembranças alusivas ao Judaísmo. Estrelas de David, mezuzhas (para colocar no umbral das portas com uma pequena oração no interior), kippas, doces kosher…
Fiquei surpreendida com estes doces porque, no meu imaginário, as preocupações rituais judaicas com a comida se resumiam à carne e ao vinho. Em cada viagem tropeço na minha própria ignorância!
Gulosa como sou, não perdi a oportunidade para experimentar. Comprei um de frutos do bosque e posso dizer-vos que é muito bom. Já que é ritualmente puro, quero acreditar que não faz mal se eu comer duas grandes torradas com ele!
O interior beirão tem muitas aldeias históricas dignas de uma visita, mas nenhuma outra tem um passado ligado ao Judaísmo. O que acharam deste Belmonte judaico?
25 Comentários
Querida amiga Ruthia
Acabaste de me convencer a (re)visitar Belmonte -:)
Uma coisa me ocorreu ao ler-te : desde sempre (creio mesmo que desde tempos imemoriais…) o Homem teve dentro de si aquela vontade bárbara de dominar o seu semelhante.
Por que Espanha expulsou os judeus? Por que D. Manuel impôs a submissão dos mesmos ao catolicismo? Por que não deixar cada um ter as suas próprias convicções???
Este tipo de coisas contende-me com os nervos…
Mas enfim, o que interessa é que Belmonte é um local a visitar!
Bom fim de semana
Beijinhos
Querida Ruthia
Embora já conheça Belmonte, junto à Serra da Estrela, o certo é que uma visita guiada por si tem sempre outro sabor!
Quando lá estive, tomei conhecimento de que, para além das compotas e pastas Kosher, também há vinho,queijo e azeite.
Obrigada por publicitar locais portugueses com tanto interesse.
Parabéns pela sua preocupação em mostrar os interiores do Museu.
Beijinhos
Beatriz
Ruthia,
A culinária judaica é muito saborosa. Imagino o quanto estava boa aquela compota.
Adorei ler seu post! tenho raízes…
Bjs
Ruthia,
A segunda publicação sobre este pequeno cantinho do nosso país acabou de me convencer: vou lá visitar!
Gulosa como sou, o doce acabou mesmo por me convencer. hehehe!
Brincadeira à parte, parece-me mesmo um lugar que merece a visita!
Beijinhos!
Que lindo lugar e nós aprendemos muito contigo e deixamos de ser ignorantes em tantas coisas! vale sempre! bjs, lindo fds! chica
Adoro a culinária judaica, ela é especial!
Fiquei com água na boca com aquela geléia…
Um grande abraço e um ótimo fim de semana!
Bjusssssssss
Ruthia!
Muito bom poder conhecer outras religiões.
Viajo junto com você.
Que alegria poder vir agradecer a visita deita ao blog, volte quando quiser, receberei com carinho. Obrigada.
Desejo um final de semana carregadinho de luz e paz!
cheirinhos
Rudy
Blog Alegria de Viver e Amar o que é Bom!
“O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.”(Aristóteles)
Ruthia, querida, que delícia de texto, de viagem… e de torrada com esse doce de nome tão poético… amei!
😉
Oi Ruthia, uma aulinha de história pra todos nós e o lugar é lindo.
Abraços
A cada visita ao teu blogue também tropeço na minha própria ignorância, pois não sabia de nada do que relatas neste post.
Tenho que visitar Belmonte, estou definitivamente convencido que vale mesmo a pena ir lá.
Ruthia, tem um bom domingo e uma boa semana.
Beijos.
como sempre, me dá uma lição de história e conhecimento!!
passando para desejar uma semana iluminada, com muita saúde, amor e paz!!
bjs
tititi da dri
Ruthia,muito interessante sua postagem e uma beleza de lugar,onde se preservam as tradições judaicas. Gostei muito! bjs,
Olá Ruthia,
chegando por aqui e já encantada com essas interessantes passagens históricas.Fiquei bem curiosa sobre a cidade e suas tradições.
A geléia aparenta doces sabores.
Um abraço,
Calu
Olá Calu, seja bem vinda a este cantinho. Puxe de uma cadeira, sirva-se de um café, de umas torradas com doce… Enfim, sinta-se em casa!
Um abraço
Você me fez mais uma apresentação e me encantei com o lugar. Suas postagens trazem conhecimento e são muito bem elaboradas. Bjs.
Que lindo lugar amiga. Belmonte, não sabia que era terra Natal do nosso descobridor. Claro que atrás da cultura vem aquela comida local mara, né?! Você sempre me deixa desejando provar essas delícias rs!!!
Beijinhos e tenha uma ótima semana ^^
Té
Frutos do bosque deve ser bom demais mesmo, gostei do post e da dica.
Um museu interessante e pode-se notar peças raras com historia.
Nada como fechar saboreando uma delicia local.
Um abração amiga e bom fim de semana.
Beijo de paz
OI RUTHIA!
MUITO BOM, COMO SEMPRE VIR AQUI, CULTURA PURA.
O DOCE DEVE SER BOM E NA CERTA NÃO TE FARÁ MAL NENHUM.
NÃO FALASTE HOJE EM TEU FIEL ESCUDEIRO O "PEDRO".
ABRÇS
Lani, o Pedro estava comigo, como sempre. Mas ainda não tem uma real percepção do que um museu judaico significa, as diferenças entre religiões, etc. Foi a mim, que o Museu Judaico mais impressionou.
Um abraço, bom fim-de-semana
Ruthia meu anjo, perdi-me de ti de novo, desculpe, quando vi o seu carinho por volta de meu niver, pensei por que não fui mais lá? Bem vou mudar a lateral do blog, e postar todos os blogs que frequento, assim quando um fizer nova postagem eu ´já vejo e não perco mais ninguém, agora menina eu achei linda esta tua postagem, tenho muita curiosidade na história judaica, não sei o porquê, na verdade admiro a luta deles apesar das perseguições aos cristãos que eles também mataram de montão, nestas horas é que percebo a lei do retorno, dolorosa sim, mas é a forma do resgate, falei demais como sempre, beijos Luconi
Curiosamente, só no pós Abril é que a comunidade judaica de Belmonte se começou a assumir.
Um excelente post, Ruthia, a honrar uma comunidade que tão bem soube preservar as suas crenças e tradições.
Beijo 🙂
E eu tenho uma enorme vontade de visitar Belmonte! Fica um pouco longe daqui, a ver se consigo um dia destes 😉
Beijinhos, boas férias!
Nunca visitei e confesso que agora fiquei ainda mais curiosa…
Bjxxx
Olá Teresa, seja bem vinda. Por aqui gostamos de pessoas curiosas 🙂