Atualizado em 6 Janeiro, 2021
“Mulheres viajam sozinhas. Mesmo com medo”, escreve Amanda Noventa, na sua rubrica semanal do Estadão.
A colunista viaja sozinha com frequência, apesar dos receios. “Mesmo tendo coragem para fazer uma viagem assim, não tem jeito, sempre que chego no lugar me pego pensando o que estou fazendo lá sozinha. E isso é óptimo! Significa que meus instintos estão ligados. E o medo é uma excelente forma de protecção”.
Claramente, as mulheres (em viagem ou não) são mais vulneráveis neste mundo machista, sobretudo em algumas culturas patriarcais, onde são consideradas cidadãs de segunda, para não dizer pior. O caso da americana Sarai Sierra prova isso mesmo. O corpo da turista, de apenas 33 anos e mãe de duas crianças, foi encontrado nas ruas de Istambul, para onde viajara sozinha. Supostamente, um homem tentou beijá-la e sendo rejeitado, tornou-se violento.
Como a Amanda Noventa, a Sarai Sierra, as minhas amigas Tereza Perazza (brasileira) e Anna Nowakowska (polaca) e milhões de outras mulheres, não deixo de viajar por falta de companhia masculina. Com um agravante. Levo quase sempre um pequeno explorador (hoje com 11 anos) a tiracolo. O que complica as coisas se por acaso tiver que fugir. Mas também já estive completamente a solo numa aventura na China.
Como em tudo na vida, o único conselho que tenho para as mulheres em viagem é: haja bom senso! O facto de ser madrugadora e palmilhar muitos quilómetros ao longo do dia significa que, na maior parte dos casos, as energias escasseiam para aventuras nocturnas.
Uma boa pesquisa prévia sobre o destino é igualmente útil, para além da opinião dos locais. O recepcionista do hotel, a florista ou o rapaz que nos serve o café sabem melhor do que ninguém que locais evitar. Precauções tomadas, resta-nos relaxar e explorar este mundo maravilhoso!
Afinal, coisas terríveis podem acontecer aqui na esquina de casa. A única vez que fui assaltada (felizmente sem dar conta) aconteceu na feira de uma pacata cidadezinha portuguesa… E vocês, leitoras, aventuram-se sozinhas no estrangeiro? Já viveram alguma má experiência? Contem tudo.
Realmente viajar é perigoso… para o preconceito!
22 Comentários
Viajei por lá e circulei muito sozinha, mas não tive problemas. Ainda bem! E tu tens o explorador,rs Legal! bjs, chica
Opá… tinha de vir a história da feira :p A única vez que te levo à feira e fica uma memória para a posterioridade…
Inocentes que éramos naquela altura 🙂
Achas? Olha que não sei…
Infelizmente mulheres são vítimas perfeitas para os vilões de plantão, temos mesmo que ter muito cuidado, mas sem entrar na paranóia.
O lugar onde me senti realmente mal devido à minha condição de mulher foi no Egito, e lá eu não iria de jeito nenhum sozinha. Algumas mulheres levam na brincadeira o assédio masculino lá, mas eu levo a sério e não dou besteira. Isso que nem fui sozinha, mas de vez em quando o meu marido fica meio perdido lá atrás ou em outra rua fotografando ou olhando um detalhe enquanto eu avanço…
Na Malásia me senti mal com os olhares dos taxistas, nunca pegaria um taxi sozinha lá!
Já na China e Tailândia em nenhum momento tive medo, iria tranquilamente sozinha.
Olá Milena, seja bem vinda aO Berço.
Senti exactamente o mesmo no Egipto. Lembro que o meu marido ficou a enviar um email à família, a dizer que estávamos bem, na Biblioteca de Alexandria e eu pensei "não vou perder o meu tempo aqui à espera" e fui explorando. Não fui longe. Os olhares tornaram-se de tal forma intrusivos que eu voltei em dois tempos para ao lado do meu marido. Fui repetindo "despacha-te, vá lá"….
Não fui à Malásia ainda, mas fica o seu aviso registado 🙂
Muito obrigada pelo seu testemunho!
Um abraço
Já Ruthia, há 25 anos fui para a Alemanha, sozinha, sem falar a língua e sem 1 dolar no bolso!!! loucura total que foi altamente positiva e inesquecível, pois ia de encontro ao amor da época, que morava na Europa e estava na Alemanha naquele período. Sai sozinha na cidade, enquanto ele trabalhava, e contando as quadras/quarteirões, voltei sã e salva para o hotel!!
Hoje sou mais precavida, até porque o filho me deixa mais com os pés no chão… mas sei que vou me aventurar (de maneira light, claro) quando estiver por ai!!! Até bre… faltam menos de 4 semanas!! bjs
Felizmente, das viajens só posso contar boas experiências! 🙂
Sei bem como é isso. Já viajei sozinha e o povo é mesmo muito preconceituoso mesmo. Mas divirta-se sempre com o seu pequeno!
Beijos
Adriana
Felizmente as mentalidades começam a mudar. Mas ainda me lembro ter de ir ao casamento de uma amiga sozinha, há uns 6 anos, porque o meu marido estava fora a trabalho e fui olhada como um "bicho estranho". Como se não tivessemos o direito à existência (ou mesmo a assistir ao casamento de uma pessoa que nos é querida) por falta de companhia…
Nunca me aventurei sozinha, mas uma vez vim sozinha num voo de regresso a Portugal: mudaram o terminal e eu, cabeça no ar, ia entrando num avião com destino a um país africano…
Beijinhos, bom domingo 🙂
Sozinha, não. Mas, sozinho, já 🙂 Podemos é falar dos viajantes, tanto mulheres como homens, que muitas vezes se aproximam de nós para terem companhia para os "day-tours". Na maioria das vezes, notamos claramente que procuram alguma segurança e salvaguarda das complicações que podem advir de andarem sozinhos por lugares menos seguros. Embora nós sejamos apologistas da filosofia "olho aberto e pé ligeiro". Se tiver as devidas precauções, nada impede uma mulher de viajar sozinha! É até de valorizar!
Ruthia nunca gostei de sair sozinha, e não por medo, não gosto só isso, como desde que meu Luiz partiu fiquei só, então não saio, até para ir ao mercado demorei uns seis meses para fazê-lo sem sentir vontade de chorar, mas acho que todos devem tomar cuidados ao viajarem a lugares desconhecidos, homens ou mulheres, beijos Luconi
Nunca me aventurei sozinha pelo estrangeiro, Ruthia e, a cada notícia alarmante me quedo mais temerosa de o fazer.Conforme vc bem o disse, o perigo mora ao lado e nem é preciso que estejamos em terras estranhas, porém, parece que o conhecimento da língua e de certas familiaridades locais dão um certo conforto e mais confiança…talvez.
Apesar de tudo, ainda sou uma adepta de grandes e pequenas explorações deste mundo vasto mundo.
Bjos aos dois.
Calu
Ruthia,
Eu viajei sozinha para poucas cidades na Europa, mas nenhuma delas me fez sentir insegura, o unico frio na barriga, acredite, era de me atrapalhar nos aeroportos. Claro que na Alemanha contei com minha mãe que fala fluentemente, visto que não era facil encontrar alguem que falasse comigo ao menos em ingles. Indo à Praga conheci um casal de Colombianos que viajaram cerca de 40 dias por muitas cidades europeias e só falavam espanhol. Disseram que só ficaram em apuros uma unica vez, o restante deu para levar e curtir. Claro, que dependendo da cultura, da situação civil do país, fica arriscado. Existem países que eu não iria (alguns nem mesmo acompanhada).
Bjs
Olá, Ruthia.
Não tenho receio de viajar sozinha, Já o fiz muitas vezes. Os perigos estão em qualquer lugar. Só não viajo mais porque o trabalho não permite, mas quando me aposentar, espero compensar o tempo perdido.
Beijos para você e seu pequeno explorador.
Ruthinha, eu confesso que tenho medo sim de viajar sozinha, dificilmente me aventuraria, viu?! Já viajei com minhas amigas, mas sozinha não!!!
Beijinhos, Té
Querida Ruthia
Já viajei só com a minha filha,quando ela tinha doze anos.
Houve um episódio insólito,nessa altura. Estava num bom hotel e fomos a uma ourivesaria,em transporte do hotel.
À saída,dois «gorilas»,(assim chamamos aqui a 2 homens muito fortes)estavam encostados com um pé na parede e o outro no chão.Como o transporte não pode estacionar junto da ourivesaria,tivemos de percorrer um bom bocado a pé e atravessar uma avenida de 4 faixas de cada lado.Os homens seguiam-nos sempre:se andávamos mais depressa,apressavam o passo; se andávamos mais devagar,faziam o mesmo.Comecei a ficar assustada,metemo-nos bem no meio da multidão e lá chegámos ao nosso transporte,sãs e salvas.Ao chegar ao hotel, o recepcionista quis saber se tudo tinha corrido bem:quando lhe contei,disse-me que se tratava de 2 seguranças,que lá estavam propositadamente para nos protegerem,após termos feito as compras…
Achei que nos deviam ter avisado antes, e não depois. Hoje rimo-nos do sucedido.
Mais tarde,na Tunísia, já com a minha neta,queriam ficar-me com a filha em troca de 100 000 camelos.Soube mais tarde,também,que havia reagido exactamente como devia.Foi o que nos salvou.Também acho que nos deveriam ter prevenido…
Continuarei a viajar nas mesmas circunstâncias,pois é uma actividade que me seduz.Assim tenha oportunidade e possibilidades.
Gostei muito do seu texto.
Um beijinho
Beatriz
A minha primeira , e única,viagem sosinha foi a Portugal, com uma "esticadinha", de trem (comboio) do Porto a Madrid. Não gosto de viajar só, quero compartilhar as emoções. Viajei muito com meu marido, enquanto ele existiu ao meu lado. Agora, viajo com o filho, nora e outros…Quanto aos perigos nas viagens, sem uma companhia, elas existem, principalmente para mulheres…Nas suas viagens com o Pedro, certamente, você "se cerca" de todos os cuidados, Ruthia. Mesmo em grupos, não estamos livres dos perigos. Não se deixa de viajar, por causa de "possíveis" perigos, a não ser em "zona de guerra", ou algo que assim….Viajar, é o o melhor "investimento" que se faz na vida!
Um beijo,
da Lúcia
P.S.
Tenho espaçado mais as minhas publicações e "viagens" na blogosfera: razões diversas…
Passando para te desejar um bom final de semana.
Abraços
Olá, querida
Já sim e deu tudo certinho… a primeira vez foi há 40 anos (com dois filhos) e agora, vou sem problema algum pois pra onde vou tenho sempre como chegar bem e ir pra lugar seguro…
Bjm fraterno de paz e bem
Não gosto de viajar só, mas isso nada tem a ver com medo de violência ou de perigos outros. Compartilhar sentimentos, impressões, passeios… é prazeroso. Costumo fazê-lo em companhia de minha irmã ou de alguma amiga. Os monstros não atacam apenas quem está só. Penso que a motivação reside no espírito aventureiro. Você vive experiências magníficas e percebo seu prazer em viajar. Abre um enorme leque cultural e apresenta o mundo a seu filho, o que é muito belo e frutífero. Bjs.