Atualizado em 5 Fevereiro, 2021
O mosteiro de Tibães, em Braga, foi outrora um dos mais ricos e poderosos do norte do país. Esta jóia rara do barroco oferece momentos de rara tranquilidade, graças à distância do centro da cidade.
O jornal britânico Telegraph seleccionou várias pérolas europeias, lugares que se destacam pela sua autenticidade e beleza, mas que não são muito conhecidos pelos turistas. Atrevo-me a dizer que continuam maravilhosas, em parte, porque ainda não conhecem o peso esmagador do turismo. Três cidades portuguesas surgem nesta lista: Guimarães, Braga e Tavira.
O Berço dedicou já vários posts a Guimarães, ou não fosse este o lar onde invariavelmente regressamos. Pelo que hoje vos propõe um tesouro bracarense. Ou seja, este post é uma espécie de matryoshka, um segredo dentro de um segredo. O nome desse segredo chama-se Mosteiro de S. Martinho de Tibães e fica a cerca de seis quilómetros do centro de Braga.
Uma distância curta mas que é suficiente para isolar esta que foi a casa-mãe da ordem Beneditina em Portugal e no Brasil do séc. XVI até à extinção das ordens religiosas, no século XIX. Foi também um dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte do país.
Um imponente cruzeiro renascentista recebe os visitantes que se aventuram por estas terras rurais, abundantes em água, campos de milho e estradas empedradas. A fachada do edifício, apesar do tamanho, nada tem de extraordinário. Mas os historiadores dizem que o mosteiro tem um”extraordinário significado histórico, artístico e cultural”. Pelo que lhe damos o benefício da dúvida.
Espectacular exemplo de talha rococó
De facto, no interior e nos jardins escondem-se algumas maravilhas dignas de serem vistas. É o caso do altar-mor da igreja, descrito como um dos “mais espectaculares exemplos conhecidos de talha rococó”, o órgão barroco, os azulejos do claustro e as cadeiras do coro cheias de relevo. Nota mental, não mexer nas cadeiras durante a missa. Não sei o que é pior, se o susto que o estrondo provoca, se a vergonha de ver tantas cabeças viradas na nossa direcção.
Parece que a sua importância se deve também ao facto de ter sido o estaleiro-escola de grandes arquitectos, mestres pedreiros e carpinteiros, entalhadores e outros ores (como douradores e escultores) importantes na arte portuguesa dos séculos doirados de setecentos e oitocentos.
Mas não vos vou maçar com datas e factos históricos. O lugar pode ser apreciado também e apenas porque é um lugar bonito e tranquilo.
Porque não juntar o útil ao agradável e conhecer o mosteiro de Tibães durante uma das suas actividades culturais? Sim, porque o espaço é regularmente animado com espectáculos, concertos, exposições de fotografia, yoga, desfiles de moda, programas de férias infantis, até já acolheu uma festa da revista Caras…
Deixo-vos algumas imagens de uma manhã de domingo feliz numa das muitas pérolas desconhecidas da Europa.
Site do mosteiro aqui | Bilhete: 4€ (adulto), 2€ (estudantes, seniores e portadores do cartão jovem), grátis para crianças até aos 12 anos (preços de março de 2019)
Dica: a entrada é gratuita para residentes em Portugal todos os domingos e feriados até às 14h
26 Comentários
Olá, Ruthia
Fui seguindo as suas sugestões e visitei dois dos seus posts anteriores.
Gostei muito do passeio ao Mosteiro de Tibães, em Braga. Conheço Braga e também já andei por lá com espírito aventureiro. Fiz da cidade o meu quartel-general e dali partia para visitar as cidades próximas, acontecendo nessa altura a visita a Guimarães, Viana do Castelo e outras.
Não conhecia o Mosteiro de Tibães e aceito agradada o convite para uma visita quando for para aqueles lados. Fiquei encantada com o seu texto e as fotos. Muito obrigada.
Bj
Olinda
Cara Olinda, um dia que volte para estes lados, diga-me. Terei com certeza várias sugestões para si e, quem sabe, um chá e uma longa conversa…
Beijinhos
Muito obrigada, Ruthia. 🙂
Bj
Olinda
Belíssimo lugar. Porém, fatos históricos não são maçantes!!! rsrsrsrsrssssss
Também espero por dias melhores.
Lamento desapontá-la, minha querida, mas para a maioria das pessoas, desfiar factos históricos é deveras maçador. Sei que não está incluída nesse rol, mas somos, claramente, aves cada vez mais raras….
Beijinhos
Nunca fui a Tavira embora conheça grande parte do Algarve, Conheço Braga, E já visitei este Mosteiro, do qual gostei muito. Estive em Braga uma semana e visitei algumas cidades perto. Guimarães, só a zona, do castelo e a mata com o Santuário da Senhora da Penha. E Viana do Castelo. Aqui a cidade e também o Santuário de Santa Luzia.
Um abraço
Tavira é pequenina e muito simpática. Tem tudo, rio, mar, património e aquela pacatez das cidades pequenas que lembram mais o Alentejo do que o Algarve em pleno Verão.
Beijinhos
Muito bom acompanhar voce nas suas viagens e aula de historia.
Voce sempre se preocupa em nos colocar no tempo.
Belas imagens e achados amiga.
Nós os mineiros estamos de luto mesmo pela irresponsabilidade ambiental e queria crer na recuperação do Rio Doce, mas como sou da região e já vi vários rios morrendo fica bem difícil amiga.
Uma semana de paz e mais alegrias.
Meu carinho no abraço e beijo paz amiga.
Eu vi a notícia sobre a lei que a Presidente alterou, considerando que o colapso de uma barragem podia ser considerado desastre natural!??? É isso mesmo? O facto está a provocar polémica?
Abraço, amigo mineiro
Ruthia,
enquanto não posso realizar o sonho de conhecer alguns lugares, viajo atraves das postagens estupendas com dicas e fotos. Acho que já lhe disse, Guimarães e Braga são berços paternos.
Bjs
Querida fadinha, já me tinha dito sim. Reitero o convite para se vir encantar com esses berços… um dia é preciso sair do mundo dos sonhos 🙂
Beijinhos
Portugal é lindo e há tanto para descobrir.
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
Com certeza, Isa. Seja bem vinda, espero que se sinta "em casa". Irei visitá-la também, logo que me seja possível
A simples menção de Braga e Guimarães lembrou-me, de imediato, a perpetuidade. Da beleza e do bem-estar, sem qualquer dúvida, mas também do bairrismo, perpetuado numa rivalidade de antanho. Se os bracarenses argumentam com a preferência de romanos e arcebispos, os vimaranenses escudam-se, de braços abertos, na ideia de berço afonsino. De qualquer forma, para lá das tricas locais, o Minho é mesmo para visitar e revisitar, vezes sem conta. E não interessa se vens, ou Tibães.
A prosa está cada vez mais aprimorada, Ruthia. Parabéns!
Um beijinho 🙂
Ai, as rivalidades minhotas são uma espécie de tragédia grega, muito espectáculo e pouco sentimento. Acho eu.
Muito obrigada pelo elogio, amigo poeta.
Abraço
Olha só que sorte a minha, Ruthia, pois, aqui vim justo num domingo apreciar convosco essas significativas paragens bracarenses.Fiquei impressionada com os detalhes da arquitetura do mosteiro.Os arredores também são muito convidativos.Estou apreciando muito esse " nosso passeio".Obrigada por mais esta página atraente e elucidativa.
Belo domingo e ótima semana pra ti.
Bjo,
Calu
É sempre convidada para participar dos nossos passeios, querida Calu. Doce domingo, doce semana, também para você
Já visitei este mosteiro. Merece de facto um post! 🙂
Beijinhos, boa semana, Ruthia! 🙂
Certamente um lugar que eu gostaria muito de visitar em minha próxima ida a Portugal!
Gosto muito de mosteiros e suas histórias infinitas. Certos lugares guardam uma magia incrível, e só mesmo indo lá para sentir esta vibração! Ainda bem que aí as distâncias não são tão longas, fácil de planejar… o que seria impossível aqui no Brasil!
Beijinhos Ruthia
Bia <°(((<
Verdade, Bia. Por aqui há muito património e história por metro quadrado. Por outro lado, o Brasil tem outras riquezas que aqui não encontramos, como biodiversidade e plantas exuberantes, e calor e alegria…
Finalmente consegui tempo para vir ler este post. Desde já estás perdoada pela minha pseudo foto. O Mosteiro é realmente espectacular e ao qual não me importava de voltar um dia destes. Acho muito bem que avises os incautos visitantes para não mexerem nas cadeiras durante a missa… sim, porque ver aquelas cabeças todas a voltarem-se para nós é assustador…
No fim disto tudo só tenho a acrescentar que para mim omitiste um facto essencial para esta visita. As belas festas que os monges faziam em redor dos balcões da Heineken… sim, porque eu tenho fotos disso 😀
Um beijo enorme minha querida!
Hahaha, vais dar má fama aos monges! Mas, sim, na verdade os jardins não deixavam grandes margens para dúvidas, há para lá raves numa base periódica. Perdoas a foto porque estou em grande plano a fazer figuras tristes. Enfim, sou feliz assim!!!
Beijnhos
Má fama? Claro que não. Ficam é com fama de divertidos e bué da fixes e coisas que tal… nunca mais ninguém pensa neles como seres enclausurados que fugiram do mundo 😀
Lembro-me de quando a foto foi tirada, pelo Pedrinho… e isso é outra das razões que gosto da foto.
Beijo grande
Boa tarde, na verdade existe muitas jóias escondidas em Portugal, principalmente para os portugueses.
AG
querida Ruthia, que lindo lugar e fico feliz em saber que as duas cidades portuguesas estão na minha lista para quando formos, Ali e eu , em 2017 para terras lusas e catalãs!
Sim, triste tragédia em Paris e e aqui no Brasil… infelizmente as águas contaminadas já chegam à Bahia por estes dias… um pecado… culpa do ser humano, que é mais que desumano!! Culpa do governo, que faz besteira após besteira e só pensa em encher o próprio bolso…isto aqui no país tupiniquim…e pasmem, um absurdo o que estes loucos fanáticos fizeram e ameaçam fazer na França e em outros países, inclusive no nosso Cristo Redentor… Os homens estão tão vazios que só conseguem enxergar o próprio umbigo… e destroem a história da humanidade, alegando que suas crenças ditam isto e aquilo… mas resta-nos a esperança de dias melhores.. como tudo, vai passar e sol voltará a brilhar! bjs
O Mosteiro de S. Martinho de Tibães é incrivelmente lindo por dentro e por fora, pelo que vejo nas imagens! E pensar que vivi 1 ano e tal em Braga e não fui lá…
Beijinhos e boa semana 🙂