Atualizado em 17 Fevereiro, 2021

No primeiro dia de Março de 1493, a Caravela Pinta chegava ao porto de Baiona, com uma emocionante notícia: o descobrimento da América. Ainda hoje a vila comemora a Fiesta de la Arribada, no primeiro fim-de-semana daquele mês

A sul das rias Baixas, protegida do mar aberto por uma acolhedora baía, a pequena Baiona transforma-se nos meses de Verão. Os turistas enchem as suas praias e o passeio marítimo, cruzando-se com os peregrinos que rumam a Santiago de Compostela. O caminho português da costa foi oficializado pelas autoridades galegas apenas em Agosto de 2016, mas desde a Idade Média que se usa este trilho de fé.

Quase 115 km separam o peregrino do seu destino, mas Baiona é um lugar agradável para uma pausa no caminho e para descansar o olhar na imensidão do mar junto da fortaleza. Ali pode assistir ao pôr-do-sol escandaloso junto da Virgen de la Roca, visitar a réplica da caravela Pinta, que atracou nestas águas sob o comando do capitão Martín Alonso Pinzón, ou perder-se no casco antiguo.

Aceito a sugestão e percorro o centro de Baiona, que é tudo o que se espera de uma cidade história galega: casas de pedra com belas varandas de ferro, igrejas seculares, cruzeiros e fontes nas praças, ruas estreitas, empedradas (e apinhadas de mesas dos restaurantes).

Mas não é preciso caminhar muito para encontrar calles mais tranquilas, aproveitando a frescura do interior da Igreja de Santa Maria da Baiona e, um pouco adiante, da singela capela de Santa Liberata, a mártir baionesa. Esta capela foi construída no século XVII, por vontade popular, em honra da primeira mulher crucificada no mundo. A cena da crucificação fica num lugar central, no retábulo, e uma série de medalhões em alto-relevo recordam ainda o martírio das suas oito irmãs.

Porque está feita a digestão e o apelo do mar é grande, tomo o Paseo de Monte Boi, que circunda grande parte da fortaleza Monte Real, para conhecer várias praias: a praia da Concheira, com o areal repleto de pedras e conchas, a minúscula e escondida praia dos Frades, a praia da Barbeira… Ao largo, as famosas ilhas  Cíes  lançam o seu encantamento.

Terminamos na praia da Ribeira, mais uma com bandeira azul e, para além disso (pasme-se), livre de fumo. Isso mesmo. Quem quiser fumar, deve sair da praia. Adorei! Aguardo ansiosamente a importação do conceito para algumas praias portuguesas!

Dali temos vista para a fortaleza bimilenar, que ao longo dos séculos abrigou celtas, fenícios e romanos e hoje acolhe um notável parador (construções históricas convertidas em hotéis). E a dois passos fica a marina, onde repousa plácida a réplica da Caravela Pinta, que integrou a expedição de Cristovão Colombo na viagem em que, navegando para oeste pelo Oceano Atlântico, veio a descobrir o continente americano.

Era a melhor e mais rápida embarcação da expedição: foi a bordo dela que, a 12 de Outubro de 1492, primeiro se avistou o Novo Mundo. Baiona, por sua vez, foi o primeiro porto europeu a receber a notícia, como atesta um mural de azulejos sobre a caravela. Uma réplica foi construída no quinto centenário do descobrimento, funcionando hoje como museu.

Termino o dia com o tal escandaloso pôr-do-sol, subindo até à Virgen de la Roca, a uns meros cinco minutos do centro. Do alto dos seus 15 metros, a virgem em granito, mas com rosto de mármore e coroa de porcelana, reina sobre o monte Sansón desde 1930. Na mão direita, segura um barco/mirador, porventura em sinal de protecção dos marinheiros e peregrinos.

Localização: Baiona fica na Galiza, a cerca de 20 km de Vigo e 150 km do Porto, sendo um dos pontos de partida/chegada para as famosas Ilhas Cíes.

Caravela Pinta: aqui | horário sob consulta | Bilhete: 2€

Mirador da Virgen de la Roca: ter-dom: 11h-14h, 16h-20h | 1,5€ (Verão de 2017)