Atualizado em 7 Outubro, 2021
A capital francesa espera-nos, sedutora, para um fim-de-semana romântico digno de uma comédia romântica de Woody Allen. Bienvenue ao nosso roteiro de Paris, a cidade da moda, da arte e da gastronomia
Bien sûr, não se conhece a cidade num fim-de-semana. A sua história, património e programação cultural podiam reter-nos tempos infinitos, como aconteceu a Hemingway (autor de Paris é uma Festa), a Picasso e, sobretudo, a James Joyce que chegou para uma visita de duas semanas e ficou duas décadas.
Mas nem toda a gente pode ter a boémia vida dos artistas e em dois dias já se desenferruja o francês aprendido no liceu. Viens, que o tempo é escasso para tudo o que Paris tem para nos oferecer. Começamos este roteiro no coração do coração: a Île de la Cité, em pleno rio Sena.
DIA 1: Notre Dame, Sainte-Chapelle, Pont des Arts, Louvre, Place de la Concorde, Église de la Madeleine, Arco do Triunfo e Torre Eiffel
Começar o dia na Notre Dame é um privilégio. Em frente à Catedral fica o ponto zero, a partir de onde são calculadas as distâncias em França. Dali começamos já a contemplar as torres altíssimas. Mas o melhor é vê-las de perto, vencendo os 387 degraus em caracol até aos domínios do sineiro Quasimodo e das famosas gárgulas.
Depois de se deslumbrar com a paisagem e visitar o enorme sino “Emmanuel”, desça para visitar a catedral, olhando (com olhos de ver) os detalhes da fachada, como um anjo decapitado na coluna de estátuas central, e o interior magnífico.
Seguimos depois para a Sainte-Chapelle, uma das igrejas mais belas do mundo, construída por Luís IX para conservar as relíquias da Paixão de Cristo. A Capela baixa tem um tecto de um azul profundo enfeitado de flores-de-lis doiradas, enquanto a monumental Capela alta tem vitrais com 1113 cenas bíblicas. A luz filtrada pelas cores dos vitrais dão ao interior uma luminosidade incrível (leiam o post da Márcia Picorallo, do blog Mulher Casada Viaja, sobre a Santa Capela aqui).
Allons-y agora pela Pont Neuf, que por ironia é uma das mais velhinhas da cidade, caminhemos ao longo do Sena curtindo as bancas dos bouquinistes repletas de livros e gravuras antigos até à Pont des Arts, em tempos pejada de cadeados. A prática de trancar o amor era altamente perigosa para a ponte e para os barcos que navegavam por baixo: em 2015, quando foram retirados, pesavam 45 toneladas! Hoje a ponte está mais clean e tem uma vista linda sobre a Île de la Cité.
Dali ao Louvre é um saltinho, como prova a fotogénica pirâmide de vidro ao virar da esquina. Para quem está pela primeira vez na cidade, é obrigatória uma visita breve, para o que precisará comprar o bilhete online, porque as filas são quilométricas.
Também é preciso um plano: conheça a Vitória de Samotrácia e a desmembrada Vénus de Milo, a minúscula Mona Lisa e outras telas famosas como A Liberdade Guiando o Povo e Coroação de Napoleão (todas no piso 1) e prossiga, sem remorsos ou pena do que ficou para trás. Se parássemos 10 segundos em cada obra do museu, ficaríamos lá 4 dias…
Cruzando o pequeno arco rosado – Arc de Triomphe du Carrousel, comemorativo das vitórias de Napoleão – entramos oficialmente nos Jardins de Tuileries com as suas belas esculturas de Rodin e Giacometti, árvores e lagos.
Almoçamos aqui, ao jeito parisiense de picnicar, antes de seguirmos até à Place de la Concorde, onde tantas vezes desceu a guilhotina durante a Revolução Francesa, incluindo para decapitar Luís XVI e a sua Marie-Antoinette. Mas quem se lembra do passado sangrento perante o obelisco de Luxor, com mais de três mil anos, a Fontaine des Mers e a Fontaine des Fleuves?
Fazemos um pequeno desvio para revisitar a pacífica Église de la Madeleine, antes de desbravarmos uma das ruas mais cobiçadas do mundo – oh Champs-Élysées – onde as maiores marcas de moda e joalharia exibem a sua griffe.
Os preços das montras não se adequam à nossa carteira, mas o Arco do Triunfo já espreita no horizonte. Com tempo (e dinheiro) pode subir ao terraço do maior arco do mundo e desfrutar duma das vistas mais populares da cidade luz. Por baixo, fica o Monumento ao Soldado Desconhecido.
É tempo de apanhar o metro até aos Jardins do Trocadero, para uma vista maravilhosa sobre a Torre Eiffel, o monumento mais visitado do mundo. As multidões para a bilheteira são intimidantes, portanto tente comprar a entrada online (missão quase impossível, nós não conseguimos). Subimos até ao segundo piso da dama de ferro, a tempo de apreciar um belo pôr-do-sol. No Verão, também é agradável sentar-se no Campo de Marte a beber algo fresco.
DIA 2: Quartier Latin, Palácio e Jardins de Luxemburgo, Les Deux Magots, Musée d’Orsay, Invalides e Monmartre
Começamos o segundo dia na margem esquerda do Sena, no animado Quartier Latin, com os seus cafés, restaurantes e bistrots, com os estudantes da Sorbonne e inúmeros edifícios interessantes. É o caso da Shakespeare & Company, o meu lugar preferido em Paris, que o The Guardian chamou de “utopia socialista mascarada de livraria”, onde os livros até ao tecto são misturados com avisos como “deixe o gato dormir, esteve a ler toda a noite”.
Vencemos uma severa subida até ao elegante Panthéon, um imponente edifício neoclássico que é morada eterna de franceses notáveis como Voltaire, Rousseau ou Alexandre Dumas (leia também Panteão de Paris, morada eterna de “grands hommes”). Os nossos pré-adolescentes ficaram algo incomodados com o ambiente sisudo e vieram curtir o sol nas escadarias, enquanto eu explorava o espaço com calma.
Já dos Jardins de Luxemburgo, a uma avenida de distância, foi difícil arrancá-los. É verdade que este é um oásis de tranquilidade e, para além disso, tem relvados assinalados onde nos podemos estender, ao contrário de alguns jardins parisienses.
Inspirado nos Jardins Boboli em Florença, o parque tem mais duma centena de estátuas, um lago onde as crianças podem lançar os seus barquinhos e uma fonte monumental. Tudo isto é apenas uma introdução ao Palácio Real de Luxemburgo, que hoje acolhe o Senado de França.
Depois do almoço, siga até ao histórico Les Deux Magots (o nome deve-se às estatuetas chinesas que enfeitam o interior), no coração do bairro boémio de Saint-Germain-des-Prés, onde muitos escritores e artistas estrangeiros moraram no século passado.
Há ainda uma elite que tenta preservar a sua autenticidade contra a invasão turística provocada pela fama literária (Paris é uma Festa, uma vez mais, a culpa do Hemingway que foi frequentador deste café) e cinematográfica (Meia Noite em Paris).
Nós sentamo-nos na esplanada para um longo café – 15,70€ por dois cafés expressos e uma Perrier com gás de 33cl – observando pelo canto do olho duas requintadas francesas de cabelos grisalhos que almoçavam ao lado. Oh, gente chique!
A tarde reserva mais arte, ou não fosse Paris um centro artístico e cultural ímpar, com centenas de monumentos notáveis e museus de classe mundial. Depois de termos travado conhecimento com a Gioconda no dia de ontem, vamos visitar Monet, Degas e Renoir no Musée d’Orsay, um sonho impressionista que importa limitar a um par de horas, com a promessa de um dia voltar.
Dali seguimos para a Esplanade des Invalides, uma grande praça ajardinada dominada pelo enorme monumento militar de cúpula dourada, planeado por Luís XIV para cuidar dos inválidos e feridos de guerra, onde hoje repousa o túmulo de Napoleão Bonaparte. Caminhamos novamente em direcção ao rio, para nos embevecermos com os quatro cavalos alados da mais bonita ponte de Paris: a ponte Alexandre III.
Terminamos este fim-de-semana no bairro de Monmartre, o bairro artístico por excelência, onde tantos pintores geniais criaram lindas obras de arte. Absorva o espírito artístico, deixe um dos inúmeros artistas da Place du Tertre fazer o seu retrato ou caricatura em apenas uns minutos, enquanto observa os detalhes inconfundíveis desta Paris boémia e despreocupada que encantou Picasso e Modigliani.
Se tiver tempo, desfrute do pôr-do-sol desde a alvíssima Basílica do Sacré Coeur (segundo ponto mais alto da cidade de Paris, logo a seguir à Torre Eiffel) e murmure um “à bientôt, Paris”.
Se tiver mais dias, dê um saltinho à Disneyland Paris, vá a Versalhes, dê um passeio de bateau-mouche pelo Sena, desfrute dos museus com a calma que merecem ou perca-se simplesmente pelas ruas de Paris. A minha amiga Klécia, do blog Fui ser Viajante, propõe ainda Bate e volta de Paris: 16 destinos maravilhosos e como chegar lá!
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37 Comentários
Ruthia, obrigada pela menção do Mulher Casada Viaja, é uma honra estar aqui no Berço.
Parabéns pelo roteiro! Conseguiu fazer bastante coisas em apenas 2 dias. E o miúdo, gostou?
O Pedrinho gostou e já tem um zilião de planos para quando voltarmos a Paris
que fofo!
Fui lá ver o blogue Mulher Casada Viaja.
Gostei de passear consigo por Paris.
Abraço e bom domingo
Fez muito bem. A Márcia é uma viajante muito charmosa
Ah, Paris! <3 Uma das minhas cidades preferidas no mundo… já estive algumas vezes por lá e penso que ainda voltarei muitas outras. Acho que é daqueles lugares que nunca se conhece por completo… sempre falta uma coisinha. O que é uma ótima desculpa para os repetecos, claro! Hahah…
Adorei o post! Fiquei com aquela apertinho de saudade, sabe? 🙂
Concordo, há sempre muitos e bons motivos para voltar
Verdade que muito mais há para ver e sem ter de se socorrer do outro olhar, esse que aos olhos de todos aparece, mas muitos podem fazer crer não ver 🙂
O primeiro dia deste roteiro é o que mais me cativa, embora não me importe nada de fazer também o segundo.
Entre outros lugares, aconselho também uma visita à torre de Montparnasse, é imperdivel não ir assistir de lá a um pôr do sol e uma vista a 360º à nossa volta de toda a Paris. Outros locais como é óbvio existem e só me dá sdaudade e em breve regressar, afinal, Paris apeteces-me sempre!
Bjs Ruthia.
Rui
Olhar d'Ouro – bLoG
Olhar d'Ouro – fAcEbOOk
Gostei bastante de teu recorte na cidade. Eu fiquei 15 dias na cidade e deixei muita coisa para visitar. Paris oferece muitas opções!
😉
15 dias é um sonho mas, como estamos aqui mais perto, podemos ir aproveitando aos poucos!
Para quem tem pouco tempo para conhecer Paris este é um ótimo roteiro, passa por vários pontos importantes e bem legais de se visitar. Gostei!
Ficou muita coisa por ver e explorar, mas a vida é feita de escolhas, né? Abraço
Esse roteiro super facilitou! Obrigada por compartilhar! Passa por vários pontos chaves em pouco tempo! 🙂
Ah Paris…é lindeza demais para uma cidade só… Belas dicas de passeios em pontos que não podem faltar em nenhum roteiro.
Que passeio lindo! Desconfio que Paris me encantará, mas passeando com você pude sentir desde já um pouco do aroma e da poesia desta bela cidade. Um sonho conhecer o Louvre e tantos outros lugares, mas passeando por seu belo texto (como sempre alias) fiquei a imaginar que em primeira visita à cidade, talvez eu queira apenas senti-la, caminhar por ela, ver seus elementos, sem visitar nada. Ou talvez, eu me deixe dominar pela ansiedade e queira visitar tudo! Não sei, acho que tenho que ir para saber e quando o fizer, tenho uma certeza: este texto estará embaixo do braço. bjus
Nessa história de viajar (e viver, já agora) cada um faz o que gosta ou o que tem vontade. Deambular sem rumo numa cidade estrangeira é um passatempo maravilhoso
atualmente quero mais é me perder pelas ruas de qualquer local nesta Europa maravilhosa, que enche de saudades e melancolia… amei a lição de história.. mesmo que a passos rápidos, deu para agregar novos conhecimentos… bjs
Foi bem a passos rápidos, desta vez, Dri. Mas são apenas sugestões para cada um adaptar aos seus gostos e vontades
Adorei o seu roteiro! Muito parecido com o que fiz quando estive pela cidade. Abs
Que legal amiga, um roteiro bem programado e assim com belas dicas numa bela postagem de generosidade da bela Paris. Já li sobre a igreja e imagino a beleza real.
Grato Ruthia.
Meu terno abraço
Gostei do Roteiro! sempre que vou pra Paris tento ficar pelo menos 4 dias, porque a cidade é grande, mas é ótimo ter uma opçao de roteiro de 2 dias para quem tem menos tempo na cidade luz!
Quatro dias é muito melhor para visitar os principais pontos com calma, e nós estivemos 4 dias na região, mas reservamos 2 deles para os parques da Disney
Nossa, que show o seu post!
Sua sugestão de roteiro não podia ser melhor… muito completa!!!! ♥
Que roteiro sensacional! Em dois dias é possível ver o basicão de Paris e se deslumbrar com as paisagens da cidade.
Esse roteiro é matador! Adorei as dicas. Paris é realmente uma cidade deslumbrante e por isso precisamos delimitar bem o que fazer para aproveitar ao máximo. Abraços!
Como em todas as capitais europeias, tem que haver prioridades, conscientes que não é possível fazer e conhecer tudo em tão pouco tempo, né?
Mais uma vez, ler o Berço do Mundo é uma viagem dentro da própria viagem. Excelentes fotos e ainda melhor texto. Depois de começar, não dá para parar 🙂 O roteiro é excelente. E fizeste-me perceber que me falta algo essencial em Paris, o Museu d’Orsay. Confesso ainda que tenho um fetiche pela Place des Vosges, conheces?
Ainda não conheço a Place des Vosges, mas fui pesquisar e descobri que fica lá a Casa do Victor Hugo, que é um excelente motivo para uma visita 🙂
já fui 3 vezes e ainda não vi tudo, muita coisa linda! vou pesquisar sobre o bairro q vc falou o Saint-Germain-des-Pré
Não me importava nada de passar lá algumas temporadas, como os artistas, para conhecer todos os recantos da cidade (suspiro)… não custa sonhar, né?
Roteiro perfeito e encantador! Adorei o café, tão charmoso.
Por Paris, temos milhares de coisas para fazer..Parabens pela sua seleção. Vitor Martins
Esses roteiros com poucos dias são ótimos, pq nem sempre temos mt tempo pra ficar no lugar né… Adorei a programação!
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