Atualizado em 28 Março, 2023

O gigantesco complexo do Palácio de Versalhes é mais do que um ponto turístico. Sede do poder absolutista, com uma arquitetura soberba e mais de 800 hectares de jardins, Versalhes é um lugar histórico muito simbólico.

O Palácio de Versalhes é um dos lugares mais visitados de França. Embelezado por várias gerações de arquitetos, decoradores, escultores e paisagistas, foi durante muito tempo o modelo de palácio real em toda a Europa, motivo bastante para ser declarado Património da Humanidade pela Unesco em 1979.

Li algures que o Palácio de Versalhes é uma das realizações mais extraordinárias da arquitetura europeia do século XVII. Porém, a sua fama mundial não se explica apenas pela imponência. O complexo palaciano constitui uma parte importante da história da França, em particular do apogeu do absolutismo. Luís XIV de França e Navarra, o rei sol, foi o idealizador de Versalhes e o maior nome da concentração do poder do Estado moderno na Europa.

Inicialmente construído como um pavilhão de caça para o rei Luís XIII, o amor da família real pela propriedade fez com que a corte se mudasse de Paris para Versalhes em 1682, durante o reinado do seu filho (o tal que se comparava ao astro rei). O singelo pavilhão de caça tornou-se um complexo régio magnífico.

Interior do palácio de Versalhes
Um dos quartos reais do Palácio de Versalhes.

Se planeia visitar Versalhes, o mapa interativo poderá ser útil. Importa destacar que, sendo um ponto turístico muito popular, encontrará o interior do palácio apinhado de gente. Para além disso, os jardins são tão extensos, que podem tornar penoso o passeio a pé. O ideal é escolher um percurso (à entrada dos jardins há mapas com sugestões de trajetos), sem pretensões de explorar todos os recantos.

Vamos conhecer um pouco melhor o Palácio de Versalhes?

Um pouco da história de Versalhes

Luís XIV olhou para o refúgio de caça do pai e imaginou ali algo grandioso porque, dizem as más línguas, o Louvre era muito pequenino. Alguns anos e muito trabalho depois (não dele, mas de milhares de trabalhadores), instalaria em Versalhes a corte e o governo.

Só as obras para criação dos Jardins de Versalhes demoraram quarenta anos, um processo duro que pressupôs arrasar bosques e converter o terreno pantanoso em algo geométrico, planeado, à altura da opulência real.

O Palácio de Versalhes continuou a ser alterado durante vários reinados até a Revolução Francesa forçar o regresso da corte a Paris. E Versalhes transformou-se num museu com obras de arte notáveis, uma ode à história francesa. Aliás, o edifício é uma obra-prima em si mesmo.

É provável que já tenha vislumbrado os seus magníficos interiores e jardins no filme “Maria Antonieta”, de Sofia Copolla, ou até em cenas da longa metragem “O homem da máscara de ferro”, de Randall Wallace. Este é um dos passeios recomendados pela Mulher Casada Viaja, em Lugares para conhecer em França inspirados por Emily em Paris.

Jardins de Versalhes

#Curiosidade: Castelo ou Palácio? Os franceses chamam-lhe “Château de Versailles”, mas, na Renascença, a palavra era usada em França para designar palácios nas zonas rurais, por contraponto aos palácios construídos nos centros urbanos, para os quais usavam a palavra “Palais”.

Visita ao Palácio

O Palácio de Versalhes é um dos monumentos mais prestigiados do mundo, oferecendo um vislumbre da vida da monarquia francesa nos seus tempos mais gloriosos. Alguns dos pontos altos do Palácio são o grande apartamento do rei, os aposentos da rainha, a galeria dos espelhos, o Museu de História, a galeria das batalhas (com relevos dourados nas paredes), a capela e a ópera real, todos eles de grande riqueza artística.

No quarto da rainha, o dourado omnipresente ofusca a visão. As rainhas francesas davam à luz ali, em frente de uma multidão; a porta atrás da cama permitiu a Maria Antonieta escapar em 1789, quando a multidão invadiu o palácio.

Destaque-se também o quarto da coroação, onde Napoleão pendurou uma réplica da tela de David que retrata a sua coroação e cujo original se encontra no Louvre. #dica: os tetos do palácio são todos maravilhosos. Não se esqueça de olhar para cima!

Claro, é preciso mencionar a Galeria dos Espelhos, com impressionantes 73 metros de comprimento, onde foi assinado o Tratado de Versalhes no início do século XX. É também uma das salas mais ornamentadas: tem 357 espelhos, dispostos em 17 arcos e que refletem outras tantas janelas, com vista para os jardins. 

a deslumbrante Galeria dos Espelhos

#Curiosidade: O palácio de Versalhes possui cerca de 700 quartos, 2 mil janelas, 67 escadas e mais de mil lareiras.

Os jardins de Versalhes

O complexo real de Versalhes estende-se por 800 hectares, com jardins ricos em fontes e esculturas. Projetados pelo famoso arquiteto André Le Nôtre, os jardins são tão deslumbrantes como o palácio e tornam-se particularmente festivos a partir da primavera, quando as fontes ganham vida ao som de melodias barrocas.

Reflexo da estética real francesa, os impressionantes Jardins de Versalhes escondem quase 400 esculturas e 1400 fontes, muitas delas metáforas do poder, magnanimidade e força do rei. Apolo é um dos temas principais, como se percebe na Fonte de Latona, que retrata a infância do deus sol, e na Fonte do Dragão, que mostra a sua glória com uma pitão trespassada pelas suas flechas divinas.

fontes dos Jardins de Versalhes em manutenção
Manutenção de uma das fontes que representam as estações do ano.

Bastante perto do edifício destaca-se o Orangery – que se pode apreciar desde os aposentos da rainha e a maioria dos apartamentos da ala sul – com um total de 1055 árvores plantadas em blocos decorativos, incluindo as laranjeiras favoritas de Luís XIV, limoeiros, oleandros, romãzeiras, oliveiras e palmeiras.

Os jardins escondem também 15 pequenos bosques, outrora verdadeiros salões ao ar livre. É o caso do Bosque das Rainhas, com tulipas de Virgínia, o Bosque dos Salões de Festa, concebido como um anfiteatro de vegetação, o Bosque de Castanheiros ou o Bosque dos Banhos de Apolo, ao estilo inglês.

Se as energias falharem, ou se tiver alguma dificuldade de locomoção, saiba que é possível alugar uma bicicleta ou um carrinho elétrico (30€ por hora ou 10€ por 15 minutos, com capacidade para quatro pessoas). Existe ainda um pequeno comboio que liga o Palácio ao Trianon, custando 4,60€ por trajeto.

*preços em vigor no verão de 2022

#Curiosidade: com 386 esculturas de bronze, mármore e chumbo, o Palácio de Versalhes é o maior museu de esculturas ao ar livre do mundo.

Domínio de Trianon

Longe do cerimonial da corte, a propriedade de Trianon abriga os palácios Grand Trianon e Petit Trianon, a Vila da Rainha e vários jardins ornamentais. O Grand Trianon, um pequeno palácio de mármore rosa, era usado pelo rei-sol como residência privada para passar tempo com a marquesa de Maintenon, antes desta se tornar a sua segunda esposa (diz-se que a humilde senhora domou o fulgor de Luís XIV e este deixou de ser infiel).

Mas o complexo está bastante associado a Maria Antonieta, que surgiu dois reinados depois, sobretudo o Petit Trianon e a Vila da Rainha. A esposa de Luís XVI desfrutava ali de uma vida (mais) simples, entre os seus jardins acolhedores e menos pomposos que os de Versalhes. O mais encantador, na minha opinião, é o caminho para o templo do amor, ao estilo grego.

O Petit Trianon é considerado uma obra-prima neo-clássica e, para além de quartos e salas com cores medonhas (rosas e amarelos de fazer doer a vista), possui alguma maquinaria inovadora, como os espelhos que subiam à sala de vestir da rainha, para que ela pudesse ter uma visão de 360° da sua roupa.

Templo do Amor, no Petit Trianon
O pequeno templo do amor, ao estilo grego.

#Curiosidade: O Grand Trianon acolheu vários convidados de Estado, incluindo a rainha Elizabeth II, o rei Hassan II de Marrocos, o presidente americano Jimmy Carter e o presidente russo Boris Yeltsin.

Dicas úteis para visitar o Palácio de Versalhes

Se optar por visitar o castelo sozinho, sem a companhia de um guia, recomendamos que o faça em contra-fluxo da maioria dos turistas:

  • Visite os jardins na parte da manhã | Duração: pelo menos 2 horas
  • Visite o Trianon a partir das 12h, o seu horário de abertura | Duração: 2-3 horas
  • Visite o interior do palácio depois do almoço, altura em que algumas excursões partem de regresso a Paris | Duração: 1h30 a 2 horas

Como chegar?

O Palácio de Versalhes fica na cidade de Versalhes, a 22 km da capital francesa. Para ir até lá de comboio, apanhe a linha C do RER regional (facilmente alcançável de metro, a partir de vários pontos de Paris), saindo em “Versailles Rive Gauche” e caminhando cerca de 10 minutos a pé. No regresso, todos os comboios que partem desta estação passam em Paris.

Em alternativa, use a linha L desde a Gare de Saint-Lazare, saindo na estação de “Versailles Rive Droite” (foi o que fizemos, devido à localização do nosso hotel em Paris). Neste caso, pode apanhar o autocarro nº 1, 3 ou 4, que o deixará praticamente à porta do palácio.

Se alugar carro, deve apanhar a auto-estrada A13 até à quinta saída “Versailles Centre”, seguindo depois as indicações para o Palácio de Versalhes ou, simplesmente, usando as coordenadas GPS: 48.48’17N e 2.07’15E. Perto do complexo de Versalhes, existem parques de estacionamento pagos.

De autocarro (ónibus), vá de metro até Pont de Sèvres (linha 9) e aí apanhe o autocarro 171, com paragem muito próxima do palácio. Se precisar (ainda) mais de detalhes, leia Como ir de Paris para Versailles.

Se preferir uma visita mais tranquila, pode sempre optar por um passeio organizado, com transporte incluído, áudio-guia e bilhetes de entrada no palácio; ou ainda a visita com entrada, transporte e um guia credenciado.

#Curiosidade: No Palácio de Versalhes foram assinaram os tratados de paz de duas guerras: Guerra Franco-Prussiana (1871) e I Guerra Mundial (1919).

Palácio de Versalhes

Quando ir

O complexo de Versalhes está sempre apinhado, portanto tente chegar cedo. Se quiser ver o espetáculo noturno das fontes, deve ir entre junho e agosto. De abril a outubro é possível assistir aos espetáculos aquático-musicais de algumas fontes (informe-se sobre a periodicidade ao longo do dia).

Sobretudo na época alta, os bilhetes para o palácio podem esgotar, pelo que se recomenda a compra da entrada previamente, online.

Horários

Entre 1 de abril e 31 de outubro, o Palácio de Versalhes funciona de terça-feira a domingo (09:00 às 18:30); os  palácios de Trianon de terça-feira a domingo (12:00 às 18:30) e os jardins todos os dias (08:00 às 20:30).

Entre 1 de novembro e 31 de março, o Palácio de Versalhes funciona de terça-feira a domingo (09:00 às 17:30), os espaços Trianon de terça-feira a domingo (12:00 às 17:30) e os jardins funcionam todos os dias (08:00 às 18:00).

macarons da Ladurée

Onde comer em Versalhes

O Palácio de Versalhes tem restaurantes e cafetarias, sobretudo nos jardins, lembrando que não são permitidos piqueniques, à exceção de alguns locais reservados para o efeito. Dois restaurantes (La Petite Venise e Flottille) ficam entre a fonte de Apolo e o Grande Canal.

O Flottille tem uma vista magnífica do palácio (da sala interior ou da esplanada) e um ambiente tranquilo, servindo pratos tradicionais franceses, com opções do dia e menu à la carte. Já no La Petite Venise encontra pratos italianos.

Para snacks, existe a Brasserie de la Girandole, mesmo no meio do jardim e que funciona entre abril e outubro, bem como Le Grand Café d’Orléan. Existe ainda Le Dauphin, perto do bosque do Delfim, com sandes, saladas, hambúrgueres, panquecas e gelados, para comer no local ou levar.

No palácio (logo à esquerda depois de mostrar o bilhete), existe uma pequena loja da Ladurée. Foi ocasião de provar o macaron inspirado na Maria Antonieta, mas não fiquei fã. Continuo fiel ao macaron de flor de laranjeira e o Pedro ao de framboesa.

Jardins de Versalhes
Em 1999, uma forte tempestade atingiu o jardim, causando muita destruição e danificando cerca de 10 mil árvores.

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