Atualizado em 19 Outubro, 2022

Paris rima com romance. O cálido sol primaveril aquece-nos a alma nesta Pont des Arts, onde os apaixonados continuam a deixar as suas esperanças de amor eterno, em forma de cadeado.

A maior parte da ponte já está protegida com vidro, mas sobra sempre um cantinho para colocar um cadeado, verdadeiro ou pintado. As chaves repousam no fundo do Sena, esse majestoso curso que nos acompanha por Paris. Outrora chegavam por aqui liburnas romanas e drakkars vikings. Hoje, apenas os bateaux-mouches cruzam o rio lá em baixo, enquanto somos embalados pelos acordes de La Vie en Rose.

Este doce clichê repetir-se-á durante o fim-de-semana na cidade luz, porque Edith Piaf simboliza toda a essência parisiense, um misto de elegância e simplicidade, e continua a ser recordada por (quase) todos os músicos de rua.

O encanto cola-se-nos à pele, enquanto entramos nos domínios do Louvre. Acompanha-nos ao longo do Jardin des Tuileries, onde almoçamos ao estilo local, um piquenique feito de baguete crocante, saladas e fruta. Falta o bom do Bordeaux, mas nem eu nem o meu marido temos boa tolerância ao álcool. Se bebesse um copo de vinho ficaria já por ali, numa longa sesta. E isso seria um pecado, com a arquitetura novecentista que nos rodeia e toda a arte que nos aguarda.

A sobremesa espera-nos na Rue Royale, numa das muitas Ladurée que adoçam a capital francesa. Escolhi um macaron de lavanda que, juro, é bem capaz de produzir epifanias. Há momentos estivemos na fotogénica Praça da Concórdia e ainda vinha enleada com a fascinante mistura de obelisco egípcio e exagero barroco dos ornamentos. Mas estes macarons são comparáveis a uma bela obra de arte! (A Ladurée abriu recentemente uma loja em Lisboa, comemoremos!)

Repousamos na elegante Église de la Madaleine que, há muitos anos, me emocionou profundamente, enquanto vemos os convidados de um casamento chegarem aos poucos. Ultrapassamos de seguida os Champs Elysées, entre a multidão de turistas, alheios às montras luxuosas. Ao fundo, espreita o Arc de Thriomphe, que fotografamos de todos os ângulos possíveis.

Há romance no ar, afinal estamos num lugar onde a beleza foi elevada a uma categoria sagrada, onde os postes não servem apenas para iluminar e as pontes não servem apenas para ligar duas margens. Tudo parece gizado para nos deslumbrar. A Pont Alexandre III prova-o. Nesta metrópole que atraiu as mentes mais brilhantes da história, daí ser conhecida como a cidade luz, faz-se questão de tornar as coisas comezinhas mais belas.

O amor acompanha-nos enquanto contemplamos a torre Eiffel, trocando beijos como recém-casados, persegue-nos enquanto tomamos o café mais caro das nossas vidas no Les Deux Magots, vendo a cidade passar, enche-nos o peito enquanto o nosso fruto mais belo, o Pedrinho, toca o excerto de uma ópera de Rossini no piano da Shakespeare & Company, a livraria mágica no nº 12 da Rue de l’Odéon.

Porque será que Paris tem o condão de nos fazer apaixonar uma e outra vez, cada vez que voltamos? Não só pela cidade, mas pela vida, por nós próprios até?! Será da elegância destas escadarias, da surpresa em cada esquina, do Petit Palais à Sainte Chapelle? Será do arrebatamento que nos espera nestes museus deslumbrantes, do Louvre ao Musée d’Orsay? Será da simplicidade de uma baguete com queijo ou de um pain au chocolat? Ou das infinitas inflexões de “oh la la!” e o mundo de significados que encerra, apesar da rudeza de muitos franceses?

Seja quais forem os motivos, “Paris is always a good idea”. Contem-me tudo amigos. Já foram felizes em Paris?

Leia também Paris: roteiro de 2 dias na capital francesa