Atualizado em 24 Agosto, 2023

Olhar o céu desde o interior de um vulcão, mergulhar em águas transparentes entre labirintos de lava, fazer um trilho entre mistérios negros. Tudo isso é possível na Terceira, a ilha lilás dos Açores

Os motivos para visitar a terceira ilha a ser descoberta pelos navegadores portugueses e a terceira em dimensão do conjunto das nove do arquipélago multiplicam-se. A Terceira tem uma capital que é património da UNESCO, fumarolas, uma manta de retalhos tecida no interior de uma das maiores crateras vulcânicas dos Açores. Tem as melhores festas das ilhas, a ponto de ser chamada de “parque de diversões” açoriana ou, pelo menos, ilha festiva.

Tem, ainda, a maior área de vegetação endémica primitiva dos Açores, motivo pelo qual Charles Darwin insistiu em parar na ilha no seu regresso das Galápagos; tem uma autoestrada com viadutos para vacas, os vacadutos, chamam-lhe os terceirenses, porque há mais vacas e gado bravo que habitantes. Tem, por fim, um clima ameno, boa comida, bons vinhos.

Bem-vindo à Terceira, com apenas 29 km de comprimento por 17,5 km de largura, de vastas planícies pintadas de verde intenso, vistas imponentes sobre as restantes ilhas do grupo central (Graciosa, São Jorge e Pico) e um ritmo leve.

Uma ilha de onde partiram ou onde pararam milhares de navegadores em busca de novas terras. Onde os amantes de natureza e vulcões vivem dias intensos. Se planeia visitar a Terceira, leia o nosso guia até ao fim. Verá que lhe facilitamos a vida. Como sempre, clique nos links para mais informação sobre horários e preços.

manta de retalhos

Nota histórica sobre a ilha Terceira

Com mais de 500 anos de história, a relevância da baía de Angra – e, consequentemente, da própria Terceira, que começou por se chamar ilha de Jesus Cristo – cresceu por altura dos Descobrimentos, como entreposto comercial açoriano e escala intercontinental para as naus que rumavam às distantes América e Índia.

A presença de naus, carregadas com ouro, prata e especiarias, atraía corsários, daí a existência de duas fortalezas à entrada da baía e mais de 40 fortes que bordejavam a costa da ilha Terceira.

Símbolo de resistência face ao domínio filipino, já no século XIX, a ilha seria a alma do movimento liberal, altura em que a vila da Praia recebeu o cognome “da Vitória”, após o triunfo contra os absolutistas numa feroz batalha naval. Angra chegou mesmo a ser nomeada capital do reino (1828 a 1832), foi a única cidade longe de Portugal continental a obter o título, enquanto D. Pedro IV organizava forças para reconquistar o trono.

Foi também nessa altura que Angra passou a ser “do Heroísmo”, uma homenagem à bravura dos seus habitantes. A estadia do monarca é lembrada pelo Monumento da Memória, um obelisco que se destaca na paisagem da capital.

I love Angra

Ilha Terceira e os EUA

A história moderna traz protagonismo à ilha Terceira graças à Base Militar das Lajes, construída nos anos 1940 pelos britânicos, cuja presença inspirou o cortejo das festas da Praia da Vitória em agosto de 2023. A base foi um importante ponto estratégico para os Aliados durante a II Guerra Mundial, foi também ali que a invasão do Iraque foi decidida em 2003.

O acordo com os Estados Unidos para utilização da base militar local tornou-se fundamental para a geopolítica americana, em particular no contexto da Guerra Fria, e refletiu-se profundamente na economia local.

Nota: para uma vista sobre a base das Lajes, aeroporto e bairro americano, vá até ao Miradouro Humberto Delgado.

Na Praia da Vitória, localidade próxima da Base das Lajes, ainda hoje se sente a influência americana no sotaque e nas tradições, bem como na maestria no basquetebol. Desde o mandato de Barack Obama, o contingente americano resume-se a cerca de uma centena, bem longe dos números de outrora, quando a presença de cinco mil pessoas, entre militares e respetivas famílias, mudava a cada dois anos.

Esta ligação histórica explica o Azorean Refugee Act aprovado pelos Estados Unidos em 1958, na sequência da erupção na ilha do Faial e que exigiu a evacuação da população. Mais de 1500 vistos foram concedidos a açorianos e, nas décadas seguintes, cerca de 30% da população das ilhas do Pico e Faial emigrou para a América.

A “proximidade” com os Estados Unidos explica também porque existem tantas bandeiras americanas na ilha Terceira. Não raras vezes, trata-se de um descendente de segunda ou terceira geração que está de regresso a casa e o anuncia à comunidade.

vista de angra do heroismo

#Curiosidade: Peter Francisco ficou conhecido como “gigante da Virginia,” Hércules da Virginia” ou ainda como “gigante da revolução” americana. Nascido na ilha Terceira, o açoriano lutou ao lado de George Washington e do Marquês de Lafayette pela independência da sua pátria adotiva.

Vulcões da ilha Terceira

Todos sabemos que o arquipélago dos Açores teve origem vulcânica e é, por isso, frequentemente perturbado por pequenos sismos. Tal como acontece nas restantes ilhas açorianas, a Terceira tem um interessante património geológico, englobado no Geoparque Açores.

O relevo da Terceira é definido por três grandes maciços vulcânicos, que percorrem a ilha de leste para oeste e são “culpados” por paisagens arrebatadoras: Cinco Picos, Guilherme Moniz-Pico Alto e Santa Bárbara.

O vulcão de Cinco Picos foi o maior destes (e um dos maiores vulcões do arquipélago), com o ponto mais alto a 500 metros do nível do mar, na Serra do Cume. Apesar de estar parcialmente desmantelado, ainda se percebem vestígios da grande caldeira com cerca de 7 km, e dos cinco cones vulcânicos secundários que explicam o seu nome.

vulcão na ilha Terceira Açores

A população reclamou os terrenos férteis do interior da caldeira, transformando a paisagem na manta de retalhos tão apreciada, formada por pequenas parcelas agrícolas rodeadas de muros de pedra vulcânica e hortênsias.

O maciço de Guilherme Moniz-Pico Alto fica no centro da ilha Terceira e inclui duas das cavidades vulcânicas mais impressionantes do arquipélago: o Algar do Carvão e a Gruta do Natal. Por fim, no extremo oeste e ponto mais alto da ilha Terceira, encontra o que resta de um vulcão chamado Santa Bárbara, onde fica uma reserva florestal, a Lagoa das Patas, a Lagoa do Negro e o trilho dos mistérios Negros.

O que visitar na ilha Terceira, Açores

Centro Histórico de Angra do Heroísmo

A capital da ilha Terceira recebeu o nome de Angra, que significa pequena baía, devido à sua enseada protegida, ideal para receber embarcações. A outra metade do nome foi acrescentada em 1837 pela rainha D. Maria II, em reconhecimento da coragem da população durante a guerra civil.

As cores de Angra do Heroísmo são encantadoras, com casas tradicionais caiadas de branco e tons pastel e telhados de cerâmica de meia cana. Impressiona saber que 80% dos edifícios desta que foi a primeira cidade no oceano Atlântico ficaram destruídos no grande sismo de 1 de janeiro de 1980 (que forma de começar o ano!).

igreja da Misericórdia, na ilha Terceira

Apenas três anos depois, o centro histórico de Angra do Heroísmo foi reconhecido pela UNESCO como património da Humanidade – a recuperação dos edifícios e monumentos foi notável.

Nota: toda a zona classificada pela UNESCO tem calçada portuguesa nos passeios, portanto, esteja atento ao chão.

Pode compreender melhor a história da cidade e da ilha no Museu de Angra do Heroísmo, instalado no Convento de São Francisco. Ao lado do museu fica um belo jardim, para descansar, comer um gelado e apreciar as homenagens a Almeida Garrett, o autor que iniciou o movimento romântico em Portugal, um dos principais redatores da Constituição liberal e do decreto de 1837 que atribuiu à cidade de “Angra” o título de “Heroísmo“.

#Curiosidade: na Igreja de São Francisco está sepultado Paulo da Gama (irmão de Vasco da Gama). O navegador morreu durante o regresso da primeira viagem à India e a expedição parou na ilha Terceira para lhe dar sepultura.

Jardim Duque da Terceira

Outros pontos de interesse de Angra, como é carinhosamente chamada:

  • Marina e cais da alfândega, onde se destaca a estátua de Vasco da Gama e, numa das pontas, o forte de São Sebastião, transformado em pousada
  • A linda Igreja da Misericórdia, azul e branca, perto da marina
  • Rua Direita, que liga o porto ao centro
  • Praça Velha, com o edifício dos Paços do Concelho
  • Sé Catedral de São Salvador (século XVI)
  • Igreja de Nossa Senhora da Conceição, entre outros templos católicos
  • Palácio dos Capitais Generais, que já foi Colégio dos Jesuítas, residência do Capitão-General dos Açores, Governo Civil e serve hoje como sede da Presidência do Governo dos Açores.
  • Jardim Duque da Terceira
  • Obelisco em memória ao rei D. Pedro IV

Monte Brasil

Imagem de marca de Angra do Heroísmo, o vulcão adormecido que dá pelo nome Monte Brasil é hoje uma reserva natural e o maior cone de erupção vulcânica subaquática do arquipélago dos Açores, fornecendo matéria-prima para a construção da Fortaleza de São João Baptista e da sua muralha.

recanto do Monte Brasil, na ilha Terceira

É possível conhecer o interior desta que é uma das maiores fortalezas espanholas do mundo, datada da dinastia filipina, e que rodeia o Monte Brasil, através de uma visita guiada, que pode reservar no pequeno Núcleo de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima (com muita parafernália militar que pode ser do agrado de alguns, mas que não nos entusiasmou).

Durante a visita pode entrar nas masmorras, escavadas em rocha vulcânica, conhecer a história do edifício que se transformou em prisão política durante o Estado Novo e apreciar a fachada barroca da Igreja de São João Baptista.

Se preferir explorar a natureza deste pequeno vulcão que surgiu na costa sul da Terceira há cerca de 20 mil anos, sugiro o trilho circular PRC04 TER, um dos três percursos pedestres que tivemos o prazer de fazer na ilha. Mais pormenores em Trilhos na ilha Terceira, Açores.

Praia da Vitória

A segunda cidade da ilha chama-se Praia da Vitória, um local histórico que rende um belo passeio, na costa este. Para uma visão geral do centro histórico, as suas praias, baía e arredores, comece por subir até ao Miradouro do Facho, de carro ou a pé (existe uma escadaria).

miradouro do Facho

Como o nome sugere, existe uma praia. Melhor, aqui fica uma das maiores zonas balneares dos Açores constituída pela Praia Grande e Prainha, com areal para estender a toalha, ao contrário das restantes zonas de banhos da ilha Terceira, rodeadas de rocha vulcânica.

Vale a pena percorrer a Rua de Jesus, pedonal, onde encontra um simpático jardim e o mercado; fotografar o império da caridade, visitar a Igreja Matriz (séc. XV) e a Igreja do Senhor Santo Cristo (séc. XVI).

De destacar que o município da Praia Grande tem um técnico de turismo em cada uma destas igrejas, que têm entrada gratuita. Um deles ofereceu uma explicação sobre a igreja e a sua história, enquanto o outro não o fez, mas se manteve à disposição para as nossas perguntas.

Mas a visita que mais gostei foi a da Casa Museu Vitorino Nemésio, num edifício histórico onde o autor de Mau Tempo no Canal viveu, e que explica o percurso de vida do escritor. Fizemos ali uma visita guiada muito interessante, com um guia que não só conhece bastante acerca de Nemésio, como discorreu largamente sobre a ilha e a sua história. Bravo!

Praia Grande

Biscoitos

Comecemos pelo nome. Biscoitos remete para o pão escuro e duro (duplamente cozido para lhe retirar a humidade) usado nas caravelas durante as longas travessias marítimas. Para ser comido, tinha que ser embebido em água, vinho, rum, whatever… Remete ainda para as pedras vulcânicas que abundam na região e que os locais chamam de “biscoitos”.

Para além das pedras negras, que emprestam dramatismo à paisagem e um enquadramento único às piscinas naturais, a freguesia de Biscoitos é famosa pelo seu vinho de Denominação de Origem Protegida (DOP), produzido nas típicas curraletas.

Estas vinhas, sobretudo da casta verdelho, são plantadas de forma a permanecerem rasteiras, entre muros de pedra (as tais curraletas), para ficarem protegidas do sal carregado pelo vento. Para honrar a tradição vinícola e provar os vinhos locais, pode visitar a Adega Cooperativa dos Biscoitos ou o Museu do Vinho, mantido pela Casa Agrícola Brum, com longa tradição na produção de vinho local. 

Na freguesia de Biscoitos encontra ainda umas antigas e curiosas trincheiras militares, com vista para o mar, construídas durante a II Guerra Mundial como parte do sistema defensivo da ilha, recuperadas em anos recentes.

trincheiras da II Guerra Mundial
Trincheiras da II Guerra Mundial

Algar do Carvão

Conhecidas as principais povoações da ilha Terceira, é tempo de explorar a sua riqueza natural, começando com uma das finalistas das 7 Maravilhas Naturais de Portugal e uma das principais atrações da ilha: o Algar do Carvão.  

Este espetacular cone vulcânico com 90 metros de profundidade e cerca de dois mil anos não colapsou completamente aquando o recuo da lava, criando um dos dois lugares do mundo onde é possível visitar o interior de um vulcão: o outro fica na Islândia.

Nos anos 1960, a associação Os Montanheiros criou uma estrutura que permite visitar o algar, através de 338 degraus que conduzem os visitantes ao interior da terra. Na descida, veem-se duas grandes câmaras criadas pelas tentativas do magma de sair, uma delas conhecida como “catedral” devido à sua acústica, que permite acolher pequenos concertos.

interior do algar do carvão

O Algar do Carvão alberga a maior concentração mundial de estalactites de sílica amorfa – resultante da alteração e acumulação de sais da água que se infiltraram e precipitaram da superfície -, para além de besouros e aranhas endémicas da Terceira. Felizmente, não vi nenhum inseto.

No final da estrutura, há uma lagoa de água límpida, à qual não é possível aceder, por motivos de segurança. Contemplar o céu do interior de um vulcão, através de um cone coberto de musgo verde, foi uma experiência inesquecível e um dos momentos altos da viagem à ilha Terceira.

#Dica: se pretende visitar o Algar do Carvão e a Gruta do Natal, compre um bilhete combinado, pois fica mais económico.

roteiro na ilha terceira

Furnas do Enxofre

A cerca de quatro quilómetros do Algar do Carvão, as Furnas do Enxofre são a manifestação vulcânica mais eloquente na ilha Terceira. Foi delimitado um percurso pedestre, circular, com cerca de um quilómetro, que percorre o campo de fumarolas, onde se pode ver a emissão contínua de gases de cheiro peculiar.

A terra de tons avermelhados contrasta com o verde dos musgos e vegetação autóctone como a uva-da-serra. Existem ali mais de 20 fumarolas de diferentes gases vulcânicos a diferentes temperaturas, vestígios visíveis do vulcão do Pico Alto, adormecido desde a última erupção no século XVIII.

Sendo uma área protegida, não é possível aproveitar as fumarolas para fins gastronómicos e turísticos, como acontece no vale das Furnas, na ilha de São Miguel.

Furnas de Enxofre, ilha Terceira

Gruta do Natal

Perto da Lagoa do Negro e do trilho dos Mistérios Negros, a Gruta do Natal é um tubo lávico com 697 metros. Quer isto dizer que a gruta foi formada após passagem de lava, possivelmente resultante de uma erupção há cerca de 10 mil anos, que solidificou em forma de tubo.

Inicialmente era conhecida por Galeria Negra, foi depois rebatizada para Gruta do Cavalo, aquando das primeiras explorações, por lá se encontrar as ossadas de um cavalo. Entretanto, os Montanheiros iniciaram uma singular tradição a 25 de dezembro de 1969, com a celebração da missa na gruta pelo Patriarca das Índias D. José Vieira Alvernaz.

A estrutura passou a chamar-se então de Gruta do Natal, recebendo já várias missas natalícias e, pelo menos, um batizado e um casamento. Pode observar imagens desses acontecimentos na Casa de Apoio, onde se compra os bilhetes.

gruta do natal, na Terceira, Açores

Hoje é possível fazer um percurso no interior desta estrutura algo labiríntica, equipados com capacetes, que protegem (mesmo) a cabeça das estalactites. Lembre-se que a temperatura desce no interior da gruta, pelo que vale a pena trazer um casaco.

Para além desta, existem outras grutas na ilha Terceira, ainda que menos impressionantes. É o caso da Gruta das Agulhas, em Salga (freguesia de São Sebastião), um tubo de lava com cerca de 200 metros. Não sendo uma gruta explorada, do ponto de vista turístico, o acesso é feito a partir da arriba costeira, pelo é necessário ter atenção ao estado do mar e marés.

Miradouros: Serra do Cume e outros

É do alto das suas serras, em miradouros estratégicos, que melhor se pode absorver a imensidão dos vulcões e interiorizar o modo como o Homem os moldou na ilha Terceira. Sobe-se ao Monte Brasil para desfrutar de uma das vistas mais fabulosas sobre a cidade e a baía de Angra do Heroísmo.

Do cimo da Serra do Cume percebe-se a geometria dos muros de pedra e hortênsias que recortam as pastagens da Terceira. A vista para a manta de retalhos agrícolas é particularmente encantadora ao pôr do sol.

miradouro da serra do cume, na ilha terceira Açores
Quase a ser engolido pelo nevoeiro, no miradouro da Serra do Cume.

Na verdade, existem vários miradouros de ambos os lados desta serra, com vista para a planície das Lajes e Praia da Vitória de um lado e a Caldeira dos Cinco Picos, na encosta oposta. Habitualmente, é a esta segunda paisagem, uma das mais fotografadas em toda a ilha, que todos relacionam o nome “Miradouro da Serra do Cume”.

Miradouro do Facho (existe outro com o mesmo nome no Monte Brasil), com o seu imponente monumento do Imaculado Coração de Maria, oferece uma panorâmica sobre a praia, marina e casario da Praia da Vitória e de toda a planície das Lajes.

E a lista continua, longa. Se estiver de carro e vir uma indicação na estrada para um deles, quase certamente merece um pequeno desvio. Alguns dos mais bonitos, para além dos já mencionados, são o miradouro da Serretinha (freguesia da Feteira), ou o miradouro da Cruz do Canário (Porto Judeu), ambos com vista para os ilhéus das cabras, a cerca de um quilómetro da costa.

O Miradouro da Alagoa, localizado na Reserva Natural da Alagoa da Fajãzinha, oferece um cenário com o verde montanhoso de um lado e o preto basáltico a entrar no mar do outro, sendo ainda um ponto para observação de aves.

vigia das baleias, na ilha Terceira Açores

No topo da Serra de Santa Bárbara, para além do miradouro com uma vista belíssima, que pode ser dificultada pela acumulação de nuvens naquele ponto, tem um centro de interpretação dedicado à geomorfologia da ilha Terceira.

Na freguesia da Serreta, com a sua frondosa mata, vale a pena espreitar o Miradouro da Ponta do Queimado, após uma descida vertiginosa que percorremos a pé, outrora ponto de vigia das baleias e a poucos metros do Farol da Serreta. Supostamente, é possível avistar outras ilhas do grupo central a partir deste ponto, mas deve ser para não míopes.

Piqueniques na ilha Terceira

Monte Brasil, Mata da Serreta e Lagoa das Patas são os meus três spots preferidos na ilha Terceira para um belo de um piquenique rodeada de natureza. Do primeiro já se falou acima, podendo acrescentar que tem zona para grelhados. Que dizer dos restantes?

Criada em 1950, a Mata da Serreta, abreviatura de Reserva Florestal de Recreio da Mata da Serreta, fica no meio de uma zona florestal densa. Possui uma zona infantil, casas de banho e vários espaços para refeições, destacando-se ainda um chafariz vindo do antigo Convento da Graça, em Angra do Heroísmo.

A Lagoa das Patas, na freguesia de Doze Ribeiras, possui grelhadores, mesas, sanitários e parque infantil. A envolvência desta lagoa batizada em honra das patas, patos, gansos e mudos que os terceirenses aqui colocaram, é muito simpática.

Por trás desta lagoa artificial, existe uma grande turfeira (os habitantes chamam-lhe musgão), um ecossistema muito particular que funciona como uma esponja de musgos e vegetação que se acumulou ao longo de milhares de anos sem se decompor totalmente, num ambiente saturado de água.

Piscinas naturais

Não falta piscinas naturais na ilha Terceira, ou seja, lugares para um mergulho entre rochas. Na povoação de Biscoitos encontra uma das mais famosas, esculpidas entre labirintos de lava, com vários recantos para estender a toalha e mergulhar entre águas límpidas: a melhor altura para apreciar a fauna subaquática é durante a maré baixa.

piscinas naturais dos Biscoitos

As piscinas dos Biscoitos contam com acessibilidades para visitantes com mobilidade reduzida, infraestruturas de apoio, incluindo duches, restaurante, bar com esplanada e várias bancas que vendem artesanato e petiscos (as maçarocas de milho cozido são maravilhosas). Possuem ainda parque de estacionamento, que esgota rapidamente nos dias de calor.

Em alternativa, encontra nos arredores a piscina natural da Calheta dos Lagadores, menos movimentada.

A lista inclui duas ou três em Angra do Heroísmo, as piscinas naturais da Silveira (perto de Angra, ocupando um antigo porto de pesca), de Porto Judeu, de Porto Martins, das Quatro Ribeiras (pouco adequada a crianças e nadadores inexperientes), das Cinco Ribeiras e de São Sebastião.

Na baía da Salga encontra igualmente uma piscina natural, com um apontamento histórico interessante. Aqui ocorreu uma importante batalha em 1581, entre espanhóis e as forças portuguesas, durante a crise de sucessão gerada pela morte sem herdeiros do rei lusitano.

Praia na ilha Terceira Açores

Reza a história que aqui ocorreu a Batalha da Salga, a 25 de julho de 1581, numa altura em que a Terceira se opunha ao recente domínio filipino. Uma armada castelhana desembarcou na Baía da Salga para tentar ocupar a ilha, mas Brianda Pereira, uma terceirense valente, atiçou-lhe o gado bravo, desorientando o exército invasor. A ilha resistiu assim mais dois anos, tornando-se um símbolo nacional de esperança.

Este episódio histórico estará na base da tradição de touradas à corda na ilha Terceira, em que o touro corre pelas ruas preso por uma comprida corda segura por um grupo de homens (os pastores), e da introdução dos touros na heráldica dos Açores.

monumento ao gado bravo
À entrada da cidade de Angra, um monumento ao gado bravo da ilha.

Atividades aquáticas na ilha Terceira

A vida insular está sempre intimamente ligada ao mar e aos seus humores. Sem surpresa, alguns dos passeios mais agradáveis na Terceira acontecem no mar.

Por exemplo, a baía da Praia da Vitória oferece condições ótimas para a prática de vela, com fortes elogios de campeões mundiais e europeus presentes nos vários campeonatos ali realizados. Ali encontra também um dos centros de mergulho da ilha Terceira, que oferece, entre outras atividades, mergulho-batismo. Alguns dos melhores spots de mergulho na Terceira:

  • Parque Arqueológico Subaquático, na baía de Angra do Heroísmo –  um autêntico museu subaquático que reflete a importância estratégica da cidade ao longo dos séculos. Ali pode ver o Cemitério das Âncoras e mais de 80 navios, incluindo o famoso navio a vapor Lidador, que aqui naufragou em 1878.
  • Fradinhos: grupo de pequenos ilhéus ao largo da costa sul.
  • Gruta das Cinco Ribeiras: longa caverna formada por várias câmaras interligadas.
  • Monte Submarino Banco D. João de Castro: topo de um cone vulcânico onde ainda se pode observar atividade vulcânica e onde se encontram grande variedade de vida marinha.
  • Gruta do Ilhéu das Cabras: uma grande caverna acessível por barco. Dizem que é um dos locais de mergulho mais fáceis. 
atividade aquática na ilha Terceira Açores

Depois, empresas com a Picos de Aventura oferecem vários passeios de barco para observação de baleias e cetáceos. Como já experimentáramos em São Miguel, desta vez atrevemo-nos a nadar com golfinhos. Cada um dos participantes pôde mergulhar três vezes, para contemplar famílias numerosas de golfinhos comuns e roazes.

A minha falta de jeito com o tubo de snorkeling atrapalhou, só desfrutei realmente da experiência no terceiro mergulho, constatando a clareza das águas açorianas, mas o meu filho terminou o passeio de olhos a brilhar, não só pelo que viu, mas também porque conseguiu ouvi-los a comunicar debaixo de água.

Nota: espreite o reels da nossa experiência de natação com golfinhos no Instagram.

observação de golfinhos, na ilha Terceira Açores

Se o tempo não estiver ótimo, pode optar por uma excursão aos ilhéus das Cabras num barco com fundo de vidro, para avistar espécies marinhas e aves, sem se molhar.

Os dois ilhéus com cerca de 28 hectares, outrora povoados de caprinos (daí o nome), resultam de violentas erupções submarinas que formou uma pequena ilha circular, entretanto dividida. As grutas escondidas nas  suas falésias abruptas, fizeram destas peculiares ilhotas esconderijo de piratas, ponto de ataque a galeões e cenário de escaramuças nos conflitos mundiais.

Hoje são um paraíso para ornitólogos ou observadores de tartarugas e aves, entre elas cagarros, andorinhas-do-mar comum, garças, maçaricos-galegos ou garajaus. Quanto à fauna aquática, destaca-se os espetaculares ratões-águia nas suas grutas. Apesar de serem propriedade privada, constituem uma zona de proteção especial devido à sua importância para nidificação de aves.

Roteiro para 3, 5 ou 7 dias

Três dias é manifestamente pouco para explorar a ilha Terceira, nos Açores, mas ainda assim é possível conhecer as principais atrações, desde que tenha um carro à disposição. Em cinco dias, é possível conhecer a região vinícola dos Biscoitos e fazer alguma atividade aquática: as opções multiplicam-se.

Com uma semana disponível na ilha, considere incluir um trilho e explorar a costa oeste. Eis uma sugestão de roteiro tranquilo, em modo slow travel que é, cada vez mais, a minha forma preferida de viajar:

vista dos ilheus das cabras, na ilha Terceira

Roteiro para 3 dias na ilha Terceira, Açores

  • Dia 1: centro histórico de Angra do Heroísmo e Monte Brasil.
  • Dia 2: Trilho dos Mistérios Negros, piquenique na Lagoa das Patas, Gruta do Natal, Furnas do Enxofre e Algar do Carvão (sabendo que a Gruta do Natal e o Algar só abrem a partir das 14h00).
  • Dia 3: costa este da ilha, entre Angra do Heroísmo e a Praia da Vitória. Miradouro da Serretinha; Porto Judeu (piscina natural da Baía do Refugo, gruta das Agulhas); Baía da Salga; São Sebastião (primeiro povoado da ilha); almoço no restaurante O Pescador (Praia da Vitória); Centro histórico, praia e miradouros da Praia da Vitória; Miradouro da Serra do Cume (ao pôr do sol).
império do Espírito Santo
Império da freguesia de São Sebastião

Roteiro para 5 dias na ilha Terceira

  • Dia 4: Biscoitos. Piscinas naturais de Biscoitos, trincheiras da II Guerra Mundial, paisagem vinícola, com as suas curraletas; Museu do Vinho (só abre à tarde) ou Adega Cooperativa. Estique a visita a Quatro Ribeiras e ao miradouro da Alagoa.
  • Dia 5: atividades aquáticas, como um passeio de observação de golfinhos, mergulho ou cruzeiro até aos ilhéus das Cabras. Aproveitar a tarde para alguns mergulhos numa das piscinas naturais preferidas.

Roteiro para 7 dias na Terceira, Açores

  • Dia 6: costa oeste de São Mateus da Calheta, com o seu porto de pesca, museu dos botes baleeiros, igreja, aproveitando para comer no Beira Mar, um dos restaurantes mais famosos da ilha, até Altares. Pontos de interesse: Piscinas da Silveira, Mata da Serreta, miradouro da Ponta do Queimado, Doze Ribeiras, Queijo Vaquinha.
  • Dia 7: deixe o primeiro dia apenas para o centro histórico de Angra do Heroísmo (considere entrar no Museu de Angra do Heroísmo) e o último para explorar o Monte Brasil a pé, num trilho circular com 7,4 km.

Aliás, os percursos pedestres são a oportunidade perfeita de subir montanhas, caminhar à beira-mar, por vales e caldeiras, descobrir os vulcões que lhe deram origem, conhecer o modo de vida dos terceirenses em harmonia com a natureza. 

igreja matriz de São Sebastião
Restauro de frescos da igreja matriz de São Sebastião

Dicas úteis para visitar a Terceira

Como chegar à ilha Terceira

As companhias aéreas Ryanair, TAP e SATA Azores Airlines têm voos diretos para a Terceira a partir de Lisboa e do Porto.  A SATA assegura ainda os voos internos nos Açores e ligações diretas para Espanha, Reino Unido, Países Baixos, EUA (Boston e Oakland) e Canadá.

Atenção: a SATA já não disponibiliza o serviço de encaminhamento entre ilhas a turistas, como acontecia no passado, mas apenas a residentes. Este serviço destinado aos habitantes da região autónoma dos Açores funciona a partir dos aeroportos açorianos – de São Miguel (PDL), Santa Maria (SMA), Terceira (TER), Faial (HOR) ou Pico (PIX) – de acordo com a disponibilidade de lugares e sem encargos para os passageiros, que viajem de ou para Portugal e o Funchal.

Se estiver numa das ilhas do grupo central dos Açores, pode fazer a ligação à ilha Terceira por mar, numa ligação de ferry assegurada pela empresa Atlântico Line. No Verão, poderá existir até ligações marítimas entre a Terceira e as ilhas mais distantes, quer do grupo oriental (São Miguel e Santa Maria) quer ocidental (Flores e Corvo).

Tenha em atenção que estas ligações se realizam apenas durante alguns dias da semana e demoram muitas horas. Portanto não será possível sair da Terceira de manhã cedo para visitar outra ilha e regressar ao final do dia. Pode ser interessante, contudo, dividir a viagem entre duas ou três ilhas açorianas.

praia nos Açores
Visitar a Terceira no Verão nem sempre é sinónimo de sol.

Melhor altura para visitar a Terceira

Tal como acontece nas restantes ilhas açorianas, chove na ilha Terceira em todas as estações, contudo, os invernos não são rigorosos. Com um clima suave e temperado, não se registam grandes variações de temperatura, que oscilam entre 11º C no Inverno e 26º C no verão, altura em que pode desfrutar de dias mais quentes e ensolarados (com alguma sorte).

Nós estivemos na ilha Terceira no início de julho e tivemos dificuldade em conseguir um dia limpo para subirmos ao miradouro da Serra do Cume, apreciar a paisagem e tirar fotografias bonitas. Mesmo no verão leve um agasalho e capa de chuva.

Chamam à Terceira a “ilha festiva”, por causa de toda a sua animação, que se encontra sobretudo nos meses de verão. Poderá fazer coincidir a sua viagem à ilha Terceira, Açores ou evitar (pois os preços do alojamento podem disparar) durante as seguintes festividades:

San Joaninas da ilha Terceira Açores

  • Danças de Carnaval (fevereiro). São 3 dias de festa intensa em que a população sai à rua, ou se junta em salões, para participar das “danças” ou “bailinhos”. Na freguesia das Lajes existe até um pequeno museu dedicado a esta tradição.
  • Festas do Espírito Santo (março – abril). As famosas festas do Espírito Santo acontecem durante sete semanas após a Páscoa. Apesar de serem celebradas também noutras ilhas do arquipélago, na Terceira são particularmente coloridas e animadas. No domingo da coroação, o “imperador” oferece um jantar à população, composto por sopa de pão, cozido de carne, alcatra, pão de leite, massa sovada, arroz doce e vinho de cheiro.
  • Sanjoaninas (junho). As festas dedicadas a S. João realizam-se em Angra do Heroísmo e prologam-se durante 10 dias, com teatro, tasquinhas de petiscos, concertos, cortejos e fogo de artifício. O ponto alto são as tradicionais marchas populares.
  • Festas da Praia (agosto).  A Praia da Vitória organiza desfiles, uma feira gastronómica, concertos, exposições e eventos desportivos náuticos.
  • Festas da Vinha e do Vinho (setembro). Biscoitos celebra a sua tradição vinícola, com uma festa das vindimas que inclui apanha, entrega e o pisar da uva. Estão ainda incluídas provas de vinho e uma mostra de gastronomia tradicional.
império da caridade

Festas do Divino Espírito Santo e impérios

Abra-se aqui um parêntesis para falar dos Impérios do Espírito Santo, pequenas capelas coloridas ligadas à grande festa da ilha, que são uma das idiossincrasias mais deliciosas da Terceira. Para além da sua arquitetura curiosa, são prova de uma devoção religiosa ímpar, prova da inabalável fé açoriana no Divino.

Existe um ou mais impérios em cada freguesia, remontando alguns ao século XVIII, que abrem portas a cada domingo da festa, para receber os crentes com licores, vinho de cheiro e massa doce.

Entre os mais de 70 impérios que se distribuem sobretudo pelo litoral, o Império da Caridade (Praia da Vitória), o Império do Espírito Santo (Quatro Ribeiras), ou o Império de São Sebastião estão entre os mais vistosos. Todos eles são coroados por uma pomba ou coroa branca com a data de sua construção.

Esta fé está associada a outra característica do povo deste arquipélago – a resiliência face ao isolamento e perigos naturais, que vão de tempestades, a terramotos e possíveis vulcões, e que explicam o grau de emigração.

Vitorino Nemésio, escritor português nascido na Terceira (1901-1978) e vulto incontornável da literatura portuguesa do século XX, cunhou o termo “açorianidade” para expressar esta condição histórica, social e geográfica. 

Como visitar a ilha Terceira

Os transportes públicos da ilha Terceira resumem-se aos autocarros da EVT – Empresa de Viação Terceirense Lda, com ligações entre algumas localidades. Por exemplo, é fácil chegar à Praia da Vitória de autocarro desde o aeroporto, através da linha nº 3. A viagem demora cerca de 20 minutos e o bilhete custa 1.11€ (valor praticado no verão de 2023). Dali, pode apanhar a linha nº 2 para Angra do Heroísmo, por mais 2,80€.

No centro histórico de Angra do Heroísmo, a maior cidade da ilha Terceira, existe um minibus que faz um circuito urbano. No entanto, Angra não é gigante e, apesar de alguns desníveis, é possível visitar tudo a pé.

Os táxis também abundam na ilha Terceira, sendo que o preçário deve estar, obrigatoriamente, afixado no interior. Um serviço de táxi entre o aeroporto e Angra do Heroísmo rondava os 20-25€, no verão de 2023.

Azorbus

Alugar um carro permitirá desfrutar de cada recanto da ilha lilás ao seu ritmo. Em alternativa, se não conduz ou (como alguém que conheço, se esqueceu da carta de condução), pode sempre optar por algumas excursões. Nós experimentámos o tour Melhor da Ilha Terceira da Azorbus e foi muito interessante.

Alojamento na ilha Terceira (onde ficar)

As distâncias são relativamente curtas na ilha Terceira pelo que, mesmo que não fique alojado no centro de Angra do Heroísmo, não será difícil chegar às principais atrações da ilha se alugar um carro.

Claro que a oferta de alojamento se concentra bastante nas duas principais localidades: Angra do Heroísmo e Praia da Vitória. Em Angra do Heroísmo, recomendamos o Angra Marina Hotel (*****), com quartos espaçosos e piscina interior, o requinte do Palácio Santa Catarina Hotel (****) com piscina exterior e estacionamento privado ou o Azoris Angra Garden (****), muito bem localizado, mas sem parque de estacionamento.

Entre as opções mais económicas, lista-se o Hotel Beira Mar (***), o Hotel Monte Brasil (**) renovado recentemente ou o Memória Boutique Hostel, com cozinha aberta aos hóspedes, permitindo cozinhar.

alojamento na ilha Terceira, Açores

Em Praia da Vitória, recomendo o Atlantida Mar Hotel (****), para orçamentos mais folgados. Quem quiser um alojamento mais económico, tem as opções do Royal Beach Hostel ou o Zig Zag Hostel, com uma decoração encantadora e que oferece quartos coletivos ou duplos e cozinha.

Mas o número e opções de hospedagem na Terceira têm crescido um pouco por toda a ilha, em particular nas freguesias de Porto Judeu e Biscoitos. Uma das opções de alojamento mais charmosas chama-se ALluar Lodge e possui uma piscina com vista para os ilhéus das cabras. Considere ainda a Casa da Vinha Escondida, um alojamento local perto dos Biscoitos, ideal para uma família de quatro pessoas.

Comer na ilha Terceira

Se a comida é uma das razões para viajar, não se vai arrepender da estadia na Terceira, onde vida é sinónimo de festa e esta sinónimo de comida.  Aqui há bom marisco – cavaco, cracas, lapas – e as muitas espécies de peixe fresco que convidam a sentar-se à mesa. Há carne suculenta, que se derrete na boca. Há sopas do Espírito Santo, alcatra e a massa sovada.

No setor dos doces, o destaque é dado aos bolos Dona Amélia,  mas também o Alfenim, associado às Festas do Espírito Santo, pasta de açúcar transformada, por mãos hábeis, em flores, pombas, galinhas, cisnes e coelhos, um mundo fantástico de açúcar e fantasia.

Escrevi um artigo inteiro dedicado à gastronomia da ilha Terceira, com dicas de restaurantes, que não aconselho a ler de barriga vazia.

Outras dicas úteis

Para terminar este artigo, que já vai longo, algumas dicas adicionais, nomeadamente acerca do fuso horário. No arquipélago dos Açores é sempre menos uma hora em relação a Portugal Continental e às Ilhas Canárias e menos duas horas em relação a Espanha.

Os sobressaltos de saúde não acontecem só aos outros, por isso recomendo sempre ter o seu cartão de saúde português ou europeu e fazer um seguro de viagem. A Iati tem um seguro bastante adequado às viagens aos Açores, com coberturas específicas para cicloturistas, autocaravanas, campers e campistas, animais de estimação. Pode fazer o seu seguro IATI Escapadinhas no nosso link com 5% de desconto.

Alguns contactos importantes são o número de emergência (112, como no continente) e do Hospital Santo Espírito da Ilha Terceira (+351 295 403 200).

piscinas naturais dos Biscoitos, na Terceira

A ilha Terceira é um destino muito seguro, com habitantes prestáveis e sempre prontos a dois dedos de conversa. Ainda assim, não descure os cuidados básicos e bom senso, quanto a deixar objetos de valores à vista no interior dos carros, andar com muito dinheiro, etc.

Por fim, aconselho a usar a app SpotAzores (Android/iOS/Web), para aceder às as webcams em diferentes partes das ilhas para ver como está o tempo, pois sol em Angra não significa que não esteja a chover do outro lado da ilha. Esta aplicação é a forma mais rápida de evitar viagens desnecessárias.