Atualizado em 21 Setembro, 2023

Cracóvia, o sedutor postal do sul da Polónia, pode ter perdido o estatuto de capital que ostentou durante séculos. Mas continua vibrante, com uma aura estudantil e noites animadas

A manhã veranil surpreende-nos numa esplanada da Rynek Główny, o coração da cidade velha (Stare miasto) de Cracóvia. A praça medieval, uma das mais amplas da Europa, continua tão vital como no seu período áureo. Comércio, serviços públicos, restaurantes e bares, a grande basílica – tudo se concentra neste epicentro.

A dose de cafeína ajuda a empurrar um obwarzanek, o bagel polaco que se vende baratíssimo em cada canto da cidade. A meio da manhã será necessário reforçar a energia com um Pączki, esse doce parecido com uma bola de Berlim, com recheio de rosas para mim, de chocolate para o adolescente-explorador.

Porque é tempo de palmilhar Cracóvia, um dos principais destinos turísticos do país. E há tanto para descobrir.

Mais de mil anos de história não desanimaram Cracóvia ou deterioram o seu património, que mantém o charme original. Veja-se, a título de exemplo, o Collegium Maius, o castelo Wawel e a basílica de Santa Maria (Kościół Mariacki), entre outras 140 igrejas, que lhe valeram o epíteto de “Roma do Norte”. [Parêntesis para declarar que este tipo de comparação me desagrada sobremaneira: é como dizer que Aveiro é a Veneza portuguesa].

A incrível variedade de igrejas é uma espécie de aula de arquitetura e história do cristianismo, que nos transporta do gótico ao barroco em poucas ruas. Isto é possível porque Cracóvia escapou praticamente ilesa aos bombardeios da II Guerra Mundial, ainda que não incólume dos horrores perpetrados em Auschwitz-Birkenau, que fica bem próximo.

Para além disso, apesar do contexto estudantil ser pouco apreciado por nazis e soviéticos, a Jagiellonian University, a quinta mais antiga da Europa, continua a atrair jovens que chegam de vários cantos do planeta para estudarem no mesmo sítio que Nicolau Copérnico.

Será difícil alguém revolucionar a ciência e a mundividência humana como Copérnico fez com a sua teoria heliocêntrica. Ainda assim, Cracóvia conta hoje com 15 escolas superiores, o que se traduz em mais de 200 mil estudantes universitários, significativo num total de 900 mil habitantes.

#Nota: outro aluno famoso desta academia foi Karol Wojtyla, futuro arcebispo de Cracóvia e papa João Paulo II. Considerado um dos homens mais influentes do século XX, teve um papel importante na libertação da Polónia do domínio soviético e na reaproximação entre a igreja católica com outras religiões.

Infelizmente ainda é comum o turismo com animais em Cracóvia.

A importância cultural de Cracóvia, que acolheu a família real durante vários séculos, reflete-se num centro histórico singular, classificado como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO desde 1978. Uma cidade impregnada de história que continua alinhada com o presente, como se constata pelo dinamismo da agenda cultural, e orientada para um futuro ancorado na investigação das suas academias.

Como se os motivos enumerados para visitar Cracóvia não bastassem, acrescente-se o romantismo das margens do Vístula, com amplos relvados para piqueniques, ciclovia para passeios de bicicleta e cruzeiros fluviais.

Se está a planear uma viagem à Polónia e pretende incluir Cracóvia, considere quatro regiões no seu roteiro: a cidade velha, a beira-rio (com destaque para o castelo Wawel), o bairro judaico de Kazimierz e, na margem oposta do Vístula, Podgórze, onde outrora se criou um gueto para segregar os judeus.

Vamos conhecer cada um deles? Clique nos links, para informação detalhada sobre preços das entradas e horários, quando aplicável.

As margens do rio Vístula, com vista para o castelo.

#Curiosidade: o nome da cidade poderá derivar de Krakus, o lendário fundador de Cracóvia e governante da tribo eslava dos vistulanos. Outra teoria remete para o termo “kruk”, que significa corvo.

Cidade velha de Cracóvia (Stare Miasto)

Seguimos pela estrada real, que começa na igreja de São Floriano (Kościół św. Floriana), atravessa os portões e a praça principal da cidade, terminando junto ao castelo. Personagens reais fizeram este mesmo percurso para serem coroados, passando nas artérias mais bonitas de Cracóvia.

Outrora fortificada, as muralhas da cidade foram substituídas pelo imenso Parque Planty, o anel verde de vários quilómetros que abraça a cidade velha. O parque é lindo, com muitas sombras, bancos, fontes, estátuas das principais figuras da cidade e o elegante Teatro Juliusz Slowacki, inspirado no parisiense Palais Garnier.

Ainda é possível ver um pedacinho do antigo sistema de defesa, no topo norte da cidade: o Barbacã (Barbakan Krakowski) e o St. Florian’s Gate. O barbacã é uma importante obra de engenharia militar do final do século XV, bastante danificada durante a II Guerra Mundial, mas cuja reconstrução usou os tijolos originais. Atualmente acolhe um museu histórico-militar.  

Em frente, fica uma das portas da antiga muralha, que se une a uma torre defensiva construída no século XIV com o intuito de proteger a cidade dos ataques turcos. Vale a pena demorar-se por ali, admirando as telas coloridas dos artistas que expõe na rua (foto de entrada).

Seguimos pela movimentada Rua Floriańska, com lojinhas de artesanato e o Jama Michalika, um dos cafés mais mediáticos da cidade com decoração em art nouveau, artéria que desemboca no cartão-postal da cidade: a Basílica de Santa Maria.

Construída sobre as ruínas de outro templo destruído no século XIII pelos tártaros, a linda igreja de torres desiguais tem um interior belíssimo, o teto abobadado azul salpicado de estrelas doiradas que me recordou (com as devidas diferenças) da Saint-Chapelle em Paris. Diz a lenda que as torres foram construídas por dois irmãos competitivos. Quando um percebeu que a torre fraterna estava a superar a sua, matou o irmão para ganhar a disputa.

Na realidade, a torre mais alta serviria de ponto de observação. De facto, uma trombeta soa no alto da torre de hora a hora, parando abruptamente, em homenagem ao músico que alertou a cidade dos invasores no século XIII, sendo trespassado por uma flecha.

As torres desiguais da Basílica de Santa Maria, na cidade velha.

#Dica: se desejar visitar o interior da basílica ou subir à torre Hejnalica, compre a entrada logo no horário de abertura das bilheteiras, porque existe pouca disponibilidade. Sobem apenas 10 pessoas à torre a cada meia hora, para uma vista mais bonita do que da torre da antiga Câmara Municipal (que tem janelas minúsculas).

Estamos na animada Praça central onde encontra também a torre da antiga Câmara Municipal (séc. XIV) com cerca de 75 metros de altura, a escultura de bronze do Eros vendado, a minúscula igreja de Santo Adalberto (Kościól Św. Wojciecha), uma das mais antigas do país e muito querida dos cracovianos, e outros tesouros nacionais como o Sukiennice.

Primeiro mercado comercial da Polónia, o mercado de tecidos ou Sukiennice ocupa um edifício de belas arcadas no coração da praça, com imensas lojinhas de souvenirs e dois museus: um subterrâneo (Rynek Underground, num sítio arqueológico) e outro no piso superior (um dos pólos do Museu Nacional). Nós visitámos o segundo, que apresenta uma coleção de pintura polaca, para conhecermos um pouco do grande pintor polaco Jan Matejko.  

Segue-se um pequeno desvio para espreitar o Collegium Maius ou Colégio Maior, um dos mais antigos da Universidade de Cracóvia, onde funciona um museu com coleções de astronomia, cartografia, física, química e meteorologia.

Sukiennice, o mercado de tecidos remonta é época medieval.

#Dica: no tranquilo pátio interior do Collegium Maius existe um pequeno café com preços simpáticos.

Voltamos para trás, para apanhar a antiquíssima Rua Grodzka, desfilando entre palácios seculares e visitando algumas das várias igrejas das imediações: a Basílica de São Francisco de Assis com belos vitrais, a neogótica Basílica da Santíssima Trindade, também conhecida como Igreja dos Dominicanos, a monumental Igreja de São Pedro e São Paulo e a vizinha (e muito mais singela) igreja de Santo André.

Paralela a esta artéria concorrida existe outra, igualmente pitoresca, mas muito mais tranquila: a Rua Kanonicza, onde o papa viveu no nº 19 (hoje acolhe um pequeno museu da arquidiocese).

Castelo Wawel e beira rio

Chegamos à extremidade oposta da cidade velha, subindo o Monte Wawel para conhecer o castelo homónimo, considerado um dos símbolos da Polónia. Já habitada durante o Paleolítico, a colina que margeia o rio acolhe a primeira residência dos reis da Polónia. Após seculares transformações, o castelo real soma, numa mistura certeira, os estilos gótico e renascentista.

Abandonado quando a capital do país foi transferida para Varsóvia, saqueado pelo exército da Prússia, ocupado pela Áustria e tomado pelos nazis durante a II Guerra Mundial, só após a libertação do país do jugo soviético, nos anos 90, o Castelo Wawel foi restaurado e abriu portas ao público.

O bilhete de entrada para o Castelo inclui os salões de Estado e apartamentos reais, o tesouro real (que inclui a Szczerbiec, a espada da coroação), arsenal militar, uma coleção de tendas otomanas (parece que foram muito populares por estes lados) e a exposição The Lost Wawel, com descobertas arqueológicas.

A visita ao castelo Wawel é obrigatória em Cracóvia

#Dica: o Castelo de Wawel tem entrada gratuita à segunda-feira de manhã, embora nem todas as exposições estejam abertas. Sugiro que chegue cedo, se possível antes da hora de abertura das bilheteiras, porque os lugares são limitados.

Para além do Castelo, o complexo possui outras atrações, a saber, a magnífica Catedral Real de Wawel – onde o Papa João Paulo II celebrou a sua primeira missa como sacerdote, em 2 de novembro de 1946 – e a Gruta do Dragão.

Local de coroação e repouso eterno dos monarcas (39 dos 45 reis do país estão ali sepultados), para visitar a Catedral Real de Santo Estanislau e Venceslau de Wawel, o museu (inclui uma sala com memorabilia do papa João Paulo II), a cripta com as sepulturas reais, o mausoléu do padroeiro da Polónia, Santo Estanislau, e a torre do sino Sigismundo é necessário comprar um bilhete autónomo.

Por fim, nas margens do rio Vístula, a escultura cuspidora de fogo de um dragão recorda-nos que a Polónia é também terra de lendas e mitos. Ao lado fica a Gruta do Dragão  que liga o interior do castelo ao parque relvado junto ao rio.

#Curiosidade: diz a lenda que nesta caverna morava um dragão maligno, que devorava os habitantes incautos. Uma das muitas versões afirma que a população foi salva por um humilde sapateiro que recheou a pele de um cordeiro com enxofre. Depois de devorar a prenda, a besta teve tanta sede que bebeu toda a água do rio.

A região ribeirinha é bastante procurada durante o verão, quer pelos turistas quer pelos moradores, que ali fazem piqueniques, convivem com os amigos e fazem caminhadas. A calçada da fama fica ali perto, com as mãos marcadas de grandes vultos da música e do cinema polaco: confesso que o único nome que reconheci foi o de Polanski.

Na margem oposta, encontra-se a roda gigante (Cracow Eye Observation Wheel) e o balão de ar quente (Dobra Atmosfera), que sobe apenas alguns metros no céu, mas que pode constituir uma experiência engraçada, quem sabe para um pedido de casamento ou outra situação especial.

roteiro em Cracóvia

Bairro judeu de Kazimierz

Já se referiu a quantidade de igrejas que existem em Cracóvia e a popularidade do Papa polaco. Mas, para além de católicos, outras religiões prosperaram no contexto tolerante do reino, posteriormente país, da Polónia. A vila de Kazimierz foi fundada no século XIV e, com a expansão da cidade, tornou-se um bairro de Cracóvia, lar de uma próspera comunidade judaica.

No início da II Guerra Mundial, cerca de 70 mil judeus viviam aqui, o que se traduz num património interessante. O bairro foi devastado durante a ocupação nazi e mais de 40 mil habitantes foram levados diretamente para os campos de concentração. Pouco depois, os que restaram foram transferidos para um gueto construído na outra margem do rio.

Findo o conflito, os judeus voltaram a habitar Kazimierz, existindo ainda muitos espaços e tradições ligadas à comunidade. Hoje, tem um ambiente alternativo e é muito procurada por artistas e comunidades culturais. Alguns dos melhores restaurantes de Cracóvia estão aqui, bem como os melhores bares e discotecas. Aproveite também os inúmeros espaços de comida de rua, por exemplo, a Truckarnia Food Truck Park.

Porém, Kazimierz ainda é o reduto da comunidade judaica de Cracóvia, sendo possível visitar várias sinagogas. Nós visitámos a sinagoga Tempel, porque li que é muito bonita, com detalhes renascentistas e mouriscos, mas a sua riqueza estava parcialmente tapada por andaimes aquando a nossa viagem. Visitámos ainda a sinagoga de de Remuh (século XVI), muito mais modesta, espreitando o cemitério anexo.

A rua Szeroka será, porventura, o coração de Kazimierz, com a velha sinagoga (Stara Boznica), muitos restaurantes kosher e lojinhas. Mas há muito mais para descobrir nos recantos deste barro histórico, do Museu Judeu Galícia à enorme Basílica de Corpus Christi, católica.

#Nota: é possível compreender a presença judaica em Cracóvia através de um Jewish Free Walking Tour ou fazendo um tour num dos muitos carrinhos elétricos que abundam (a roçar o exagero) na cidade.

Podgórze e a sombra do gueto judeu

Atravessamos a original ponte do Padre Bernatek, enfeitada com estátuas suspensas de acrobatas. Do outro lado do rio fica Podgórze, conhecido por ter acolhido o gueto judeu de Cracóvia, criado a 3 de março de 1941.

Sim porque Kazimierz fica mesmo ao lado da cidade velha, e os alemães queriam “limpar” a zona mais nobre da cidade, para proveito próprio. O gueto era cercado por um muro e todas as portas e janelas que davam acesso ao lado ariano emparedadas, para impedir qualquer fuga. Organizada a “liquidação” final do gueto em 1942, os sobreviventes (cerca de oito mil judeus) foram deportados para campos de trabalhos forçados.

A sombra do Holocausto ainda paira sobre Podgórze, nomeadamente na Praça dos Heróis do Gueto, nas imediações do antigo gueto, onde 70 cadeiras vazias representam os judeus polacos vítimas dos nazis durante o Holocausto.

Num dos cantos da praça fica a Farmácia da Águia, palco de uma história de coragem e solidariedade. Tadeusz Pankiewicz, o dono, foi aconselhado a deixar o bairro, assim como os outros polacos que viviam perto do gueto, mas o farmacêutico conseguiu permanecer, ajudando muitos judeus a escapar, entre eles o famoso cineasta Roman Polanski, e dando apoio médico a tantos outros.

As instalações da farmácia foram transformadas em museu, com uma exposição permanente que testemunha os horrores vividos pelos judeus e o papel da farmácia de ajuda ao próximo.

Outro ponto alto do bairro de Podgórze é a Fábrica Enamel de Oskar Schindler, popularizada na épica longa metragem de Spielberg de 1993, premiada com o óscar de melhor filme. O alemão Oskar Schindler viu na mão de obra judia uma solução barata para lucrar durante a guerra. Com forte influência no partido nazi, abriu uma fábrica, que se transformou num dos maiores casos de solidariedade durante o Holocausto, pois salvou a vida de mais de 1200 pessoas.

museu da Fábrica de Schindler em Cracóvia

Schindler produzia objetos em estanho e, mais tarde, projéteis para o exército, com alguns lotes a seguirem propositadamente defeituosos, para pouparem vidas. Enquanto isso, conseguia aço adicional para produzir objetos que os funcionários vendiam, conseguindo assim obter um pouco de comida ou medicamentos no mercado negro.

A antiga fábrica foi musealizada com a exposição “Cracóvia sob a Ocupação Nazi entre 1939 e 1945”, que percorre a história da cidade desde 1939 até ao domínio comunista que ocorreu após a guerra.

#Dica: a entrada no museu Fábrica de Schindler é gratuita à segunda-feira até às 14h00, exceto na primeira semana de cada mês. Tenha atenção que a visita demora várias horas, pelo que é má ideia conjugá-la com a visita ao castelo, igualmente gratuita à segunda-feira de manhã.

Visitar Cracóvia: roteiro para 2, 3 ou 4 dias

Dois dias é manifestamente escasso para conhecer Cracóvia, considerando tudo o que a cidade polaca tem para oferecer. No entanto, se tiver apenas dois dias disponíveis, sugiro que dedique um dia à cidade velha (seguindo o percurso descrito acima) e castelo de Wawel. No segundo dia pode explorar os bairros de Kazimierz e Podgórze – incluindo a Fábrica de Schindler -, para uma perspetiva mais judaica da cidade.

Se tiver três dias, recomendo, novamente, dedicar um dia à cidade velha e castelo Wawel. No segundo dia bem cedo poderá rumar até Auschwitz-Birkenau, reservando a tarde para explorar Kazimierz, com tempo para visitar, pelo menos, uma sinagoga. No terceiro dia, pode visitar as minas de sal de Wieliczka  de manhã e deixar Podgórze e a Fábrica de Schindler para a tarde.

Se tiver mais dias na cidade, adapte o seu roteiro em Cracóvia para conhecer com o devido vagar o interior do castelo de Wawel e vizinha catedral real, aproveitar as margens do rio Vístula ou até esticar o passeio até Tyniec.  Há várias opções de passeios nos arredores que valem muito a pena e que descrevemos em Lugares incríveis para conhecer perto de Cracóvia.

Dicas úteis para Cracóvia

Quando visitar Cracóvia?

O inverno é longo e rigoroso na Polónia. O período ideal para visitar Cracóvia vai de abril a outubro, com temperaturas mais amenas e dias um pouco mais longos.

Contudo, espere muitos turistas no pico de verão (julho e agosto), o que se refletirá nos preços da hospedagem e filas para algumas atrações, em particular para o Castelo de Wawel. Em resumo, nos meses da primavera (abril e maio) e no outono (setembro e outubro) poderá ter uma experiência mais agradável.

Como chegar à cidade

A cidade é servida pelo aeroporto internacional João Paulo II, que mantém ligações para várias capitais europeias. De Lisboa, é possível chegar a Cracóvia com a Luftansa e Ryanair (voo direto), Swiss Air, TAP e LOT (com escala). Do Porto, é possível chegar com a Lufhansa, a KLM e, por incrível que pareça, com a Norwegian Air International, mas todos estes voos têm escala. O único voo direto do Porto até Cracóvia é operado pela Ryanair.

Comboios rápidos ligam o aeroporto ao centro da cidade em cerca de 20 minutos, com partidas entre as 5h34 e as 22h20, em intervalos regulares (seguir as indicações “Train to the city” e comprar bilhete para Kraków Główny, nas máquinas ou no interior do comboio). Outra opção para chegar ao centro é o autocarro nº 209 ou 300, e no caso de um voo noturno, o autocarro 902.

Cracóvia mantém ainda ligação a várias cidades polacas e algumas metrópoles europeias através da malha ferroviária da PKP – Foi desta a forma que viajamos até Varsóvia, a capital do país – e de autocarros como a Flixbus.

Circular em Cracóvia

Se ficar alojado perto do anel formado pelo parque Planki, poderá alcançar a pé a maioria das atrações de Cracóvia. Eventualmente, apenas o bairro de Podgórze e a Fábrica de Schindler poderão exigir utilizar o transporte público.

Saiba contudo que a cidade é servida de uma rede de elétricos (tram) e autocarros da MPK que funciona bem. Os bilhetes são económicos e é fácil comprá-los nas máquinas automáticas. Atenção: não se esqueça de validar o bilhete ao entrar no autocarro.

Se, por acaso, usar um Uber (são mais baratos que os táxis), tenha atenção que estes não podem circular em certas ruas do centro histórico.

#Dica: o trânsito é bastante civilizado em Cracóvia e a maioria dos condutores respeita muito os peões. Tenha, no entanto, em atenção que atravessar a rua fora da passadeira pode dar multa.

Onde ficar (alojamento em Cracóvia)

Escolher um alojamento próximo da cidade velha ou do bairro de Kazimierz facilitará a sua visita a Cracóvia. Uma vez que a Polónia não é um destino muito caro, poderá encontrar hospedagem charmosa a um preço acessível ao comum dos mortais.

Entre os melhores hotéis de Cracóvia, recomendo o elegante Hotel Saski Krakow Curio Collection by Hilton, um cinco estrelas junto à praça central,  o Hotel H15 Luxury Palace (*****) muito perto do portão de St. Florian, e o Hotel Stary (*****), com um terraço para a praça central da cidade, spa, ginásio e muitas outras comodidades.

Outros alojamentos centrais e com uma excelente relação qualidade-preço são o Hotel Wentzl (****) e Hotel Wyspiański (***). Para orçamentos mais apertados, o Mundo Hostel (classificação 9,1 no booking) e o Greg&Tom Hostel (classificação 8,9), bem próximo da estação de comboios, poderão ser boas opções.

Obwarzanek, o bagel polaco que se encontra por todo o lado.

Comer em Cracóvia

Existem muitos restaurantes internacionais em Cracóvia, com menu em inglês e preços para turistas. Se, como nós, gosta de provar os pratos mais típicos, fuja das ruas mais turísticas e aventure-se nos pierogi, dumplings com diversos recheios (adorámos os da Pierogarnia Domowa, na rua Szpitalna), nas placki ziemniaczane que é como quem diz deliciosas panquecas de batata (as do Mr. Vicent são impecáveis), nos kotlet schabowy (panados) ou na famosa zurek, sopa à base de centeio fermentado, com carne e ovos, não raras vezes servida dentro de um pão.

Nas roulotes de rua encontrará com frequência a zapiekanki ou zapiekanka, uma baguete cortada ao meio, tostada e com vários ingredientes por cima, que faz lembrar uma pizza. Existem algumas opções vegetarianas, finalizadas com flocos de cebola caramelizada.

comida em Cracóvia
As panquecas de batata.

No quesito sopas, lista-se a zupa grzybowa de cogumelos, e a barszcz czerwony, uma sopa de beterraba que odiei (até gosto de beterraba, desde que crua). E para as formiguinhas há sobremesas à base de maçã, que não chegámos a provar, há muitos pączkis, as tais que parecem bolas de Berlim, mas com recheios bem diversos, e também chimney cakes.

#Dica: se viajar com miúdos ou adolescentes e quiser conhecer um lugar muito trendy, leve-os ao Mr. Pancake. Eu não gostei da pizza vegana, mas os hambúrgueres parecem decentes e as panquecas são pornográficas.

Tem mais dicas e informações para quem planeia visitar Cracóvia? Quer partilhar a sua experiência na cidade polaca? Use a caixa dos comentários, para benefício de todos os leitores.