Atualizado em 19 Agosto, 2022

Património da Humanidade da UNESCO desde 1983, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória é, indiscutivelmente, uma das mais belas obras da arquitectura portuguesa e uma das 7 maravilhas do país

Manhã de 14 de Agosto de 1385. As tropas portuguesas posicionam-se numa pequena colina à espera das forças inimigas, que chegam por volta da hora do almoço, sob o escaldante sol de Agosto. O adversário (soldados castelhanos e cavaleiros franceses), muito mais numeroso, é vencido por uma brilhante táctica de guerra.

O resultado desta que foi uma das batalhas mais importantes de toda a época medieval na Europa? Um milhar de mortos entre as forças portuguesas, cerca de quatro mil mortos e cinco mil prisioneiros do lado adversário. Outros tantos foram mortos pelo povo, quando fugiam de volta para Castela.

Em agradecimento à Virgem pelo triunfo que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal, o rei D. João I mandou construir o lindo Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha (mais detalhes aqui para os amantes de História).

© Mosteiro da Batalha.  O topo do túmulo é muito alto para se fotografar sem um tripé gigante

As obras prolongaram-se por mais de 150 anos, o que explica as diferenças artísticas. O edifício é predominantemente gótico (com o toque lusitano do Manuelino) mas possui apontamentos renascentistas. Vários acréscimos ao projecto inicial resultaram no enorme conjunto monástico que hoje inclui igreja, dois claustros com dependências anexas e dois panteões reais. São eles a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas.

Cruzamos o majestoso pórtico de Huguet, com seis apóstolos de cada lado esculpidos em pedra como se fosse filigrana, levantamos os bilhetes e seguimos para a Capela do Fundador. O panteão régio tem vários túmulos de príncipes ao longo das paredes (a ínclita geração, escreveu Camões), mas o olhar é repetidamente atraído para o centro, onde D. João I repousa, sereno, de mão dada com a sua rainha.

Demoramo-nos longamente por ali, antes de seguirmos pela monumental igreja, com toda a leveza aérea característica do gótico, demasiado grande para a quantidade de dominicanos que aqui permaneceu. Trata-se de uma clara afirmação de poder da nova dinastia.

O claustro prende-nos igualmente, com os imensos detalhes fotogénicos e o murmúrio calmante das águas da fonte. As esculturas do romeno Mircea Roman perfilam-se nos corredores, numa exposição que chamou de Sacrifício

Temos que sair do mosteiro para finalizar a visita nas Capelas Imperfeitas: o meu recanto preferido. Imperfeitas porque inacabadas, sublinhe-se, porque nada, absolutamente nada, é feio ali. D. Duarte mandou construir o espaço no primeiro ano do seu reinado, mas a sua morte e, logo no ano seguinte, a do mestre Huguet ditou que a obra nunca fosse terminada. Ele e a esposa foram finalmente depositados na sua capela funerária já em pleno século XX, repousando juntos na eternidade, à luz das estrelas…

Site do mosteiro: aqui | Horário: 16 Outubro a 31 Março 9h00-18h00; 1 Abril a 15 Outubro 9h00-18h30 | Bilhete: 6€ (adulto), 3€ (seniores, estudantes, famílias), grátis (crianças até aos 12 anos, alunos e professores em visitas de estudo, desempregados), grátis ao domingo de manhã

Dica: podem conjugar a visita ao mosteiro da Batalha com outros destinos na região como Óbidos ou o Budha Garden.

D. Nuno Álvares Pereira, responsável pela táctica militar na Batalha de Aljubarrota, lembrado junto ao mosteiro

Este post faz parte do 8on8 um projecto colectivo que une lindas viajantes em volta de um tema comum, no dia 8 de cada mês. Espreitem os restantes textos sob o tema “arquitectura”, desfrutem, partilhem e inspirem-se (por ordem alfabética):

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