Atualizado em 5 Março, 2022
A Suíça é a terra dos clichés, as paisagens são de revista, a democracia é directa e tudo funciona como um relógio, ou não fosse este um dos seus símbolos mais fortes. Mas a federação helvética é muito mais que relógios e canivetes, bancos e chocolates, montanhas e vacas
Começamos esta jornada na região alemã, na maior urbe do país: Zurique. Considerada uma cidade global, por causa do seu desenvolvimento estrutural, Zurique acolhe a sede de vários bancos, instituições financeiras e organizações internacionais como a FIFA.
Em 2009, ficou entre as 10 cidades mais poderosas do planeta e, em 2012, foi considerada a melhor grande cidade para se viver. O reverso da medalha? É um dos lugares mais caros do mundo, com trânsito, comércio e poluição visual (leia-se publicidade) de cidade grande. No entanto, ali para os lados do lago, a vida acalma com banhos de água gelada e toalhas estendidas ao sol.
Mais. Para lá chegarmos, passamos por becos e vielas de outros tempos, por barzinhos com esplanadas e inúmeras fontes de água, para enchermos as nossas garrafas. Para mim, isto é um indicador de primeiro mundo: a cidade tem mais de 1200 fontes de água potável.
Mas vamos por partes.
Apesar de termos alugado um carro para explorar o país, chegámos a Zurique de comboio porque não é fácil (ou barato) estacionar na cidade. De resto, a estação Zurich Hauptbanhof é um excelente ponto de partida, já que acolhe o posto de turismo e fica a cinco minutos do centro histórico.
Basta atravessar uma estrada movimentada e estamos na Bahnhofstrasse, a rua mais elegante e com preços por metro quadrado exorbitantes. As montras de relógios sucedem-se, para emoção do Miguel que rejubila cada vez que vê um Panerai e, não muito longe dali, existe uma loja da Victorinox, a famosa marca de canivetes.
Ali fica também a Paradeplatz, sede dos maiores bancos Suíços (UBS e Credit Suisse) que, dizem, escondem cofres subterrâneos repletos de ouro. Mas a minha imaginação não se demora em tesouros porque, precisamente nesta praça, fica a tradicional confeitaria Sprüngli, conhecida pelos seus Luxemburgerli.
O chocolate faz parte do cenário; Lindt, Läderach, Vollenweider estão por todo o lado. Ora chocolates, como toda a gente sabe, é coisa que nem aprecio (sqn)!!!! Só não esgotei o stock nacional porque é mais barato comer chocolate suíço em Portugal do que no próprio país.
Mas prosseguimos para o centro histórico, que o chocolate tem o condão de encolher a roupa, para conhecer a Igreja de S. Pedro e a sua linda torre do relógio. Na frescura do interior, aponto ao pequeno explorador as diferenças entre esta singela igreja protestante e outra que seja católica.
Outro lugar belíssimo é o antigo convento Fraumünster, com os seus claustros decorados com afrescos. Não chegámos a entrar, porque a visita é paga, e só depois soube que no interior existem vitrais de Augusto Giacometti e de Chagall. Oh, arrependimento!
Perto do rio Limmat, constatamos que uma multidão enche as margens e a ponte. Alguma coisa se passa, certamente, e não demoramos a perceber que o venerado Federer (verdade, os suíços adoram-no) e o actual número um mundial do ténis, Andy Murray, estão a chegar para um treino… o objectivo é promover o Match for Africa dessa noite, uma iniciativa da Fundação Roger Federer que apoia a educação de meninos africanos.
Passamos uma agradável tarde nas margens do lago Zurique, que os suíços transformam em praia sempre que o sol aquece, e espreitamos o jardim chinês, um presente da cidade chinesa de Kunming, como forma de agradecimento pelo apoio técnico-científico dado pelos suíços na expansão da sua rede de água e saneamento.
Voltámos ainda à cidade para visitar o Museu Nacional, que parece um palácio saído das páginas de um conto e tem a maior colecção sobre a cultura e história da Suíça. Lá dentro mora a estátua de cera mais verosímil de sempre, a representar a Helvetia (ficámos ali imenso tempo a tentar perceber se era uma pessoa de carne e osso)…
Mas o que ficará para sempre na memória dos meus rapazes é aquele jogo de ténis em pleno rio, num campo flutuante.
Fraumünster: 5 CHF (quase 5€) | 10h00-18h00 (horário de Verão)
Swiss National Museum: 10 CHF (crianças não pagam) | 10h00-17h00
Próximos posts:
Berna, a cidade dos ursos
O Palácio do federalismo suíço
Genebra, berço relojoeiro
Genebra, capital da paz
Basileia e a fronteira tripla
Lucerna, o leão e a montanha dos dragões
30 Comentários
Eu havia prometido (para mim, é claro) que passaria uma semana inteira sem provar chocolate. Li o post e agora, só de pensar, fica impossível resistir. É o poder das palavras rsrsrssss…
As palavras são terríveis, Marta. Mas, por outro lado, um quadradinho de chocolate não faz mal a ninguém!
Que coisa linda deve ser a Suíça! Belas fotos e adorei te ler e saber de detalhes, bem explicados, de lá! Parabéns pelo dia das mamães! bjs, chica
Obrigada Chica. Feliz Dia da Mãe para vc também!
É um país encantador, gostei bastante de ver as fotografias.
Gostei bastante do texto e identifico-me no que li.
Um abraço e bom Domingo.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
ainda bem que eu já tinha comido minha porção doce do dia…. mas juro que fiquei com água na boca… adorei o "chocolate tem o dom de encolher as roupas" é assim que vou falar a partir de agora!! Juro!!
bjs… a princípio, nossa ida será em final de outubro.. mas tudo a se confirmar ainda
bjs
outubro de 2017 ou 2018? Beijinho
Querida Ruthia
Mais uma excelente reportagem duma viagem que, acredito, foi maravilhosa.
Tenho imensa pena de nunca ter ido à Suiça, pois o que conheço por fotos indica um país lindíssimos, com paisagens únicas.
E o chocolate??? Que tentação! Mas é bem como dizes, às vezes, no país de origem as coisas são mais caras do que no nosso próprio país.
Adorei esta postagem (para não fugir à regra :)))…)
Que teu Dia da Mãe tenha sido muito doce…
Votos de uma semana muito feliz.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
O Dia da Mãe foi passado com a minha mãe e o meu filho, então, dificilmente poderia ter sido mais doce.
Eu tenho muita curiosidade de conhecer a Suiça.
Continuarei viajando contigo atraves de seus diários de viagens.
Bjs
Minha querida
Como gostei de ler o seu texto! Até fiquei arrepiada! Há muitos anos, talvez 25(?:::) também eu fui à Suiça e entrei por Zurique.Fui de avião até porque o meu objectivo incluía mais países.Também me espantei com os suiços a «fingir» que estavam na praia, apanhando Sol no lago.Consegui rever tudo quanto contou.Foi óptimo, pois recordar é viver.
Obrigada pelos bons momentos que me proporcionou.
Um beijinho
Beatriz
Fico feliz por ter proporcionado esse momento feliz, ainda que, parece-me, algo nostálgico. Eu é que agradeço a sua presença amável.
beijinho
Cara, sensacional o jogo de tênis dentro do lago! Algo que eu nunca sequer tinha visto ou pensado! Mas uma coisa me deixou muito triste no seu post: o preço do chocolate. Como assim??? A gente sabe que a Suíça é cara e tudo mais, e que obviamente Zurique também é por conta de tudo o que você falou… mas o chocolate suíço bem que poderia ser mais baratinho hahaha
Pois é, chocolate suíço devia ser barato na Suíça. Mas, enfim, se assim fosse teria que andar muito mais para compensar o estrago, haha.
Ah, Suíça… já fomos em Zurique, Lucerna e Berna e eu simplesmente amo esse país e também todos os seus clichês, principalmente o chocolate, hehehehe. Adorei o post.
Concordo consigo. Se todos os clichés fossem assim maravilhosos!
A Suíça é incrível! Cada vez mais nossa vontade aumenta de conhecer. Que lugar! Obrigada pela dica. =)
Genebra é uma cidade muito linda, já conheci e agora vou levar minha esposa, seu post vai ajudar no roteiro da nossa viagem
Boa tarde, excelente fotorreportagem da bela Suiça, é um país lindo e todo organizado, já passei pela Suiça e gostei.
AG
Ah que país sensacional! Tenho lembranças lindas a beira do rio Limmat! Muita saudades a Suíça!
A Suiça é um dos poucos países europeus que não conheço.
Por isso, ainda gostei mais do teu magnífico post.
Bom fim de semana, Ruthia.
Beijo.
Zurich parece ser incrível! No nosso último voo fizemos um conexão lá, mas não tivemos a oportunidade de visitar a cidade… ai já sabe, né? Ficou aquele gostinho de quero mais.
Já salvei suas dicas para uma próxima oportunidade!
Valeu!
Não é só chocolate, mas fazer esse roteirinho com um chocolate na mão pode ser uma excelente ideia, certo? 🙂
É extremamente agradável" passear" em tua companhia, Ruthia. Tua narrativa nos transporta para as localidades apresentadas, instantaneamente e, nos oferece olhares privilegiados.
Gostei muito de mais esta página cheia de curiosidades interessantes. Grata, querida.
Bjos pra ti e pro pequeno explorador.
Calu
Eu é que agradeço pela sua presença tão amável. As palavras podem ter essa magia, de nos levarem com elas, voarmos…
Beijinho
Olá! Apesar de ser uma país relativamente perto do nosso e de ter lá alguma família, ainda não decidi fazer essa viagem. Mas reúne todo os ingredientes para ser um excelente destino, excepto o custo de vida heheeh. Obrigado pelo relato.
Pois, o custo de vida não é muito compatível com o bolso médio de um(a) português(a). A solução pode ser "almoços de supermercado". Aliás muitos suíços escolhem esta opção no seu dia-a-dia e os supermercados têm várias comidas take-away, sandes e saladas bem diversificadas.
A Suíça é meu sonho de consumo! Já era apaixonada pelas paisagens, mas a parte dos chocolates realmente rouba meu coração kkk pena que tem a questão do custo, mas um dia realizo esse sonho!!
O tênis flutuante foi uma sensação mesmo hein?
Amei a matéria. Ficou show!
O ténis flutuante foi realmente inusitado. Quais as probabilidades de tropeçar em 2 gigantes do ténis mundial, quando passamos apenas 2 dias na cidade, não é?
Um passeio sob o sol às margens do rio Limmat seria uma boa pedida para hoje. Belo relato!