Atualizado em 19 Junho, 2023
Gosta de roteiros personalizados e detesta tours coletivos com hora marcada? Damos algumas dicas para planear uma viagem por conta própria. Verá que o prazer de viajar começa muito antes de embarcar num avião
Portugal continua a ter muitas agências de viagem físicas, o que torna o país um fenómeno raro na Europa. Mas cada vez mais pessoas organizam as suas viagens de forma independente, seja porque querem economizar, seja pelo prazer de irem descobrindo um destino, ainda antes de lá porem os pés.
A principal vantagem de planear uma viagem por conta própria é a liberdade de fazermos o que quisermos, quando quisermos. De permanecermos mais tempo num lugar que nos surpreende. De termos um roteiro personalizado, apenas com os locais que queremos mesmo conhecer, e adequado ao nosso orçamento.
Não estou a desvalorizar o trabalho das agências de viagens. Alguns viajantes preferem delegar o trabalho de pesquisa, por terem pouco tempo disponível, ou simplesmente gostam do apoio da agência, caso aconteça algum imprevisto. Mas para viajantes low cost, como eu, compensa (quase) sempre organizar a viagem por conta própria.
Para além disso, as tecnologias e a experiência de outros viajantes facilitam muito esse trabalho. Durante a pesquisa, descobrimos dicas fantásticas como restaurantes frequentados pelos locais, hábitos culturais inusitados, recantos alternativos, mas também os perigos ou golpes mais comuns.
O primeiro passo é definir o objetivo da viagem, a duração e o orçamento. Sim, porque não vamos da Europa passar uma semana a Nova Iorque com 300 euros. Estamos no campo do planeamento e não dos milagres, ainda que sonhar não pague imposto. Por falar em sonhos e viagens, imagina Quantos países existem no Mundo?
Escolha o destino (ou o contrário)
A wish list cá de casa é gigante: somos 3 pessoas com sonhos distintos. Mas, não raras vezes, é o destino que nos escolhe. Por exemplo, queria conhecer um mercado de Natal do norte da Europa, pelo que pesquisei sobre quais são os mais bonitos. Depois reduzi a lista aos que tinham voos diretos do Porto, de preferência em companhias low-cost. Ou seja, o mercado de Natal escolhido será na Alemanha por causa do valor das passagens, mas este não seria a minha primeira escolha.
Ter a mente aberta a vários destinos permite poupar algum dinheiro, já que os voos são uma das maiores fatias do orçamento das viagens. Outra dica é ter flexibilidade de datas para viajar, o que não é muito possível cá em casa, por causa do período letivo. Raramente conseguimos aproveitar as promoções de baixa temporada.
Para comprar os voos, é sempre bom usar comparadores de preços como o Skyscanner, a Momondo, a Jetcost ou o Google Flights. Se o planeamento for feito com antecedência, é possível definir alertas de preços. Outra dica é fazer estas pesquisas em janelas anónimas, porque os cookies permitem às companhias aéreas saber que estamos muito interessados num determinado destino.
Para além daqueles sites, pesquiso diretamente nas páginas das companhias aéreas, sobretudo se uso o respetivo programa de milhas. Há ainda alguns sites e aplicativos de voos last minute, que informam sobre tarifas promocionais a quem decide viajar de um dia para o outro.
É a sua primeira aventura? Leia Viajar de avião pela primeira vez
Documentos necessários
Antes mesmo de comprar os bilhetes de avião, convém confirmar, nos sites das respetivas embaixadas, que documentos são exigidos no país e quanto tempo demoram. Se o destino exige passaporte, este estará válido à data da viagem? Alguns países exigem uma validade mínima do passaporte de 6 meses… E o visto pode ser tratado online, ser obtido à chegada, exige um pedido à embaixada ou aos serviços consulares?
Os portadores de passaporte português podem viajar para 184 países sem necessidade de visto. Que maravilha! Ainda assim, pode ser necessário preencher algum formulário online. É o caso dos Estados Unidos: o formulário ESTA – Electronic System for Travel Authorization deve ser preenchido com uma antecedência mínima de 72 horas.
Verifique ainda se é exigida alguma vacina especial. Vários países africanos exigem o certificado internacional de vacinas da febre amarela. O serviço da Consulta do Viajante em Portugal já inclui consultas online, mesmo ao fim-de-semana, o que facilita muito a nossa vida. Portanto, faça uma dessas consultas com antecedência (um mês antes, pelo menos) e saiba as precauções a ter em cada destino.
Alojamento (localização é a chave)
Destino escolhido e voos comprados, é preciso escolher sítio para ficar. Mais uma vez, uso comparadores de preços como o Booking, onde faço a maioria das minhas reservas, e o Trivago, verificando as opiniões de outros viajantes. Outras opções são o Airbnb ou HomeAway mas, se reservar através deles, tenha particular atenção a taxas “escondidas”, nomeadamente de limpeza.
A escolha do alojamento dependerá sempre do perfil de cada viajante. Eu já não durmo em hostels, mesmo quando viajo sozinha. Aliás, tremo só de pensar em partilhar um quarto com meia dúzia de roncadores. Mas percebo as vantagens desse tipo de hospedagem, sobretudo para os jovens mochileiros. Neste caso, será útil consultar sites como o HostelBookers, HostelWorld ou o CouchSurfing.
Quando o Pedrinho era pequeno optava quase sempre por alojamentos – quartos de hotel ou apartamentos – com uma pequena cozinha. Isto permitia economizar e ainda adequar as refeições a uma criança pequena. Atualmente já tenho mais flexibilidade, sobretudo nas estadias curtas, mas não abdico de uma localização central. Muitas vezes, o preço dos transportes transforma uma hospedagem barata, em algo terrivelmente caro.
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Roteiro
Esta é a parte mais divertida do planeamento. Faço sempre uma lista dos lugares e atracões que quero visitar, localizando-as no google maps, para organizar o roteiro por “regiões”. No entanto, monumentos ou museus que exigem reserva antecipada podem alterar estes planos. O Pedrinho também dá bastantes palpites e, às vezes, é ele que motiva a escolha de um destino: no ano passado estivemos em Viena, sobretudo por causa do seu gosto musical.
Acompanho alguns blogs com o mesmo perfil de viagem que eu – viagens económicas, em família – que me dão muitas dicas e inspiração na hora de preparar o roteiro. Para além disso, pesquiso alguma coisa sobre a história dos lugares, pratos típicos e experiências culturais interessantes. O meu roteiro é detalhado, incluo restaurantes simpáticos na região que vou visitar em cada dia, informação sobre como chegar, horários de funcionamento e preços de entradas.
A pesquisa é particularmente importante se visitamos uma cidade ou país durante um evento especial. Estivemos em Veneza no Carnaval de 2019 e a escolha das datas/roteiro levou em consideração o programa oficial para os dias de folia.
Há quem diga que a pesquisa rouba a magia da descoberta. Pessoalmente, a pesquisa permite-me conhecer muitos detalhes que, de outra forma, passariam despercebidos. Na tal viagem do Carnaval, concentrei o tempo e energia da pesquisa em Veneza. Ora, quando cheguei à vizinha Pádua, descobri que ali existe uma obra-prima de Giotto, mas não a pude conhecer, porque exigia reserva antecipada.
A capela de Giotto ou a Última Ceia são meros exemplos. Na época alta é muito importante reservar passeios e comprar bilhetes online com antecedência. Para certas atracções, parques e espetáculos, é importante fazê-lo mesmo em baixa temporada. A Get your Guide tem sempre boas sugestões e depois há os free walking tours, que são uma forma fácil de se ambientar numa cidade.
Transporte
Outro detalhe da pesquisa é se o roteiro exige transportes públicos ou carro alugado. Eu começo por descobrir a forma mais prática de chegar do aeroporto ao alojamento. A maioria das cidades europeias possui serviços de transfer eficazes, mas o mesmo não acontece em África. Uma boa dica é pesquisar no site do próprio aeroporto ou os vários fóruns de viagem no Facebook, onde facilmente se consegue essa informação.
Em alguns casos, dependendo do destino ou mesmo do horário de chegada, pode ser útil optar pelo serviço de táxi ou da Uber. Por exemplo, chegámos a Sevilha numa noite gelada e, sabendo que o transfer de táxi para o centro da cidade tem um custo fixo, foi a nossa escolha. Já a Uber deu um jeitão em Dublin, quando uma chuvada intensa nos surpreendeu ao final da tarde.
Se a viagem exige muitas deslocações, ou se viaja em família, poderá ser mais prático (e económico) alugar carro. Nós temos uma parceria com a Rentalcars, cujo serviço usamos diversas vezes, nomeadamente no norte de Itália e na Suíça. Outra opção é o autocarro ou o comboio – no caso de uma viagem pela Europa poderá ser útil consultar o site RailEurope. De Viena (Áustria) para Bratislava (Eslováquia), optámos pelo autocarro da Flixbus por causa do local onde terminava a viagem, a 5 minutos a pé do centro histórico.
Também pesquiso quais os transportes públicos a usar em cidades grandes, o valor dos bilhetes e locais de compra. Em Nova Iorque pode valer a pena o bilhete ilimitado de metro, em Praga usámos sobretudo os elétricos (bondes), enquanto o Vienna City Card incluía toda a rede de transportes públicos da capital austríaca.
O seguro morreu de velho
Em algumas viagens internacionais, o pedido de visto exige um seguro de viagem. O seguro é obrigatório no caso dos brasileiros que viajam para a Europa, ou no caso dos portugueses quando viajam para certos países africanos, por exemplo. À chegada, os serviços de imigração podem negar entrada no país, se não tivermos o respectivo comprovativo.
Mesmo quando este não é obrigatório, é mais tranquilo viajar com seguro. Há as emergências médicas a considerar, claro, já que muitos países não possuem serviços de saúde gratuitos. Nos EUA ou no Japão, para citar apenas dois exemplos, um internamento pode pressupor gastos de milhares de euros. Para além de problemas de saúde, o seguro pode cobrir outros contratempos como extravio de malas, atraso de voos, desportos e outras atividades mais radicais.
Nós somos parceiros da Iati seguros, especializada em seguros de viagens e que oferece uma boa cobertura a preços muito razoáveis. Uma das grandes vantagens é que cobre todos os países do mundo e não tem limite de idade (boa notícia para os viajantes maduros), ao contrário do que acontece com muitas outras seguradoras.
Para além disso, não possui franquia, possui a opção multi-viagens, cobre parte do material eletrónico sem acréscimo de custos e tem atendimento em português. E se usar o nosso link ainda beneficia de 5% de desconto.
Dinheiro em viagem
Já falta pouco para a viagem e é preciso decidir se vai levar dinheiro, trocar dinheiro no destino, usar cartão (de crédito ou pré-pago). Se optar por levar dinheiro para trocar, pesquise no Google qual a melhor casa de câmbio ou pergunte no posto de turismo. O Brasil possui um site super útil, chamado Melhor Cambio, que permite perceber a melhor cotação. Em Portugal, consulte a lista de instituições de crédito e agências de câmbio autorizadas pelo Banco de Portugal a fazerem câmbio de moeda.
Até há relativamente pouco tempo, eu fazia uma estimativa do que gastaria na viagem e fazia um único levantamento no destino, com o meu cartão de débito. Mas depois de descobrir a Revolut, nunca mais terei que andar com muito dinheiro, ou preocupar-me com as taxas absurdas que alguns bancos cobram por usar os cartões no estrangeiro (da última vez que fui à China levei uma castanhada daquelas).
A Revolut é um serviço de dinheiro eletrónico, que funciona através de uma app e um cartão, virtual ou físico. O cartão normal permite levantar até 200€/mês, em qualquer parte do mundo, sem pagar comissões (400€/mês com o cartão premium). Montantes superiores pressupõem comissões, mas bem mais baratas que as cobradas pelas entidades bancárias clássicas.
Não é à toa que mais de 7 milhões de pessoas já usam a Revolut e, em 2019, o número de utilizadores cresceu 150% em Portugal. Criar uma conta é super fácil. Já usei o cartão em vários pontos da Europa e de África e eles cumprem o que prometem, no que respeita a taxas.
Vá de coração aberto
Planeamento concluído, chegou a hora de desfrutar. Viajar é um dos maiores prazeres desta vida, desde que o façamos de mente e coração abertos. Permita-se compreender o “outro”, o seu modo de viver e ver o mundo, sem juízos de valor.
Tenho a certeza que voltará diferente. Aliás, atrevo-me a dizer que, quanto mais distante for a cultura que visitamos da nossa, maior é a nossa mudança interior. Senti isso numa aldeia remota de Angola, aventura que podem reler aqui: Malange, a bruma que troveja e a pegada de rainha.
Tem outras dicas para partilhar com quem quer planear uma viagem por conta própria? Fantástico! Acrescente nos comentários.
16 Comentários
Maravilhosas dicas pra guardar! Adorei a foto de vocês no cabeçalho…Linda demais! Voooooa o tempo! beijos, chica
Nem me fale. Tiramos a foto em Roma. Parece que foi ontem e olha como o pequeno explorador cresceu…
Boas dicas. Fazemos o mesmo, excepto a parte do alojamento, ainda arriscamos ficar em camaratas. 🙂
Deixem-se chegar à minha idade e depois conversamos 🙂
Excelentes dicas deixas aqui, querida Ruthia.
Eu e meu marido fizemos bastantes viagens “por conta própria”, mas também muitas programadas pela agência de viagens (do Porto) com um grupo grande de amigos. Gostei de todas, mas destas últimas guardo recordações (para além das fotos…) incríveis!
RE: Claro que todos os adolescentes guardam segredos dos pais (prepara-te!) uns mais “cabeludos” outros mais ingénuos. Eu guardei, tu, com certeza fizeste o mesmo, os meus filhos também… O que é mais interessante é que, quando “mais adultos”, acabam por revelá-los (pelos menos com os meus filhos passou-se isso) . Mas, quando os jovens são bem formados, recebem boa formação em casa, são bem acompanhados pelos pais, têm com estes uma relação aberta (tenho a certeza que é o caso do pequeno explorador!!!) esses segredinhos não têm a mínima importância.
Não precisas ficar preocupada.
Desejo bom Fim-de-semana
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Dicas perfeitas! Por aqui somos muito adeptos do turismo livre – as pouquíssimas vezes que fizemos passeios com agências foi porque não havia outra opção. E não poderia concordar mais com a última dica: viajar de coração aberto é essencial!
Nós viajamos com agência para o Egito (na minha lua-de-mel) já vai há mais de 1 década e, mais recentemente, para a Disney em Paris porque percebi que não ficaria mais barato fazê-lo por conta própria
Adorei os posts e as dicas. Adoro planejar viagens sozinha, mas é sempre bom ver isso por outros olhos.
Sempre acabamos aprendendo mais alguma coisa que podem nos ajudar na próxima viagem! =)
Muito legal as dicas.
Desde que comecei a organizar a viagem por conta, descobri que por montar o roteiro eu já chego com um novo olhar nos lugares, que me permite conhecer muito mais.
Coração e mente aberta sempre para descobrir novos lugares.
Adorei o post! Essa liberdade de fazer o q se quer é o principal motivo q me leva a viajar por conta própria – fazer o q quer, na hora q quer e ficar nos lugares por quanto tempo quiser, sem pressa pra ir embora hehehe
Muito bom o post! Eu adoro e prefiro viajar por conta própria e a diversão realmente começa (pra quem curte essa parte) mais cedo quando se planeja sozinha!
Tu é tuas dicas maravilhosas né Ruthia?! Eu amo o turismo livre e todas minhas viagens são planejadas por mim mesma. Dificilmente utilizo uma agência de viagens. Adorei suas dicas de como planejar uma viagem! Post super completo, parabéns
Desde que comecei a viajar com crianças, venho redobrando meus cuidados no planejamento. Antigamente eu pedia carona, viajava sem reservar hotel, etc. Hoje faço tudo muito meticulosamente
O roteiro é sempre a parte mais difícil pra mim, pois coloco muita coisa e depois é difícil cortar.
As dicas que você deu pra planejar a viagem são ótimas! Eu sempre dou uma olhada na programação dos museus que quero ir pra ver se tem alguma exposição temporária imperdível, ou um horário mais longo/mais curto durante algum dia… tudo pra aproveitar ao máximo a viagem! 🙂
A parte do planejamento da viagem é a minha favorita! Faço igual você, vou procurando os pontos no Google e montando meus roteiros com a ajuda de meu filho, que adora dar palpites. Ótimas dicas. Bjs