Atualizado em 27 Fevereiro, 2023

O World of Wine (WOW) ocupa um quarteirão histórico em Gaia, junto das caves do vinho do Porto. Mas nem só do néctar de Baco se faz este mundo com sete museus temáticos e uma vista incrível para a cidade invicta

Inaugurado no Verão de 2020, o Wow (escapamos à tentação do trocadilho óbvio) celebra o vinho num local historicamente ligado ao vinho do Porto. O mega projecto resulta da remodelação dos antigos armazéns da Croft e da Taylor’s e propõe-se compilar a “história, a magia e as emoções por detrás do vinho português, do ritual dos copos e da indústria da cortiça”.

O espaço de 35 mil m2 – todo um quarteirão na zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia – é um projecto museológico inovador inspirado no vinho, mas que vai muito além disso. Para além da “casa-mãe”, a Wine Experience, o WOW oferece um espaço dedicado à história do Porto e honra o que de melhor se faz no norte de Portugal, por exemplo, ao nível dos têxteis e da moda. Tem até um museu dedicado ao chocolate.

Já que entramos no mundo vínico, não podia faltar uma Escola do Vinho, perfeita para aprender tudo sobre o vinho português e internacional, em breves cursos e workshops. Mas, convenhamos, o protagonista do WOW, é a vista sobre a Ribeira e a ponte D. Luís I, apreciada com um copo de vinho na mão. Tchim-tchim!

Recentemente, fomos conhecer o Wow e contamos como foi a nossa experiência. Para informações específicas, como preço das entradas e horários, consulte o site oficial do WOW.

O ciclo anual das vinhas em poucos metros.

The Wine Experience

Comecemos pelo óbvio, o museu completamente dedicado ao vinho, com o ambicioso objectivo de o desmistificar, acompanhando todo o processo, do solo à uva, das vindimas aos rótulos das garrafas.

Junto de um globo terrestre, aprendemos as latitudes que agradam à vinha e, logo depois, vemos (sem metáforas, vemos mesmo) os diferentes solos e que tipos de vinhos se consegue produzir em cada um.

O ciclo anual das vinhas, tão visual quanto bonito, e as camadas gigantes que compõem uma uva, são pormenores de um espaço interactivo e instrutivo. Descobri as diferenças entre um cacho de uvas de mesa das uvas usadas para produzir vinho e, através de um quizz, que a casta arinto é a que mais se adequa a mim.

Nunca tinha ouvido falar desse tal arinto, mas fiquei a saber que é uma casta discreta (a minha cara), feita de uvas brancas de alta qualidade, que atinge o zénite ali na região de Bucelas, próxima de Lisboa, e também é usada para fazer champanhe.

A wine experience enaltece todos os vinhos, não só os portugueses, e permite aos leigos aprender de forma leve e divertida. A prova de vinhos final, incluída  no preço do bilhete, foi o culminar de uma experiência memorável.

Nota: às crianças é servido um sumo de uva. Graças à interactividade do espaço, esta é uma visita bem divertida para os pequenos exploradores.

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Que tal esta uva gigante?

The Chocolate Story

O nosso segundo museu WOW foi dedicado ao chocolate, por escolha do meu pequeno explorador. O Museu do Chocolate oferece uma viagem imersiva pela história do chocolate: das plantações de cacau, às civilizações longínquas que o utilizaram e, claro, explicando o processo que transforma as humildes favas de cacau no mais sublime “alimento dos deuses”.

No final, é possível obter chocolates personalizados da marca própria do WOW, a Vinte Vinte, produzidos na fábrica interna (as embalagens são lindas). Apesar do espaço ter muito bom gosto, não me deslumbrou, aliás seria tarefa hérculea, depois de conhecer o museu da Lindl em Colónia, Alemanha. Leia também Rotas de chocolate: destinos gulosos.

Mas gostei bastante do espaço com anúncios publicitários dos meus tempos de miúda, em televisões muito antigas, incluindo as “Fantasias de Natal” do chocolate Imperial “estava o peixinho, veio o gato e comeu-o. Mas veio o cão e o gato teve de se esconder”…

© Divulgação. Os chocolates Vinte Vinte têm quatro gamas: classic, fusion, cacao intensity e grand cru.

Pink Palace

Terminámos a tarde no mais recente museu WOW, numa excêntrica viagem pela história do vinho rosé, feito em Portugal e no mundo. Ali também há aprendizagem, há dados científicos, históricos e vinícolas nas 11 salas… mas num ambiente muito leve, com cenários engraçados e muito cor-de-rosa! Porque, diz a organização, a vida não deve ser levada demasiado a sério e o vinho muito menos.

Há um cenário que remete para Provença, região muito associada a este tipo de vinho, um Cadillac descapotável, por alusão ao glamour das estrelas de Hollywood (os EUA são os terceiros maiores produtores de rosé).

Mas o ponto alto da visita é mergulhar numa piscina de bolas e, claro, provar cinco rosés: Croft Pink Rosé Port, Vértice Rosé Bruto, Quinta do Vale do Bragão Rosé, Mateus Rosé e AIX Gran Vin de Provence Rosé. A pink experience é um hino ao vinho fresco, a tardes intermináveis de Verão e à felicidade das férias. Ou serão os rosés a falar? O último espaço é um saloon, onde o pequeno explorador se sentou ao piano desafinado, com um copo de granizado.

Outros museus WOW

Para além dos três espaços que tivemos oportunidade de visitar, o WOW conta ainda com o Planet Cork, dedicado à cortiça, um dos produtos mais importantes do nosso país que já não se destina apenas a rolhas, mas é utilizada na moda e até no revestimento de naves espaciais.

Mencione-se também o Porto Fashion & Fabric Museum, que destaca a indústria têxtil, tão expressiva no Norte. Deixamos as origens do algodão, para entrar na fábrica e, por fim, na passerelle, onde os holofotes iluminam o talento de estilistas de roupa, calçado e filigrana. Fiquei curiosa em relação à  capela, atribuída ao arquitecto Nicolau Nasoni, inserida no edifício.

O WOW possui ainda o Porto Region Across The Ages, o primeiro e único museu sobre a história da região, e o The Bridge Collection, um museu dedicado aos copos, com peças curiosas como as taças usadas para brindar ao fim da batalha de Waterloo.

Trata-se de uma das maiores colecções privadas de copos e a mais abrangente, do ponto de vista temporal: são nove mil anos de história contada através de copos. Numa das peças expostas lê-se, em grego antigo: “Quando bebemos uma bebida, os nossos cuidados vão dormir e nós deixamos as nossas preocupações irem também.”

Para além dos museus e da Escola do Vinho, o WOW conta também com uma galeria de arte, inaugurada com uma exposição Francis Bacon. Os preços dos museus variam entre os 17 e os 25€ (para adultos), sendo preferível comprar um pack para 2 ou 3 experiências, válido para seis meses. Também há preços especiais para crianças com mais de 3 anos e famílias.

Dicas úteis para visitar o WOW

Como chegar

O WOW fica na zona histórica de Vila Nova de Gaia e conta com 4 entradas: na Rua do Choupelo, perto do hotel The Yeatman, outra perto da paragem onde os autocarros 901 STCP e 906 STCP deixam os visitantes, a terceira no Largo Joaquim Magalhães e a última na Rua Cândido dos Reis.

Para quem chega do Porto a pé – atravessando a Ponte D. Luís – ou de river táxi, deve procurar a entrada da Rua do Choupelo. Para quem chega de transportes públicos, como o metro ou comboio (sair na estação General Torres), é mais fácil usar a entrada na Rua Cândido dos Reis.

O WOW possui parque de estacionamento pago (não muito barato), com capacidade para 150 carros. O estacionamento poderá ser gratuito, caso compre bilhete para um dos museus, segundo a organização. Não me informaram disso, aquando da minha visita, por isso fique atento.

Onde comer

O WOW conta com 12 restaurantes, bares e cafés, para vários gostos: restaurantes de peixe, vegetariano, cozinha portuguesa e fine dining, bem como um espaço de brunchs. Pode consultar menus no site oficial. Não experimentei nenhum, pelo que não posso opinar sobre este aspecto.

No dia da nossa visita, fomos conhecer o 7g Roaster, uma coffee house instalada num antigo armazém da Rua de França (a dois passos do cais de Gaia e do WOW), com várias opções de brunchs, saladas, hambúrgueres e outros petiscos. O espaço é simpático, com uma vibe multicultural, e tem umas panquecas com molho de limão e maracujá memoráveis.

© Divulgação

Onde ficar perto do World of Wine

Deixo três sugestões de alojamento, para diferentes carteiras e boa pontuação no Booking, todos eles próximos do cais de Gaia. A primeira opção é The House of Sandeman – Hostel & Suites, com opção de shuttle desde o aeroporto e dormitórios de diferentes tamanhos.

O Vincci Ponte de Ferro (****) tem uma excelente localização e vista panorâmica, e por vezes faz umas promoções simpáticas. Claro, se couber no seu bolso, o The Yeatman é sempre uma boa ideia, com o Spa, o restaurante maravilhoso, a decoração elegante e o serviço de um hotel 5 estrelas. No Booking encontra também outras opções de apartamentos e B&B.