Atualizado em 22 Abril, 2023

Visitar a multicultural Colónia, a maior cidade do Oeste da Alemanha, é desbravar um passado romano e perfumado. Venha daí explorar a metrópole que tem instalações da Gestapo, o maior Carnaval alemão e relíquias dos reis magos

A capital renana é muito mais do que a catedral gótica que, com as suas pujantes torres de 157 metros e a classificação da UNESCO, é o símbolo da cidade. Colónia acolhe os visitantes com um ambiente boémio, ruas animadas e cafés charmosos.

Tem programas para os amantes de arte, nomeadamente o museu Ludwig – com uma coleção que vai da pop art a grandes mestres como Matisse, Mondrian ou Picasso – e artérias, como a Ehrenstrasse, repletas de lojas para os adeptos de compras.

A terra natal de Agripina, mãe do imperador Nero, foi uma importante metrópole romana. Há muitos vestígios arqueológicos dessa época no Museu Romano-Germânico, mas pode tropeçar neles no meio da rua. A segunda esposa de Cláudio conseguiu convencê-lo a batizar a cidade com um nome latino: Claudia Ara Agrippinensium ou, simplesmente, Colonia Agrippina. A sua persistência foi recompensada e hoje Agripina tem nome de doca, de rua e também uma estátua perto da Câmara Municipal (Rauthaus).

Dois ou três dias são suficientes para conhecer os principais pontos da cidade, mas pode acrescentar mais tempo se quiser explorar a região, esticando a visita até Bonn, Brühl ou Aachen. Clique nos links, para mais informação sobre horários de funcionamento e preços, e inspire-se para uma escapadinha a Colónia.

ruas de Colónia

Como chegar a Colónia

O aeroporto Internacional de Koln-Bonn, a cerca de 15 quilómetros do centro, é a principal porta de entrada na capital da Renânia do Norte-Vestfália, com ligações aéreas, incluindo algumas low-cost, desde várias cidades europeias. Mas o aeroporto de Dusseldorf a cerca de 60 km, pode ser uma alternativa a considerar.

Para chegar ao centro de Colónia desde o aeroporto de Koln-Bonn, pode apanhar um comboio (trem), ao qual tem fácil acesso na área das Chegadas. Compre o bilhete nas máquinas automáticas, antes de descer para o cais respetivo.

Deve apanhar o S12 em direcção a Köln-Ehrenfeld ou o S19 para Düren, e sair na estação de Hauptbahnhof, que muitas vezes aparece sob a forma abreviada Koln Hbf. O bilhete de adulto custa 3€ e o de criança 1,60€ (preços de Janeiro de 2020) e a viagem demora cerca de 15 minutos. Existem comboios regionais um pouco mais rápidos e caros, que podem exigir mudança de comboio no trajeto. Não me parece que valha a pena, a não ser numa emergência (consulte horários aqui). No dia de regresso, deve sair na estação de Koln-Bonn Flughagen, que significa “aeroporto”.

A estação central de comboios Hauptbahnhof – de onde tem ligações ferroviárias para Paris, Amesterdão ou Bruxelas – fica mesmo ao lado da catedral de Colónia. Ao lado, na praça Breslauer, existe também uma central de autocarros, com ligações para várias cidades, alemãs e europeias.

Hauptbahnhof

Quando visitar Colónia

No Verão, quando os termómetros podem chegar aos 30º C, Colónia fica particularmente animada quer no Christopher Street Day (o dia da comunidade LGBT atrai meio milhão de visitantes), quer durante as Kölner Lichter – Luzes de Colónia, um espetáculo de pirotecnia e música (o próximo será a 18 de Julho de 2020).

Se visitar Colónia no Verão, não deixe de pesquisar os festivais de música que a cidade acolhe regularmente, como o Summerjam Festival, num lago dos arredores. No site do turismo de Colónia encontrará informação sobre todos os eventos.

Mas, claro, o maior evento da cidade é o secular Carnaval, considerado a quinta estação do ano. Os festejos começam às 11h11 do dia 11 de Novembro, na praça Heumarkt, e prolongam-se até quarta-feira de cinzas, quando se queima um boneco de palha para espiar os pecados daqueles dias…

Quando alguém fala do Carnaval de Colónia, provavelmente está a referir-se aos últimos dias de folia, chamados de “dias loucos”, em especial ao desfile da segunda-feira, que leva mais de 10 mil figurantes às ruas, num trajeto colorido de 6 quilómetros. Se pretende visitar a cidade alemã nesse período, deve organizar a visita com vários meses de antecedência.

Como em todas as cidades alemãs, as temperaturas baixam bastante durante o Inverno, mas esta pode ser uma estação interessante para visitar a cidade e os seus maravilhosos mercados de Natal, que abrem portas ainda em Novembro.

mercado de Natal

Transporte na cidade

Colónia é uma cidade compacta, pelo que andará bastante a pé. Para pontos mais distantes pode utilizar a rede de transportes da KVB (consulte o site para mais informações ou descarregue a app). O KölnCard dá acesso gratuito a transportes públicos (autocarro, metro e tram) por 24h ou 48h, além de descontos em algumas atracões turísticas.

Se desejar uma perspetiva diferente, pode alugar uma bicicleta através do serviço Call a Bike: passear nas margens do rio desta forma deve ser divertido, sobretudo no Verão. Pode ser uma forma de explorar o bairro Rheinauhafen, nas docas, que passou por um processo de renovação e hoje possui três edifícios peculiares (os três Kranhäuser). Existem vários pontos para \levantar e deixar as bicicletas.

Nós experimentámos as trotinetas elétricas, para atravessar o rio até ao Koln Triangle, e o pequeno explorador adorou (tal como tinha adorado a experiência de segway na Eslováquia). Pode optar pela Lime Electric Scooters ou pela Tier, basta fazer download da app, associar um cartão de crédito e começar a usar. Pode associar a mesma conta a todas as trotinetas da família, mas tenha o cuidado de confirmar que termina o trajeto de todas elas. Aconteceu-nos estacionar as duas mas uma dela continuar a contar depois de estacionada, por pura aselhice nossa (o valor pago depende do tempo e distância de utilização).

scooters elétricas em Colónia

Onde ficar em Colónia

A oferta hoteleira da cidade de Colónia é bastante diversificada, com opções para vários bolsos. Há três regiões que deve privilegiar: o centro histórico, a margem do Rio Reno ou o bairro Deutz, na outra margem do rio, sobretudo se vai a algum evento, já que fica perto da arena Lanxess e do centro de convenções.

No centro histórico, muito perto da catedral, o Cologne Marriott Hotel ou o Excelsior Hotel Ernst am Dom são opções de 5 estrelas, confortáveis e elegantes (mas nada baratas). Uma alternativa mais em conta no centro histórico pode ser o Hotel Königshof The Arthouse, um três estrelas bem simpático, na sua relação qualidade-preço.

Nas margens do Reno, não muito longe do museu do chocolate, fica o Hotel Allegro, um 4 estrelas com uma vista fabulosa sobre o rio, e o Hotel Lyskirchen. Não muito longe, encontra o Holiday Inn Express – City Centre, onde nós ficámos: pagámos 350€ por quatro noites (2 adultos e 1 criança), com pequeno-almoço.

Do outro lado do Reno, existem menos opções de alojamento: o Hyatt Regency Köln será a opção mais cara, mas com a qualidade inerente à rede. Mas existem opções muito válidas, um pouco mais baratas e com conforto, como seja o Hotel Tempelhof, perto da Lanxess Arena.

hotel em Colónia

Onde comer

Nós visitámos Colónia durante os mercados de Natal, onde jantámos mais que uma vez. Ali, as comidas mais tradicionais são as Bratwürst, as famosas salsichas alemãs, os estaladiços bolinhos de batata Bratkartoffeln, servidos com puré de maçã, ou as Frikadellen, uma espécie de almôndegas servidas com vários molhos.

Mas não pode ir a Colónia e não provar uma Kolsh, a marca de cerveja local, numa das cervejarias tradicionais (Brauhaus). Aí, para além das omnipresentes Bratwürst, poderá provar também os Schnitzel, bifes de porco panados muito apreciados pelos alemães. Entre as Brauhaus mais tradicionais do centro histórico incluem-se Früh am Dom, junto à catedral, e Peters Brauhaus, na Alter Markt.

Não é necessário pagar 10%, nem existe preço de mesa ou taxa de serviço (como em Itália), mas é normal dar uma gorjeta (trinkgeld). Num dos dias almoçámos num restaurante italiano Il Valentino: eu comi uns canelones de espinafres muito bons, já o esparguete à bolonhesa dos rapazes estava muito sofrível (29,60€ por 2 pratos, água, coca-cola e um café).

truta na Funk Haus

A melhor refeição terá sido porventura no Funk Haus, o restaurante fica num edifício onde funcionou a primeira emissora de rádio pós II Guerra Mundial. Eu comi truta fumada e os rapazes optaram por uma fettucine com goulash: 53,50€ por 3 pratos, 1 garrafa de água grande, 1 cerveja, 1 café e 1 cheesecake.

Recomendo ainda um lanche, cafezinho ou mesmo um almoço leve no elegante Café Reichard, um lugar com pedigree que remonta a 1855 perto da catedral. Tomámos um chocolate quente lá, ao som de uma dupla de veneráveis músicos – um ao piano e outro no violino – e não resisti à montra de doces (13,30€ por 1 chocolate quente, 1 fatia de bolo gigante e 1 café).

O que visitar no centro histórico de Colónia

Qualquer roteiro deve começar na gigantesca catedral gótica (der Kölner Dom), que demorou mais de 600 anos a ficar concluída e resistiu aos bombardeamentos da II Guerra Mundial. O monumento mais visitado na Alemanha encerra tesouros como a Cruz de Gero (possivelmente a mais antiga representação de Jesus crucificado produzida ao norte dos Alpes) e um vitral de Gerhard Richter, um dos mais conceituados pintores alemães vivos.

Esta grandiosidade tem um motivo: a Catedral de Colónia foi construída para acolher com dignidade as ossadas dos três reis magos. As relíquias terão sido trazidas no século XII e hoje repousam numa arca de ouro e prata, cravejada de pedras preciosas. Pode encontrar a arca ao fundo da catedral, por detrás do altar-mor. A entrada na catedral é gratuita, sendo necessário pagar para visitar o museu-tesouro e subir à torre Sul (533 degraus).

dom
interior da catedral de Colónia

Ao lado da Catedral fica o Römisch-Germanisches Museum, que concentra o resultado de muitas escavações arqueológicas da época romana (uma das maiores coleções do género fora de Itália), incluindo o lindo mosaico de Dionísio, e o Ludwig Museum, de que já falámos.

Seguindo até às margens do rio Reno, cruze a Ponte Hohenzollern (Hohenzollernbrücke), carregada de cadeados, até ao Köln Triangle, para uma vista panorâmica sobre a cidade (3€). No Inverno, a plataforma panorâmica pode ser muito desagradável, mas rende bonitas fotos, e pode aproveitar para almoçar no restaurante asiático Mongo’s, ou simplesmente tomar um café.

De volta à margem esquerda do Reno, explore as várias pracinhas com casas antigas, repletas de bares e restaurantes. Em direção à Câmara Municipal, o coração administrativo de Colónia desde o tempo dos romanos, provavelmente passará pela singela Igreja de S. Martin. Esta abadia beneditina, que faz parte do Roteiro das 12 Igrejas Românicas de Colónia, possivelmente foi erigida sobre uma palaestra, onde os lutadores treinavam, e posteriormente transformada num complexo desportivo. É possível descer ao subsolo e explorar as estruturas longínquas deste templo austero.

ponte sobre o rio Reno

Estamos em pleno centro histórico (Altstadt), ali a dois passos fica a praça do município, o mercado antigo (Altermarkt) e o Heumarkt, bairros que acolhem os mais belos mercados de Natal. Caminhando em direção à Ehrenstrasse, a artéria pedonal das compras, passará pelo Museu do Perfume da casa Farina, cuja fragrância original, criada pelo perfumista Giovanni Maria Farina, ainda hoje se produz. Mais perto da catedral fica a sua concorrente – marca 4711 – a quem o italiano acusou de lhe roubar a fórmula da água de colónia.

Partindo da catedral, mas no sentido oposto à ponte, encontrará o Centro de Documentação do Nacional-Socialismo, num edifício confiscado em 1935 pela polícia secreta. Nesta que foi a sede da Gestapo para a região de Colónia e Aachen, manteve celas e salas de interrogatório até os aliados entrarem na cidade. A visita pode ser um pouco sombria (mas também de muitas sombras se faz a nossa história comum) e não é acessível a pessoas com mobilidade reduzida.

Como visitámos a cidade em época natalícia, não conseguimos visitar o centro, mas a Sónia do blog Existe um Lugar no Mundo conta tudo em EL-DE Haus: conheça a prisão da Gestapo em Colónia.

Altstadt, o centro histórico
loja 4711 em Colónia

Passeios adicionais em Colónia

Nas margens do rio Reno, há um lugar imperdível para os chocólatras: o Museu do Chocolate da Lindt (Schokolade Museum), que dizem ser o maior do mundo dedicado ao tema. Para além de explicar a história do chocolate, desde os primórdios com os olmecas, maias e astecas até ao moderno processo de fabrico, neste espaço é possível encomendar um chocolate personalizado, com os ingredientes escolhidos pelo visitante.

Ao lado do edifício em forma de barco, encontra ainda o Museu dos Desportos Olímpicos, instalado num antigo armazém da alfândega. O espaço propõe uma viagem por dois mil e quinhentos anos de história do desporto dos gladiadores romanos a pugilistas ousados, da filosofia corpo sano dos antigos gregos às corridas de carros.

Junto às margens do rio encontra vários quiosques que propõem passeios de barco no Reno, mas há outros programas mais ou menos inusitados na cidade, que vão do histórico Cemitério de Melaten com 55 mil sepulturas, ao Museu da Mostarda (Historische Senfmuehle). Para encontrar este último é só atravessar a avenida em frente ao museu do chocolate, mas desconfio que a visita é feita apenas em alemão.

Museu do Chocolate

Outras ideias: Colónia: Excursão Gastronômica de 3 Horas em Südstadt Colónia: Street Art Bike Tour

Atracções perto de Colónia

Para quem tiver mais alguns dias, pode aproveitar a viagem a Colónia para conhecer os palácios de Brühl, uma pequena cidade a cerca de meia hora de comboio. Estava nos meus planos visitar o Palácio Augustusburg e o respectivo chalet de caça, tudo por culpa do encantador post que o Filipe, do Alma de Viajante, escreveu: Visitar o Palácio Augustusburg, em Brühl. Mas, infelizmente, o palácio estava fechado na época natalícia.

Se adora locais históricos e de contos-de-fada, sugiro que leia as sugestões da Márcia na Rota dos Castelos da Alemanha, também conhecida como Rota Romântica alemã.

Outra opção a partir de Colónia é Bona, ou Bonn, a simpática cidade natal de Beethoven que fica a cerca de meia hora de comboio. Ali pode visitar o interativo Museu da História Alemã pós II Guerra Mundial (Haus der Geschichte) ou o Jardim Botânico, ambos com entrada gratuita. Não muito longe, no alto de uma montanha do vilarejo de Königswinter, encontra ainda o Schloss Drachenburg (palácio do dragão), com uma vista cinematográfica sobre o Reno. Para chegar, apanhe o metro em Bona, e depois um pequeno comboio turístico até ao palácio. Em alternativa, enfrente uma íngreme caminhada de 40 minutos.

Castelo Drachenburg
© schloss-drachenburg.de

Outra bela cidade próxima de Colónia – na fronteira com a Bélgica e a Holanda – é Aachen, a cidade de Carlos Magno. Ali pode conhecer a catedral (património mundial da UNESCO) onde eram coroados os kaisers do Império Franco-Germânico e a Fábrica de Chocolates da Lindt. Bem, neste caso, o que interessa não é a fábrica, mas a megaloja da Lindt, com descontos interessantes.

Tem outras dicas interessantes para visitar Colónia ou região? Acrescente nos comentários.