Atualizado em 16 Abril, 2021

Estarei atrasada uma estação? Eu sei, já estamos no Verão, mas o bom tempo atrasou-se tanto, que cheguei a duvidar que a Primavera e as andorinhas chegariam desta vez.  Mas encontrei a Primavera, ou ela encontrou-me a mim, em Castelo Novo

Foi um arrastar de meses chuvosos, quando estive na Covilhã tive que usar casacão, guarda-chuva e cachecol. Tanto mexemos com o planeta, que um dia deixamos de poder contar com a previsibilidade da Natureza e a sucessão das estações…

De qualquer forma, durante a minha breve incursão à zona beirã, aproveitei para conhecer Castelo Novo, que merecera rasgados elogios de vários amigos meus. Deslumbrar-me não seria fácil: estava só, sem os olhos mágicos do meu pequeno explorador e, para além disso, com tantas aldeias históricas palmilhadas, há sempre uma leve sensação de dejà vu.

Mas o céu abriu-se para mim com um sol esplendoroso e a Serra da Gardunha enfeitou-se com as suas cores mais garridas.

A aldeia fica num anfiteatro natural e, lá no alto, o castelo (o terceiro, reza a história) espreita, por entre casas “graciosamente desarrumadas em pequenas e torcidas ladeiras, minúsculos largos, escadinhas”, diz Júlio Gil em As mais Belas Vilas e Aldeias de Portugal.

São casas de granito e ladeiam ruas sinuosas, com desníveis tipicamente medievais e “desacertos” de fachadas, que têm a sua graça. E, no meio de tal desarrumação, encontro o Pelourinho, plantado em frente à antiga Casa da Câmara e ao inverosímil chafariz de D. João V O Magnânimo, também chamado de rei-sol português, pela ostentação que nos deixou em forma de edifícios, graças ao ouro que chegava a rodos do Brasil (o Convento de Mafra, a Biblioteca Joanina de Coimbra…).

Castelo Novo parece adormecido, não me cruzo com vivalma, o Museu Arqueológico está fechado, a única loja de artesanato também. Deixo-me ficar assim contemplativa nas ameias de um castelo em ruínas, a observar os volteios dos pássaros, felizes com o dia solarengo.

Faço uma última paragem antes de deixar a aldeia, junto ao Cabeço da Forca e comprovo, entre rubras papoilas, que a Primavera finalmente chegou: há regatos que cantam e cheiro a flores no ar.

Outras aldeias históricas (opinião pessoal, não coincidente com a classificação da Rede de Aldeias Históricas):  Sortelha – Belmonte – Figueira de Castelo RodrigoCastelo MendoAlmeidaMarialva – Penha Garcia – Cidadelhe – Trancoso