Atualizado em 8 Março, 2024

As Nações Unidas simbolizam a esperança num mundo unido e pacífico. Fomos conhecer a sede mundial da ONU em Nova York, onde foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos

Como é que a Organização das Nações Unidas (ONU) ajuda a construir um mundo melhor? O seu papel continua significativo, tantos anos após a II Guerra Mundial? Com um adolescente em casa, atento ao que o rodeia e (cada vez mais) crítico em relação ao rumo do planeta, fomos conhecer a United Nations Headquarters,  a sede da ONU em Nova York.   

Inaugurado em 1952, o complexo da sede mundial, nas margens do East River, é um projeto arquitetónico impactante. Sob a direção do americano Wallace Harrison, que montou uma equipa internacional de arquitetos, o conjunto de edifícios espelha a proposta do brasileiro Oscar Niemeyer, com contribuições do franco-suíço Le Corbusier, um dos grandes nomes do modernismo mundial.

A sede da ONU é composta por quatro edifícios: a Assembleia-Geral; o Centro de Conferências, onde os vários conselhos se reúnem; o Secretariado, o elegante edifício de 39 andares de vidro e mármore de Vermont, onde trabalham mais de sete mil pessoas; e a biblioteca Hammarskjöld, que recorda o segundo secretário-geral, Dag Hammarskjold, que morreu num acidente de avião em 1961.

Visitar a sede da ONU é um passeio significativo e também popular: recebe cerca de um milhão de visitantes por ano.

#Curiosidade: tecnicamente, as Nações Unidas não estão em solo americano, mas internacional. Por isso, possui forças de segurança, corpo de bombeiros e correio próprios.

“Mankind’s Struggle for a Lasting Peace” foi dos primeiros murais a serem instalados na ONU.

Organização das Nações Unidas (ONU)

Criada no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, em 26 de junho de 1945, a ONU tem como missão promover a paz e a segurança internacionais, promover os direitos humanos, o desenvolvimento social e económico, proteger o meio ambiente e fornecer ajuda humanitária em casos de fome, desastres naturais ou conflitos armados.

Os 51 fundadores transformaram-se em 193 Estados-membro: todas as suas bandeiras podem ser vistas junto à sede, com os mastros dispostos em círculo, sempre à mesma distância, simbolizando a igualdade entre países. As bandeiras estão dispostas em ordem alfabética, começando com Afeganistão e terminando com Zimbábue.

Ainda que existam escritórios noutro países – é o caso de Genebra (Suíça); Nairobi (Quénia) e Viena (Áustria), igualmente visitáveis – , a sede mundial da organização fica em Nova York. É ali que os líderes mundiais se reúnem, decidindo sobre assuntos de importância vital, ainda que nem sempre com a eficácia desejada.

Para além disso, existem diferentes agências em vários países. Por exemplo, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) tem escritórios na Hungria, Dinamarca, Japão e Coreia, entre outros locais. Por regra, não é possível visitar as instalações das agências das Nações Unidas, exceção feita para a sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em Paris.

presentes à ONU
Sphere within Sphere foi uma oferta de Itália

#Dica: as visitas guiadas à sede da ONU são acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida ou em cadeira de rodas.

Agendar uma visita guiada à sede da ONU

Ponto prévio: saiba que há uma área de livre acesso na entrada das Nações Unidas, para a qual não é preciso pagar bilhete. No entanto, não permite aceder aos lugares mais emblemáticos, como a sala do Conselho de Segurança.

Para isso, é preciso reservar uma visita guiada no site oficial do centro de visitantes da ONU. Há  tours praticamente todos os dias de semana, exceto se coincidir com algum evento especial, sendo possível reservar com três meses de antecedência.

Na página do centro de visitantes, escolha o mês da sua viagem, após o que será direcionado para os dias disponíveis. Clicando na data, abre-se uma nova janela com as opções dos horários e informações de visitar guiadas noutras línguas. [Atenção: pode haver mais de um tour no mesmo horário, em diferentes línguas].

Existem visitas guiadas nas seis línguas oficiais das Nações Unidas – árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo – mas, dependendo da disponibilidade, podem ser feitos também em alemão, italiano, japonês, coreano e português.

Escolhida a data e hora, deve selecionar a quantidade e tipo de bilhete: adulto, sénior, estudante (é preciso apresentar comprovativo) ou crianças entre 5 e 12 anos (não se aceita crianças mais novas, por razões de segurança). Ao preço da visita, que foi de US$ 22 por adulto em janeiro de 2024, é adicionada uma taxa de US$ 2 por pessoa, pela reserva online.

Falta apenas incluir os dados pessoais do comprador e do cartão de crédito, após o que receberá um email de confirmação e os bilhetes. Li que é necessário imprimir, mas eu levei no telemóvel, porque reservei quando já estava em Nova York, e não houve qualquer problema.

#Visitas guiadas: acontecem de segunda a sexta entre as 9h30 e 16h45, a cada 15 minutos, sensivelmente. Cada grupo terá, no máximo, 20 pessoas.

Check-in na ONU

Agendada a visita, deve comparecer com 45-60 minutos de antecedência, para o check-in e procedimentos de segurança, sendo necessário um documento de identidade original, como o passaporte ou carta de condução. O primeiro passo é fazer o registo com a identificação dos participantes no “Check-in Office”, localizado no  nº 801 da First Avenue (esquina da 45th Street), em frente ao portão principal da sede da ONU.

Feito o registo, o “líder” do grupo recebe um adesivo com foto que deve colar na roupa e os restantes elementos recebem uma pulseira autocolante. Depois, já do outro lado da rua, é preciso passar pela segurança: raio-x e detetor de metais. Tal como acontece no aeroporto, não pode transportar objetos cortantes ou que possam apresentar algum risco, aerossóis e afins. No entanto, não colocaram qualquer impedimento à nossa garrafa térmica com chá.

No interior do edifício, deve apresentar-se ainda no balcão de atendimento das visitas guiadas, para mostrar os bilhetes. Ali, dar-lhe-ão um autocolante para cada membro do grupo e depois é só esperar pelo horário (há vários sofás perto do balcão) ou aproveitar para explorar as exposições do átrio.

Áreas de acesso livre

Mesmo quem não tem uma visita guiada agendada pode aceder ao edifício, passando pelos procedimentos de segurança. Qualquer pessoa pode apreciar as exposições que mudam periodicamente no átrio, as fotografias, obras de arte e até uma janela em que é possível ver uma das salas de reunião. No subsolo existe um pequeno bar, livraria/loja de recordações e casas de banho, igualmente de acesso livre. 

Pode explorar a loja e comprar um souvenir antes ou depois da visita guiada, já que estas terminam precisamente no subsolo. De igual forma, reserve algum tempo para explorar a área externa (UN Gift Garden) e apreciar obras de arte como o memorial às vítimas da escravatura, Sphere within Sphere doada pelo governo italiano, ou Non violence, a pistola com um nó, oferecida pelo Grão-ducado do Luxemburgo.

De momento, os almoços a um preço fixo na Delegates Dining Room, local onde os delegados e os funcionários das Nações Unidas comem, estão suspensos. Mas mantenha-se atento, para o caso de o espaço reabrir aos visitantes, já que a sala tem uma vista espetacular de Nova Iorque.

A árvore com as bandeiras encontra-se no subsolo, perto da loja de recordações

#Dica: a ONU é a única entidade não estatal com direito a emitir os seus próprios selos. E os visitantes podem até criar selos personalizados.

Visita guiada à sede da ONU

Os guias – jovens de vários países – vêm buscar o seu grupo, pontualmente, à hora marcada, conduzindo-o a uma área restrita. Durante a visita, que demora cerca de uma hora, apresentam informações e dados sobre a história da ONU, a sua missão e o seu funcionamento.

A nossa guia era uma jovem chinesa, com um inglês um pouco carregado, mas bastante desenrascada, que explicou o trabalho das Nações Unidas em questões importantes como o desarmamento, a manutenção da paz (há um mapa que assinala as missões dos capacetes azuis no mundo) ou os objetivos de desenvolvimento do milénio.

Ao longo do percurso, assinalou também algumas obras de arte oferecidas por Estados-membro, como o painel Guerra e Paz do brasileiro Cândido Portinari, que enfeita o salão dos delegados. [Recorde Casa-Museu de Cândido Portinari em Brodowsky]. Existem várias exposições nos corredores, uma das quais relacionada com instrumentos de guerra, mote para a guia mencionar algumas resoluções que proíbem a utilização de certos tipos de armas, sobretudo na população civil.

Claro, a visita passa também por salas icónicas, desde que não estejam a ser utilizadas. Nós tivemos a sorte de visitar a câmara do Conselho Económico e Social, a sala do Conselho de Segurança e, auge da visita, a sala principal de reuniões da Assembleia-Geral da ONU.

A decoração da maior sala (capacidade para mais de 1800 pessoas) é belíssima, com um painel dourado central com o logótipo da ONU. Baseada num desenho de Le Corbusier, o pesado edifício de betão é o coração diplomático das Nações Unidas, com o  espaço circular a simbolizar o sentimento de inclusão que envolve os diplomatas. E, para enfatizar o carácter internacional da sala, esta não contém presentes de nenhum Estado-membro.

#Atenção: é permitido tirar fotografias durante a visita guiada, desde que não estejam a decorrer sessões, mas não captar vídeos.

Como chegar

Localizada na 1st Avenue (primeira avenida), entre as ruas 42 e 46, a sede da ONU fica a 15 minutos de caminhada da Grand Central Terminal (linhas de metro 4, 5, 6, 7).

Os autocarros M15 e M42 passam nas proximidades da sede das Nações Unidas, assim como os autocarros turísticos hop-on hop-off. Se planeia uma viagem à cidade pela primeira vez, não deixe de ler Roteiro em Nova York | guia de viagem à big apple.

Este artigo integra o projeto coletivo 8on8, que une diversos blogs sob um único tema, no dia 8 de cada mês. Outros participantes neste tema “Passeio em…” são: