Atualizado em 27 Fevereiro, 2023
Se gosta de caminhadas e do contacto com a natureza, vai adorar este trilho que começa na Ecovia do Vez, apanha os Passadiços do Sistelo e termina naquela aldeia tantas vezes chamada de “pequeno Tibete português”
A pequena aldeia de Sistelo, no concelho de Arcos de Valdevez, tornou-se um fenómeno turístico depois de ser reconhecida como uma das 7 Maravilhas de Portugal, na categoria de aldeias rurais, em 2017.
Os seus lindos e centenários socalcos têm uma função utilitária: permitem o aproveitamento inteligente da água, para produzir cereais e alimentar o gado. Mas a verdade é que resultaram numa paisagem única não só na região do Alto Minho, como a nível nacional. Desde então, a pitoresca aldeia junto à nascente do Vez foi invadida por turistas.
Em vez de chegar de carro, porque não caminhar até lá, aproveitando a Ecovia do Vez, criada para promover estas paisagens integradas em território Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO?
A Ecovia desenvolve-se nas margens de dois rios, começa ainda antes dos Arcos de Valdevez e pode ser dividida em três etapas num total de 32,7 km. A primeira começa no limite do concelho junto do rio Lima, em Jolda S. Paio (coordenadas GPS: 41°47’30,889” N – 8°30’13,374” W), prolongando-se durante cerca de 12 quilómetros.
O segundo troço começa no centro dos Arcos de Valdevez (41°50’48,103” N – 8°24’58,258” W) e vai até à ponte medieval de Vilela, o que pressupõe palmilhar 9,8 km. Nós fizemos a terceira etapa até à aldeia de Sistelo, um percurso que ronda 10 quilómetros.
Trilho Vilela – Sistelo, pela Ecovia do Vez
Estacionado o carro perto da ponte de Vilela (41°55’10,739 N – 8°26’27,387” W), vislumbrámos uma praia fluvial bastante apetecível. Estávamos no auge do Estio, altura em que a afluência traz consigo mais carros e dificuldades de estacionamento (no regresso, tive que esperar que encontrassem o dono do veículo que estava a barrar a saída do meu).
Merenda a tiracolo, iniciámos o percurso, belíssimo, que nos conduziu por paisagens bucólicas e tranquilas, o silêncio quebrado apenas pelo murmúrio da água, límpida, no seu caminho para a foz. Cruzámos moinhos de água, pequenas cascatas e represas que convidavam a um mergulho.
A maior parte do percurso foi feita em passadiços de madeira, com um interregno chato em alcatrão e alguma terra batida. A dificuldade média é provocada por algumas subidas íngremes, incluindo a subida final, para Sistelo. O Pedrinho aguentou-se estoicamente, acredito que o calor foi o nosso principal inimigo…
Na parte final da caminhada, “encontrámos” os Passadiços do Sistelo, um percurso circular de 2 quilómetros (PR25) que parte do cruzeiro, bem no centro da aldeia. Faltava enfrentar a subida final, em calçada de pedra, sob ramadas de vinhas. Parámos várias vezes com expressões de surpresa perante a paisagem sublime.
Se gosta de trilhos leia também Pitões das Júnias | Gerês – trilho com crianças
Passadiços que conduzem a Sistelo
Eis finalmente o Sistelo com os socalcos que lhe deram a alcunha de “pequeno Tibete”, as vaquinhas a pastarem, os campos cultivados. Homem e natureza em perfeita harmonia, numa ruralidade pura. O som do gado ao longe e o chilrear dos pássaros a encherem a alma.
A riqueza de Sistelo reside também nas casas e espigueiros tradicionais, onde se seca o milho, nas capelas, nos carros de bois que cruzam os caminhos, nos lavadouros colectivos. Vale a pena conversar com os poucos moradores desta encantadora aldeia, tomar uma bebida fresca no único café de Sistelo (à data do percurso).
Por entre o casario de granito destaca-se a imponente Casa do Castelo, do final do século XIX, um palacete onde viveu o primeiro, e único, Visconde de Sistelo. Esteve fechada durante um longo período, mas acredito que isso mudará, com o seu desabrochar turístico. Porque a tarde se finava e as pernas pediam descanso, faltou subir ao miradouro Chã da Armada, onde dizem ficar a mais bela vista panorâmica.
Outro percurso interessante, que gostaria de fazer apesar da dificuldade, é o Trilho das Brandas de Sistelo (PR 14), que parte da aldeia e passa pelas brandas de Rio Covo, do Alhal e da Cerradinha. Esses terrenos que serviam de apoio à pastorícia, durante o Verão, são mais uma das riquezas culturais desta região ímpar, em pleno Parque da Peneda-Gerês.
O Sistelo faz parte de um grupo de Aldeias encantadoras do Norte de Portugal, pelas quais se vai apaixonar perdidamente.
Dicas úteis
Como chegar de carro
A partir dos Arcos de Valdevez, siga pela EN 101 (em direcção a Monção) e depois pela EN 202-2.
Ecovia do Vez
Existem acessos em vários pontos do percurso, não sendo necessário pagar qualquer taxa ou bilhete de entrada. Alguns troços não são adequados a carrinhos de bebé ou acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida.
Trilho Vilela – Sistelo
Pode fazer o percurso contrário, mas terminar a caminhada na aldeia facilita o acesso aos táxis para regressar a Vilela (há contactos afixados na aldeia, em vários locais). O custo da viagem de táxi deverá rondar os 15€.
Nós fomos convidados para uma caminhada organizada que, habitualmente, tem um custo de 10€ por adulto e 6€ por criança, inclui merenda com produtos regionais (a broa e o mel regional são maravilhosos) e o transporte de regresso para os condutores (que terão que regressar à aldeia para apanhar os amigos/família). Mas é perfeitamente possível fazer o percurso de forma independente, até porque o turismo local fornece toda a informação necessária.
Onde comer e ficar
À data da nossa visita, a aldeia possuía apenas um café/restaurante. O ideal será levar merenda ou regressar aos Arcos de Valdevez para um almoço tardio ou jantar. Se pretender pernoitar em Sistelo, terá que optar por alguma unidade de turismo rural, pois não existem hotéis na aldeia. Uma alternativa será voltar ao centro do concelho, ficando, por exemplo, no Luna Arcos Hotel, com boa relação qualidade-custo. Este é um bom ponto de partida para explorar a região Alto Minho: roteiro e dicas de viagem
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23 Comentários
Andei por esses lados há uns dez anos ainda sem passadiços. Dei um trambolhão a caminho do Castelo de Sistelo que fiquei cheia de nódoas negras e não sei como não me parti toda.
Abraço e bom fim-de-semana
Ai meu Deus. Só por causa desse episódio, nunca mais se esquece de Sistelo 🙂
Que maravilha de lugares e nada melhor do que uma boa caminhada seguida de um ótimo e convidativo piquenique por lá! bjs, tudo de bom,chica
Sou fã de piqueniques, na minha infância fazíamos um gigante todos os Verões. Uma tradição que se perdeu, infelizmente
Temos lugares de grande beleza para fazer caminhadas, aproveito para desejar um bom fim-de-semana.
Que delícia de post! Caminhei junto com vocês, viajando nas suas palavras…
Ual, como Portugal é maravilhoso e diversificado. Amei as dicas da Ecovia do Vez aos passadiços do Sistelo e fiquei com super vontade de comer a broa e provar o mel local. Obrigada pelas dicas 🙂
Vitoria, tudo bem com você?
Só agora encontrei o seu comentário sobre a povoação de SISTELO e da Ecovia Verde.
Estou de acordo com você quando diz que “Amei as dicas” e que “Portugal é Maravilhoso” mas o Brasil, talvez seja ainda mais bonito.
Não conheço o Brasil mas pelo que conheço de videos, das noticias e do que ouço falar, o pais de você é muito bonito. Por exemplo as Cataratas do Iguaçu, Gruta do Lago Azul no Mato Grosso do Sul, Parque Nacional da Chapada Diamantina na Bahia, Fernando Noronha no Pernambuco e tantos outros lugares de rara beleza que nos fazem a nós portugueses ficar cheios de inveja.
Como você pode ver ai no Brasil existem muitas coisas de grande beleza.
Fique bem e explore o Brasil e quando tiver oportunidade então saia do Brasil.
Caramba, adorei os visuais da trilha pela Ecovia do Vez! Vontade de percorrer e parar num local estratégico para piquenique… contato com a natureza, calma, reflexão… tudo de bom!
Que lindo este caminho na Ecovia do Vez. Uma excelente dica para que está por lá. Adorei e já estou louca pra voltar e visitar a “terrinha”…
Essa região é fantástica, com incrível beleza cénica. Preferencialmente, durante a semana, para evitar ‘multidões’ ao fim de semana 🙂 Gostei do detalhe da toalha típica portuguesa e do recheio da mesma. Nada como um belo piquenique tradicional para complementar uma caminhada revigorante 🙂
Como é que olhos te caem logo para a comida, hahaha. A toalha foi um detalhe da organização da caminhada, que não sou muito fã de loiça e outros adereços tradicionais (não contes a ninguém)
Linda esta região e que ideia legar criar esta ecovia do Vez! Tem coisa mais gostosa do que caminhar pela natureza e depois fazer um picnic? Bateu saudade da palavra merenda, que aqui no Brasil foi substituída por lanche…
Portugal tem lugares lindos!Este é um deles. Obrigado pela descrição. Quero experimentar a Ecovia.
Fiquei encantada com o lugar.. as fotos ficaram lindas e parece transmitir paz e sossego.Não conhecia Escovia.
Quanta natureza linda! A Ecovia do Vez é um passeio perfeito para relaxar, né? Adorei a dica, vou incluir no meu roteiro da próxima viagem!
Que lindeza! Não conhecia este cantinho de Portugal! Seguramente a opção da trilha me agradaria muito! Espetacular!!!
Que lindeza! Não conhecia este cantinho de Portugal! Seguramente a opção da trilha me agradaria muito! Espetacular!!!
Meus caros amigos, desde já os meus cumprimentos.
É do coração que vos informo que os vossos artigos estão fantásticos e certamente me irão ser muitíssimos úteis.
Quando nos informam, de quando fizeram o Trilho Vilela – Sistelo, pela Ecovia do Vez, e que estavam de regresso, que foram obrigados a esperar pelo proprietário de um carro que vos estava a impedir a saída. Infelizmente ainda existem pessoas que não têm o mínimo de escrúpulo e ignoram a palavra “RESPEITO”. Para todos os que lerem estas palavras e que tenham em primeiro lugar o respeito para com os outros ou como quem diz: – Os que não fazem aos outros o que não gostariam que lhes fizessem a eles, aqui vai o meu BEM HAJA e que essa força misteriosa que paira sobre todos nós e que alguns afirmam ser DEUS, então que sejam abençoados por essa força e que sempre os acompanhe. Aos que sempre ignoram o bem dos outros, que sejam perseguidos pelas forças do mal e que os agentes de autoridade sempre exerçam uma força de repressão para tal gentinha. Esta é a minha força de repúdio para quem exerça estas atitudes desprezáveis.
Não se deve voltar ao lugar do crime! Mas meu crime foi só lá ter ido agora.Como tal,fui condenado a lá voltar.Ao restaurante TiMélia, agradecido pelo bacalhau frito.
Fazer a ecovia de Sistelo por iniciativa também é uma hipótese. Depois será necessário apanhar um táxi porque as pernas já não podem mais. Na zona existe um sr. muito simpático que é taxista, Sr. Abel Gonçalves. Deixo o contacto caso seja útil 966924137.
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