Atualizado em 8 Agosto, 2024

A cidade de Dubrovnik é feita de brancos e vermelhos, em contraste com o azul profundo do mar. Polida pelas guerras e iluminada pelo sol, a antiga república de Ragusa é um dos spots mais belos do litoral croata

As majestosas muralhas de Dubrovnik brilham, claras e históricas, desde o mar azul intenso que envolve a cidade. Chamam-lhe a “pérola do Adriático”, porque os destinos bonitos descambam, não raras vezes, em lugares comuns quando descritos por meros mortais.

De facto, é difícil descrever Dubrovnik, no sul da Croácia, sem recorrer a clichés: imponente, belíssima, fotogénica, encantadora. Por algum motivo o centro histórico foi classificado pela UNESCO e a cidade tornou-se um destino tão concorrido.

Dubrovnik será um paraíso na terra, como descreveu o nobel Bernard Shaw, que a visitou em 1929, bem antes da saga da HBO a ter catapultado para o estrelato. Mas pode igualmente transformar-se no inferno de Dante num dia de verão, quando os cruzeiros ali despejam centenas de turistas. A cidade croata é um teste de paciência para quem não gosta de lugares sobrelotados, mas a sua beleza redime-a.

Apesar de milhares de visitantes invadirem Stradun, a rua pedonal, diariamente, vale a pena visitá-la, de preferência evitando os meses de julho e agosto: para a vermos com os nossos próprios olhos (como diria Amyr  Klink), para sentirmos o pulsar da cidade velha, nos perdermos nos seus infindáveis becos e conhecermos os seus soberanos felinos.

E, claro, para subir às muralhas defensivas, o mais notável programa da cidade. O velho continente pode ser pródigo em cidades muralhadas, mas as de Dubrovnik são realmente admiráveis, com até seis metros de largura por 25 de altura.

Se pretende visitar a cidade croata tão próxima do Montenegro e da Bósnia-Herzegovina, leia este artigo até ao fim.

cidade velha de Dubrovnik Croácia

Dubrovnik e o GoT

Dubrovnik transformou-se na cidade King’s Landing, em Game of Thrones, a famosa série de televisão baseada n’ As Crónicas de Gelo e Fogo, durante as suas sete temporadas. Por exemplo, com alguma ajuda digital, o forte Lovrijenac transformou-se na fortaleza vermelha que constitui o coração da capital dos sete reinos – várias cenas marcantes foram ali gravadas.

O antigo porto sobre o qual se debruça a fortaleza chama-se “baía Blackwater” na tela (é ali que os Starks se reúnem no último episódio) e o Pile Gate aparece várias vezes, incluindo durante a revolta popular contra o jovem rei Joffrey. A torre Minčeta, ponto mais alto da muralha de Dubrovnik, é a “Casa dos Imortais” e a ilha de Lokrum passa a chamar-se “Quarth”.

Sem esquecer a polémica cena da quinta temporada de GoT, quando a rainha Cersei percorre as ruas da cidade nua, numa caminhada da vergonha que começa nas escadarias jesuítas. A Igreja de Santo Inácio, que deu origem à escadaria de pedra e se encontra no topo, é substituída por outra fachada na série.

A própria paisagem é protagonista da saga, grande responsável pelo crescimento do turismo local, pelos souvenirs alusivos e pelos voos diretos que chegam dos Estados Unidos da América. Se é fã da série, pode fazer algum dos tours temáticos como a Épica excursão a pé Game of Thrones (2 horas, em inglês) ou a excursão Game of Thrones com a mesma duração, em inglês ou alemão.

#Curiosidade: Sabia que uma pequena aldeia histórica do interior de Portugal serviu igualmente de cenários do GoT? Recorde a nossa visita a Monsanto, a aldeia mais portuguesa

Umas pinceladas de história

O lema non bene pro toto libertas venditur auro, que é como quem diz “a liberdade não se vende por todo o ouro do mundo” acompanhou Dubrovnik ao longo da história, desde os tempos áureos da cidade-estado.

As muralhas de Dubrovnik remontam ao início do século VII, quando a cidade foi fundada por refugiados, como proteção contra invasões estrangeiras. Com o tempo, foram expandidas, tornando-se numa das fortificações mais imponentes do Mediterrâneo.

Ragusa, como então era conhecida, esteve sob domínio do império bizantino e da república de Veneza, até se tornar independente na Idade Média. A localização estratégica da próspera república de Ragusa, e o seu porto, fizeram dela um importante centro comercial e cultural.

A história não foi meiga com o território, que passou por um grande terremoto (1667), foi ocupado pelas tropas de Napoleão, anexado ao império austríaco, passando a pertencer à ex-Jugoslávia durante a II Guerra Mundial, após várias peripécias.

Em 1979, Dubrovnik foi adicionada à lista de Património Mundial da UNESCO em reconhecimento da sua notável arquitetura medieval e centro histórico fortificado. Mas, novamente, foi severamente castigada durante a guerra de independência: estima-se que cerca de 70% do seu património histórico tenha sido destruído durante os bombardeamentos de 1991.

centro histórico de Dubrovnik Croácia

Depois disso, Dubrovnik renasceu brilhante, graças a um avultado esforço de reconstrução, e foi descoberta pelos turistas.

#Curiosidade: a república de Ragusa foi dos primeiros lugares da Europa a exigir uma espécie de quarentena. Aconteceu no século XIV, para prevenir o contágio por peste bubónica, e o isolamento dos visitantes durava cerca de um mês.

Explorar as muralhas de Dubrovnik

Nenhum exército hostil violou estas enormes muralhas durante a Idade Média e ninguém deveria sair de Dubrovnik sem percorrer a sua circunferência. Também nós percorremos os quase dois quilómetros de torres, baluartes, fossos, fortalezas de flanco e muitos degraus, apreciando os esmerados telhados vermelhos e o azul apaixonante do mar.

Acedemos às muralhas de Dubrovnik junto ao Pile’s Gate (1537), para uma perspetiva diferente da Stradun, a principal e mais animada artéria da cidade velha, pavimentada com um brilhante piso de calcário oriundo da ilha de Brac.

No entanto, se visitar Dubrovnik, Croácia, no pico do verão, comece o percurso junto ao portão de Ploče, onde as filas são menores. Outra dica é subir ao final da tarde, quando os turistas diários regressaram aos cruzeiros e o sol empresta cores doiradas às fachadas.

vista das muralhas de Dubrovnik Croácia

Até porque não há muitas sombras no topo das muralhas. Aliás, não se esqueça de um chapéu e do protetor solar. A brisa marítima disfarça a intensidade do sol, mas os níveis de UV são bastante elevados neste azimutes. Pode parar para descansar/apreciar a vista em várias muretas ou num dos cafezinhos estratégicos.

Reserve cerca de 2 horas para o percurso, terminando com a subida triunfal à Torre Minceta, na parte norte das muralhas. Alguns eventos do Festival de Verão acontecem no terraço desta que é a torre mais imponente da cidade.

#Dica: pode comprar o bilhete para as muralhas de Dubrovnik + forte Lovrijenac previamente online ou no posto de turismo. Mas compensa comprar o Dubrovnik Pass de 1 dia (35€) e conhecer vários outros monumentos e museus, já que o passe custa apenas mais 5€.

O que fazer em Dubrovnik

Para além do circuito das muralhas, há outros programas especiais para fazer em Dubrovnik, Croácia: explorar a cidade intramuros, subir ao miradouro do Monte Srd, conhecer as praias dos arredores e a ilha de Lokrum.

Cidade intramuros

O interior da cidade murada encerra muitos tesouros. Os dois principais acessos à cidade velha fazem-se pelos portões medievais, construídos sobre pontes levadiças: Pile’s Gate e Ploče’s Gate, ambos adornados com a imagem de São Brás, o padroeiro da cidade.

Entre os dois portões, estende-se a Stradun (Placa), a mais plana das artérias numa cidade cheia de vielas com escadarias. Entrando pelo portão de Pile, encontra logo a grande fonte de Onofrio (Velika Onofrijeva fontana, 1438), com 16 torneiras, que durante muito tempo foi responsável pelo abastecimento de água da cidade. Use e abuse da água fresca que vem diretamente das montanhas.

Dali se vê a renascentista Igreja do Santíssimo Salvador, com uma marca na fachada onde os jovens se tentam equilibrar, para garantir sorte no amor, e o mosteiro franciscano (Franjevački  Samostan) em estilo barroco. Da sua coleção de arte sacra não posso tecer rasgados elogios, mas o claustro é simpático. Li algures que a sua biblioteca é uma das mais ricas e antigas na Croácia, mas infelizmente não está acessível aos visitantes.

Junto ao átrio do mosteiro encontra a antiga farmácia de Dubrovnik (1317), que será a terceira mais antiga do mundo ainda em funcionamento, e que vende cremes de ervas locais baseados nas receitas dos antigos franciscanos.

Na outra extremidade da rua fica a movimentada Praça Luža, com a Coluna de Orlando, erguida em honra de um cavaleiro que terá ajudado o povo de Ragusa a derrotar invasores no século IX (em restauro no verão de 2024), a igreja de São Brás e o Palácio Sponza.

Dedicada ao patrono e protetor da cidade de Dubrovnik, a igreja de São Brás (Crkva svetoga vlaha) foi construída no século XIV, destruída no terremoto de 1667 e reerguida em 1706 em estilo barroco. No altar-mor repousa uma estátua gótica de São Brás, em prata banhada a ouro, que segura um modelo da cidade pré-terremoto.  

#Lenda: na noite de 2 de fevereiro de 971, navios venezianos ancoraram no porto de Dubrovnik sob o pretexto de se abastecerem. Um padre encontrou um velho – de nome Vlaho (Blasius ou Brás) – numa das igrejas da cidade, que o avisou do ataque que preparavam. Hoje, encontra estátuas do santo em vários recantos da muralha, observando o horizonte, antecipando intenções hostis, protegendo a cidade.

Ainda naquela praça encontra o Palácio Sponza (1516), onde em tempos funcionou a Casa da Moeda, e atualmente abriga o arquivo histórico, com uma exposição permanente em homenagem aos defensores da cidade na guerra dos anos 1990. Ao lado – alinhada com o centro da Stradun – fica ainda a Torre do relógio (Luža i gradski zvonik, 1444), com 35 metros de altura e um relógio solar, reconstruída após o terremoto e novamente em 1929, porque começou a inclinar-se como a de Pisa.

claustro do convento franciscano
Claustro do convento franciscano.

Muito perto está o Palácio dos Reitores (Knež dvor), outrora o centro político-administrativo da cidade e que acolhe o museu mais interessante de Dubrovnik. Não esqueçamos também a Catedral (Katedrala Uznesenja Blažene Djevice Marije) que guarda as relíquias de São Brás (o crânio?!) e foi reduzida a pó pelo famigerado terremoto, sendo substituída por este novo edifício de 1713.

Conta a lenda, que Ricardo Coração de Leão naufragou na ilha Lokrum no regresso das Cruzadas, durante uma forte tempestade. Em forma de agradecimento, o inglês prometeu construir uma grande igreja no local, mas os líderes locais convenceram-no a construir a igreja no centro da cidade. Surgiu assim a Catedral de Dubrovnik, que ostenta um altar de São João em estilo nórdico-barroco.

Dali é um pulinho até à  praça Gundulićeva Poljana, com o seu Gruž Market, um mercadinho diário com produtos regionais de qualidade: azeites, vinhos, rakija (bebida local), lavanda, conservas, frutas secas e  outras delícias.

Perto do portão de Ploče, onde se funde com as muralhas da cidade, existe um mosteiro dominicano (Dominikanski Samostan, século XIV), com um claustro gótico que rodeia um pátio de laranjeiras e palmeiras, e quase ao lado, a fortaleza Revelin (1538) transformada em discoteca, que organiza festas descritas como épicas.

Palácio do Reitor
Interior do Palácio do Reitor.

Miradouro do Monte Srd

Sobranceiro a Dubrovnik, 405 metros acima do nível do mar, o Monte Srđ (ou Srdj) oferece uma fantástica vista panorâmica. Dos terraços observa-se, num dia claro, a cidade murada e a ilha de Lokrum em frente, as ilhas Elafiti, que ficam a cerca de 35 milhas a oeste, e as montanhas da Bósnia-Herzegovina.

O topo é acessível de carro e autocarro (o nº 17 tem uma paragem nas redondezas), a pé através de um trilho, ou de teleférico, percurso que demora apenas alguns minutos, a partir da estação próxima do portão de Ploče (Ul. Kralja Petra Krešimira IV). Bombardeado durante a guerra de independência, o primeiro teleférico no litoral do Adriático é novamente uma das grandes atrações de Dubrovnik.

A vista é particularmente especial ao pôr do sol, quando a luz dourada embeleza Dubrovnik, as suas muralhas e telhados de terracota, com um lindo mar azul ao fundo. Ah, no monte existe ainda um pequeno museu alusivo à guerra da independência, no interior da antiga fortaleza imperial, uma loja de pérolas (say what?) e o bar-restaurante Panorama.

tirolesa no monte Srd
 © ziplinedubrovnik.com

#Dica: os mais aventureiros poderão experimentar a tirolesa (zip line) cheia de adrenalina que funciona no topo do monte. Existem passeios diurnos e ao pôr do sol, que incluem o transporte desde o centro histórico.

Praias de Dubrovnik

Nem só de história e muralhas se faz Dubrovnik, se recordarmos as praias de água cristalina do Adriático, acessíveis na própria península de Lapad. Sem areais doirados, as praias podem, ainda assim, ser bastante prazerosas durante o calor estival, usando o calçado adequado. A água não é um caldo, mas a temperatura também não é de congelar os ossos, como acontece nas praias do norte de Portugal.

Considerada a mais bonita de Dubrovnik por muita gente, a praia Sveti Jakov fica a cerca de 25 minutos a pé do centro histórico. A popular praia Banje oferece vistas incríveis da ilha Lokrum, sendo a melhor opção para quem viaja com crianças, enquanto a tranquila praia de Šulić, ao lado da fortaleza Lovrejenac, permite alugar de caiaques para explorar a costa.

Caso esteja hospedado num dos hotéis da rede Valamar, pode bronzear-se na praia particular do Hotel President. Outra opção é a praia Uvala Lapad, com restaurantes à beira-mar e diversas atividades aquáticas. Nas falésias que sustentam as muralhas de Dubrovnik, encontra o Buza Bar, uma instituição, e um dos locais preferidos dos jovens turistas para um mergulho.

as cristalinas águas do mar Adriático

Ilha Lokrum e outras ilhotas

Ao largo de Dubrovnik existem mais de 1200 ilhas e ilhotas, que proporcionam uma pausa tranquila, com oportunidades para nadar, explorar ruínas históricas e saborear os pratos locais. Algumas delas são bastante acessíveis a partir da cidade, como Korcula, Mljet ou o arquipélago de Elafiti, um conjunto de 13 ilhas visitáveis de barco, desde o porto de Dubrovnik.

As três principais ilhotas Elafiti são Koločep, conhecida pelas suas águas cristalinas, Lopud com a sua deslumbrante baía, e Šipan, a maior, conhecida como a ilha das oliveiras, com mansões aristocráticas.

A mais próxima da cidade velha, a cerca de 600 metros, é a ilha Lokrum, uma reserva natural protegida pela UNESCO, também conhecida como a ilha do amor. Acessível de caiaque, ferry ou em excursões, terá sido a esta ilha que o rei inglês acostou, depois de naufragar em 1192.

Lokrum é um excelente programa de meio-dia, sendo que o ferry sai do porto de Dubrovnik de hora a hora até às 18h. A viagem dura apenas 15 minutos e transporta-o para um mundo povoado de coelhos e pavões soltos que atravessam a ilha arborizada.

A ilha possui uma fortaleza, as ruínas de um mosteiro beneditino (século XI) onde encontrará um trono de ferro alusivo à série GoT, um jardim botânico plantado no século XIX e uma praia naturista (saindo do ferry, siga pela esquerda e as placas marcadas com FKK). No meio da ilha, o salgado lago “Mar Morto” é um local popular para nadar.

ilha Lokrum em frente a Dubrovnik

Dubrovnik em 1 ou 2 dias

Duas ou três noites são o ideal para explorar Dubrovnik e redondezas, mas pode conhecer o principal em apenas um dia, concentrando-se na cidade velha. Eis um roteiro possível para 1 dia em Dubrovnik:

  • Comece o dia com um free walking tour pelo centro histórico de Dubrovnik, aprendendo um pouco sobre a história da cidade.
  • Atravesse um dos portões da cidade e espreite a Catedral de Dubrovnik, de visita gratuita.
  • Siga pela Stradun, escolhendo um dos muitos cafés e restaurantes para almoçar.
  • Não deixe de visitar o antigo porto da cidade, um local perfeito para descansar e comer um gelado.
  • Relaxe na Praia Banje, uma praia de pedra com águas cristalinas.
  • Dirija-se às imponentes muralhas da cidade, percorrendo todo o perímetro por altura do pôr do sol. Em alternativa, e se visitar a cidade no verão, considere fazer este programa antes do free walking tour, que geralmente começa às 10h00. O acesso às muralhas começa às 8h00 da manhã durante os meses de julho a outubro.
  • Se tiver energia, dance como se não houvesse amanhã no night club (Culture Club) que anima as noites do forte Revelin.

O que fazer em 2 dias em Dubrovnik

  • Comece o dia no forte Lovrijenac, construído sobre rochas íngremes, apreciando as vistas para o mar Adriático e muralhas (a foto de entrada foi captada dali).
  • Em seguida, logo ao lado, visite a tranquila, pequena e escondida praia Šulić.  
  • Em alternativa, apanhe o ferry e passe a manhã na ilha Lokrum.
  • Se gosta de museus, o melhor da cidade é o Palácio do Reitor (Rector’s Palace).
  • À tarde, beba um copo no famoso Buza Bar, um bar construído nas rochas que sustentam a muralha.
  • Suba até o Monte Srd de teleférico ou a pé, para desfrutar de um pôr do sol inesquecível sobre Dubrovnik, o mar e as inúmeras ilhas que existem na região.

#Dica: se tem mais dias disponíveis, porque não conhecer o arboretum de Trsteno, um dos mais antigos do mundo, a cerca de 20 quilómetros de Dubrovnik?

animação do centro de Dubrovnik

Passeios perto de Dubrovnik

Dubrovnik fica numa posição privilegiada para fazer um day trip até algumas cidades do Montenegro e da Bósnia-Herzegovina. Nós estivemos numa cidadezinha bósnia através de um tour reservado na Get Your Guide, que conjugou ainda uma visita às espampanantes cascatas de Kravica, e contamos tudo no artigo: Mostar, a joia da Bósnia-Herzegovina.

Com um centro histórico classificado pela UNESCO como património da humanidade e uma ponte otomana encantadora, Mostar partilha o passado bélico recente com os países vizinhos mas preservou as belas tradições ecuménicas que sempre a caracterizaram.

Também é possível visitar Kotor com a sua baía cinematográfica numa excursão de um dia a partir de Dubrovnik (fica a pouco mais de 90 km), mas nós explorámos o Montenegro durante 10 dias, pelo que tivemos o privilégio de explorar a cidade com vagares de budista e contaremos tudo em breve, com os devidos detalhes.

Dubrovnik também é um ponto de partida interessante, por causa do seu aeroporto com ligações low cost a várias cidades europeias, para explorar o litoral da Croácia, com passagem em Split, Zadar ou Sibenik. A Márcia, do blog Mulher Casada Viaja, fez uma road trip na Croácia e dá Dicas para dirigir na Croácia e países vizinhos.

mesquita em Mostar
Uma das várias mesquitas de Mostar.

#Dica: a Croácia faz parte da União Europeia, mas a Bósnia-Herzegovina e o Montenegro não. Se não tem passaporte europeu e pretende conjugar a viagem à Croácia com os países vizinhos, deve pedir visto com mais do que uma entrada no espaço Schengen.

Dicas úteis para visitar Dubrovnik

Quando visitar

O verão é ideal para desfrutar das praias da região, mas saiba que os meses de julho e agosto são alta temporada, o que significa temperaturas, preços e multidões exageradas. Por outro lado, em agosto acontece o famoso Festival de Verão de Dubrovnik (desde 1949), um evento cultural com muita música, dança e teatro.

Dubrovnik vive do turismo, pelo que encontrará uma cidade quase fantasma durante o inverno, para além de perder a vibe veranil do litoral Adriático. Ainda assim, considere que a 3 de fevereiro se celebra a Festa de São Brás, o patrono da cidade, sem esquecer o Carnaval de Dubrovnik, que acontece desde a Idade Média.

Nós estivemos na cidade croata em junho e conseguimos dias perfeitos: solarengos, temperaturas simpáticas e muita gente, mas ainda sem as enchentes que caracterizam o pico do verão. Julgo que maio, junho e setembro são as melhores alturas para desfrutar de tudo o que Dubrovnik tem para oferecer.

ruela de Dubrovnik, Croácia

Como chegar a Dubrovnik, Croácia

O aeroporto de Dubrovnik fica a cerca de 20 km da cidade velha, com ligações regulares do shuttle Platanus (15€ ida e volta, os bilhetes devem ser comprados no piso das chegadas), e dos autocarros urbanos da Libertas nº 11, 27 e 48.

Não há voos diretos de Lisboa ou do Porto, sendo possível voar para Dubrovnik com a Vueling (com escala em Barcelona), Lufthansa (escala em Munique) ou Iberia (escala em Madrid). Nós optámos pela Easyjet, um voo com saída por Porto que fez escala em Londres na ida e em Basel no regresso. De igual forma, não existem ligações diretas para Dubrovnik a partir do Brasil, sendo necessário fazer escala numa cidade europeia. 

A partir de outra cidade croata, é possível chegar a Dubrovnik de autocarro, opção que será mais barata mas não necessariamente curta. O percurso desde Zagreb dura aproximadamente 8h30; de Zadar cerca de 6h30 e de Split 4 horas. De Itália, existem alguns ferrys, da SNAV e Jadrolinija, que ligam Ancona ou Bari à cidade croata.

porto de cruzeiros de Dubrovnik

Onde ficar

Dubrovnik, a cidade medieval no sul da Croácia rodeada por muralhas imponentes e um mar maravilhoso, é bastante turística, pelo que importa escolher bem o alojamento. A cidade intramuros é mais antiga e charmosa, mas os alojamentos são geralmente mais caros e não tão confortáveis para quem carrega pesadas malas: o trânsito não circula no interior da muralha e é necessário vencer íngremes lances de escadas para aceder a vários alojamentos locais.

Nós ficamos no Stayeva 11 um alojamento privado com kitchenette, porque queríamos viver a “experiência medieval” e só alugámos carro depois de atravessarmos a fronteira para o Montenegro. Se viaja de carro, convém escolher um alojamento com estacionamento próprio, já que os escassos parques perto do centro histórico não são nada baratos.

Uma opção muito interessante, se couber no orçamento, às portas da cidade velha e com spa é o Hotel Hilton Imperial (*****). Um pouco mais longe, o Rixos Premium Dubrovnik (*****) é igualmente confortável e inclui estacionamento privativo.

Stradun, a rua pedonal de Drubrovnik
Stradun, a rua pedonal de Drubrovnik.

Comer em Dubrovnik

A gastronomia em Dubrovnik tem influências dos países vizinhos: mediterrânicos e dos Balcãs. Regra geral, apresenta uma culinária variada e saudável, muito baseada em peixe fresco e marisco – comi por lá uma lendária salada de polvo – com a utilização de muito azeite.

Os “carnívoros” de plantão poderão considerar pratos tradicionais como a patiscada (feito com carne cozida lentamente em molho de vinho tinto e especiarias), a menestra zelena, um cozido de couve, batatas e carne defumada muito famoso, e enchidos como o presunto dálmata (pršut).

Acrescente-se a caçarola de marisco, os pimentos recheados, o risotto preto (com tinta de choco, tem influência italiana) e as famosas ostras. Ston, a 60 Km, é conhecida pela qualidade excecional de suas ostras. Por fim, para a sobremesa, experimente o rozata, um pudim de ovos aromatizado com licor de rosas e limão, ou orehjnjaca, deliciosas tortas com nozes, muito típicas no Natal.

Conte com preços exagerados na turística Dubrovnik, mais altos do que os praticados em Portugal.

Nota: todos os preços mencionados ao longo do artigo estavam em vigor no verão de 2024. Tem mais dicas acerca de Dubrovnik, Croácia? Acrescente nos comentários para benefício de todos.