Atualizado em 19 Agosto, 2022

Com uma bela vista para o mar, Portugal, uma das mais antigas nações da Europa, conquista os estrangeiros por muitos motivos. O clima, a comida, as pessoas, a paisagem, o vinho, a história, a arquitectura… Por falar nisso, vamos conhecer algumas das suas maravilhas de arquitectura antiga?

Sendo o 8on8 de Fevereiro dedicado à arquitectura antiga, nada mais lógico que sublinhar, cantar, enaltecer este património histórico com que, orgulhosamente, convivemos todos os dias.

Não é assunto de somenos importância. Portugal tem 22 núcleos classificados como Património da Humanidade, entre monumentos, centros históricos, sítios arqueológicos e paisagens. A minha cidade também consta da lista. Há ainda a considerar os tesouros imateriais, nomeadamente o fado, a dieta mediterrânica e o cante alentejano. Mas isso é motivo para outro post.

Hoje falamos de arquitectura antiga, histórica, dessa que abunda no canto rectangular a que chamamos Portugal. Para isso considerei as sete maravilhas nacionais, eleitas paralelamente às 7 Novas Maravilhas do Mundo a 7/7/2007.

Naquela data auspiciosa, após votação de mais de 350 mil portugueses, elegeram-se alguns dos mais belos castelos, palácios, igrejas e mosteiros que enfeitam a nossa paisagem. Das sete, não tenho imagens pessoais do mosteiro de Alcobaça, pelo que lancei mão a dois finalistas para completar este 8on8 tão histórico como charmoso.

Portanto, no menu do dia temos 2 castelos, 2 mosteiros, 2 palácios e 2 torres. Bem equilibrado, diria eu.

#1 Castelo de Guimarães

Começamos em minha casa que, por coincidência, é também o berço da nação. O castelo do século X foi mandado construir por uma senhora de garra, a Condessa Mumadona, e depois ampliado pelos pais de D. Afonso Henriques, o nosso primeiro rei.

Diz a tradição que o nosso Afonso nasceu ali, ocorrência disputada por outras cidades. Facto indiscutível é que está ligado à fundação do Condado Portucalense e às lutas pela independência. Ainda hoje o feriado municipal se festeja a 24 de Junho, data da famosa Batalha de S. Mamede. Em suma, o Castelo de Guimarães exsuda história de cada pedra. Só por isso merece uma visita.

Mais sobre Guimarães aqui.

#2 Castelo de Óbidos

Começou por ser uma pequena fortificação de origem romana, depois foi assumido pelos árabes, até chegar às mãos dos cristãos no século XII. O castelo foi resgatado da ruína, culpa do terremoto de 1755, apenas no século XX, quando se tornou uma Pousada. De facto, tratou-se da primeira unidade hoteleira instalada num edifício histórico em Portugal.

Quem visitar o castelo terá ainda a oportunidade de percorrer as longas muralhas, ou parte delas, e apreciar a paisagem circundante. Antes de subirem ao castelo (e, porque não, depois também) bebam uma ginjinha num copo de chocolate. Recordem a nossa visita a esta “vila das rainhas” aqui

#3 Mosteiro da Batalha

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória é uma das mais belas obras da arquitetura portuguesa, reconhecida pela Unesco. Temos que agradecer a sua existência a D. João I, que o mandou erguer para pagar uma promessa, depois da vitória em Aljubarrota, batalha que lhe assegurou o trono e a independência de Portugal.

Demorou mais de um século e meio até ser concluído, daí ter vários estilos, com destaque para o gótico e o manuelino. O conjunto inclui mosteiro, igreja, dois claustros e (pasmem) dois panteões reais: a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas.

Fiz um post sobre esta maravilha da arquitetura portuguesa, que podem ler aqui.

#4 Mosteiro dos Jerónimos

Em meados do séc. XV, o Infante D. Henrique mandou construir uma igreja invocando Santa Maria de Belém. Para perpetuar a sua memória, o rei D. Manuel I decidiu pôr um grande edifício junto ao rio Tejo, vulgarmente conhecido como Mosteiro dos Jerónimos, já que foi doado aos monges da Ordem de S. Jerónimo.

Reconhecido pela sua notável arquitectura, e também enquanto elemento da aventureira identidade lusitana, dá sepultura a vários reis (D. Manuel I, D. João III, D. Catarina de Áustria, Cardeal D. Henrique…) e poetas (Camões, Pessoa, Herculano).

Post sobre a região de Belém, em Lisboa, aqui

#5 Palácio da Pena

Numa rocha escarpada da Serra de Sintra, o Palácio da Pena (século XIX) é um dos mais belos do mundo. Afirmo-o com toda a convicção. As cores, rosa-velho para o antigo mosteiro, ocre para o Palácio Novo, são das mais inusitadas entre os palácios portugueses.

Expoente máximo do Romantismo em Portugal, com influências manuelinas e mouriscas, este fruto do criativo D. Fernando II pode ser observado de qualquer ponto do luxuriante parque que o envolve.

Para além de Monumento Nacional, o Palácio faz parte da Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela Unesco como Património Mundial da Humanidade desde 1995. Visitei a Pena uma única vez (aqui).

#6 Torre de Belém

Ali na margem norte do Tejo, onde em tempos as naus partiram rumo a novos mundos, foi construída esta torre no século XVI, para defender a barra de Lisboa. Mais uma das muitas belas obras do reinado de D. Manuel I. Numa das suas guaritas, existe um rinoceronte esculpido, com uma história muito engraçada dos tempos daquele monarca.

A somar à torre, o rei mandou construir várias caravelas para defesa das populações do estuário, vítimas de constantes ataques por parte de corsários vindos do norte da Europa e do norte de África. Não acham que contribui para a majestade da zona de Belém?

#7 Palácio de Mateus

Esta casa do século XVIII, a única da lista que fica no interior do país, foi mandada construir pelo terceiro Morgado de Mateus, assim uma espécie de conde da altura. A arquitetura barroca é atribuída a Nicolau Nasoni, pela semelhança com outras obras de sua autoria.

A fachada exuberante é relativizada quando conhecemos a história desta família, os jardins e a tradição vinhateira. É todo um pacote histórico que merece ser conhecido. A nossa visita ao lindo palácio aqui

#8 Torre dos Clérigos

A Irmandade dos Clérigos Pobres encomendou o edifício a um arquitecto já nosso conhecido, no século XVIII. Querem adivinhar quem? O italiano Nicolau Nasoni, suposto autor da maravilha anterior.

A Torre dos Clérigos (foto de entrada) é considerada uma das suas obras-primas, pelas proporções harmoniosas e riqueza decorativa. Hoje a torre exagerada e barroca é um dos ex-líbris do Porto. Aproveite que está na Invicta e dê um pulinho à Livraria Lello e coma os melhores éclairs do mundo, na Leitaria da Quinta do Paço.

Roteiro de três dias no Porto aqui e aqui

Este post faz parte do 8on8, um projeto coletivo que une lindas viajantes em volta de um tema comum, no dia 8 de cada mês. Espreitem os restantes textos sob o tema “arquitetura antiga”, inspirem-se e partilhem (por ordem alfabética):

Let’s Fly Away: [8 on 8] Roteiro de viagem para Itália – cidades imperdíveis
Quarto de viagem: [8 on 8] a Incrível arquitetura de Luxemburgo
Turistando.in: As Igrejas barrocas de Ouro Preto

Turista Imperfeito: 8 castelos italianos que você precisa conhecer